O início da WNBA 2025 com um grande clássico

Lucas PachecoMaio 25, 20258min0

O início da WNBA 2025 com um grande clássico

Lucas PachecoMaio 25, 20258min0
Lucas Pacheco já está completamente mergulhado na WNBA 2025 que arrancou com um jogo épico que o nosso autor analisou ao pormenor

A temporada da WNBA 2025 começou com o replay do grande clássico das últimas temporadas, envolvendo as equipes campeãs dos três troféus mais recentes. Las Vegas Aces, bi-campeão em 2022 e 2023, visitou o New York Liberty, campeão em 2024, reeditando o duelo já clássico.

Consideradas as duas super equipes da liga, Aces e Liberty trocaram de posição no ano passado, quando enfim a equipe de Nova Iorque faturou seu primeiro título, encerrando o jejum de uma das franquias originais da liga em 1997. Para tanto, precisou construir um elenco coeso e completo, da supercraque Breanna Stewart à décima-segunda jogadora, cuja trajetória colecionou reveses para o arqui-rival Aces. O vice em 2023 motivou ainda mais o time, que retornou mais encorpado e liquidou Las Vegas na semi-final em 24.

Um diferencial das duas franquias na vingança nova-iorquina pode ser detectado na montagem do elenco e na atuação dos respectivos GMs. Enquanto Jonathan Kolb fortaleceu o Liberty em todas as posições, dando flexibilidade e atleticismo ao elenco comandado por Sandy Brondello, principalmente nas wings, o time de Las Vegas apostou em veteranas experimentadas, restringindo a rotação a sete peças, com lacunas gritantes no garrafão. A bem da verdade, o Aces nem GM possuía, com Becky Hammon claramente a cabeça da franquia.

Dentro de quadra, seu bicampeonato demonstrou o talento para táticas; fora de quadra, um desastre em expandir o elenco campeão. A liga progredia e reagia às inovações táticas de Hammon e ela manteve o mesmo padrão; o declínio apareceu junto com as contusões. A’ja Wilson ainda conseguiu ampliar sua produção, insuficiente para bater de frente contra um Liberty cada vez mais diverso, móvel e que estudou e anulou as táticas de Hammon.

Nada melhor que reeditar o duelo na abertura da nova temporada. O Liberty perdeu jogadoras fundamentais do ano passado (Kayla Thornton escolhida pelo Golden State Valkyries no draft de expansão e Betnijah Laney-Hamilton contundida, fora da temporada) mas o trabalho da direção foi tão bem feito que as perdas não foram sentidas. Rebekah Gardner pode ocupar a função de defensora no perímetro, bem como exercer papel de bloqueadora (screener); a explosiva arremessadora francesa Marine Johannes retornou à liga e, cereja do bolo, a armadora Natasha Cloud, disponível no mercado a preço de banana, foi incorporada ao quinteto titular.

Brondello precisará ajustar a rotação, natural para um elenco com novidades. A julgar pela estreia, o trabalho está mais avançado do que esperado. New York deu as cartas ao longo do jogo, apesar de perder o 1Q. A equipe sofreu a virada no final do período, quando já iniciara as substituições; foi o respiro de Las Vegas, que exigiu a participação de seu super quarteto (Chelsea Gray, Jackie Young, Jewell Loyd e A’ja Wilson). Porém, quando algumas delas sentaram e a segunda unidade assumiu, o Liberty retomou as rédeas do jogo, para nunca mais abandonar.

As titulares de Las Vegas sofrem mas conseguem equilibrar contras as de Nova York; Kiah Stokes claramente é a pior jogadora titular do confronto e demanda super trabalho de suas companheiras para compensar a total ausência de jogo ofensivo. Entretanto, a diferença entre as segundas unidades é gritante.

A’ja Wilson vs New York Liberty:
78-92, Liberty

31 PTS
16 REB
3 AST
2 STL
1 BLK
11/22 FG
8/8 FT

— WNBAGamecocks (@wnbagamecocks.bsky.social) May 17, 2025 at 8:32 PM

Hammon perdeu seus dois esteios do banco (Alysha Clark retornou para Seattle e Tif Hayes migrou para San Francisco) e a reposição será um dos fatores determinantes para o resultado final do time na temporada. Na estreia, o garrafão seguiu sem nenhuma peça de confiança, com  exceção de A’ja Wilson, que novamente brilhou (31 pontos e 16 rebotes).

Primeiro jogo pode trazer sinais controversos, há peças a serem incorporadas, como Crystal Bradford e Megan Gustafson, ausente na estreia. Mas parece pouco para fazer frente ao excelente elenco do Liberty, cujo ataque deveria ser estudado por todos os técnicos de basquete. O time eleva o espaçamento a um nível absurdo, com cinco jogadoras móveis e atléticas, com fundamento no quique de bola e na visão  de jogo, sem perder um centímetro em altura.

The New York Liberty are spacing the floor and playing random which gets you Sabrina Ionescu as a screener into a Sabrina Ionescu post up into a post split where Cloud screens for Jonquel Jones for 3. Wild.

— Steve Jones Jr (@stevejones20.bsky.social) May 23, 2025 at 1:09 AM

Qual outro time do mundo conta com um combo de Jonquel Jones, Breanna Stewart e Leonie Fiebich, todas capazes de defender múltiplas posições, acertar de três e ainda jogar de costas pra cesta? Some a defesa alucinante da alta Natasha Cloud e o time dispõe de quatro jogadoras de calibre de all defensive team; fica fácil esconder as vulnerabilidades defensivas de Sabrina Ionescu.

O Las Vegas Aces teve um segundo respiro no início do 4Q, quando diminuiu o déficit para 2 pontos. Brondello retornou as titulares e o time voltou a abrir uma margem segura, levando a vitória por 92 x 78. Nada auspiciosa a estreia de Las Vegas, cujo quarteto estrelado ultrapassou os 30 minutos de quadra – em comparação, apenas Cloud e Ionescu atingiram a marca. O Aces precisa, caso almeje retomar o troféu, acelerar o desenvolvimento das peças marginais do elenco, composto ou por calouras ou por jogadoras que ainda não se firmaram na liga.

Obviamente, Loyd ainda carece de entrosamento e nitidamente não se acomodou à nova equipe. Se ela retornar à forma de (três?) anos atrás, o Aces figurará entre os candidatos ao título, mesmo com todos os problemas na formação do elenco. Caso contrário, talvez não mais veremos as principáis referências no ano que vem.

Impact of Natasha Cloud’s defense for the New York Liberty
-Switches on to Gray off ball
-Aces flow to empty side P&R, Cloud able to fight over, Stewie can stay home
-Works to keep the ball in front, help doesn’t have to commit.

— Steve Jones Jr (@stevejones20.bsky.social) May 17, 2025 at 7:07 PM

O Liberty venceu, convenceu e também tem um longo trabalho pela frente. Cloud chegou com credenciais fortíssimas; Kennedy Burke mostrou evolução; ainda assim, o time chutou mal de três pontos. Tendo superado o trauma do Aces, as nova iorquinas terão como principais rivais o Minnesota Lynx, também reforçado em relação ao vice de 2024. O título escapou por um fio de cabelo, graças em grande parte ao desempenho das jogadoras marginais do elenco.

O Lynx construiu sua intertemporada com isso em mente. Porém, essas são palavras para os próximos capítulos.


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