Fórmula 1 2024: muda o ano, não muda o Max

Diogo SoaresMarço 2, 20246min0

Fórmula 1 2024: muda o ano, não muda o Max

Diogo SoaresMarço 2, 20246min0
Max Verstappen começou a temporada com uma vitória e parece que vamos ter uma repetição dos últimos anos nesta Fórmula 1 2024

Começou a temporada de Fórmula 2024, mas, como se diz na gíria: “Vira o disco e toca o mesmo”. E foi assim mesmo, Max Verstappen não deu hipóteses à concorrência.

É, de facto, impressionante o domínio do piloto neerlandês. Aliás, neste momento, é impossível pensar num outro candidato a vencer corridas que não seja o tricampeão do mundo. Permitam-me recorrer ao pessimismo: Max Verstappen garante matematicamente o tetra até ao GP do México (o 20º da temporada). Mas vamos lá analisar aquilo que aconteceu em Sakhir.

Quando chegamos à qualificação, a indefinição sobre quem estaria na “pole position” era grande, uma vez que nos treinos, poucas tinham sido as simulações de volta rápida e, as que existiam, pouco ou nada nos diziam. Foi só chegar ao Q3 para as dúvidas se dissiparem e Verstappen, apesar da ameaça de Charles Leclerc, conquistar a primeira posição à partida com um tempo de 1:29.179, quase três décimos mais rápido que o monegasco da Ferrari. O maior destaque da sessão foi mesmo para Nico Hulkenberg, que colocou o seu Haas no 10º lugar, confirmando que ainda faz umas “gracinhas” em qualificação. Por outro lado, a Alpine confirmou as previsões pessimistas e deixou os dois carros nos dois últimos lugares da grelha.

Na corrida, a dúvida sobre o vencedor restou menos de uma volta, que foi o suficiente para Verstappen pôr mais de um segundo de diferença na vantagem sobre Leclerc, impedindo-o logo de usar o DRS. Ainda na primeira curva, Hulkenberg atingiu Stroll e destruiu a sua asa dianteira, terminando aí as esperanças de um bom resultado para a equipa norte-americana, e dificultando a tarefa do canadiano da Aston Martin.

No final, como já foi referido, Max Verstappen conquistou a primeira vitória da temporada, a 55ª da carreira e ainda conquistou o quinto Grand Slam da carreira (pole position, vitória, volta mais rápida e liderança em todas as voltas). Pérez garantiu a dobradinha da Red Bull e Sainz fechou o pódio numa corrida impressionante do espanhol.

Dado o resumo do GP, partimos agora para uma breve avaliação das equipas através de um ranking:

1º – Red Bull

Dizer que o rendimento da Red Bull não foi o melhor ao longo do fim de semana seria algo de loucos. Certo, os pilotos por várias vezes nos treinos queixaram-se de problemas na mudança de velocidade, no entanto, quando foi a valer, o problema parecia estar esquecido. Pérez voltou a estar mal em qualificação, mas recuperou bem e fixou-se na vice-liderança. Quanto a Max Verstappen, resta-me dizer que foi mais um passeio de fim-de-semana do neerlandês. E os 22 segundos de vantagem para o companheiro de equipa – que, relembro, ficou em segundo lugar -, comprovam o passeio

2º – Ferrari

Talvez possa haver alguns sorrisos nas hostes dos transalpinos, uma vez que o terceiro lugar de Sainz e quarto de Leclerc seria aquilo que estaria em mente como sendo o resultado mais realista para a equipa. Nem tudo foi um mar de rosas, Leclerc viu mesmo a sua vida a andar para trás no início da prova, queixando-se que o seu carro guinava para a direita nas travagens, daí uma certa frustração do piloto de 26 anos com o resultado. Todavia, Sainz mostrou-se batalhador e, a correr por si, mostrou que quem pegar nele terá um grande piloto em conta. Ressaltar ainda que a Ferrari consegue um fim-de-semana sem erros na estratégia. Levam 27 pontos para casa, algo que deve ser encarado como positivo.

3º – Mercedes

Tão perto, mas ao mesmo tempo tão longe. Assim se define o GP da construtora germânica. Rodaram no pódio em corrida com Russell, mas a desvantagem no carro prevaleceu e o britânico caiu para 5º lugar. Ainda assim, o melhor resultado possível com o carro que tem. Hamilton foi o contrário, tendo passado as sessões que valem a lidar com problemas, sendo o principal deles, o assento partido na corrida, uma situação extremamente desconfortável para o veterano da equipa de Brackley. 7º lugar não é vergonhoso, mas dava para fazer melhor.

4º – McLaren

Diria que a McLaren andou um pouco aquém das expectativas. Defendi, no podcast “Contracurva” aqui no FairPlay, que, nesta fase, o MCL38 poderia ser o 3º carro da grelha, mas tal não se verificou. Longe do pódio todo o fim de semana e uma qualificação muito pouco satisfatória, deixam evidentes que a equipa de Woking precisa de dar um grande passo para ser de alta competitividade. 6º e 8º lugares não são suficientes para os britânicos entrarem no rumo do pódio do Campeonato de Construtores.

5º – Aston Martin

A qualificação de Alonso enganou um pouco os fãs. Aquele 5º lugar na sexta-feira deixou-nos a pensar que o espanhol iria estar na luta pelo pódio. No sábado veio a realidade. O carro ainda não tem um ritmo de corrida que permita por os seus pilotos no pódio. Lance Stroll merece destaque, fez uma grande corrida, após ter ficado ao contrário na curva 1º. 9º e 10º lugar foi o melhor que podiam almejar.

6º – Visa Cash App RB/Sauber

Neste sexto lugar pode-se admitir um empate entre a os italianos da Visa Cash App e os suíços da Sauber. Muito porque na sexta-feira os italianos “bateram na barra” do Q3 e no sábado foi o inverso, os suíços tiveram melhor rendimento. O mau resultado de Bottas é muito enganador, fruto do problema nas boxes que o deixou parado quase 1 minuto. Importante deixar em claro que será difícil para estas equipas pontuarem, o fosso para a Aston Martin é muito grande.

8º – Haas

Melhor que o Williams, sem dúvida, mas o resultado da qualificação faz parecer que o carro da Haas tem uma palavra a dizer. A verdade é que Hulkenberg tem uma boa aptidão para as qualificações. O carro ainda é limitado, no entanto, melhor que aquilo que se esperava no início de temporada. Vão pontuar, mas em situações muito especiais. Grande destaque para Magnussen por ter segurado a dupla da Visa Cash App no final da corrida.

9º – Williams

Um começo com o pé esquerdo para a equipa fundada por Frank Williams. Longe de lutarem por pontos em todo o fim-de-semana, longe daquilo que se poderia esperar neste “ressurgimento” dos britânicos. Será preciso muito trabalho para sorrirem nesta temporada. Para acrescentar, o erro infantil de Logan Sargeant tirou-o de qualquer chance de se impor perante os rivais diretos.

10º- Alpine

Desastroso fim-de-semana para os franceses. Algo já anunciado desde os testes. Para piorar, os diretores técnico e de aerodinâmica da equipa francesa demitiram-se logo após o término da corrida. Neste momento, Piere Gasly e Esteban Ocon parecem lutar apenas contra os próprios carros.

O próximo GP realiza-se já na próxima semana, nas ruas de Jeddah, na Arábia Saudita.

Resultado da corrida:


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