Arquivo de Modalidades - Página 40 de 437 - Fair Play

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Lucas PachecoJunho 6, 20246min0

A ampliação da cobertura sobre a WNBA trouxe um efeito colateral indigesto para os fãs assíduos. Um ambiente construído gradativamente, pedra sobre pedra, de repente viu-se soterrado por comentários personalistas, misóginos e a-históricos; sem considerar as antecessoras e o conhecimento acumulado, parte da nova audiência foi tragada por discussões fúteis e agressivas. Nada de novo em um mundo controlado por algoritmos dominados pela extrema direita; o que causa espanto é o basquete feminino ser incorporado a essa lógica.

Por outro lado, enfim as jogadoras obtiveram reivindicações antigas, como os vôos fretados, e o investimento (bem como a divisão entre as estrelas da liga) cresceu consideravelmente. Passado um tempo para os noviços se acostumarem à liga, teremos novos fãs e o esporte seguira seu crescimento orgânico. Assim esperamos.

Um tópico repelido pelos fãs contumazes, ainda que interessante para os novatos, é a comparação de atletas da WNBA com sua contraparte masculina. Ainda que eu não seja tão avesso a esse recurso (afinal trata-se de um único esporte), o naipe feminino possui história suficiente para que as referências sejam as mulheres predecessoras; além de caracterizar o estilo de basquete de uma jogadora, isso permite um mergulho na história do basquete feminino, tão menosprezada e minimizada.

A comparação proposta aqui, entretanto, será ainda mais ousada, um verdadeiro crossover entre a WNBA e a LBF. Estatisticamente, as ligas estão em outros patamares; após anos de solicitações, a liga implantou os ‘advanced stats’. No Brasil, estamos a anos luz dessa realidade; mas, se a trajetória da WNBA nos prova algo, é o poder das críticas recorrentes. Tampouco é justa a comparação quanto às condições de trabalho: nos EUA, investimento crescente, base fortíssima e amplo sistema de iniciação esportiva. O Brasil vive o inverso.

De qualquer modo, o espelhamento serve para ampliar horizontes. Por que não testar?

MIlena Nega e Alyssa Thomas

Exímia defensora, explosiva, atlética e, pela ausência de chute, uma jogadora de difícil encaixe em esquemas pré-moldados.  Estamos falando de Milena Nega, ala de Blumenau, mas poderíamos usar as mesmas definições para Alyssa Thomas, ala-pivô do Connecticut Sun. Duas jogadoras essenciais para suas equipes, capazes de exercer múltiplas funções e que se encarregam de qualquer adversária na defesa.

Thomas sofreu alguns anos de questionamento antes de provar seu valor; ora jogada para o perímetro, e descartada pela incapacidade de arremessar, ora para o garrafão, e tida como baixa para a posição, ela se estabeleceu quando o time passou a jogar ao seu redor. Conduz e arma o time, faz bloqueios duros, agressiva nos rebotes, Thomas é um verdadeiro canivete suíço, com médias beirando triplo duplo e  candidata perene a MVP.

Com números obviamente menos vistosos, Milena perambulou por diversas equipes até se consolidar na rotação de Blumenau nesta temporada. Com lesões que atrapalharam seu desenvolvimento,  ela foi utilizada como armadora principal em Santo André, passou pela ala em Sorocaba e Mesquita até virar peça chave no esquema mais fluido de Bruna Rodrigues em Blumenau.

Duas jogadoras ímpares que usam sua mobilidade para se impor fisicamente, em qualquer canto da quadra. Milena é a segunda assistente do time (atrás da insuperável Meli Gretter) e pontos e rebotes próximos dos dígitos duplos. Um ajuste que poderia elevar ainda mais seu desempenho seria a restrição dos chutes longos – os 19,3% não animam – bem como o espelhamento das posições e funções de Alyssa Thomas.

Foto: LBF

Monique e Aliyah Boston

Depois de uma temporada de ótimo desempenho em 2023, mudanças no time ocasionaram uma queda em 2024. As duas pivôs, dominantes dentro da área pintada, tiveram que se adaptar a novas realidades e os desempenhos individuais refletem mudanças táticas. Boston chegou na liga em 2023 e, como novata, foi eleita para o All Star Game, fato raro; ela logo virou a referência do Indian Fever.

Monique, após ficar fora da LBF em 2022, em sua quarta temporada despontou, saltando de menos de 10 minutos por jogo para mais de 30 no Ituano. Seus números tornaram-se seis vezes maior e ela virou uma das principais pivôs da liga brasileira. A chegada de Gabi Guimarães e Lee Lisboa, porém, mudou tudo: o técnico António Carlos Barbosa adaptou-se a um time mais leve e veloz, apostando nos tiros de fora e no small ball; quando Monique enfim chegou, a centralidade da pivô esvaíra-se.

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Boston passou por algo parecido com a escolha de Caitlin Clark pelo Fever; tão altruísta quanto talentosa, ela abriu mão de protagonismo para que sua equipe se encaixasse. Parte da redução de toques, de diminuição do poste baixo, sua restrição a bloqueadora e detrimento da pontuação decorre da formatação da equipe; parte é consequência do desempenho individual inferior.

Tal qual Monique. Ambas lutam para voltar ao desempenho de 2023 e possuem poucas partidas em 2024 para qualquer afirmação mais perentória. Independente do resultado final, elas devem seguir na lista de principais pivôs de suas ligas e possuem um futuro brilhante pela frente.

Monique (Foto: LBF)

Tássia e DeWanna Bonner

Haveria muitas outras comparações instigantes, guardadas para uma segunda parte deste texto. Não poderia deixar de fora duas jogadoras com importância histórica em suas ligas, que a despeito de suas múltiplas conquistas seguem abaixo do radar e produzindo em alto nível. Duas alas pontuadoras natas.

DeWanna Bonner chegou ao Connecticut Sun na fase final da carreira, quando todos davam por iminente sua aposentadoria. Após dois títulos junto ao Phoenix Mercury, como coadjuvante de luxo, sua transferência não recebeu o devido tratamento. Erro crasso: ela logo se reafirmou como estrela e transformou o Sun em contender.

Também Tássia mudou de equipe, em um movimento pouco comentado, deixando Campinas para se integrar ao modesto (em termos de investimento) Santo André. Parecia uma contratação secundária à época; bastou a saída de Lays e Sassá para Tássia assumir a liderança e protagonismo da equipe. Ela e Bonner, duas shooters natas, não precisam dos holofotes para brilhar; sem a atenção merecida, seguem em altíssimo nível, pontuando de todos os cantos da quadra.

Outra semelhança interessante é o reflexo, dentro de quadra, do entrosamento tecido em suas vidas pessoais. Bonner é noiva de Alyssa Thomas, sua companheira de equipe, assim como Tássia possui um relacionamento com Yasmim, especialista defensiva de Santo André e responsável pela absurda intensidade do time. Dois casais ds destaque, esteios de suas respectivas equipes, em campanhas empolgantes na atual temporada. O basquete não se restringe à quadra e o feminino carrega um engajamento (muito) maior em pautas sociais em relação ao masculino.

Tassia (Foto: LBF)

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Tiago PelicanoJunho 5, 20245min0

No passado fim de semana, terminou a 1ª volta das competições nacionais de futebol praia em Portugal e iremos fazer uma pequena analise aos primeiros sete jogos das competições. Olhando primeiramente para a principal competição nacional, a Divisão de Elite, a primeira volta termina com uma grande surpresa, o SC Braga que nos habituou a liderar a classificação, não o está a fazer e o mais surpreendente é que nem se encontra em segundo, mas sim em terceiro, somando já umas anormais duas derrotas.

O Sótão entrou na época muito forte, Jordan Santos parece ter vindo acrescentar o que faltava à equipa nazarena, capacidade física e finalização, sabemos que é um dos melhores do mundo, mas a verdade é que o Sótão com a sua chegada parece uma equipa muito mais candidata ao título do que o ano passado, estando a praticar bom futebol praia e a subjugar tudo e todos, vencendo todos os sete jogos.

Surpresa também o início de época do GRAP, a equipa de Leiria é conhecida por começar mal e acabar bem, assim foi na época passada, estando já “condenada” à descida no final da primeira volta e depois acabou por conseguir a manutenção. Já este ano iniciou super bem, estando neste momento em segundo, perdendo apenas com o Sótão e vencendo o Braga.

O recém-promovido Vila Flor, tem discretamente ocupando o quarto lugar, sem fazer grande alarido, leva já 11pts e distanciou-se do quinto lugar, estando mais perto do terceiro do que o quinto. Reforçou-se com caras bem conhecidas como João Cabral, André Pinto ou Fábio Costa e mantendo jogadores nucleares como Tony Almeida e Fabrício Vale.

O Leixões que a temporada passada fez um campeonato tranquilo e esteve mesmo a lutar pela fase final, esta época iniciou mal e demorou a encarrilar, está agora na quinta posição e se quiser entrar nas contas da fase final, não pode voltar a vacilar.

A Torre, que a época passada foi uma surpresa e fez um campeonato excelente, tendo ido à fase final e à final da Taça de Portugal, este ano está a fazer um campeonato com muitas dificuldades, está neste momento em sexto, longe de uma possível ida à fase final e com a luta pela descida à perna. Os comandados de José Miguel Mateus, não tem conseguido encontrar a formula exata para resolver os problemas e tendo reforçado o plantel com jogadores que acrescentam qualidade e opções, poderá ser uma questão e tempo para começarem a carburar e voltarem as vitórias, relembrar que reforçaram o plantel com Rodrigo Pinhal e Ricardo Gaspar, ambos terceiros classificados com o CD Nacional a temporada passada e com Nuno Kikinz Martins, vindo do Leixões que fez a sua melhor época na Divisão de Elite, desde que esta tem este formato.

Nos lugares de despromoção, está neste momento a AD Nazaré e o Sesimbra, ambas subiram este ano, a AD Nazaré foi campeã do Campeonato Nacional e o Sesimbra terceiro classificado, estão ainda dentro da corrida para a manutenção, estando a dois e três pontos do primeiro lugar de manutenção, respetivamente.

Classificação Divisão de Elite (Final da 1ª Volta)

1º – Sótão, 21pts

2º – GRAP, 18pts

3º – Braga, 15pts

4º – Vila Flor, 11pts

5º – Leixões, 6pts

6º – Torre, 5pts

7º – AD Nazaré, 3pts

8º – Sesimbra, 2pts

Olhando para o segundo escalão do futebol praia nacional, o Campeonato Nacional, que já tem o mesmo formato da Divisão de Elite, está dividido em duas zonas Norte e Sul, apurando as primeiras quatro equipas para disputar o playoff de subida, as duas equipas que disputarem a final do Campeonato Nacional, são promovidas à Divisão de Elite.

Olhando primeiro para Norte, a desistência do GD Chaves, já depois do sorteio da serie, faz com que a serie Norte, tenha apenas sete equipas a competir.

O Buarcos é a equipa que lidera a serie, vencendo todos os jogos e somando 18pts. Caxinas e Varzim, parecem ser as equipas que iram competir com a equipa da Figueira da Foz, o Caxinas está a 3pts do Buarcos e o Varzim a 6pts, o Abambres e o Porto Mendo estão ambas com 6pts e no fundo da tabela está a CB Viseu com 3pts e menos um jogo que falta disputar com a última classificada AD Santiais que ainda não somou qualquer ponto.

Classificação CN serie Norte (Final da 1ª Volta)

1º – Buarcos, 18pts

2º – Caxinas, 15pts

3º – Varzim, 12pts

4º – Abambres, 6pts

5º – Porto Mendo, 6pts

6º – CB Viseu, 3pts, -1 jogo

7º – Santiais, 0pts, -1 jogo

Na série Sul, temos um campeonato aparentemente mais competitivo e equilibrado. Apesar de os dois primeiros classificados estarem mais destacados, todas as outras equipas estão separadas por poucos pontos, o penúltimo classificado, a equipa b do Sótão, está a 5pts do terceiro lugar.

O Ericeirense destacou-se desde cedo na frente, até agora perdeu apenas um jogo, tendo vencido o último em penaltis, soma 16pts, por sua vez o Chelas que está em segundo, perdeu dois jogos, mas venceu todos os outros no tempo regulamentar, estando assim a apenas 1pt do primeiro. Do terceiro ao quinto estão separados por 1pt, Vitória e Alfarim arrecadaram 10pts em sete jogos, tendo ambas começado com algumas dificuldades, mas que parecem agora estar a entrar nos eixos e a aproximarem-se dos primeiros lugares, o Estoril e o S. Domingos estão com 9pts, o Sótão B amealhou 5pts, estando a 4pts do primeiro lugar de manutenção e em último está a equipa do Algarve, o Tavira ainda não conseguiu somar qualquer ponto.

Classificação CN serie Sul (Final da 1ª Volta)

1º – Ericeirense, 16pts

2º – Chelas, 15pts

3º – Vitória, 10pts

4º – Alfarim, 10pts

5º – Estoril, 9pts

6º – S. Domingos, 9pts

7º – Sótão B, 5pts

8º – Tavira, 0pts

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Francisco IsaacJunho 3, 20243min0

O Algarve 7s 2024 arranca já neste Sábado 8 de Junho e avizinham-se dois dias intensos, carregados não só de jogos e competição, mas de festa e diversão que contam com duas noites de concertos e muito mais. Ficam aqui algumas informações, dados e explicações do que se vai passar em Vila Real de Santo António.

DIA À NOITE, A FESTA NÃO PÁRA

Quase 100 equipas vão estar presentes em Vila Real de Santo António, com rugby, netball, hóquei em campo e golfe a subirem ao palanque, dando abertura a três modalidades olímpicas para se mostrarem ao público português e internacional. Mas vamos começar pelos horários… a competição arranca às 09h30 de Sábado com jogos a se darem tanto no campo de Honra, 1 e 2, para além de instalações próprias para o netball que visam garantir as melhores condições para os atletas e equipas que vão estar presentes. As instalações possuem uma zona alimentar de boa escala, para além de lojas desportivas e muito mais… mas o que importa é o que se passa dentro dos campos e para isso terão de chegar às bancadas do campo de Honra ou os restantes dois adjacentes.

A competição começa às 09h30 tanto no Sábado como Domingo, com quatro divisões de rugby: Elite Masculina, Elite Feminina, Open Masculina e Open Feminina. Se no Sábado vamos ter a fase-de-grupos e um jogo a eliminar, já no dia 9 de Junho teremos toda as finais,

Em equipas a recomendar, China, que se tornou finalmente parte do circuito mundial no rugby feminino, vai ser a grande candidata ao título, com as Lionesses e Cazaquistão a serem as outras duas candidatas. Já no masculino, quatro equipas merecem toda a atenção: Seventise (campeões em 2022), UBB (7ºs classificados nas Series francesas de 7s), Ramblin Jesters (por este clube de convite já jogaram vários internacionais de XV e 7s, como Max Coyle, Harry McNulty, Jordon Conroy, Tom Connor, Ellis Genge ou Joe Cokanasiga) e Lions (campeões do Amsterdam 7s 2024). Isto não significa que a China e Cazaquistão não sejam candidatas também ao título, mas o brilhantismo técnico daqueles quatro clubes é de outro calibra e patamar, como poderão ver neste próximo fim-de-semana. Com os comentadores das World Series, Dallen Stanford e Tom Mitchell (ambos jogaram ao mais alto nível durante 2008-2018), a marcarem presença, há todo um recheio desportivo que merece toda a atenção.

Olhando para os torneios de 7s de convite, o Algarve 7s neste momento já está num patamar acima do Amsterdam 7s, fazendo lembrar o Oktoberfest 7s que marcou uma geração de torneios da variante no século XXI. Se a parte desportiva está apresentada, então é altura de falar dos outros 50% que tornam esta 5ª edição do torneio diferente: o Algarve 7s Fest. Dia 8 terá lugar uma sequência de três bandas/djs, com Thomas Warren a fechar a primeira noite, enquanto no dia 9 de Junho vamos ter um tributo aos Queen pelos One Vision, seguindo-se Quarto Escuro e Gabriel Nazaré.

A organização garantiu streaming do torneio de Elite no Sábado e Domingo, no qual poderão assistir em directo pelo YouTube oficial da Sports Ventures. Caso estejam por Vila Real de Santo António, podem adquirir o free pass por 10€, tendo não só acesso aos torneios de 7s, como aos vários concertos musicais que irão decorrer durante todo o fim-de-semana.


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