Everybody is a Ferrari fan

Rute RibeiroFevereiro 28, 20246min0

Everybody is a Ferrari fan

Rute RibeiroFevereiro 28, 20246min0
Com a chegada da nova época de F1, Rute Ribeiro analisa as épocas passadas da dupla Leclerc e Sainz e partilha ainda os seus sonhos para 2024

Quando comecei a pensar neste artigo, mal sonhava que as palavras de Vettel voltariam a ser tão atuais: “Even if you go to the Mercedes guys (…) they’re Ferrari fans” e que veríamos então Sir Lewis Hamilton protagonizar uma das maiores (se não a maior) mudanças de equipa na história da F1 ao anunciar que assinou contrato com a Ferrari para 2025.

Mas não é dessa transferência que quero falar. Como diz o título – “Everybody is a Ferrari fan” – eu faço parte desse grupo, sou Tifosi. A minha relação com a F1 não foi contínua, cresci como muitos da minha geração ou anteriores devem ter crescido, com um pai que ligava religiosamente a TV ao domingo e sintonizava na F1. Não me explicava grande coisa e para mim aquilo resumia-se a um conjunto de carros a “andar às voltas”, mas com uma constante – o senhor de vermelho ganhava sempre – ou pelo menos foi assim que eu gravei esses anos na minha memória. Para mim, Michael Schumacher era (e é) um grande piloto da história da F1 e mesmo não percebendo na altura nada do que via, para mim era mais que óbvio que era aquele o piloto que eu tinha que admirar. Deixei depois de acompanhar a modalidade durante vários anos, mas no meu regresso como adepta da modalidade, não me fazia sentido escolher outra equipa. Uma vez Tifosi, sempre Tifosi e por isso decidi aceitar sofrer pela equipa que noutros anos viveu tempos de glória (último piloto campeão foi Kimi Räikkönen em 2007 e última vez que venceram o campeonato de construtores foi em 2008 com 172 pontos), mas que agora protagoniza pit stop caóticas e usa estratégias duvidosas (pobre Leclerc que tentou ele mesmo criar uma estratégia na última corrida de 2023 para ajudar a equipa a ficar melhor posicionada no campeonato de construtores).

Agora que vos contei de forma resumida a minha ligação à modalidade e à equipa vermelha, queria então cumprir com vocês os 3 objetivos deste artigo:

  • Analisar as anteriores épocas da atual dupla que representa a equipa da Ferrari em termos de resultados (Leclerc e Sainz), coisa que com o acontecimento que mencionei no início do artigo, ganha agora outro significado porque vamos entrar na última época em que veremos esta dupla atuar em conjunto;
  • Partilhar os meus sonhos para a nova temporada;
  • E claro, se vamos ter uma parte dedicada a “sonhos/expectativas”, vamos terminar com aquilo que na minha visão e na de muitos vai ser a realidade da temporada de 2024.

A dupla “Charlos”

A 14 de maio de 2020 a Scuderia Ferrari anunciou que Carlos Sainz Jr iria juntar-se a Charles Leclerc como piloto da equipa a partir do ano seguinte, pondo também dessa forma um ponto final na relação que tinha com Sebastian Vettel. Seguiram-se então desde essa altura 3 épocas da dupla “Charlos” a pilotar pela Ferrari.

2021 – Um ano que fica para a história da F1 em termos de disputa do campeonato, com os dois candidatos (Hamilton e Verstappen) a chegarem ao último GP em igualdade pontual tendo acabado por ser Max Verstappen o campeão (dirão uns que de forma justa, outros que foi algo controverso o que aconteceu na última corrida), mas não é disso que vamos aqui falar. Nessa época de estreia de Sainz pela Ferrari, o piloto conseguiu sair-se um pouco melhor que o seu colega Leclerc, tendo arrecadado 4 presenças no pódio (um 2º lugar e três 3ºs lugares) e um total de 164,5 pontos, ficando assim em 5º no campeonato, enquanto que Leclerc subiu apenas uma vez ao pódio (2º lugar em Silverstone) e terminou a época em 7º com 159 pontos. Com o esforço de ambos, a Scuderia Ferrari conseguiu entrar no pódio dos construtores, ficando em 3º lugar com 323,5 pontos.

2022 – Foi sem dúvida o melhor ano da dupla e por consequência o melhor ano da equipa. Charles Leclerc conseguiu ficar em 2º no campeonato (com 308 pontos conquistados e a 146 do bicampeão Verstappen) e foi presença quase assídua no pódio. Em 22 corridas, subiu ao pódio em metade delas (três 1ºs lugares, cinco 2ºs lugares e três 3ºs lugares). Sainz repetiu a classificação do ano anterior, voltando a ficar em 5º, mas desta vez com 246 pontos e 9 presenças no pódio, incluindo a vitória no GP de Silverstone. Juntos, levaram a equipa a ficar em 2º no campeonato de construtores com 308 pontos, tendo sido derrotados pela equipa da Red Bull que arrecadou 454 pontos.

 2023 – Mattia Binotto decidiu retirar-se do cargo de team principal no final de 2022 e o seu lugar passou a ser ocupado por Fred Vasseur na nova época. A sua primeira época à frente da equipa não foi tão bem sucedida como tinha sido a anterior, mas podemos afirmar que os pilotos fizeram o melhor que podiam com o SF-23 e contra o poder que a Red Bull demonstrou ter durante toda a época. O domínio da equipa austríaca foi tão forte que apenas Carlos Sainz conseguiu, ao vencer o GP de Singapura, interromper esse reinado. Em 22 corridas, ouvimos 21 vezes o hino da Áustria (acompanhado 19 vezes pelo hino dos Países Baixos e 2 vezes pelo hino do México). Para além dessa vitória, Sainz subiu ainda mais duas vezes ao pódio em 3º lugar. Ficou em 7º na classificação geral com 200 pontos.

Leclerc visitou mais vezes o pódio (três 2ºs lugares e três 3ºs lugares) e terminou em 5º com os mesmos pontos do mítico Fernando Alonso que assumiu o 4º lugar (ambos com 206 pontos). Charles Leclerc tentou ainda na última corrida da temporada ajudar a equipa a garantir o 2º lugar no campeonato de construtores, deixando passar Perez para 2º lugar para que este ficasse à frente de Russel mesmo após a aplicação da penalização de 5 segundos. No entanto, apesar do plano ser bom e a intenção ainda melhor, Perez não conseguiu distanciar-se o suficiente de Russel e acabou por cair de 2º para 4º na classificação desse GP, deixando Russel no pódio e dessa forma a pontuar o suficiente para ser a Mercedes a ficar em 2º no campeonato de construtores com + 3 pontos que os 406 conquistados pela Ferrari.

Expectativas para 2024

Isto são mais sonhos que expectativas, mas para 2024 gostava de ver os seguintes acontecimentos:
– Charles Leclerc campeão do mundo;

– Carlos Sainz a ter um último momento de “Smooth Operator” na Ferrari;
– Lando Norris a vencer pela primeira vez um GP;
– Daniel Ricciardo a pontuar em todas as corridas.

Realidade de 2024

A Red Bull não usou todo o potencial do carro nos testes de pré-época e ainda tem muito ritmo para desbloquear. Dia 2 de março vamos ouvir o hino dos Países Baixos, Max Verstappen vai ser tetracampeão e (para quem não é team Max e Red Bull) já nos poderemos considerar sortudos se ele não vencer todos os 24 GPs da época.


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