O impacto do retorno de Brittney Griner no Phoenix Mercury

Fair PlayDezembro 21, 20224min0

O impacto do retorno de Brittney Griner no Phoenix Mercury

Fair PlayDezembro 21, 20224min0
Com o de Brittney Griner a casa, o que pode mudar na franquia dos Phoenix Mercury na próxima época da WNBA? Artigo de estreia de Isabella Mei

Artigo sobre Brittney Griner de Isabella Mei

Depois de quase dez longos meses detida em um país estrangeiro, Brittney Griner enfim está de volta ao lar. No entanto, uma angústia que pairava no ar para os fãs de WNBA era a do seu retorno ao basquete: depois dos eventos traumáticos enfrentados, Griner ainda gostaria de jogar basquete?

Em meados da detenção na Rússia – ainda antes de ser transferida para a colônia penal – os advogados chegaram a perguntar se BG gostaria de ter um aro e uma bola de basquete na cela. A resposta negativa, afirmando que era “doloroso demais” pensar no esporte, fez com que o retorno às quadras fosse algo incerto.

Ao longo de 294 dias, a grande preocupação seria o retorno seguro da atleta para casa, o que aconteceu após uma troca entre BG e o traficante de armas russo Viktor Bout. E então pairou no ar: será que ela volta? Vale o disclaimer de que qualquer retorno nesse cenário deve ser lento, focado no bem-estar e na saúde mental da jogadora – algo que as próprias atletas da liga privilegiam. Ao pisar no continente americano, Griner se hospedou em San Antonio e ali pegou uma bola de basquete pela primeira vez desde a detenção. O primeiro movimento foi uma enterrada. E naquele dia, um domingo, a sua resposta ao retorno ainda era ‘não sei’.

Porém, na última sexta-feira (06), Brittney Griner deu sua primeira declaração pública desde a volta para casa, através do seu perfil no Instagram. Ela agradeceu todos os esforços feitos em seu nome e ao final, afirmou que pretende retornar ao Phoenix Mercury na próxima temporada e agradecer a todos que a apoiaram pessoalmente. Ufa, um alívio. Teremos mais de Griner em quadra – um espetáculo, que convenhamos, é admirável.

Por isso, vale a questão: como fica o Phoenix Mercury com o retorno de BG?

Em retrospecto, vale lembrar a narrativa que a camisa 42 do Mercury vinha traçando: 2021, o último ano em que esteve na WNBA, foi um ano estrelar, mantendo média de 20.5 pontos, 9.5 rebotes, 2.7 assistências e 1.9 bloqueios por jogo. Isso tudo já tendo sido campeã da EuroLiga no mesmo ano, com o UMMC Ekaterinburg. Tudo isso para ressaltar: Brittney Griner é uma potência em ambos os lados da quadra e aos 32 anos, constrói a cada jogo o seu auge.

É possível visualizar o impacto de Griner na equipe comparando as duas últimas temporadas que o Phoenix fez: em 2021 a equipe foi até as finais da WNBA com o big 3 composto por Diana Taurasi, Skylar Diggins-Smith e BG. Já em 2022, a franquia prometia um big 5 em quadra com a chegada de Tina Charles, porém dadas às circunstâncias, não aconteceu. A equipe chegou aos playoffs em um golpe de sorte, mas acabou eliminada na primeira rodada pelo Las Vegas Aces. Essa é a falta que Griner faz em quadra.

Na temporada de 2023, Brittney Griner é uma agente livre irrestrita. Apesar de declarar publicamente que quer voltar ao Mercury, vale o lembrete de o salário de Griner está entre os mais altos da liga e a equipe do Arizona ainda tem em sua folha salarial Diana Taurasi, caso ela realmente volte para mais um ano, e Skylar Diggins-Smith – quem atualmente está com o contrato suspenso e irá perder praticamente toda a temporada, por conta da gravidez do segundo filho.

BG tem direito ao salário supermax da liga ($234.936), já que está retornando ao time já tendo cinco anos de serviço na WNBA. Além disso, em 2023 o Phoenix Mercury tem apenas três jogadoras garantidas: Diggins-Smith, Brianna Turner e Diamond DeShields. Será preciso remontar a equipe inteira.

Não é segredo para ninguém que Brittney Griner é o encaixe perfeito para essa equipe, que se construiu ao redor dela e Taurasi, tendo Diggins-Smith para complementar o trio, e a peça que faltou ao longo de 2022 inteiro para a equipe engrenar. O Mercury não é o Mercury sem ela.

Apesar de o retorno provavelmente ser mais lento e talvez não tão expressivo, a questão que fica não é técnica, mas sim financeira. É fato que para voltar a disputar lugares mais altos na tabela, a franquia precisa no mínimo de um trio como Griner, Taurasi e Sophie Cunningham. Mas os rumos do Phoenix Mercury – agora com seu panteão voltando a se reerguer – só saberemos em fevereiro, com o início da free agency.

 


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