Fórmula 1 2024: o que se passou até agora pt.1
Em janeiro de 2024, todos garantíamos que a temporada deste ano iria ser mais um ano monótono da Fórmula 1 em que Max Verstappen dominaria confortavelmente este campeonato. Em março, após os três dias de testes, esta tese ficou reforçada e, aliás, dava a sensação de que o domínio da Red Bull seria ainda maior que em 2023. Mas, enfim, o quão mudou este campeonato.
Chegámos à paragem de verão e o campeonato não poderia estar mais em aberto. Em 14 corridas, 7 pilotos diferentes venceram e, muito sinceramente, a última corrida menos emocionante que houve foi no Grande Prémio do Bahrein, em que Versteppen venceu com uma vantagem de mais de 22 segundos. Mas o melhor mesmo é analisarmos todas as equipas, uma a uma, para percebermos a temporada das mesmas.
1º Red Bull – 408 pontos
A temporada da Red Bull iniciou tal como era desejado nas hostes de Milton Keynes. Duas dobradinhas nas primeiras duas corridas e Max Verstappen a vencer as duas corridas. Depois veio a primeira contrariedade. Em Melbourne, o tricampeão no mundo ficou com os travões a arder e abandonou, enquanto Pérez, com danos no fundo do seu monolugar, não foi além de um quinto lugar. Seguiram-se as provas em Suzuka e Xangai, em que Verstappen voltou ao seu melhor levando mais duas vitórias para casa e adicionando a primeira vitória em Sprint na primeira da temporada. Pérez ainda conseguiu dar mais uma dobradinha à equipa austríaca no Japão, mas na china, não foi além do bronze tanto na sprint como no domingo.
É nesta altura que se dá a viragem na temporada no primeiro dia de maio, a apenas dois dias do início do GP de Miami, a equipa anuncia a saída do superengenheiro Adrian Newey no final de 2024, sendo que seria de imediato retirado dos trabalhos de desenvolvimento do RB20 e nem sequer estaria envolvido nos trabalhos que envolvessem o carro de 2025, no entanto, manter-se-ia em funções.
E desde aí, a vantagem na Red Bull desvaneceu-se. Desde a saída do engenheiro britânico, em nove corridas, a equipa apenas venceu três corridas, sendo que a última delas foi no GP de Espanha, há mais de um mês. Além disso, a equipa já apresentou vários pacotes aerodinâmicos sem a supervisão de Newey, no entanto, nenhum deles se mostrou como sendo uma evolução, não deixando boas perspetivas para o que resta da temporada.
Para piorar, ainda temos as performances de Sérgio Pérez, que ultrapassam todos os limites da mediocridade. Desde o GP da China que o piloto mexicano não vai ao pódio e, nestas provas todas, só ficou por uma vez no top-5, além dos múltiplos acidentes em que o nº11 se envolveu.
Max Verstappen é o líder do campeonato com 277 pontos. Venceu sete corridas (Bahrein, Arábia Saudita, Japão, China, Ímola, Canadá e Espanha) e ainda teve mais dois pódios em Miami e Silverstone. Venceu as três sprints realizadas até agora, e ainda colecionou mais seis pole-position. Quanto a Pérez, situa-se apenas na sétima posição do campeonato com 131 pontos. Foi ao pódio em quatro ocasiões, não vencendo em nenhuma delas. Nas sprints, o piloto ainda foi duas vezes ao pódio.
2º McLaren – 366 pontos
Na McLaren respira-se ar puro. O carro que era inicialmente o 3º melhor carro, bem capaz de competir com o Ferrari, transformou-se no melhor carro da grelha. E, se quisermos considerar a cereja no topo do bolo, a equipa ‘papaia’ ainda conta com a melhor dupla do ‘grid’, ambos jovens.
Lando Norris estreou-se nas vitórias ao vencer em Miami. Além disso, esteve perto da vitória em Ímola, na Áustria, apenas o acidente com Verstappen tirou a possibilidade de vencer pela segunda vez na temporada, também no Canadá e Hungria, em que teve de dar a sua posição ao companheiro de equipa. Com 199 pontos no campeonato de pilotos, Norris pode bem sonhar com o título mundial, acrescentando ainda a possibilidade da vantagem do rival neerlandês se desmoronar, mas há algo que ainda precisa de mudar no piloto britânico: os arranques. Chega a ser mesmo penoso ver o vice-líder do campeonato a tentar defender a posição nos primeiros metros da prova até à curva 1. O ponto mais alto desse ligeiro ‘show de horrores’ deu-se mesmo na Bélgica, quando o Norris ‘atirou’ o seu carro para a gravilha sem ter o mínimo de pressão por parte de outro piloto, levando-o a perder quatro posições. Melhorando este aspeto, o piloto de 24 anos terá ainda mais chances de atingir a perfeição num fim de semana de provas.
Mas terá ainda de contar com o seu primeiro rival. Não, não me refiro a Max Verstappen. Refiro-me mesmo a Oscar Piastri. O australiano tem mostrado uma forma recente extraordinária, tornando-se uma séria dor de cabeça ao piloto das terras de sua majestade. Piastri começou a temporada numa maneira algo discreta, onde apenas conseguiu dois quartos lugares nas primeiras seis corridas, falhando os pontos em Miami – apesar de que neste GP viu-se envolvido num acidente. Desde Miami, a forma do piloto 81 virou por completo e apenas numa corrida, em Espanha, ficou fora do top-5. Ainda levou para casa quatro troféus – uma vitória na Hungria e outros três pódios no Mónaco, Áustria e Bélgica -, e uma medalha de prata correspondente ao segundo lugar na sprint austríaca. Atualmente, o jovem de 23 anos está no quarto posto do campeonato de pilotos com 167 pontos e, se conseguir capitalizar da melhor forma o brutal carro que tem em mãos, terá todas as condições para entrar no top-3 na tabela, e, talvez, ter uma palavra a dizer na luta pelo título mundial.
3º Ferrari – 365 pontos
A temporada da Ferrari deveria ser um caso de estudo… pela negativa. A equipa italiana até começou a temporada de uma forma positiva. Tinham o segundo carro e conseguiam seguir atrás dos Red Bull com alguma tranquilidade, mas a sorte mudou logo a seguir ao Mónaco, tendo o SF-24 se tornado no quarto carro, o pior entre as quatro equipas de topo. O grande culpado disso foi a falta de evoluções. Apesar dos pacotes aerodinâmicos apresentados, nenhum desses surtiu efeito, tendo levado a equipa a um momento de estagnação que apenas teve a sua melhora mais recentemente no GP da Bélgica. No entanto, o carro não é o único problema. Os problemas estratégicos que Fred Vasseur parecia ter eliminado intensificaram-se e a equipa de Maranello parece perder-se em momentos cruciais das corridas, como, por exemplo, colocar pneus de piso seco em pista molhada, como no Canadá a Leclerc, e pneus de pista molhada em pista seca, como ao mesmo piloto em Silverstone, além de perderem-se na estratégia de uma ou duas paragens com Sainz, na Bélgica.
Quanto aos pilotos, Leclerc é, até ao momento, o piloto melhor classificado da equipa de Maranello. O piloto do Mónaco está, neste momento, na terceira posição do campeonato com 177 pontos. Tem seis pódios na temporada, um deles sendo a lendária vitória no GP do Mónaco, e duas poles position. Tem ainda um pódio em sprints, conquistado em Miami.
Sainz está na temporada de despedida da equipa italiana. Neste momento, o piloto espanhol está em quinto no campeonato com 162 pontos. Foi cinco vezes ao pódio e atingiu o lugar mais alto no GP da Austrália. O espanhol bem que podia ter mais pontos, mas uma apendicite em março levou-o a um bloco operatório, obrigando-o a perder o que restava do GP da Arábia Saudita. Para o seu lugar entrou Ollie Bearman, que estará ao volante de um Haas em 2025. O ainda piloto da Prema no campeonato de F2 aproveitou a oportunidade para terminar num fabuloso sétimo lugar.