Após paralisação do Paulistão, quais as soluções para sua retomada?
O governo de São Paulo anunciou nesta quinta-feira que o Paulistão será suspenso por causa do aumento de casos da covid-19 no Estado. A decisão começa a valer na próxima segunda-feira e valerá por 15 dias. A medida atinge também outras atividades esportivas, como basquete, tênis e outras modalidades. Pela nova determinação, até mesmo os treinos estão proibidos. Diante dessa determinação, a Federação Paulista de Futebol (FPF) marcou para as 15h desta quinta-feira uma reunião online com clubes para debater como ficará a disputa do Estadual. Entre as possibilidades está disputar algumas das partidas nesse período em outro Estado.
A possibilidade de suspensão do Estadual já era cogitada há dias. O Ministério Público (MP) de São Paulo sugeriu no início da semana a paralisação do torneio. Doria e os clubes se reuniram na quarta-feira para discutir a possibilidade, porém no mesmo dia a posição do governo estadual foi de manter o calendário. No entanto, essa posição logo acabou revista. No ano passado, o Estadual também foi suspenso no mês de março. Há cerca de um ano, a paralisação por tempo indeterminado durou quatro meses e teve início ao fim da 10ª das 12ª rodadas previstas para a primeira fase da competição. O retorno do calendário foi em julho, após a adoção de uma série de cuidados com a testagem, isolamento social dos times e partidas com os portões fechados.
Presidente do TJD-SP confirma que Campeonato Paulista será suspenso hoje
O deputado estadual Delegado Olim (PP-SP) revelou nesta quinta-feira (11/03) à Rádio Bandeirantes que a equipe do governador João Doria (PSDB) deve anunciar, na coletiva de imprensa desta tarde, que o Campeonato Paulista será oficialmente suspenso. Olim é presidente do Tribunal de Justiça Desportiva do estado (TJD-SP). “Sim, recebi hoje do secretário Marco Vinholi a informação de que o Campeonato Paulista vai parar temporariamente. Ele [Doria] vai anunciar hoje ao meio-dia mais restrições em São Paulo, o futebol é uma delas”, disse Olim.
“Pessoalmente acredito que é errado. Os clubes investiram na saúde como foi pedido, com todos os protocolos. Hoje só entram em campo os jogadores e a equipe técnica. Se o jogador parar de jogar, demora mais quanto tempo para voltar em forma? Para todo o sistema. Eu estava conversando com o Reinaldo [Carneiro Bastos, presidente da FPF] e ele disse que vai cortar relações com o governo e tentar fazer jogos fora de São Paulo. Entendo a situação. Estamos com a pandemia fortíssima, temos que preservar vidas, mas essa novela não melhorou nada. Quebrou São Paulo, temos gente passando fome”, completou, anunciando que rompeu com o governo e deixará de integrar a base aliada.
Ontem (10), o governo havia informado que não iria paralisar o Campeonato Paulista, mesmo o Ministério Público (MP-SP) tendo recomendado a suspensão.
“Essas recomendações do Ministério Público acompanham justamente a discussão de medidas que podem ser necessárias para além do que temos hoje na fase vermelha. Estamos trabalhando medidas que possam de fato aumentar o nível de isolamento social. Não tomamos medidas em função de um setor ou outro. Precisamos reduzir o contato entre as pessoas. Isso se faz ficando em casa”, disse o coordenador do Centro de Contingência do Coronavírus, Paulo Menezes.
“Já tivemos um resultado positivo nesses primeiros dias de fase vermelha com aumento do isolamento social. Em relação às recomendações, elas podem fazer parte de uma série de medidas que vão se somar ao que já temos hoje e estamos trabalhando nisso, e o governador vai anunciar isso se for necessário”, completou.
Federação Paulista de Futebol e clubes estudam Rio de Janeiro como alternativa para treinos e jogos
Ainda antes de o Governo do Estado ter oficializado a suspensão de jogos e treinos em São Paulo, os clubes e a Federação Paulista de Futebol já estudam alternativas para que a bola não pare de rolar. A primeira opção que surgiu em conversas preliminares foi de usar o Rio de Janeiro como nova sede. A princípio, a parada pode ser de apenas uma semana, mas os números de vítimas e infectados dificilmente cairá drasticamente neste curto período de tempo. Logo, as equipes precisam de alternativas caso a paralisação seja maior do que o previsto.
A ideia ainda está em estágio inicial e depende da avaliação de aspectos de custos e logística. Muito além do calendário do Estadual, está em discussão de os clubes continuarem treinando para que eles possam disputar Libertadores, Sul-Americana e Copa do Brasil. Conmebol e a CBF não sinalizaram com a suspensão de suas respectivas competições. As duas entidades, inclusive, sugerem a transferência de sede em caso de eventual paralisação do futebol nas sedes de cada equipe. Isso inclusive, foi citado pelo secretário-geral da CBF, Walter Feldman, no discurso de ontem (10).
No caso dos torneios sul-americanos, uma das alternativas seria atuar fora do país. Já para os clubes de “menor expressão”, a mudança para o Rio de Janeiro poderia pesar mais no orçamento, uma vez que os times precisariam arcar com os custos de viagem, hospedagem e eventual aluguel para as instalações para treino. Outra alternativa seria a entidade bancar esses custos. Para os times considerados “grandes”, a principal discussão é como manter o ritmo de jogo para outras competições. O Santos, por exemplo, joga a Libertadores no próximo dia 16. O Corinthians estréia na Copa do Brasil no próximo dia 17.
Além da questão do calendário, os clubes temem bastante o impacto da paralisação no aspecto financeiro. O São Paulo, por exemplo, se programava para começar a pagar os atrasados decorrentes da primeira parada a partir deste mês. Corinthians e Santos também atrasaram o pagamento de salários durante a pandemia. Esse impacto pode ser ainda mais forte perda de receita para os times que dependem basicamente da renda do Paulistão.