A “batata quente” nas mãos de Zak Brown
A conjuntura do campeonato de pilotos de 2025, na qual conta os dois da McLaren e Verstappen na luta pelo título mundial, está a trazer uma valente dor de cabeça a um interveniente: Zak Brown (ou vá, dois, a contar com Andrea Stella).
Nos testes ficou por demais evidente que seria em Woking que estaria a luta pela glória eterna. Na antevisão do GP do Mónaco e logo após o GP da Emília-Romanha, a afirmação mantém-se, mas há um ‘wildcard’ que pode dificultar as contas.
Max Verstappen conquistou a segunda vitória da temporada, o que lhe permite manter-se vivo na luta pelo penta – e, como sabemos, Max apenas precisa de estar ‘ligado às máquinas’ para poder incomodar seriamente. Neste momento em que escrevo o artigo, o neerlandês precisa apenas de uma vitória numa corrida que corra muito mal para a ‘papaya’. Algo que não é impossível de todo.
Mas o maior problema é mesmo para o norte-americano dono da equipa britânica. Brown, na temporada mais recente do Drive to Survive, admitiu que a F1 estava a entrar na era de Lando Norris. Ora, até agora, o tiro saiu-lhe pela culatra. Não só Max Verstappen continua a ser muito incomodativo, como Norris têm dificuldades em ser o piloto número 1 da equipa, até porque venceu apenas a primeira corrida da temporada, em Melbourne – e, honestamente, podia não ter sido ele a vencer, não fossem as muito polémicas regras de equipa.
Em Ímola, Piastri viu a estratégia e o azar da corrida correr – passo a redundância – contra si. Primeiro, ir demasiado cedo às boxes. Depois, ficou preso no meio do pelotão. Por fim, não tinha pneus novos para voltar à luta pela vitória.
Precisamente nestas condições, Lando Norris deveria ter elevado o nível de pilotagem e, naturalmente, ter lutado pela vitória. Porém, falhou nessa tarefa. Terminou em segundo lugar, mas nunca ameaçou a liderança do rival da Red Bull. Pior, Norris não consegue sequer lutar por uma vitória desde o GP do Japão, na terceira ronda.
Começa, portanto, a ser difícil para Zak Brown gerir qual piloto deve receber maior apoio da equipa de modo a garantir o campeonato de pilotos para Woking. Norris não ganha desde março, mas tem apenas 13 pontos de défice para o companheiro de equipa. Além disso, o britânico é produto McLaren, está na sétima temporada na F1 e na equipa e não demonstrar apoio ao mesmo pode levar o piloto nº 4 para outras paragens. Na garagem do 81, o problema é idêntico. Piastri lidera há vários Grandes Prémios e começa a pressionar, indiretamente, a equipa para tomarem uma decisão firme no mais curto tempo possível. Se não acontecer, o australiano de 24 pode fazer muito bem o que qualquer potencial campeão faria: olhar para as outras construtoras.
Sabemos ainda que a McLaren tem dificuldades em firmar uma decisão com clareza suficiente para não haver polémica. Hungria no ano passado foi um exemplo por demais evidente para ser ignorado, além de em Melbourne e Suzuka, neste ano, já terem tomado destinos muito pouco populares.
Decidir que piloto deve ter vida mais facilitada para ser campeão nunca é tomada de ânimo leve. Vejamos o exemplo da Ferrari em 2022, quando a decisão era muito mais fácil de tomar, ou até em nos tempos da Red Bull de Vettel e Webber – que curiosamente, é o agente de Piastri -, todavia o tempo de Brown decidir está se a esgotar e se decidir mal, ou se não decidir nada, pode ver o título ir para Milton Keynes.