Arquivo de Novak Djokovic - Página 3 de 11 - Fair Play

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André Dias PereiraSetembro 30, 20223min0

O Resto do Mundo conquistou, pela primeira vez, o título da Laver Cup, mas o grande destaque foi Federer. O tenista suíço despediu-se dos courts, num jogo de duplas emotivo e simbólico ao lado de Rafael Nadal.

Sem jogar em 2022, Federer foi adiando o seu regresso até à confirmação que ninguém queria escutar. A Laver Cup seria a sua última participação em torneios profissionais. E, como seria de esperar, as homenagens sucederam-se umas atrás das outras.

A mais emotiva foi a de Nadal. O tenista espanhol não conteve as lágrimas, enquanto segurava a mão do rival em uma imagem que correu o mundo. Afinal, “uma parte” de si foi com o suíço, disse, numa clara alusão à rivalidade e à forma como os dois se desafiaram e trabalharam para serem melhores ao longo das últimas duas décadas.

A despedida de Federer quase que ofuscou a primeira vitória (13-8) de sempre do Resto do Mundo na competição. E equipa europeia era constituída por uma constelação histórica: Federer, Nadal, Djokovic, Murray, Casper Ruud e Berretini. Entraram ainda Tsitsipas e Cameron Norris. Por outro lado, o Resto do Mundo era composto por Felix Aliassim, Taylor Fritz, Diego Swartchzman, De Minaur, Francis Tiafoe, Jack Sock e Tommy Paul.

E apesar de a Laver Cup ter um cariz forte de exibição, ela é levada muito a sério por jogadores. E a Europa investiu muito, sobretudo em Djokovic, para equilibrar um torneio que o Resto do Mundo quis ganhar desde o início. E a Europa até começou bem. Com Casper Ruud a vencer Jack Sock (6-4, 5-7 e 10-7), confirmando a grande temporada que fez. Tsitsipas deu boa sequência derrotando Diego Schwartzman, por 6-2 e 6-1. Só que De Minaur, ainda no primeiro dia, reduziu a desvantagem para 7-5, 3-6 e 7-10.

A última dança de Federer

O primeiro dia de torneio ficou marcado pelo último jogo de Federer. Ao lado de Nadal, numa dupla simbólica, os europeus perderam para a dupla Sock e Tiafoe (4-6, 7-6 e 11-9). Mas isso acabou por ser secundário. A estrondosa salva de palmas do público e lágrimas de Federer homeagearam uma carreira lendária que chegou ao fim. No segundo dia, os europeus aumentaram a vantagem, com vitórias de Berretini sobre Aliassime (7-6, 4-6 e 10-7), de Djokovic diante Tiafou (6-1 e 6-3), e da dupla Berretini e Djokovic contra De Minaur e Sock (7-5 e 6-2). O único triunfo do Resto do Mundo no dia pertenceu a Fritz sobre Norrie (6-1, 4-6 e 10-8).

A grande reviravolta deu-se no último dia. O Resto do Mundo dominou completamente com o um registo 100% vitorioso. E até Aliassime levou a melhor sobre Djokovic (6-3 e 7-6), depois de Sock e Aliassime vencer Murray e Berretini em duplas. Por isso, tudo ficou em cima da mesa na partida ente Tsitsipas e Tiafoe. O grego ainda venceu o primeiro set por 6-1 mas o norte americano virou para 7-6 e 10-8.

Foi a primeira vitória do Resto Mundo, e muito celebrada. De uma forma ou de outra, este é um torneio que parece ter chegado para ficar. No próximo ano, já sem Federer, mas ainda com muitos argumentos para continuar a ser interessante e envolver o público.

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André Dias PereiraJulho 13, 20223min0

Se há jogador que nunca pode ser descartado é Novak Djokovic. O sérvio tem passado uma temporada difícil, com ausência em torneios importantes, afastando-se da liderança mundial. Chegou a dizer que o ténis não era mais a sua prioridade e que queria passar mais tempo com a família. Mas na hora da verdade, quando entra em court é para ganhar. E voltou a fazê-lo em Wimbledon. O torneio mais importante da temporada de relva foi como um jardim que viu o sérvio renascer na temporada para o mais alto patamar do ténis.

Djokovic não está na sua melhor forma mas ainda assim foi suficiente para levar o seu sétimo título no All England Club. E o 21 major da sua carreira. Pela primeira vez, Djokovic ultrapassou Roger Federer em títulos de Grand Slam e está apenas a um de Rafael Nadal. Contudo, a sua presença no US Open não está garantida por não se encontrar vacinado. E mesmo no Australian Open, em 2023, a sua presença não está confirmada, embora notícias circulem no Reino Unido a dizer que Djokovic poderá jogar em Melbourne, ao contrário do que aconteceu este ano.

Essa incerteza dá alguma vantagem a Rafael Nadal no que diz respeito à luta pelo maior número de Major. O espanhol caiu nas meias-finais por desistência, após afastar nos quartos de final Taylor Fritz. O maiorquino venceu por 3-6, 7-5, 3-6, 7-5 e 7-6, num jogo épico, em que esteve em grande inferioridade física. Nadal já não disputou as meias finais diante Kyrgios, que seguiu assim para a final.

E na final, Djokovic fez valer a sua superioridade. Ganhou por 4-6, 6-3, 6-4 e 7-6. O sérvio foi amplamente superior ao australiano, que jogou pela primeira vez uma final de Grand Slam. Kyrgios voltou a mostrar a irregularidade que tem pautado a sua carreira. Embora, reconheça-se, que tem vindo a melhorar nestes últimos dois anos. Kyrgios é indubitavelmente um dos mais talentosos do circuito, mas os altos e baixos têm marcado  sua carreira. É hoje 45 do ranking mundial. Ainda assim, soma seis títulos, o último dos quais em 2019.

As lágrimas de Djokovic

Este não foi um torneio fácil para Djokovic. Já se sabia. Até pela sua forma física e técnica em função da limitação de torneios em que pode participar. Ainda assim, entrou de forma tranquila diante Thanasi Kokkinakis (6-1, 6-4 e 6-2) e Miomir Kecmanovic (6-0, 6-3 e 6-4). Seguiram-se Tim Van Rijthoven (6-2, 4-6, 6-1 e 6-2), Jannik Sinner (5-7, 2-6, 6-3, 6-2, 6-2) e, nas meias-finais Cameron Norrie (2-6, 6-3, 6-2 e 6-4).

O sérvio não foi tão imponente quanto em outros títulos, mas este teve seguramente um sabor especial. E não por acaso, não evitou as lágrimas na hora de erguer o troféu. “Ganhar este troféu depois do que aconteceu em Austrália. Lembrar-me de todos os momentos maus”, começou por explicar. “Senti um alívio” disse, lembrando que é “um ser humano”.

Apesar do título, o sérvio cai quatro posições no ranking ATP. Isto porque o torneio não contou para os pontos, pois os tenistas russos e bielorrusso não puderam participar.

Apesar do continuo domínio do big-3 em Wimbledon, Cameron Norrie e Nick Kyrgios aproveitaram para mostrar o bom momento que atravessam. Esta foi, de resto, a primeira vez  que o britânico alcançou as semi-finais de Wimbledon. Atualmente no 12 lugar do ranking ele é hoje a maior esperança britânica para vencer em casa, depois do sucesso de Andy Murray.

Ainda assim, e apesar da idade, Nadal e Djokovic prometem continuar a dividir os maiores troféus de ténis. Federer também esteve no All England Club – e foi ovacionado – mas por enquanto continuará só na bancada.

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André Dias PereiraJunho 8, 20223min0

Não é à toa que Rafael Nadal tem uma estátua à porta do court Philippe Chatrier. O espanhol não para de aumentar a sua lenda em Paris e no ténis. No domingo, o maiorquino conquistou pela 14 vez o título de Roland Garros. Um registo absolutamente impressionante, que o coloca entre os grandes feitos da história do desporto em geral.

Nadal não apenas consolidou ainda mais a sua supremacia na terra batida, como subiu no ranking e ampliou a vantagem de Majors sobre Djokovic e Federer. São agora 22 Grand Slam contra 20 dos rivais.

O agora número 4 do mundo confirmou o favoritismo com que entrou no torneio e venceu a final de forma relativamente tranquila. Casper Ruud tem vindo mostrar méritos na terra batida mas não conseguiu ferir o espanhol, perdendo os 3 sets: 6-3, 6-3 e 6-0.

Este foi, aliás, um torneio que confirmou também a força de Casper Ruud, Zvevev e Alcaraz na terra batida. Embora uns tenham sido mais bem sucedidos que outros.

Nadal teve um caminho quase sem sobressaltos até aos quartos de final, quando defrontou Novak Djokovic. Para trás ficaram Jordan Thompson (6-2, 6-2, 6-2), Courentin Moutet (6-3, 6-1, 6-4), Van Zandschulp (6-3, 6-2, 6-4) e Felix Aliassime (3-6, 6-3, 6-2, 3-6, 6-3).  E foi quase sem sobressaltos, porque o canadiano quase eliminou o espanhol, que precisou de 5 sets para seguir em frente.

Mas o grande duelo seria com Novak Djokovic, o campeão em título. O sérvio entrou no torneio para igualar Nadal com 21 Majors, mas acabou por ver o maiorquino distanciar-se ainda mais. O espanhol venceu, também em cinco sets, por 6-2, 4-6, 6-2, 7-6. Ao cair nos quartos de final, o sérvio prepara-se para perder a liderança do ranking, na segunda-feira, dia 13, para o russo Daniil Medvedev. Nas meias-finais, Nadal beneficiou de desistência de Zverev.

Ruud sobe ao sexto lugar

Roland Garros confirmou o bom momento de Casper Ruud. O norueguês jogou, pela primeira vez, uma final em Paris e subiu ao sexto lugar da hierarquia. E não se pode dizer que tenha sido ao acaso. Só este ano já havia ganho na terra batida de Buenos Aires e Genebra. Dois oito títulos ATP conquistados nos últimos três anos, sete são neste tipo de piso.

Ao longo do torneio, foi deixando para trás, Tsonga, Ruusuvuori, Sonego, Hurkacz, Rune e Cilic. Nota para o croata que voltou a jogar uma semi-final de Grand Slam. Um registo que o coloca como o quinto jogador em atividade a jogar as meias-finais de todos os Majors (os outros são Nadal, Federer, Djokovic e Murray). Cilic teve ainda o mérito e afastar Daniil Medvedev (6-2, 6-3, 6-0) e Rublev (5-7, 6-3, 6-4, 3-6, 7-6). Acabaria por ser afastado por Casper Ruud (6-3, 4-6, 2-6, 2-6).

Apesar de ter chegado também às meias-finais, Zverev não tem razão para sorrir. O alemão, candidato à vitória final, acabou por se retirar do jogo com Nadal por lesão no tornozelo, que o forçou a uma operação. Ainda assim, voltou a mostrar grande capacidade para no futuro vencer em Paris. O problema é que Zverev, apesar do talento, precocidade e títulos alcançados, continua sem ganhar um Major. Um fantasma que não parece largá-lo.

Ainda assim, o alemão teve o mérito também de afastar Carlos Alcaraz. A grande sensação do circuito em 2022, caiu nos quartos de fnal: 4-6, 4-6, 6-4, 7-6.

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André Dias PereiraMaio 11, 20223min0

Começa a ser difícil encontrar sinónimos para o que tem sido a ascensão de Carlos Alcaraz. Ele deixou de ser o jogador do futuro para passar a ser o jogador do momento. Por outras palavras, já não é uma promessa, é uma certeza.

O espanhol tornou-se, no domingo, o mais jovem de sempre a ganhar o Masters de Madrid. E fê-lo em grande estilo, diga-se. Alcaraz venceu na final o Alexander Zverev por 6-3 e 6-1, naquele que foi o corolário de uma semana perfeita.

O triunfo sobre o alemão, de forma tão autoritária, já seria um feito digno de registo. Mas o que o espanhol fez ao longo da semana foi muito além disso e merece várias leituras.

A começar pelo óbvio: Alcaraz é, eventualmente, o melhor jogador da atualidade. Ou, pelo menos, quem está em melhor momento de forma. Este foi o segundo triunfo consecutivo do espanhol no seu país – em Abril ganhou o ATP Barcelona – e o seu quarto título do ano. Recorde-se que para além de Madrid e Barcelona, venceu no Rio de Janeiro e em Miami. Um registo que o fez ascender à sexta posição da hierarquia mundial. Considerando que há um ano não estava sequer no top-100 e que só este mês completou 19 anos de idade não deixa de ser impressionante o que tem vindo a fazer.

Mas não sendo pouco, o espanhol conseguiu ainda o feito de se tornar o primeiro jogador a derrotar, numa semana, em terra batida, e de virada, ninguém menos que Rafael Nadal (6-2, 1-6, 6-3) e Novak Djokovic (6-7, 7-5, 7-6). Aconteceu nos quartos de final e meias-finais. Esperava-se, por isso, que Alcaraz pudesse chegar fisicamente e emocionalmente desgastado à final. Nada mais errado. No vigor dos seus 19 anos e altamente motivado, despachou o número 2 do mundo de forma arrasadora. “Tu és o melhor do mundo”, reconheceu Zverev, claramente rendido ao espanhol. Também Nadal não poupou elogios ao compatriota mostrando-se feliz por Espanha ter produzido outro jogador de topo.

Roland Garros a ferver

Com Roland Garros à porta – arranca dia 22 de maio –  o ATP Madrid serve como um apalpar de pulso ao que podemos esperar de Paris. E a verdade, porém, é poderemos esperar tudo de bom. Sim, Rafael Nadal continua a ser o grande favorito, mesmo aos 35 anos. É o campeão do Australian Open e mostrou alto nível em Madrid. Tal como Novak Djokovic. Pese embora todas as contrariedades e polémicas que o têm acompanhado. É o campeão em título, quer igualar o espanhol com 21 Majors, e tem sido o único a contrariar o favoritismo de Nadal.

Só que, agora, há um novo rosto na área. Carlos Alcaraz mostrou em Madrid que está pronto para o nível seguinte e pode jogar de igual para igual com Nadal e Djokovic. E levar a melhor sobre eles fisicamente. Mas, já sabemos, um Grand Slam é um torneio e realidade à parte. Será, pois, interessante saber como Alcaraz vai encarar Roland Garros, agora com a pressão acrescida da expectativa.

E há ainda, não podemos esquecer, Zverev e Tsitsipas, ambos muito fortes na terra batida. O alemão chegou à final de Madrid e o grego às semifinais (perdeu para Zverev – 6-4, 3-6, 6-2), mostrando que estão não apenas preparados, como em bom momento de forma.

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André Dias PereiraMarço 17, 20223min0

Indian Wells está a decorrer e já existe uma certeza. Novak Djokovic está de volta à liderança mundial. O sérvio volta a ser número 1 do mundo, mesmo sem jogar, depois de ter perdido o posto para Daniil Medvedev, a 28 de fevereiro.

O tenista russo precisava, pelo menos, de chegar aos quartos de final de Indian Wells para segurar a sua liderança. Antes do torneio, Medvedev reconhecera que sentia a pressão de ser número 1 do mundo. E a verdade é que caiu precocemente na segunda ronda perante o experiente Gael Monfils (6-4, 3-6 e 1-6).

Dores de crescimento de um tenista que promete continuar entre os grandes. Medvedev, 26 anos, é o mais sólido jogador do circuito, excluindo o Big-3. E tem vindo, gradualmente, a consolidar a sua posição. Desde 2028 acumulou 18 títulos. O mais relevante é o US Open de 2022. Além disso, foi também finalista vencido do Australian Open nas últimas duas edições. Mesmo sendo-lhe reconhecido uma grande força mental, a verdade é que o russo claudica em momentos decisivos. Foi assim na final de Melbourne contra Nadal, quando vencida por 2 sets, e agora já como número 1 do mundo.

Quem aproveitou foi Novak Djokovic, que nem precisou de jogar. Nolan desistiu de Indian Wells devido às restrições impostas pelos EUA à entrada no país para pessoas não vacinadas. A organização do torneio incluiu o sérvio no sorteio da 1ª eliminatória mas a verdade é que o número 1 do mundo não entrou nos EUA.

Sem Medvedev nem Djokovic, Nadal é agora o grande favorito. O espanhol já deixou para trás Daniel Evans (7-5 e 6-3) e Reilly Opelka (7-6 e 7-6) e segue para os quartos de final.

O furacão Alcaraz e a surpresa Kecmanovic

Com alguns nomes sonantes de fora o foco recai agora sobre as grandes promessas. E entre os jogadores em prova ninguém é mais promissor que Carlos Alcaraz. O espanhol já deixou para trás McKenzie Mcdonal e o compatriota Bautista Agut. Recentement venceu o Rio Open e entra neste toneio com altamente confiante. Veremos até onde poed ir.

Quem já está nos quartos de final é Miomir Kecmanoniv. O sérvio, 61 do ranking, é por agora a grande surpresa. Começou por eliminar Liam Broady, depois Marin Cilic e a seguir Van de Zandschulp. Porém, a vitória mais surpreendente foi nos oitavos de final contra Matteo Berretini (6-3, 6-7 e 6-4).

Também há Nick Kyrgios. O australiano segue para os quartos de final após deixar para trás Jannik Sinner. O italiano desistiu do torneio por motivo de doença. Kirgios é sempre um jogador imprevisível, capaz de ganhar a todos, num bom dia, e perder com qualquer um, num mau dia. A verdade, porém, é que tem vindo a estabilizar no último ano. Indian Wells pode, pois, ser um ponto de viragem.

Rublev é outro nome a ter em conta. Dominik Koepfer, Francis Tiafoe e Hurkacz já ficaram para trás. O número 7 do mundo já ganhou dois torneios em 2022: Marselha e Dubai. Conta o húngaro, Rublev emplacou a sua 12ª vitória consecutiva e vai defrontar o búlgaro Grigor Dimitrov, semi-finalista da edição do ano passado. Tudo está, portanto, em aberto.

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André Dias PereiraFevereiro 5, 20224min0

Vinte e uma vezes Rafael Nadal. O espanhol tornou-se o primeiro tenista a conquistar 21 Majors. Aconteceu no domingo, em Melbourne, na Austrália. Nem Quentin Tarantino escreveria um desfecho tão épico e improvável quanto foi a final do Australian Open e o feito do espanhol.

Entre o Big-3, Nadal era o único que poderia chegar já aos 21 Majors. Porque Federer continua a recuperar de lesão e porque Djokovic foi deportado em virtude de não cumprir os regulamentos sanitários do país. Mas isso não tornava a tarefa do espanhol mais fácil. Tal como o rival suíço, o maiorquino também atravessou um longo calvário de lesões. Foram mais de 6 meses de paragem. Nadal ainda participou em torneios de pares para ganhar ritmo, mas a sua condição física preocupava.

Além disso, outros contestantes ao título pareciam mais mais posicionados à conquista do primeiro Major do ano.  Como Zverev, Tstitsipas ou, sobretudo, Medvedev. E o russo teve título na mão. Quando, na final, chegou a estar com 2 sets de vantagem poucos acreditariam na recuperação de Nadal. Porque o espanhol já não tem o fulgor de antes (são já 35 anos), porque já vinha de uma longa batalha com Sahapovalov, mas sobretudo porque Medvedev é muito forte mentalmente.

Só que o russo cometeu um pecado capital que se paga caro contra adversários como Nadal. Não “matou” o jogo à entrada do terceiro “set“, permitindo, gradualmente, a recuperação de Rafa. E há três coisas que em Nadal, nunca podem ser negligenciadas, mesmo quando tecnicamente o seu jogo não resulta. A sua raça, capacidade de sacrifício, força mental e lutar até ao fim. Nadal acredita em cada ponto como se fosse o último e na vitória quando mais ninguém acredita. E foi assim que resgatou o jogo para um triunfo de 2-6, 6-7, 6-4, 6-4 e 7-5.

Quem acaba carreira com mais Majors?

Foi a segunda vez que Rafael Nadal venceu o Australian Open. A primeira havia sido em outra final memorável, contra Roger Federer, em 2009. À época, vivia-se o auge da era “Fedal”, com os dois jogadores a dominarem completamente a cena do ténis. Djokovic estava ainda em ascensão. Essa final ficou marcada pelas lágrimas de Federer, após derrota, por não conseguir igualar Pete Sampras com 14 troféus.

De então para cá algumas coisas mudaram. Federer e Nadal envelheceram bem e têm sabido manter-se no topo. Só que Djokovic tem feito uma década absolutamente arrasadora e à entrada para 2022, os três somavam, juntos, 60 Grand Slams (20 para cada um). O espanhol conseguiu agora adiantar-se, em Melbourne em relação aos rivais, nesta corrida a três. E continua a ser o grande favorito para Roland Garros, onde somou 13 dos seus 21 Majors.

O espanhol reconhece que 21 Grand Slam não serão suficientes para se tornar o maior campeão de sempre. Também por isso Nadal continua a treinar-se e a motivar-se com novos objetivos. E isso explica que logo após a vitória sobre Medvedev tenha ido fazer bicicleta e retomado os treinos.

Fora do Australian Open por não estar vacinado, Djokovic vive momentos difíceis. O seu posicionamento anti-vacina já lhe custou vários dissabores e Paris já anunciou que não aceitará jogadores que não estejam vacinados. O quanto isso impacta a carreira e o momento de Nolan? Bom, por enquanto pode ser barrado de outros torneios. E caso fique de fora do Masters 1000 Miami e Indian Wells, poderá mesmo perder a liderança mundial.

Que Federer vai regressar?

De acordo com o biógrafo Daniel Muksh, após o triunfo de Nadal em Melbourne o sérvio terá decidido vacinar-se. Caso venha a confirmar-se a sua participação em Roland Garros, será interessante continuar acompanhar a rivalidade com o espanhol. Por um lado, o sérvio é o campeão em título e quer igualar o Nadal com o máximo de Majors, e por outro lado, o maiorquino quer recuperar o título perdido e aumentar a sua lenda em Paris e em Majors.

Há ainda Federer. O suíço não está fora destas contas mas parece mais distante. Aos 40 anos e afastado dos courts desde 2021, só deverá voltar em Wimbledon. A pergunta que se coloca é que Federer teremos por essa altura? Poucos acreditam que o helvético tenha condições para disputar o título nos maiores torneios. A situação mais provável é que regresse para ser competitivo q.b. para seguir até, quem sabe, aos quartos de final de grandes provas, e arrecadar alguns títulos em torneios menores, em uma espécie de tourné de despedida.

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André Dias PereiraJaneiro 19, 20223min0

Arrancou o Australian Open. Mas independentemente do que acontecer nos courts, esta edição é marcada pelo que acontece fora deles. Porque mesmo não jogando, Djokovic é nome dominante. Após uma novela que durou mais de uma semana, certo é que o sérvio não disputa o primeiro Grand Slam do ano.

Nolan foi deportado para o seu país natal por não cumprir os regulamentos de segurança sanitária em Austrália, chegando a ser detido. Djokovic não está vacinado e mantém uma postura ativista na luta pela liberdade individual de vacinação. Uma luta que, para já, o afasta da possibilidade de disputar o seu décimo título em Melbourne e alcançar o 21 Major da carreira. Mas as coisas podem não ficar por aqui, porque a participação em Roland Garros também está condicionada à vacinação.

Mesmo com Djokovic de fora, o show tem que prosseguir. Salvatore Caruso assume, assim, a vaga deixada em aberto pelo número 1 do mundo. “O perdedor mais sortudo do mundo” foi como o próprio “lucky looser” se assumiu. De todo o modo, o italiano foi eliminado por Miomir Keckmanovic (6-4, 6-2, 6-1).

Sem Djokovic em court, quem são então os grandes favoritos ao título? À cabeça, Daniil Medvedev. O número 2 do mundo foi finalista vencido o ano passado e deu o passo em frente no US Open. Melbourne poderá ser, pois, o momento de transição na sua carreira, com vista ao topo da hierarquia. Mas pela frente poderá ter que ultrapassar o sempre incómodo Nick Kyrgios na segunda ronda. O russo tem um jogo muito consistente, é regular e possui uma força mental que o torna fiável.

Mas não é pela ausência de Djokovic que Medevedev terá uma passadeira estendida. Até porque Zverev é agora o segundo cabeça de série e um dos mais consistentes jogadores do circuito.

Nadal de regresso

Claro que é importante ficar de olho também em Tsitsipas e Nadal. Em 2021 o grego eliminou Nadal e Federer, mas a verdade é que durante o segundo semestre do ano decaiu. Que jogador teremos nesta fase? Bom, isso é uma resposta que teremos durante o torneio. E ninguém dúvida do que Tsitsipas pode fazer em um bom dia.

Sem Djokovic nem o lesionado Federer, Nadal será o único integrante do Big-3 a jogar em Melbourne. O espanhol regressa após uma longa paragem por lesão. Não tem o fulgor de outros tempos, é certo, mas é sempre um nome a ter em conta quando se fala em favoritos. Até porque em caso de vitória torna-se o maior campeão da história de Majors, ganhando vantagem sobre o sérvio e o suíço.

Outro nome para seguir com atenção é o de Andy Murray. O britânico já não é o que foi, mas a verdade é que tem vindo a tornar o seu ténis mais consistente. Aliado à sua experiência é um nome que, em um bom dia, pode causar surpresas. E para já começou bem. Contra Basilashvili levou a melhor, ganhando por 6-1, 3-6-4, 6-7 e 6-4. Outros “jokers” podem ser Francis Tiafoe, Alex de Minaur ou até mesmo Carlos Alcaraz.

De uma forma ou de outra, há mais Australian Open para além de Djokovic. Mas este pontapé de saída da temporada poderá marcar uma viragem no que tem sido o ATP nas últimas décadas.

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André Dias PereiraJaneiro 5, 20222min0

Após avanços e recuos parece que Novak Djokovic vai  jogar o próximo Australian Open. O número 1 do mundo confirmou no seu Instagram que vai disputar o primeiro Major do ano, entre 17 e 30 de Janeiro.

Em causa está a não vacinação contra o Covid-19. Por várias vezes o número 1 mundial posicionou-se contra a vacinação obrigatória. Para poder defender o título de 2021, Djokovic viu ser-lhe concedida uma isenção do comprovante de vacina por parte da organização.

O tema não é pacífico, nem entre a organização nem entre os tenistas. O ano passado, o sempre polémico Nick Kyrgios declarou que apesar de ter tomado todas as vacinas não concordava com a exigência da vacinação obrigatória. Novak Djokovic não perdeu tempo em se posicionar ao lado do australiano, defendendo a liberdade de escolha: “Não importa se é no ténis ou em qualquer outra área da vida, todos devem ter a liberdade de escolher o que querem ou não fazer”.

Recorde-se também que desde o início da pandemia, Nolan tem colecionado polémicas. Desde a organização de torneio nos Balcãs, que culminou com vários jogadores e público infectado, à preparação de Grand Slams.

Outro caso curioso é o de Tennys Sandgren. O número 96 do mundo desistiu do torneio por não estar vacinado, contudo, pediu regime de exceção por acreditar que não cumpria os protocolos exigidos no país.

Certo é que o Governo já tinha anunciado, ainda em 2021, que para jogar o Australian Open todos os jogadores teriam que apresentar o certificado de vacinação. Um dos visados era justamente Djokovic, que para já perdeu a possibilidade de jogar ATP Cup.

Nadal quase a postos

Craig Tiley, diretor do torneio, garante que não existe uma exceção para Djokovic. O que acontece é que foram pedidos 26 exceções e a maioria não cumpria todas as regras.

Novak Djokovic pode assim lutar pelo seu décimo título em Melbourne. Caso o faça torna-se o primeiro a atingir 21 Majors. Mas Nadal também está na parada. O espanhol regressou à competição na variante de pares do ATP 250 de Melbourne. Juntamente com o também maiorquino Jaume Munar, a dupla venceu Sebastian Baez e Tomas Etcheverry.

Após uma longa paragem, Nadal vai ganhando ritmo para o primeiro Major do ano. E mesmo não sendo favorito, é interessante acompanhar o nível a que se vai apresentar. Talvez o torneio que o maiorquino tem mais chances de vencer é Roland Garros.  Até porque há Medveded e Zverev a jogarem o melhor ténis das suas carreiras. De fora do torneio está Roger Federer. O suíço também se encontra a recuperar de duas cirurgias e na melhor das hipóteses só deverá voltar em Wimbledon.

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André Dias PereiraNovembro 23, 20214min0

Alexander Zverev conquistou, pela segunda vez, o Masters Final. Em uma final contra Medvedev, o alemão venceu por duplo 6-4. O título premeia uma temporada em cheio de Zverev. Aos 24 anos, o alemão é um nome grande do circuito, já há muito tempo entre top-10, mas que ainda não conseguiu ganhar um Major.

Mas se os Grand Slam são o seu calcanhar de Aquiles, o mesmo não se pode dizer de Masters. E em 2021 ninguém ganhou mais do que o alemão. São ao todo 59 vitórias que culminaram em 6 títulos: Acapulco, Madrid, Viena, Cincinatti, Jogos Olimpícos Tóquio e ATP Finals. Na carreira são já 19 troféus.

Em Turim, onde se jogou o ATP Finals, Zverev conseguiu vencer na final aquele que tem sido o seu algoz no circuito. Medvedev tinha vencido os últimos cinco confrontos entre os dois. Incluindo na fase de grupos deste ATP Finals. Também por isso, reconheceu o alemão, fez um dos seus melhores jogos do ano.

Zverev  começou por vencer Hurkackz (6-4 e 6-2) e o Berretini, que desistiu por lesão. A única derrota foi precisamente para Medeved (3-6. 7-6, 6-7). Os dois avançaram para as meias finais onde encontraram Djokovic e Casper Ruud.

Ruud confirma bom momento

O norueguês voltou a mostrar que atravessa um bom momento. Na primeira vez que jogou o ATP Finals, Ruud levou a melhor sobre o repescado Cameron Norrie (1-6, 6-3 e 6-4) e Hurkacz (6-2 e 6-2). A única derrota na fase de grupos foi diante Djokovic, que ganhou os três jogos.

Casper Ruud, número 8 do mundo, ganhou 5 torneios em 2021. É já o melhor tenista norueguês de sempre e o primeiro do seu país a jogar a competição. Pela consistência demonstrada e até pela idade, 22 anos, o mais provável é que no futuro possamos continuar a vê-lo neste torneio. Este ano, o sonho terminou nas meias-finais, diante Medvedev (6-4 e 6-2).

Quem também caiu nas meias finais foi Djokovic. Zverev repetiu o triunfo das meias finais em Tóquio, desta vez por 7-6, 4-6 e 6-3. Foi a quarta vez, em 11 jogos, que o alemão ganhou do sérvio. Apesar do desaire, este foi um grande ano para Nolan com triunfos em três dos quatro Grand Slam do calendário, igualando Federer e Nadal com 20 Majors.

Menos felizes estiveram Stefanos Tsitsipas e Matteo Berretini. O grego desistiu da prova devido a uma lesão no ombro direito. Jogou apenas um jogo, perdendo para Rublev por duplo 6-4. Para o seu lugar entrou Cameron Norrie, que acabou por perder os dois jogos feitos. O italiano também foi afastado na partida com Zverev. Foi substituído por Jannik Sinner. O também italiano ganhou de Hurkackz (duplo 6-2) mas perdeu para Medvedev.

Os registos de Zverev

“Não há melhor forma de terminar a temporada, por isso estou pronto para as férias”, disse Zverev. Com 59 vitórias é o jogador que mais ganhou em 2021. Mas os registos do alemão vão muito além disso. Ele é o décimo jogador da história a ganhar o torneio por mais de uma vez. Os outros são Federer (6), Djokovic, Sampras e Lendl (5), Nastase (4), McEnroe (3), Borg, Hewitt e Zverev (2).

Zverev é também o quarto jogador da história ganhar do número 1 e número 2 do mundo nas meias finais e final do torneio. A última vez que isso aconteceu foi em 1990.

O alemão olha agora para 2021 com forças renovadas. O próximo passo será a conquista de um Grand Slam. E esse tem sido o “Nemesis”. Mas até pelo declínio do Big-3, sobretudo Nadal e Federer, é bem possível que possamos começar a ver Zverev mais vezes em finais. Mesmo tendo a concorrência de Medvedev, Tsitsipas ou Rublev.

Para do processo passará também pela sua força mental. E o alemão tem investido muito nisso nos últimos anos. Agora, porém, seguem-se férias…

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André Dias PereiraNovembro 15, 20212min0

Djokovic vai terminar 2021 como número um do mundo. Sem surpresa, aliás. A novidade aqui é que isso acontece pela sétima vez o que representa um novo recorde.  Mais um para o sérvio. Para isso, Nolan não apenas jogou o ATP Paris como conseguiu ganhar sobre Medvedev (4-6, 6-3 e 6-3).

O sérvio vingou, assim, a derrota para o russo na final do US Open. Djokovic seguirá como o líder mais velho a terminar o ano como número do mundo. Um feito que coroa um ano de ouro.

Na verdade, 2021 ficará na história do sérvio por vários motivos. Ganhou quase tudo o que havia para ganhar. Foram, para já, 5 títulos: Australian Open, Roland Garros, Wimbledon, Belgrado e Paris. A estes ainda se pode juntar o ATP Finals, que se joga esta semana.

Mas nem tudo foram alegrias. A derrota na final do US Open será, por certo, um momento que marcará a vida desportiva de Djokovic. O sérvio, conhecido por ter uma forte força mental, sentiu o momento e acabou por perder para Medvedev. Em caso de vitória conseguiria o rally Grand Slam na mesma temporada, o que não acontece desde Rod Laver. Outra derrota importante foi nos Jogos Olímpicos. Djokovic caiu nas meias finais perante Zverev e nem a medalha de bronze conseguiu.

Olhando o ano o sérvio é ainda o maior protagonista do circuito. E, na comparação com Nadal e Federer, o que tem melhores condições para ser o primeiro jogador a alcançar 21 Majors, em Austrália, em 2022. Nadal vai voltar a jogar ainda este ano. Por um lado, isso deve-se à pressão de patrocinadores, mas também para olhar para o Australian Open. Federer também deverá voltar a jogar em Melbourne.

Medveded e a sucessão

Sim, Djokovic é ainda o principal jogador em atividade, mas Medeved é quem está mais perto para a sucessão. O campeão de US Open foi vice em Paris e tenta esta semana revalidar o título de 2020 no ATP Finals. Djokovic não tem dúvidas. Ele será o próximo número 1 do mundo. Mas por enquanto esse é um cenário que só poderá acontecer em 2022.


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