Clubes brasileiros não pagam por contratações e serão punidos pela FIFA

Renato SalgadoMaio 28, 20206min0

Clubes brasileiros não pagam por contratações e serão punidos pela FIFA

Renato SalgadoMaio 28, 20206min0
Proibição de registros a ameaça de rebaixamento estes são alguns dos riscos dos clubes com dívidas na FIFA, como o caso do Cruzeiro de Belo Horizonte. Há solução à vista ou virá punição?

Com aproximadamente R$ 25 milhões em dívidas de curto prazo, a diretoria do Cruzeiro se desdobra para renegociar débitos e obter novas receitas para quitar as situações mais emergenciais na Fifa. Entre elas, estão cobranças referentes às contratações de Willian Bigode, feita em 2013, e Denilson, realizada em 2016. Willian, que hoje defende o Palmeiras chegou em 2013, o Cruzeiro comprou o atacante do Zorya, da Ucrânia, que hoje cobra cerca de R$ 7 milhões pelo jogador.

Além disso, o Cruzeiro também terá que desembolsar cerca de R$ 4,2 milhões para o Al Wahda, dos Emirados Árabes Unidos, por conta do empréstimo do volante Denilson, realizado em 2016. Os dois clubes que compram o Cruzeiro fazem jogo duro, mas a diretoria celeste ainda tenta renegociar os valores.”O Al Wahda e ao Zorya são os mais sérios no momento. Não há mais nenhum recurso nesses casos, os processos terminaram no ano passado. O que chega ao Cruzeiro é uma ordem de pagamento. Não temos como recorrer ao CAS, que é a Câmara de Arbitragem na Suíça. Então, o que nos resta é negociar com os clubes”, explicou Kris Brettas, superintendente jurídico do Cruzeiro.

Uma das alternativas estudadas pela diretoria é abrir um “condomínio de credores”. Com os cofres vazios nesse momento, o clube pode destinar um percentual de futuras vendas de jogadores para ser dividido entre os credores. Isso seria feito até a quitação das dívidas com outras agremiações. Além dos dois problemas já citados, o Cruzeiro também tem pendências de curto prazo com o Defensor-URU, por Arrascaeta, e com o Independiente Del Valle-VEN, por Luís Caicedo. Não é certo que os clubes aceitarão entrar para esse condomínio de credores sugerido pelo clube mineiro, mas os dois já se mostraram abertos ao diálogo para renegociar as dívidas. A dívida pelo camisa 10 uruguaio é de cerca de cerca de R$ 6,5 milhões, enquanto o montante cobrado pelos equatorianos gira hoje em torno de R$ 8 milhões.

Atlético se planeja para pagar dívidas com Spartak e Udinese na Fifa

Depois de quitar a dívida de R$ 13.454.328,54 do Atlético com a Udinese, da Itália, pela compra de Maicosuel em 2014, o presidente Sérgio Sette Câmara já planeja saldar os débitos na Fifa com a própria equipe italiana pela aquisição do lateral-esquerdo Douglas Santos, em 2015, e com o Spartak Moscou, da Rússia, pela contratação do volante Rafael Carioca, também em 2015.

“Neste ano, faltam dois grandes pagamentos. Um do Rafael Carioca, algo em torno de um milhão e pouco de euros (cerca de R$ 7 milhões) em 45, 50 dias. E o outro, no decorrer do segundo semestre, do Douglas Santos. Algo em torno de um milhão e meio de euros (cerca de R$ 9 milhões). E esses valores são só da dívida. Na hora de pagar, tem que quitar taxa da Fifa. Mas a gente já tem uma situação interessante para saldar a dívida do Carioca. A do Douglas Santos não temos a reserva, mas vamos conseguir finalizar isso aí. Estamos baixando a dívida na Fifa”, disse Sette Câmara, em entrevista à TV Galo. “Essas duas são em torno de 2 milhões e 700 mil euros (cerca de R$ 16 milhões)”.

Douglas Santos chegou ao Atlético em 2014 por empréstimo e foi vendido pela Udinese no ano seguinte por 2,9 milhões de euros. Em agosto de 2016, a diretoria alvinegra negociou o lateral-esquerdo com o Hamburgo por aproximadamente 7 milhões de euros.

Assim como Douglas Santos, Rafael Carioca também chegou ao Galo em 2014 por empréstimo. O volante rapidamente caiu nas graças do torcedor e ganhou a condição de titular. Em meados de 2015, o Atlético comprou parte dos direitos econômicos do jogador por 1 milhão de euros. Em 2017, Carioca acertou com o Tigres.

Segundo Sette Câmara, não há risco de punição de perda de pontos se o Atlético não pagar o Spartak Moscou, “Havia um regulamento da Fifa na parte disciplinar dos clubes em relação à condenação que previa a perda de pontos. O caso do Tardelli previa, assim como os casos de Maicosuel e Douglas Santos. Já o caso do Rafael Carioca, se eu não estiver enganado, prevê a impossibilidade de inscrição de jogadores até que a dívida seja paga. Se não pagarmos, não perderemos pontos, mas não poderemos registrar jogadores”.

Douglas Santos chegou à Seleção vestindo a camisa do Atlético (Foto: Rodrigo Clemente / EM DA PRESS)

Dívida aumenta e Santos pode perder pontos na FIFA

Após o Cruzeiro perder 6 pontos por uma punição da FIFA por dívidas antigas, todos os clubes brasileiros ligaram o sinal de alerta para não sofrer a mesma condenação do time mineiro. A entidade máxima do futebol mundial não está mais fazendo vistas grossas para esse tipo de situação e a tendência é que mais decisões perecidas como a das Raposa sejam anunciadas nos próximos meses.

O jornalista Jorge Nicola escreveu em seu blog, no Yahoo Esportes, nesta terça-feira (26), que o Peixe pode sofrer o mesmo tipo de punição. De acordo com o colunista, o Alvinegro Praiano tem uma dívida de R$ 14,9 milhões com o Hamburgo-ALE, pela contratação do zagueiro Cleber Reis. No entanto, o débito aumentou e o time alemão cobra uma multa de 2 milhões de euros (algo próximo a R$ 12 milhões na cotação atual).Com isso, os dirigentes santistas ligaram o sinal de alerta nos bastidores.

O presidente José Carlos Peres já retomou os contatos com os dirigentes do clube da Alemanha para contornar a situação. A diretoria do Hamburgo está muito irritada com a falta de transparência da cúpula do time paulista e não irá abrir mais nenhuma brecha para o acordo ser feito por valores menores. Cleber é considerado uma das piores contratações de toda a história do Santos. O defensor, além de um grande prejuízo econômico, nunca conseguiu render em campo e está atualmente emprestado à Ponte Preta. O jogador ainda tem vínculo com o Peixe até janeiro de 2021, mas dificilmente irá vestir novamente a camisa do Alvinegro Praiano na carreira, já que o atleta é considerado carta fora do baralho.

Agora resta saber, se com toda crise econômica que os clubes brasileiros enfrentam por causa da má administração e agora pelo Coronavirus, conseguiram honrar seus compromissos para não serem penalizados pela FIFA. Porque além da perda de pontos, os clubes podem ser rebaixados e ter os registros de novos atletas cancelados por tempo indeterminado.

Foto: Divulgação/Santos

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