Portugal: que desafios para 2021?
Portugal regressou aos trabalhos em Março e já contabiliza três estágios de preparação para a temporada dura e exigente que se avizinha. Bicampeões europeus e detentores do ceptro mundial, os comandados de Mário Narciso abraçam em 2021 a difícil missão de segurar os títulos conquistados em 2020 e 2021, numa época intensa e concentrada entre Junho e Setembro, que inclui ainda abundantes competições no panorama de clubes, tanto a nível doméstico como internacionalmente.
Neste clima de pré-época, dedicamos o artigo de hoje à análise dos desafios que se colocam perante a selecção nacional de futebol de praia na presente temporada, e perspectivamos os principais obstáculos que a equipas das quinas irá ter de superar para alcançar os seus objectivos.
Defesa do título europeu
Recordista absoluto de conquistas da Liga Europeia, com 7 troféus acumulados ao longo dos últimos 20 anos, Portugal constitui-se como o alvo a abater no panorama europeu. Os títulos consecutivos de 2019 e 2020, arrecadados na Figueira da Foz e na Nazaré, respectivamente, aumentam a responsabilidade que recai sobre os ombros dos guerreiros das praias lusitanas, que iniciarão a caminhada rumo à revalidação do título na etapa de qualificação disputada em meados de Junho. Mais uma vez, a vila da Nazaré foi o local escolhido para receber a prova, mercê das excelentes condições criadas pela autarquia e organizações locais para acolher grandes eventos de futebol de praia, o que poderá constituir a motivação adicional para entrar da melhor forma na temporada 2021.
Entre 16 e 20 de Junho, as 12 equipas da divisão A serão divididas em 2 grupos de 6 selecções, jogando todas umas contra as outras tendo em vista o estabelecimento de uma classificação final. Os 8 primeiros classificados terão o passaporte carimbado para a Superfinal, que se realizará em Setembro, na Figueira da Foz.
Portugal conta necessariamente com a oposição de nomes de peso no cenário europeu e mundial, como a Itália, vice-campeã do mundo, a Rússia, vice-campeã europeia de 2019, ou a Suíça, vice-campeã europeia de 2020. Também a Espanha, que protagonizou duelos intensos com a selecção portuguesa em 2019, a Bielorrússia, que no mundial Paraguai 2019 se estrou na mais importante competição da elite mundial, ou a Ucrânia, adversário tradicionalmente difícil para Portugal, são nomes de peso, que não surpreenderiam ninguém em caso de triunfo na prova.
O elenco fica completo pelas equipas da França, Alemanha, Polónia, Azerbaijão e Turquia, todas elas conjuntos de valor que têm vindo a renovar-se e a crescer em anos recentes, causando dores de cabeça às selecções ditas de topo. Numa outra nota, será também interessante observar estas selecções no regresso à actividade, já que, exceptuando Portugal, Suíça, Ucrânia, França e Alemanha, as restantes equipas falharam a Liga Europeia de 2020 devido a constrangimentos provocados pela pandemia.
Defesa do título mundial
Em Dezembro de 2019, no Paraguai, Portugal venceu o terceiro mundial da sua História, o segundo sob a égide da FIFA, e coroou um ano de sucesso com a conquista da mais importante competição global, num momento marcado pela despedida do mítico capitão Madjer, considerado o melhor de sempre nos areais. A carga emocional do momento foi imensa e a vontade de reeditar uma tamanha conquista em 2021 é inesgotável da parte dos atletas da selecção nacional. Porém, tal como em 2019, o caminho começa com o apuramento, numa tarefa sempre difícil para qualquer selecção do velho continente.
Em 2021, particularmente, a qualificação afigura-se ainda mais exigente, uma vez que a Rússia, enquanto país anfitrião do mundial, tem lugar assegurado, sendo atribuídas apenas 4 lugares às restantes selecções europeias. Portugal terá então de medir forças com todas as equipas acima mencionadas, além de todas as selecções da divisão B europeia que pretendam participar na qualificação, a ter lugar no final de Junho e início de Julho, em local a definir.
Vale sempre a pena recordar os perigos que advêm de uma competição sempre dura, muitas vezes com cerca de 8 jogos em dias consecutivos, num momento-chave do futebol de praia europeu que se repete a cada dois anos: todas as equipas, independentemente do seu ranking, partem em pé de igualdade rumo à conquista de um lugar no mundial, bastando por vezes um passo em falso, uma exibição mal conseguida para deitar a perder as esperanças de marcar presença no mundial.
Nenhuma selecção europeia conseguiu marcar presença em todas as últimas quatro edições do mundial, o que atesta de forma decisiva o elevado grau de exigência da qualificação. Em 2019, quando se apuravam 5 equipas, Portugal não conseguiu o apuramento directo na segunda fase de grupos, acabando por disputar um play-off muito renhido com a Espanha, no qual o estandarte luso emergiu vitorioso após a marcação de grandes penalidades – uma vitória do querer e da união do colectivo, quando Portugal não podia contar com o lesionado Bê Martins e o castigado Jordan Santos. Este triunfo revelou-se absolutamente indispensável para que Portugal pudesse terminar o ano com chave de ouro, conquistando o título mundial. Em 2021, no entanto, não haverá margem para erros, razão pela qual Portugal (e todas as equipas com aspirações à qualificação) tem de estar preparado para vencer qualquer adversário em qualquer momento.
Uma vez no mundial, à concorrência europeia juntar-se-ão certamente outros nomes sonantes do panorama global, nomeadamente o Brasil, que em 2019 caiu eliminado aos pés da Rússia nos quartos de final. Também o Irão, ausente da competição no Paraguai, mas campeão intercontinental em título, irá procurar regressar e lutar pelo ceptro mundial, assim como o Japão, que há dois anos quase surpreendeu Portugal nas meias-finais. Senegal, Taiti, Paraguai, Emirados Árabes Unidos, eis algumas outras equipas que tudo farão para estar no mundial e que podem, neste momento, chegar bem longe no torneio.
Renovação sustentada do plantel
Considerando a composição do plantel da selecção nacional, apenas 8 dos 12 campeões do mundo de 2015 permanecem ainda nas fileiras da equipa das quinas: os guardiões Elinton Andrade e Tiago Petrony, os capitães Belchior e Bruno Torres, Rui Coimbra, os irmãos Bê e Léo Martins e, por fim, o melhor jogador do mundo em título, Jordan Santos. Desde então, outros jovens têm vindo a completar o elenco da selecção nacional, incluindo o trio André Lourenço, Rúben Brilhante e João Gonçalves, todos eles campeões do mundo em 2019 e com excelentes prestações ao serviço das cores nacionais. Rodrigo Pinhal, actualmente jogador do Sporting CP, integrou também o plantel na Liga Europeia de 2020, estando todos estes nomes de volta aos trabalhos de Mário Narciso, que tem também chamado consistentemente o guardião Pedro Mano, o fixo Bernardo Lopes, o ala João Cabral e o pivô Miguel Pintado, completando assim um grupo coeso e talentoso do qual sairão os eleitos para as competições do Verão que se avizinha.
A expectativa em torno do seguimento do processo de renovação contínua é grande, tendo em conta a importância de alargar o leque de opções seleccionáveis e constituir um grupo forte e equilibrado para lutar por todas as competições, sem esquecer o investimento no futuro, para que os jogadores mais jovens possam ainda conviver muito tempo com os atletas com mais tempo de casa e beber do seu conhecimento do jogo e experiência.
- 2021
- Alemanha
- André Lourenço
- Bê Martins
- Belchior
- Bernardo Lopes
- Bielorrússia
- Brasil
- Coimbra
- Espanha
- Figueira da Foz
- França
- Futebol de Praia
- Irão
- Itália
- João Cabral
- João Gonçalves
- Jordan
- Léo Martins
- Liga Europeia
- Madjer
- Mário Narciso
- Miguel Pintado
- Mundial
- Nazaré
- Pedro Mano
- Portugal
- Ridrigo Pinhal
- Russia
- Senegal
- Tiago Petrony
- Torres
- Ucrânia
- Von