Está na hora de acabar com as corridas de sprint

Diogo SoaresSetembro 21, 20253min0

Está na hora de acabar com as corridas de sprint

Diogo SoaresSetembro 21, 20253min0
Serão as corridas de sprint realmente importantes para o espetáculo da Formula 1 ou desnecessárias?

Esta semana, a F1 anunciou oficialmente os locais das corridas sprint em 2026, confirmando alguns dos piores cenários. Shangai, Miami, Montreal, Silverstone, Zandvoort e Singapura serão os palcos das corridas de 100km.

Permitam-me começar desta forma: sou completamente contra as sprints. O problema não é o seu formato, é a existências das mesmas.

Desde a sua implementação, em 2021, que me insurjo contra as mesmas, porque, acima de tudo, parece-me uma desvantagem competitiva para as equipas, que, ao verem as três sessões de treinos serem reduzidas a uma, menos tempo têm para afinar os carros. Ora se já difícil aperfeiçoar a afinação de um carro ao longo de um total de três horas de treinos, mais difícil é fazer o mesmo em apenas uma hora.

Ora, o que todos os fãs já testemunharam é simples: as sprints não funcionam, porque não têm ação. E porquê? Porque pilotos e equipas não querem de todo arriscar uma destruição dos monolugares que possa pôr em causa todo o restante fim de semana. Ou seja, não arriscam perder a corrida de domingo. E bem. É ao domingo que se vence o Grande Prémio.

E se as equipas não querem participar numa tarefa de alto risco, porque insiste a F1 em realizar as mesmas e, para piorar, pretende expandir em 2027? A explicação é muito simples: o dinheiro. Mas não o dinheiro das pessoas que vão aos circuitos, porque essas enchem os autódromos na sexta independentemente do que houver. O dinheiro das transmissões é que importa, uma vez que a promessa de uma boa corrida leva a que as pessoas que estão em casa, acabem por ligar o seu televisor com mais facilidade. Aliás, essa promessa pode até levar a que as pessoas acordem cedo com o propósito de ver a sprint.

Ainda assim, algumas das escolhas tomadas em 2026 voltam a pôr em causa a questão da emoção. Miami, mesmo tendo duas retas consideravelmente longas, não consegue produzir a ação que se exige ou porque não se ultrapassa o suficiente, ou porque quando há ultrapassagens, as mesmas são feitas a meio da reta com o auxílio do DRS. Em Zandvoort, será difícil ultrapassar. E Singapura, não só será muito difícil ultrapassar, como o facto de os muros estarem mais próximos desencorajar o risco.

Naturalmente, uma reformulação do formato poderá tornar mais chamativo, como a questão de na qualificação ser obrigatório usar duros e médios, ou com a introdução de uma grelha invertida, como na F2 e F3, mas tenho as minhas suspeitas é que não produzirão grandes diferenças. Não nos esqueçamos que nas categorias de promoção os carros são iguais. Na F1, não.


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