Arquivo de Maria João Correia - Fair Play

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José AndradeAgosto 17, 20226min0

Em Guifões, a Seleção Feminina Sénior realizou mais dois jogos de preparação com vista os jogos importantes que estão por vir na qualificação para o Campeonato da Europa e em dia do primeiro de dois duelos com Bósnia e Herzegovina, olhamos para o que aconteceu nestes dois encontros com a Irlanda em Guifões.

Portugal vs Irlanda – Crescem as expetativas para deixar o “quase” para trás

Dois triunfos categóricos que como se pode já perceber deixaram-nos ainda mais confiantes para os próximos desafios que a nossa seleção tem pela frente. No primeiro encontro, Portugal venceu por 78-63, uma vitória segura fruto do belíssimo jogo que a turma das quinas realizou em Guifões. Nota inicial para as jogadoras que ficaram de fora neste primeiro jogo, Mariana Silva e Sofia da Silva, curiosamente a primeira a ficar de fora tal como tinha acontecido no primeiro jogo do estágio anterior em Rio Maior. A partida até começou favorável às Irlandesas que beneficiando dos duelos interiores ganhos conseguiram conquistar um ligeiro ascendente e com isso uma vantagem inicial que se foi perdendo assim que Ricardo Vasconcelos parou o jogo e corrigiu posicionamentos. Portugal foi crescendo e assim que os duelos interiores passaram a ser favoráveis ao conjunto das Quinas, tudo mudou e prova disso foi o segundo quarto espetacular que a turma lusa realizou, um parcial de 25-7 e onde as irlandesas não conseguiram lidar com a pressão alta portuguesa perdendo muitas bolas, com a defesa a conseguir anular por completo todas as investidas da Irlanda, um período que roçou a perfeição.

A segunda parte embora mais suada, continuou a ser sempre portuguesa, o ascendente foi sempre da turma de Ricardo Vasconcelos que conseguiu rodar e dar tempo a todas as jogadoras, a parte mais preocupante foi o momento em que Joana Soeiro saiu para ser assistida, ela que foi uma das figuras desta partida. Neste duelo destacar a forma como mais uma vez o banco soube ler o jogo, as nossas bases que estiveram muito bem e mencionar as nossas interiores que tiveram um jogo muito duro, mas onde conseguiram sempre mostrar-se sendo muito importantes para a “cambalhota” no resultado e esta vitória da Seleção Feminina Sénior.

No segundo jogo, Portugal voltou a vencer, desta vez por, 72-62. Jogo distinto já que as lusas corrigindo a entrada do dia anterior, o que significou que começaram muito bem entrando com tudo, com as suas adversárias sentirem dificuldades do segundo período do jogo anterior logo a começar esta partida. Realçar que neste dois duelos Ricardo Vasconcelos optou sempre pelo mesmo 5 inicial composto por Maria Kostourkova, Josephine Filipe, Laura Ferreira, Maria João Correia e Inês Viana, sendo que não existe nada a apontar, 5 fortíssimo e que esteve muito bem, com nota de destaque para Inês Viana que em Rio Maior ainda estava ser gerida depois da lesão e que chegou a Guifões e espalhou magia nos dois encontros.

Olhando para esta partida nº 2, a Seleção Feminina Sénior fez uma primeira parte praticamente irrepreensível, dominante, sem erros grosseiros, com uma defesa asfixiante que deixou em muitos momentos as irlandesas em grandes dificuldades e no ataque a habitual troca de bola em beleza que foi sempre deixando em evidência a muita qualidade no ataque luso. A nível ofensivo jogo corrido, troca de bola sempre de muita qualidade, com a defesa a voltar a estar muito bem, as jogadoras interiores sempre em grande e com destaque para Joana Alves que no primeiro encontro tinha cedo ficado tapada por faltas e que neste segundo dia conseguiu mostrar o porquê de ser a poste de alto nível que é.

Duas vitórias incontestáveis onde a turma das quinas foi superior e não deixou margem para dúvidas, mostrando que estão prontas para os desafios seguintes.

Destaques individuais destes duelos

Fica difícil conseguir eleger destaques individuais olhando para as exibições da nossa seleção nestes dois jogos em Guifões, o primeiro ponto em evidência é que o coletivo está cada vez mais forte, e a cada estágio a ideia no final de cada é que o grupo está mais forte e pronto para atingir os palcos que merece. Depois olhando para os jogos temos que começar por falar de Maria João Correia que apareceu em Guifões sendo a MVP inequívoca do segundo jogo, com a base portuguesa surgiu nestes dois duelos muito bem, mostrando todo o trabalho que foi desenvolvendo ao longo das semanas entre o estágio de Rio Maior e este provando que a portuguesa vem para uma temporada de luxo.

Depois, tal como nos duelos do estágio anterior temos que destacar Márcia da Costa Robalo, jogadora que apareceu como é seu apanágio, em grande, nos dois duelos foi sempre protagonista, entrando com tudo em ambos os encontros. Falar ainda de Josephine Filipe que também ela havia sido destaque em Rio Maior e voltou a sê-lo em Guifões com duas excelentes exibições. Em outros destaques, Marcy Gonçalves que não tinha jogado em Rio Maior e que neste estágio voltou a mostrar-se e que saudades já tínhamos de a ver jogar, ainda Inês Viana que esteve irrepreensível nestes dois encontros e Maianca Umabano que como sempre não precisou de muito para se colocar como protagonista nestes duelos.

Saímos de Guifões com a certeza de que não só estas jogadoras e esta equipa técnica merecem estar no próximo Campeonato da Europa, como as expetativas e a confiança também subiram para o que está por vir. Depois destes jogos o que mais se sente é que vamos conseguir, a barreira do “quase” está cada vez mais perto de terminar e de deixar de existir quando se fala desta nossa Seleção Feminina sénior. Portugal joga hoje e amanhã com a Bósnia, dois encontros de um grau de exigência superiores, visto que as lusas vão defrontar uma equipa apurada para o Mundial e por isso serão dois testes bem mais complicados, mas venham eles porque com toda a certeza vamos sair ainda mais confiantes para o que está por vir.

Foto de destaque da FPB

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José AndradeJunho 2, 20229min0

A seleção nacional feminina de basquetebol continuou a sua preparação para a janela internacional de novembro com o segundo estágio onde realizou mais dois jogos, vencendo ambos e é sobre esses dois triunfos frente às austríacas que vamos falar hoje.

Áustria – Portugal: Suada, mas bela vitória

No primeiro jogo Portugal venceu por 50-43 a Áustria. A seleção feminina portuguesa entrou com, Sofia da Silva, Josephine Filipe, Márcia da Costa Robalo, Maria João Correia e Inês Viana. As lusitanas a entraram a pressionar colocando logo dificuldades ao ataque austríaco na criação, com a defesa lusa a não sentir problemas no jogo interior, bem pelo contrário. As comandadas de Ricardo Vasconcelos colocaram muitas dificuldades à Áustria que não conseguia criar e nem chegar ao cesto, a juntar a isso a boa defesa lusa levou a que as austríacas demorassem para marcar só conseguindo já aos 6 minutos. Portugal mais dinâmico no ataque, sempre uma bonita circulação de bola e os primeiros pontos surgiram por Maianca Umabano, uma das primeiras peças a ser lançadas no decorrer do encontro.

As craques portuguesas foram sempre dominando, tal como com a Hungria ganhávamos os duelos nas tabelas e mostrávamos sempre mais qualidade ofensiva, do lado da seleção da casa muitos problemas, primeiro fruto da pressão lusa a campo inteiro e depois porque nunca conseguiram desmontar o esquema defensivo de Ricardo Vasconcelos pois quando procuravam o tiro exterior ou era em cima da buzina ou eram jogadoras com menos capacidade.

Tal como nos jogos em Rio Maior, Carolina Rodrigues entrou muito bem, mexeu novamente com a seleção. No segundo quarto a entrada de Simone Costa voltou a ser muito importante, com Portugal a estar sempre na frente e no comando, continuando a ganhar segundas e terceiras bolas. Esta dinâmica no ataque continuava a criar dificuldades a uma defesa austríaca que sofreu bastante com o ataque português. Destaque obvio para a mobilidade nacional que deixou sempre as austríacas perdidas na defesa, Mariana Silva e Maianca estavam imparáveis e com isso as Quinas foram sempre “contornando” as jogadoras-interiores da Áustria. Ainda antes do intervalo, nota para Maria João Correia que esteve de mão quente e colocou a formação visitante numa posição mais confortável nesta partida.

Notou-se algum cansaço ainda nesta primeira parte, algo natural atendendo à carga que as jogadoras foram submetidas e à altura de época em que estamos, o que resultou em alguns cestos falhados que por norma não aconteceriam. Ao intervalo a vantagem era de apenas 6 pontos apesar da superioridade nacional, (20-26) com a seleção nacional a controlar e com vantagem nas transições pois as austríacas não conseguiam criar perigo o suficiente mesmo quando obtiveram algumas “benesses” quando Portugal consentiu algumas perdas de bola.

O porquê da vantagem ser inferior ao merecido, devia-se à eficácia, cansaço a , mas nada que deixasse a equipa lusa em problemas. No terceiro quarto e sob a batuta de Joana Soeiro, Portugal voltou a começar muito bem, e Sofia da Silva continuava a mandar nas tabelas e as lusas brilhavam no ataque com a troca de bola de qualidade. Mesmo com superioridade portuguesa, o jogo nunca esteve decidido, a Áustria andou sempre perto e muito pela questão da eficácia lusa que nos impediu de neste primeiro duelo ter um resultado mais dilatado. No terceiro quarto destacar a boa entrada de Lavínia da Silva e de mais uma vez Carolina Rodrigues, a interior veio manteve a superioridade na luta das tabelas e ainda trouxe maior acerto principalmente no canto, enquanto a base voltou a ser muito importante no ataque até pelo triplo que encestou num período de menor eficácia.

O último quarto começa com dois triplos austríacos, das poucas vezes que Portugal deu espaço para que a seleção da casa conseguisse atirar, o que forçou Ricardo Vasconcelos a parar de imediato o jogo e a corrigir a sua defesa que estava agora a conceder mais espaços. Mais uma vez a leitura de jogo desde o banco do selecionador a ser de realçar, até porque logo em seguida assistimos às correções e ajustes que nos colocaram de novo por cima do jogo.

A vantagem portuguesa chegou a ser de apenas 1 ponto, mas foi aí que a eficácia voltou ao normal deste duelo e a parte final deste período foi de qualidade e já mais ao encontro ao que tínhamos apresentado. O aumento da agressividade portuguesa levou as austríacas a cometer mais erros, com Maria João Correia e Soeiro a ser importante nesta subida anímica da seleção feminina e ainda destacar Josephine que tal como em Rio Maior esteve muito bem nos vários papéis. Perante alguns problemas na defesa e no jogo interior, a correção de Ricardo Vasconcelos lançando Lavínia da Silva para jogar ao lado de Sofia da Silva, o que ajudou e fez toda a diferença para que voltássemos a dominar na parte final do encontro. Vitória segura, suada e onde o ataque voltou a sentir alguns problemas, mas onde a superioridade lusitana foi evidente.

Áustria – Portugal: Só deu Portugal, exibição de gala

No segundo jogo, Portugal venceu por 83-29 uma exibição categórica e que não nos deixa muito para analisar e por bons motivos, isto porque a seleção nacional dominou e controlou do princípio ao fim. Neste duelo a formação lusa não teve tantos problemas na concretização, mais uma partida onde se ganhou nas tabelas, e em que a defesa esteve incrivelmente bem e que não podia ter terminado de melhor maneira este segundo estágio. Vitória soberba, um jogo imenso que foi pena não ter outro tipo de transmissão porque seria ótimo para todos verem… Se ainda existiam dúvidas em relação à nossa seleção, ficaram totalmente desfeitas, Portugal já não era apenas uma seleção do quase ou do perto e aqui deixou mais que evidente em 5 grandes jogos que é uma seleção de topo.

No que diz respeito aos destaques, volta a não ser fácil, mas vamos lá a algumas das jogadoras que se evidenciaram mais nestes duelos:

  • Mariana Silva – Já faltam palavras

Depois de uma temporada em que esteve sempre a um nível altíssimo, Mariana Silva esteve muito bem em Rio Maior, chegando à Áustria com o mesmo ritmo. Foram mais dois jogos em que brilhou na defesa e no ataque, importante com a sua mobilidade perante interiores algo lentas da Áustria, Mariana Silva a ganhar ainda mais espaço nas contas da seleção ao ser um dos nomes que mais brilhou nestes dois estágios da seleção portuguesa feminina sénior.

  • Sofia da Silva – A patroa

Chegamos à dona e senhora das tabelas, foram 5 jogos onde dominou e controlou as tabelas. Independente de quem teve de enfrentar, Sofia da Silva ganhou a todas adversárias, com mais 5 jogos de grande plano para a craque lusitana. Sofia da Silva é das referências maiores da seleção feminina, vem de uma temporada onde esteve muito bem e nem sempre foi elogiada como merecia. Foram 5 jogos a ser a comandante, onde deixou de novo à vista de todos nesta Europa basquetebolística que é uma jogadora de topo e que venha quem vier, será dominado pela patroa Sofia da Silva.

  • Inês Viana – Diferenciada demais

O segundo destaque é Inês Viana, em primeiro lugar, como é bom voltar a ver Inês Viana jogar ao vivo, depois e mesmo sabendo que ainda não está a 100%, este regresso com os problemas físicos a estarem completamente ultrapassados são as melhores noticias para o basquetebol português. A base dispensa apresentações, é uma jogadora única e muito diferenciada e deixou uma vez mais isso à vista de todos nestes dois estágios. É daquelas jogadoras que a única coisa que devemos fazer é não perder nenhum jogo e desfrutar, porque vamos assistir a um recital e foi isso que tivemos o privilégio de ver nestes duelos, mesmo ainda a ser gerida fisicamente, Inês Viana deu show, brilhou e voltou a demonstrar o porquê de ser uma jogadora de melhores ligas do mundo.

  • Laura Ferreira – Relógio suíço lusitano

No penúltimo destaque, vamos até Laura Ferreira. Se Mariana Silva é o micro-ondas do nosso basquetebol, Laura Ferreira será o relógio suíço, isto porque é aquela jogadora que rende sempre, nunca tem jogos maus ou duelos em que passa ao lado e não ajuda as suas colegas. Foram 5 encontros em que pudemos ver a melhor Laura Ferreira, em especial no primeiro jogo com a Áustria, quando a seleção nacional mais precisava, ela apareceu, com destaque para a segunda parte desse primeiro encontro com as austríacas quando elas estavam por cima e a criar-nos alguns problemas, Laura Ferreira apareceu liderando na defesa e guiando no ataque, uma jogadora que também é acima da média e que deixou isso muito claro uma vez mais nestes dois estágios da seleção feminina.

  • Maria João Correia – Máquina incansável

Para terminarmos os destaques que elegemos destes duelos, Maria João Correia. A base não vinha de uma época fácil e por isso era das jogadoras que tinha mais expetativas para ver nestes duelos para entender como estaria, nada a dizer, superou tudo, uma autêntica máquina que não engana ninguém e que não sabe jogar mal, mostrando que está em grande e que não existe absolutamente nenhuma questão. Nestes 5 jogos foi sempre das melhores, o tiro esteve sempre lá, a habilidade capaz de desconcertar todas as defesas esteve à vista de todos nós, Maria João Correia rende sempre e nestes duelos não foi diferente, liderou, brilhou e apareceu muito bem criando grandes expetativas para a próxima época.

Hoje ficou aqui tudo sobre o segundo estágio da seleção feminina portuguesa, duas grandes e categóricas vitórias em terreno austríaco que deixaram bem claro que a seleção portuguesa pertence à elite e em novembro vamos mostrar isso mesmo, atenção que as portuguesas vão calar ainda muita gente.


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