As corridas de sprint na F1

Rute RibeiroAgosto 3, 20256min0

As corridas de sprint na F1

Rute RibeiroAgosto 3, 20256min0
As corridas de sprint chegaram à F1 em 2021, mas ainda não conseguiram conquistar todos os adeptos. Haverá forma de conseguir agradar a todos?

Em 2021, a F1 decidiu trazer novidades para o calendário e, para isso, adicionou 3 corridas de sprint que decorreram no GP do Reino Unido, de Itália e de São Paulo. A ideia era tornar o fim de semana mais entusiasmante para os adeptos, criando uma corrida extra com uma duração mais curta que a principal, sem idas à box para trocar pneus e em que os pilotos teriam apenas que acelerar do início ao fim durante 25-30 minutos e tentar obviamente terminar em primeiro. Seria basicamente um espetáculo de velocidade e ultrapassagens sem o fator estratégico relacionado com a melhor altura para ir à box.

O formato que implementaram na altura não é o mesmo que está em vigor aos dias de hoje, e por isso vamos ver quais as alterações que foi sofrendo até assumir o aspeto que tem atualmente no calendário dos fins de semana de sprint.

No primeiro ano (2021), os fins de semana decorriam da seguinte forma:

  • Sexta-feira: Treino livre 1 + Qualificação para a corrida de sprint.
  • Sábado: Treino livre 2 + corrida de sprint, sendo que a ordem em que terminassem a corrida iria definir a grelha de partida da corrida de domingo. Eram atribuídos pontos aos 3 primeiros no final da corrida.
  • Domingo: tínhamos então a corrida habitual.

Em 2022 o formato manteve-se igual ao ano anterior, mas o sistema de pontos para a corrida de sprint foi alterado e passaram a pontuar os 8 primeiros pilotos. Com essa mudança, o vencedor passou a arrecadar mais 5 pontos que em 2021.

No ano de 2023, já se verificaram mais mudanças em relação ao formato. A primeira delas foi que ao contrário dos anos anteriores em que tivemos 3 corridas de sprint, passaram a existir 6 no calendário. A segunda, está relacionada com o formato do fim de semana:

  • Sexta-feira: Treino livre 1 + Qualificação para a corrida de domingo.
  • Sábado: Qualificação para a corrida de sprint + Corrida de sprint (com a implementação de uma nova qualificação à sexta feira, a ordem em que os pilotos terminavam a sprint já não tinha qualquer impacto na grelha de partida do dia seguinte).
  • Domingo: a corrida principal decorria como sempre.

Em 2024, fizeram o último ajuste, e esse foi o formato que se manteve para este ano  – o calendário foi reorganizado e a ordem dos dois primeiros dias passou a ser a seguinte:

  • Sexta-feira: Treino livre 1 + Qualificação para a corrida de sprint.
  • Sábado: Corrida de sprint + Qualificação para a corrida de domingo.

Até à data, realizaram-se 21 corridas de sprint, sendo que o piloto que venceu mais vezes foi Max Verstappen. O piloto da Red Bull venceu 57% das corridas (12), sendo que a sua melhor sequência de vitórias foi entre o GP dos Estados Unidos em 2023 e o mesmo GP em 2024 – 6 vitórias seguidas.

Este ano, Lewis Hamilton, e por consequência a Scuderia Ferrari, venceram pela primeira vez uma corrida de sprint. Agora que já falámos das alterações que os fins de semana de sprint foram sofrendo desde a sua implementação e também de quem é o detentor de mais vitórias, vamos ao ponto principal do artigo.

Serão as corridas de sprint uma mera antevisão do que se passa no dia seguinte? Em vez de trazer variedade de vencedores, só nos fornece a resposta a quem irá vencer a corrida principal? Vamos rapidamente comparar os vencedores das corridas de sprint e da corrida principal do respetivo GP para perceber a realidade.

Ao analisarmos esta tabela, verificamos que apenas 8 destas 21 corridas tiveram o mesmo vencedor que a corrida de sprint, o que equivale a 38% das corridas de sprint a que já assistimos.

Então porquê que mesmo assim este formato levanta tantas vozes contra?

Estas são algumas das respostas com que me cruzei ao longo do tempo:

  • A corrida de domingo era vista como algo exclusivo e ansiado pelos adeptos ao longo do fim de semana, mas com a implementação da sprint, acaba por já haver outra corrida para “dividir” as atenções.
  • Há também os que defendem que, sendo a corrida mais importante a de domingo e consequentemente aquela que dá mais pontos para a disputa do campeonato, os pilotos acabam por arriscar menos na sprint, para não correr o risco de ficar sem carro para o dia seguinte o que leva a que seja uma corrida mais “aborrecida”.
  • O facto de também serem atribuídos poucos pontos para o campeonato, acaba por não ser assim tão relevante nas contas finais, criando a sensação que é apenas um “extra” ali metido no calendário sem real impacto nas contas finais.
  • E claro, não nos podemos esquecer que há também um conjunto de fãs que não apreciam as corridas de sprint pelo simples facto de ser algo que veio mudar o formato tradicional dos fins de semana de GP.

Ignorando a última justificação (porque para essa a única solução seria mesmo acabar com o formato), vou partilhar com vocês uma pequena lista de sugestões que poderiam trazer algum entusiasmo à corrida de sprint:

  • Fim da qualificação de sprint. O formato do fim de semana seria treino livre 1 e 2 (para as equipas não terem apenas uma sessão para recolher dados importantes para a corrida de domingo), qualificação para a corrida de domingo, sprint e corrida principal. A grelha de partida da corrida de sprint seria a inversão da grelha de partida para a corrida principal. A mesma qualificação servia para as duas corridas porque dessa forma, nenhum piloto ia tentar terminar com o pior resultado possível na qualificação só para beneficiar da inversão, visto que o foco em termos de pontos é obviamente a corrida de domingo.
  • 1 paragem obrigatória para mudança de pneus e teria que ser feita dentro de uma janela de voltas específica.
  • Nada de DRS.
  • Assim mais na loucura, e é esta a minha última sugestão, aquela regra de haver participações obrigatórias de rookies em treinos livres, trazíamos isso para sprint e sendo assim, cada equipa tinha que correr uma sprint por ano com 1 rookie, e para não dizerem que o piloto principal substituído podia perder pontos essenciais para o campeonato, os pontos que o rookie conseguisse, passavam para o piloto que ele estivesse a substituir. Tentem visualizar o cenário: rookies metidos de repente numa corrida de sprint contra os melhores da modalidade. Tinha tanta probabilidade de ser incrível como de provocar algum caos e nesse caso, já ninguém se podia queixar que a sprint é uma corrida previsível e não traz emoção nenhuma.

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