10 momentos do Campeonato do Mundo de futebol pt.5

Francisco IsaacOutubro 15, 20226min0

10 momentos do Campeonato do Mundo de futebol pt.5

Francisco IsaacOutubro 15, 20226min0
Os últimos 2 momentos de uma lista de 10 dos melhores em edições de Campeonato do Mundo! O jogo do Século merece a nossa atenção neste artigo

De Junho até Novembro, o Fair Play vai recordar alguns dos melhores momentos de Campeonatos do Mundo, oferecendo sempre duas histórias ao leitor, podendo ser divertidas, sérias, insólitas, educacionais, ou de outro género, e que ajudaram a escrever uma página na espectacular história do torneio de futebol mais aguardado a cada quatro anos.

O JOGO DO SÉCULO… ITÁLIA VS REPÚBLICA FEDERAL ALEMÃ

1970 foi uma das melhores edições de sempre de Campeonatos do Mundo de futebol masculino, seja pelo tricampeonato do Brasil, pelo virtuosismo de Teófilo Cubillas, ou pela máquina goleadora chamado de Gerd Müller, e, curiosamente, o avançado germânico está inserido nesta entrada. Nas meias-finais dessa edição do Mundial do Desporto-Rei, Itália e RFA jogaram pelo último lugar de acesso à final da competição, com ambas as nações a possuírem os argumentos necessários para chegar ao título, depois de protagonizarem uma fase-de-grupos imaculada e de alta qualidade, e uns quartos-de-final de qualidade, com os alemães a terem de suar para derrubar a Inglaterra (3-2 no prolongamento).

De um lado tínhamos uma squadra azzura carregada de “artistas” da bola redonda e “arquitectos” de obras-prima, como Gianni Rivera, Roberto Boninsegna, Tarcisio Burgnich, Angelo Domenghini ou Gigi Riva; do outro estava uma República Federal Alemã munida de “engenheiros” do mais fino recorte e génios da “matemática” dos relvados, como Gerd Müller (seria o goleador desta edição do Mundial com 10 golos), Franz Beckenbauer, Reinhard Libuda ou Uwe Seeler, comandados pelo inesquecível Helmut Schön. Ou seja, tínhamos em mãos um dos jogos mais carregados de talento e experiência dos últimos anos, e que prometia oferecer um duelo extraordinário para os fãs da bola redonda, que, posteriormente, seria apelidado do Jogo do Século. Porquê?

Porque, teve de tudo, especialmente emoção até ao limite máximo. Vejamos… a Itália conseguiu controlar bem os espaços e dinâmicas do ataque alemão, absorvendo o impacto e a ripostar com aquela astúcia ardilosa própria do futebol transalpino, enquanto a RFA tentava se posicionar bem no campo e congestionar a posse de bola a seu favor, com um trabalho extremamente dinâmico naquela defesa “avançada”. Contudo, o encontro começa praticamente com um belo golo de Boninsegna que coloca (parte) do público no Estádio Azteca em pulgas. Seguiram-se 85 minutos em que a RFA ia tentando se acercar à baliza, procurando a igualdade, sabendo que a Itália esperava por um deslize para sair em contra-ataque e desferir o 2-0. Porém, quis o destino, que aos 92 surgisse o empate, pelas mãos de um “italiano” alemão… Karl-Heinz Schnellinger. O lateral jogava na Serie A desde 1963, sendo desde 1965 uma das caras principais do AC Milan, e é ainda considerado um dos estrangeiros mais queridos pelo emblema rossonero.

Com a igualdade no marcador, a RFA iria a novo tempo-extra, isto depois de ter passado pelo mesmo nos quartos-de-final, o que a combinação do cansaço, sol (um calor desumano) e humidade só iria gerar problemas. A bola começou a rolar nestes 30 minutos finais, e seria a formação alemã a marcar primeiro, por intermédio de Müller, que aproveitou um erro contrário para meter a RFA na frente. Porém, a Itália consegue chegar ao 2-2 aos 98′ quando Burgnich aproveita um erro da equipa contrária e atira para o fundo das redes de Sepp Maier.

Os nervos iam aumentado, a dúvida também… quem ia passar à final? Antes do fim da primeira-parte do tempo extra, surgiu mais um golo transalpino, por Riva, que dançando dentro da área, atira para o 3-2… caberia a Müller (sempre ele) responder aos 110′ com um cabeceamento para o fundo das redes. Com o 3-3 instalado, tudo parecia encaminhado para as grandes penalidades, mas houve um italiano que não quis que assim fosse, de seu nome, Gianni Rivera. O avançado tinha vindo do banco dos suplentes, e surge bem posicionado à entrada da área, desferindo um remate certeiro e letal que poria um fim na marcha do marcador, levando a Itália até à final.

Uma meia-final inesquecível deste Campeonato do Mundo de 1970, e um jogo que ficou para sempre intitulado como “O Jogo do Século”!

OLEG SALENKO… O GOLEADOR SURPRESA DA RÚSSIA

O Campeonato do Mundo de 1994 entrou para a nossa memória coletiva por conta de imagens marcantes que nos entraram pelos ecrãs. Entre o penalti falhado por Baggio, a vitória da Bulgária de Balakov e Stoichkov sobre a Alemanha e o festejo de Bebeto, a curiosidade vai para o melhor marcador do torneio: Oleg Salenko. O jogador russo conseguiu a proeza de ser o melhor marcador do torneio, com 6 golos, sem passar da fase de grupos. Isto numa prova onde havia nomes, a chegar às fases mais dianteiras da competição, como Bebeto, Romário, Baggio, Stoichkov e Hagi entre outros. Este avançado (filho de pai russo e mãe ucraniana) que fez uma carreira muito modesta fora da antiga URSS – jogou em Zenit, Dynamo de Kiev, Logronés, Valencia, Rangers e Istambul AS – nunca fora um goleador nato.

A Rússia ficou no grupo B com Brasil (seria campeão), Suécia (chegaria às meias finais) e Camarões. A Rússia apenas fez 3 pontos neste Campeonato do Mundo, tendo perdido 2-0 com o Brasil, e 3-1 com a Suécia com o golo a ser da autoria de Salenko. Nada faria prever que, se deste grupo saísse o melhor marcador da competição, ele fosse sair da seleção russa. No último jogo do grupo, Camarões – Russia, Salenko marca 5 dos 6 golos com os quais a Rússia goleou os Camarões. Desta forma, ate 2022, Salenko continua a ser o único jogador a receber o prémio de melhor marcador de um Mundial a alinhar numa seleção que não passou a fase de grupos. E até 2017 era o único jogador a ter conquistado o prêmio de melhor marcador do mundial sub-20 e de seleções A – em 1989, ainda pela URSS, Salenko alcançou em Riade o mesmo feito, porém a seleção soviética havia chegado aos quartos de final.


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