Resposta a Jorge Jesus e à hipocrisia disfarçada de preocupação

Francisco IsaacJaneiro 16, 20245min0

Resposta a Jorge Jesus e à hipocrisia disfarçada de preocupação

Francisco IsaacJaneiro 16, 20245min0
Carta de resposta à tentativa de destabilização provocada por Jorge Jesus, sujeito que se associou a um regime ditatorial

Portugal, país à beira-mar que contém talvez a maior lista de comentadores desportivos/políticos/economistas que vive bem longe da realidade do país, e que opta por cuspir palavras ocas carregadas de uma certa xenofobia, homofobia, ou qualquer outra fobia, numa tentativa de manterem a sua importância no centro da media. E a comunicação social (ou quem acha que está a fazer comunicação social) convida a este tipo de actos para obter uma onda de cliques à conta do malfadado clickbait e desinformação, enchendo ligeiramente o bolso de quem está no topo. Jorge Jesus é um dos últimos a participar deste show de horrores, curiosamente numa altura em que começa o arranque oficial das campanhas partidárias para eleger deputados na Assembleia da República, sendo por conseguinte pouco inocente esta participação.

Entre as várias declarações, o que interessa são as seguintes,

“Em relação a voltar a Portugal, claro que sinto falta do meu país, sou 100 por cento português. Mas Portugal está muito confuso. (…) Não há liberdade na Arábia Saudita? Não, mas país é seguro”.

É curioso Jorge Jesus fazer estas afirmações, quando todos os dados oficiais, sejam da UE, MAI, ou outro órgão com credibilidade institucional, afirmar o contrário. Talvez Jorge Jesus já não se sente seguro para ameaçar atletas, fazer um certo tipo de bullying, poder pressionar jornalistas e adversários ou mesmo de agredir agentes de segurança. Dentro das várias asneiras balbuciadas por alguém que já tem pouca importância dentro da esfera desportiva nacional, deixou no ar que é o facto de existirem culturas diferentes que torna Portugal inseguro. O ex-treinador do Amora FC, Vitória FC, CF “Os Belenenses”, SC Braga, SL Benfica e Sporting CP treinou diversos atletas de diversas culturas e que tinham, também, diversos comportamentos humanos. Questionamos se Jorge Jesus, à altura, terá também se sentido inseguro? Questionamos se na chegada de um reforço brasileiro, argentino, nigeriano, argelino se sentia também ameaçado? Terá Jorge Jesus propagado este tipo de ideias por atletas jovens, espalhado ideias falsas e disseminado pensamentos antidemocráticos?

Curiosamente, relembramos:

Não foi Jorge Jesus que ameaçou Rúben Micael nos túneis de acesso ao relvado do Estádio da Luz?

Não foi Jorge Jesus que agrediu Luís Alberto em 2011 em pleno Estádio da Luz?

Não foi Jorge Jesus que a 25 de Setembro de 2013 agrediu um agente da PSP em pleno relvado, para “defender” um adepto que tinha acabado de invadir o campo?

Não foi Jorge Jesus que assinou contrato com um clube pertencente a um regime autocrático e que assassinou adversários políticos e jornalistas em embaixadas?

A verdade é que o treinador não é a pessoa indicada para fazer juízos de moral ou leituras de o seu próprio país ser seguro ou não, quando os dados da OCDE, Ministério da Administração Interna e outras instituições com trabalho na área apontam exactamente oposto, dizendo que Portugal é dos países mais seguros para viver e com uma taxa de criminalidade extremamente baixa. Se Jorge Jesus não tem capacidade intelectual para investigar e se educar, optando por cair nas falsas demagogias vendidas pela extrema-direita portuguesa – do qual Jorge Jesus é próximo do principal líder da desinformação e xenofobia em Portugal – e fazendo parte de um séquito de gente que não procura o bem de todos, então demonstra não só uma tremenda ignorância como uma falta de noção perigosa para todos.

Jorge Jesus abraçou a Arábia Saudita por duas vezes, optando por olhar de lado perante os incontáveis crimes que o país vai praticando a todos os níveis, seja no ataque às liberdade de minorias e mulheres, sendo uma das últimas pessoas com capacidade para falar que “já não reconhece o seu país.”. Talvez o país que Jorge Jesus procurava era aquele que lhe permitia estar acima da lei, passando incólume e sem enfrentar as consequências dos seus actos.

Em meu nome, abomino as palavras de Jorge Jesus e faço-lhe um pedido expresso para espalhar a cartilha das autocracias longe de Portugal, país que abraça todos aqueles que procuram uma vida livre, democrática, sem sofrer consequências pelo seu género, raça, etnia, nacionalidade, sexualidade e afins.

Portugal é uma democracia que viveu quase cinco décadas debaixo de uma ditadura fascista aplaudida pelo líder da extrema-direita portuguesa, uma governação que ditou autêntica escravidão a milhares senão milhões de pessoas, que oferecia pouco mais que rocha à população fora das zonas principais. Jorge Jesus não é obrigado a viver em Portugal, e caso queira, tem de participar da sua democracia, mesmo que isso implique viver com os princípios da liberdade e respeito pela existência de qualquer um.


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