Hamilton na Ferrari: o impacto da transferência

Diogo SoaresFevereiro 4, 20244min0

Hamilton na Ferrari: o impacto da transferência

Diogo SoaresFevereiro 4, 20244min0
Lewis Hamilton na Ferrari era a bomba que poucos pensavam ser possível, mas aqui estamos e Diogo Soares analisa a movimentação

Foi na última quinta-feira que Lewis Hamilton e a Scuderia Ferrari protagonizaram a mudança mais “bombástica” dos últimos 30 anos. Das várias notícias partilhadas ao longo do tempo sobre as aproximações da equipa italiana ao piloto britânico, nenhuma delas impactou desta forma. Até porque a notícia avançada pela Sky Sports já dava como certa a transferência do sete vezes campeão do mundo de Brackley para Maranello em 2025. A grandeza desta mudança é comparável com a ida de Ronaldo para a Juventus, Messi para o PSG ou até LeBron James para os Lakers.

Quanto ao contrato, apesar de nada ser oficial, Hamilton terá ao alcance um contrato de dois anos e um potencial salário anual a rondar os 100 milhões de euros – quantia que já inclui prémios e o investimento da Ferrari nas causas sociais apoiadas pelo piloto – segundo as informações avançadas pela imprensa britânica.

Mas o mais importante é perceber aquilo que esta mudança significa para a Ferrari, para a Mercedes, desportiva e economicamente, e para os fãs. O impacto económico na Ferrari surgiu de forma instantânea. Assim que saíram as notícias, as ações da equipa transalpina valorizaram em cerca de 6%, o equivalente a 10 mil milhões de dólares. No final do dia, a subida nas ações já representava 10% em relação à semana anterior, significando que o valor de mercado da empresa ultrapassava os 100 mil milhões de dólares, segundo dados da agência Reuters. Além disto, há todo o marketing que Hamilton atrai. Hamilton é patrocinado a título pessoal por muitas “superbrands”, como a Monster, Tommy Hilfiger, Puma, Sony, Hugo Boss, entre outras, e, como é habitual na F1, estas marcas passam a patrocinar também a equipa, pagando dezenas de milhões de dólares. Ao tornar-se embaixador da Ferrari e de subsidiárias da marca, a empresa acaba também por atrair mais fãs aos eventos que promova de 2025 em diante. A Ferrari “cai nas graças” de mercados que desportivamente seriam terrenos rivais, aqueles terrenos dados como pró-Hamilton, sendo o Reino Unido o principal deles, dada a rivalidade histórica existente entre italianos e britânicos, mas também se reconcilia com mercados que se tinha afastado mais recentemente, como é caso do Brasil, no qual Hamilton é cidadão honorário.

Para a Mercedes, perder o piloto de 39 anos é como a saída de John Lennon dos Beatles, com uma ligeira diferença: a Mercedes não vai acabar. Mas, de facto, a construtora alemã perde aquele que foi o maior e melhor piloto da sua história. Certo, a Mercedes teve Michael Schumacher, mas o germânico não teve o impacto que Hamilton teve. A grandeza da Mercedes atrai qualquer piloto, mas parece-me verdadeiramente improvável que algum piloto conquiste seis campeonatos, 82 vitórias, 148 pódios e 83 poles position. No plano do marketing, tudo aquilo que a Ferrari ganha, a Mercedes perde. A equipa de Brackley não só perde o seu maior piloto, como o seu único embaixador.  Para 2024, a Mercedes deve dar a Hamilton uma época digna de tudo o que o piloto deu à equipa, uma despedida digna de um dos grandes que este desporto alguma vez viu.

Quanto a Lewis Hamilton, se dúvidas restassem sobre a sua presença no Olimpo do desporto automóvel, as mesmas dissipam-se a partir do próximo ano. Ser piloto da Ferrari não é igual a ser piloto das outras nove equipas. Hamilton será imortal a partir do momento que aparecer vestido com o vermelho de Maranello. As únicas duvidas que poderão existir serão se o piloto conseguirá vencer um título, acabando com a seca de quase 20 anos da escuderia italiana. Disto, tiro duas conclusões. A primeira, é que um título pela Ferrari é maior que os outros sete títulos. A segunda, é que atingindo o oitavo título, tornando-se no mais vezes campeão do mundo, Hamilton será considerado o maior piloto de sempre da F1.


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