10 momentos do Campeonato do Mundo de futebol pt.4

Fair PlaySetembro 19, 20224min0

10 momentos do Campeonato do Mundo de futebol pt.4

Fair PlaySetembro 19, 20224min0
Dos golos descalços de Leonidas ao encontro entre EUA e Irão, vamos contar algumas histórias marcantes de Campeonatos do Mundo do passado nesta colectânea

De Junho até Novembro, o Fair Play vai recordar alguns dos melhores momentos de Campeonatos do Mundo, oferecendo sempre duas histórias ao leitor, podendo ser divertidas, sérias, insólitas, educacionais, ou de outro género, e que ajudaram a escrever uma página na espectacular história do torneio de futebol mais aguardado a cada quatro anos.

RAMON QUIROGA, E A INVENÇÃO DO GUARDA-REDES LÍBERO

Estamos em 1978 no Campeonato do Mundo da Argentina, prova que acabou por ser ganha pela selecção da casa, tendo esta edição da maior competição de futebol da FIFA sido recheada por momentos alucinantes ou de grande emoção, e hoje relembramos um que arrancou risos e surpresa dos comentadores da BBC, para além de ter conquistado os aplausos do público presente no San Martín Mendoza: a aparição de Ramon “El Loco” Quiroga como líbero nos últimos 10 minutos do encontro frente à Polónia.

Os peruanos tinham conseguido o apuramento para a 2ª fase-de-grupos deste Mundial, depois de uma primeira fase de excelência e que lhes garantiu, até então, o melhor resultado de sempre. Com um elenco recheado de excelentes jogadores, Ramon Quiroga, o guardião, era um dos que tinha menos “brilhantismo” pré-prova, mas que acabou por personificar a boa campanha desta selecção sul-americana em 1978, impondo-se entre os postes com defesas elásticas e estiramentos auspiciosos. Contudo, não foram as suas defesas com as mãos que marcaram a sua imagem nesse Mundial, mas sim foram dois cortes realizados fora da grande-área, um extraordinário e legal, no qual conseguiu arrancar a bola dos pés de Kazimierz Deyna, saindo rapidamente a jogar e a despejar na frente. Público ficou louco de felicidade, e os comentadores, surpreendidos, riram-se de tamanha façanha de Quiroga.

Não se contentando com uma, o guarda-redes faria novamente a mesma acção perto dos últimos minutos deste encontro, só que desta vez a coisa descambou, pois Grzegorz Lato conseguiu apanhar Quiroga desprevenido, fugindo do seu adversário até que foi completamente placado pelo mesmo… resultado? Cartão amarelo! Aplausos e apupos, risos e assobios, Ramon Quiroga parecia um louco dentro de campo, mas que simplesmente estava à frente do seu tempo – mais ou menos, claro.

GATTUSO E UM FATO-DE-TREINO SEM… CONDIÇÕES

Uma das duplas mais famosas do meio-campo futebolístico transalpino, Gattuso e Pirlo, foram protagonistas nao só de excelentes campanhas no AC Milan como pela squadra azzura. Entre as suas maiores conquistas encontra-se o Campeonato do Mundo de 2006, na Alemanha, que ficou imortalizado pela cabeçada de Zidane a Materazzi. Mas este relato fala sobre um caricato episódio passado na “casa das maquinas” do meio campo italiano. Gattuso nas palavras do seu melhor amigo Andrea é “supersticioso a um nível doentio”.

A 12 de Junho de 2006, Itália e Gana arrancam os jogos do grupo E com uma vitória por 2-0. Gattuso decide então usar o mesmo fato de treino da seleção durante toda a competição, sem permitir que ninguém o lavasse ou tocasse em tão sagrado manto. Durante um mês e num quente verão, Gattuso foi religiosamente vestido com o fato de treino todas as partidas até a final. Segundo Pirlo, a partir dos quartos de final o cheiro já era insuportável. Quando a competição acabou, apenas um banho industrial de lavanda conseguiria tirar o nauseante odor do fato de treino. Pirlo e de Rossi providenciaram o tão necessário banho a Gattuso. Reza a lenda que o temperamental centro campista tentou matar ambos com um garfo como retaliação. Se foi ou não pela superstição de Gattuso, a verdade e que a Itália conquistaria o titulo numa emocionante final resolvida nas grandes penalidades.


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É com Fair Play que pretendemos trazer uma diversificada panóplia de assuntos e temas. A análise ao detalhe que definiu o jogo; a perspectiva histórica que faz sentido enquadrar; a equipa que tacticamente tem subjugado os seus concorrentes; a individualidade que teima em não deixar de brilhar – é tudo disso que é feito o Fair Play. Que o leitor poderá e deverá não só ler e acompanhar, mas dele participar, através do comentário, fomentando, assim, ainda mais o debate e a partilha.


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