Está na hora de acabar com as corridas de sprint
Esta semana, a F1 anunciou oficialmente os locais das corridas sprint em 2026, confirmando alguns dos piores cenários. Shangai, Miami, Montreal, Silverstone, Zandvoort e Singapura serão os palcos das corridas de 100km.
Permitam-me começar desta forma: sou completamente contra as sprints. O problema não é o seu formato, é a existências das mesmas.
Desde a sua implementação, em 2021, que me insurjo contra as mesmas, porque, acima de tudo, parece-me uma desvantagem competitiva para as equipas, que, ao verem as três sessões de treinos serem reduzidas a uma, menos tempo têm para afinar os carros. Ora se já difícil aperfeiçoar a afinação de um carro ao longo de um total de três horas de treinos, mais difícil é fazer o mesmo em apenas uma hora.
Ora, o que todos os fãs já testemunharam é simples: as sprints não funcionam, porque não têm ação. E porquê? Porque pilotos e equipas não querem de todo arriscar uma destruição dos monolugares que possa pôr em causa todo o restante fim de semana. Ou seja, não arriscam perder a corrida de domingo. E bem. É ao domingo que se vence o Grande Prémio.
E se as equipas não querem participar numa tarefa de alto risco, porque insiste a F1 em realizar as mesmas e, para piorar, pretende expandir em 2027? A explicação é muito simples: o dinheiro. Mas não o dinheiro das pessoas que vão aos circuitos, porque essas enchem os autódromos na sexta independentemente do que houver. O dinheiro das transmissões é que importa, uma vez que a promessa de uma boa corrida leva a que as pessoas que estão em casa, acabem por ligar o seu televisor com mais facilidade. Aliás, essa promessa pode até levar a que as pessoas acordem cedo com o propósito de ver a sprint.
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— Formula 1 (@F1) October 19, 2024
Ainda assim, algumas das escolhas tomadas em 2026 voltam a pôr em causa a questão da emoção. Miami, mesmo tendo duas retas consideravelmente longas, não consegue produzir a ação que se exige ou porque não se ultrapassa o suficiente, ou porque quando há ultrapassagens, as mesmas são feitas a meio da reta com o auxílio do DRS. Em Zandvoort, será difícil ultrapassar. E Singapura, não só será muito difícil ultrapassar, como o facto de os muros estarem mais próximos desencorajar o risco.
Naturalmente, uma reformulação do formato poderá tornar mais chamativo, como a questão de na qualificação ser obrigatório usar duros e médios, ou com a introdução de uma grelha invertida, como na F2 e F3, mas tenho as minhas suspeitas é que não produzirão grandes diferenças. Não nos esqueçamos que nas categorias de promoção os carros são iguais. Na F1, não.