Os grandes problemas do Grande Prémio do Mónaco
No último fim de semana, a F1 foi ao Mónaco, numa das mais icónicas pistas do campeonato. O problema? Aquele de há várias décadas: não há ultrapassagens. Na realidade, estatisticamente, até houve, com Stroll a Hulkenberg. Mas esta única ultrapassagem representa que a edição de 2025 do Grande Prémio do Monáco foi a segunda corrida com menos ultrapassagens dos últimos 20 anos – só não foi pior que em 2021, quando houve zero ultrapassagens.
O maior problema passa pelo facto de as pessoas – incluindo, pessoas com responsabilidade nos órgãos que tutelam o campeonato – considerarem que a falta de ultrapassagens se resolve com apenas uma medida, o que é francamente pouco. Aliás, neste ano ficou por demais evidente que a única medida tomada pela FIA para este ano foi profundamente fracassada.
É por isso que é preciso pessoas com maturidade suficiente para assumir que: 1º, o problema não se resolve de um ano para o outro; 2º, é preciso várias medidas. E, não sendo eu um entendido da matéria, tal como os alegados entendidos da FIA e F1, sinto que devo apontar algumas medidas que considero necessárias para o microestado, que é uma das casas da F1, poder oferecer melhor competitividade.
Carros mais pequenos
Os 5,63m de comprimento, além dos dois metros de largura dificultam todo o processo de uma ultrapassagem em qualquer pista, piorando na pista do principado, dado que a zona mais larga da pista, na reta da meta, tem cerca de 10m de largura, que decresce para os sete metros na chegada à curva de Sainte Devote. É também já um dado adquirido que no próximo ano as dimensões diminuirão, mas parece-me insuficiente para trazer alguma atração ao GP. O que é preciso é que as dimensões sejam francamente inferiores, pelo menos 1m, mas isso obrigará a uma maior complexidade no regulamento.
Mudanças no traçado
Esta proposta já não é nova, aliás, bem recentemente chegou a haver um esboço de mais uma reta que levaria ao alongamento da reta que passa pelo túnel do Grand Hotel, o que, na verdade, seria uma boa proposta. Mas não só, um novo design da chicane do Porto e uma nova secção final seriam também importantes. Principalmente, nas duas últimas curvas, onde o desempenho do monolugar na tração ganha um destaque extra. Há ainda outras propostas que admitem um alargamento de zonas mais sinuosas da pista, tal como no famoso gancho, mas é incerto se tal coisa permitiria melhor desempenho.
As mudanças no traçado ganham maior destaque quando vemos que as únicas realizadas substanciais em 1973, quando, por força da construção do complexo das piscinas, foi criada a curva da Piscina, e com a nova via das boxes, que deu origem à La Rascasse. De resto, nada mais, nada menos do que pequenas alterações em curvas que apenas alterava a fluidez das mesmas.
Este ano deixou por demais evidente que o GP do Mónaco se tornou um problema político para a FIA, a F1 e a Liberty resolverem. E o problema acresce quando, horas depois da corrida, temos as míticas 500 milhas de Indianápolis, que dá sempre belas corridas. Das corridas que fazem parte da tríplice coroa do automobilismo, é certo que o Mónaco está muito longe de chegar aos calcanhares das outras duas corridas