Arquivo de Manuel Cardoso Pinto - Página 2 de 7 - Fair Play

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Francisco IsaacAgosto 21, 20243min0

Depois de várias dúvidas e algum adiamento na saída do calendário oficial, a Rugby Europe Super Cup 2024 vai para o ar com algumas alterações, tudo devido à saída da formação israelita do Tel-Aviv Heat. Os vice-campeões de 2022 e 2023 não renovaram a licença para continuarem a fazer parte deste torneio continental europeu, forçando assim que o Grupo A, no qual estão incluídos os Lusitanos, fique só com três competidores. A redução de equipas do grupo dos principais candidatos significou então que o calendário sofresse algumas alterações, a começar pelo facto de termos um torneio com jogos de ida e volta, ao contrário de ida com meias-finais e final, uma alteração “radical” comparativamente com o que aconteceu nas três edições anteriores.

Ou seja, os Lusitanos vão jogar fora frente aos Castilla y León Iberians e Black Lion, recebendo-os também em casa isto no espaço de dois meses, preparando os atletas a jogar em Portugal para a janela internacional de Novembro. Com o Grupo B fechado para as equipas do Delta, Bucharest Wolves, Brussels Devils e Bohemia Rugby Warriors, e sem qualquer contacto com os Lusitanos, o campeão da Super Cup 2024 será encontrado pela equipa que terminar com o maior número de pontos no Grupo A, uma situação estranha mas perceptível perante os problemas causados pela saída da equipa do Heat.

Posto isto, os Lusitanos e Iberians são os primeiros a entrar em campo, sendo este o calendário da Rugby Europe Super Cup 2024:

Em comparação com 2023, o número de jogos diminui de 5 para 4, mas quando olhamos para 2022 já temos um cenário mais complicado já que nas duas primeiras edições os Lusitanos jogaram um total de oito jogos, algo que acabou por impulsionar a selecção nacional sénior masculina para outro patamar de exigência física e técnica.

Em relação aos convocados, Simon Mannix – que vai assumir o cargo de treinador-principal da franquia lusa com assistência de João Mirra – chamou mais de 50 jogadores para a concentração, contando não só com jogadores que estiveram ao serviço da selecção nacional de XV nos últimos três anos, como vários atletas dos 7s. A ideia talvez está no oferecer uma certa preparação à variante de 7para terem outro tipo de actividade na preparação para as Challenger Series, e também oferecer mais soluções aos Lusitanos. Em relação a 2023, David Costa está de regresso à convocatória, assim como Abel Cunha que deverá assinar por um clube português nas próximas semanas, para além de António e José Rebelo de Andrade, Rafael Simões, boas adições para formar um grupo capaz de lutar contra duas das melhores formações desta competição de franquias da Rugby Europe.

Neste momento a pré-temporada está a decorrer em alta velocidade, com participação também dos atletas dos sub-20 que vão tentar lutar pelo título de campeão da Rugby Europe, algo que lhes escapa desde 2019. Não estão confirmados os estádios em que Portugal vai jogar, mas tudo indica que seja no CAR Jamor. Importante que os adeptos portugueses marquem presença nos jogos, uma vez que os jogos dos Lusitanos tiveram audiências fraquíssimas em comparação com 90% das restantes franquias.

Os jogos serão transmitidos na Rugby Europe TV.

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Francisco IsaacDezembro 3, 20235min0

Os Lusitanos irão disputar o 5º lugar da RE Super Cup 2023, depois de terem garantido uma folgada vitória por 53-08, num encontro que a equipa até começou a perder por 3 pontos, recuperando rapidamente. Os três destaques deste encontro ficam aqui.

MVP: NUNO SOUSA GUEDES (DEFESA)

Num jogo que começou de forma muito cinzenta e que realmente só teve melhorias após a primeira meia-hora, dois jogadores estiveram em excelente nível: Nuno Sousa Guedes e Manuel Picão. A nossa escolha acaba por recair no defesa, muito por ter sido ele a inventar três dos oito ensaios marcados pela franquia portuguesa. O primeiro ensaio de Vasco Durão adveio de um grubber inteligente e que apanhou a defesa neerlandesa desprevenida, colocando os Lusitanos na frente do resultado pela primeira vez no encontro. Já antes tinha sido responsável por resolver uma série de situações negativas para o conjunto treinado por João Mirra, apostando bem no jogo ao pé, colocando, deste modo, a oval longe e a obrigar a oposição a recomeçar do início todo o processo ofensivo.

Liderou bem a partir de trás, foi sendo uma das “âncoras” da equipa nas situações mais críticas, envolvendo-se no ataque sempre de forma positiva com isto a dar outra dimensão mental e “agressiva” positiva a uma equipa que só registou a sua primeira vitória neste fim-de-semana. Por fim, Manuel Picão merece o aplauso pela fisicalidade imposta, conquistando várias vezes a linha-de-vantagem, indo muito contra a dormência que se fazia sentir nos Lusitanos. Aplicou uma série de placagens de alto impacto, capturou duas bolas no breakdown e foi um daqueles portadores de bola que devolveu confiança aos seus colegas de equipa em períodos importantes do encontro.

PONTO ALTO: UMA SEGUNDA PARTE À LUSITANOS

Já havia saudades de ver os Lusitanos a dominar, com a segunda metade do encontro frente ao Delta a ter sido de sonho, com a equipa portuguesa a marcar 6 ensaios e a deixar a equipa neerlandesa encostada à sua área durante quase 30 minutos. Houve agressividade, fisicalidade, volatilidade e vontade de jogar com a bola, de respeitar e seguir os básicos, de manter uma posse segura e inteligente, dando espaço às linhas-atrasadas para encontrarem formas de penetrar na defensiva contrária. A franquia portuguesa subiu de nível logo após saírem dos balneários, com uma série de sequências de ataque fulminantes e que foram forçando ao conjunto contrário a cometer faltas constantes (no fim do encontro acabaram mesmo por jogar com 13), com Pedro Lucas e Jorge Abecassis a terem melhorado bastante na segunda metade, isto no que toca ao comandar o jogo e a dar boa bola. A defesa não foi só efectiva, mas inteligente, realizando quase uma dezena de turnovers, parâmetro que Duarte Torgal, David Wallis ou João Granate se destacaram.

O virtuosismo de Nuno Sousa Guedes foi importante para conferir eficácia às oportunidades que foram surgindo, surgindo bem Vasco Durão, Manuel Picão e José Paiva dos Santos que subiram na dose de “letalidade”, essencial para garantir um resultado “gordo” no fim deste encontro a contar para a meia-final “Ranked” da Rugby Europe Super Cup 2023. Em especifico… houve maior alegria e um querer ter a bola, sem comprometer a posse de bola.

PONTO A MELHORAR: DORMÊNCIA À ENTRADA PODIA TER CUSTADO CARO

Os primeiros 20 minutos dos Lusitanos foram uma repetição do que se passou nas últimas três jornadas, com este período a ter sido cinzento e a permitir que os jogadores do Delta se aproximassem da área de ensaio. Valeram uma boa dose de excelentes placagens que forçaram erros no conjunto neerlandês, mas foi preocupante ver como, a certa altura, os Lusitanos pareciam ser um grupo de atletas perdidos, dominados pela inércia e à espera que algo caísse do céu, seja por via de uma jogada de Nuno Sousa Guedes ou um pontapé bem medido de Jorge Abecassis.

Demorou até a equipa voltar a ganhar noção da sua qualidade e a querer realmente a ter o controlo de bola e jogo nas suas mãos, recuperando alguns daqueles indíces altos de confiança que se viu tanto em 2021 como 2022, acabando por estar aí a chave pelo quase a equipa passou de um 08-15 para um 08-53 em apenas mais 40 minutos, ficando até a ideia que o resultado podia ter sido ainda mais “gordo”. Agora resta o jogo para o 5º lugar, fechando esta temporada de uma forma minimamente positiva e que abra expectativas para uma nova época de Super Cup, caso aconteça, claro está.

NÚMEROS E DADOS DO JOGO

Pontuador máximo: Jorge Abecassis – 11 pontos (4 conversões e 1 penalidade);
MVP: Nuno Sousa Guedes
Chutador: Jorge Abecassis – 11 pontos (4 conversões e 1 penalidade);
Turnovers: Vários – 1;
Ensaios: Vasco Durão (2), Vasco Leite, João Bello, Pedro Lucas, José Paiva dos Santos, Rodrigo Freudenthal e Pedro Vicente


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É com Fair Play que pretendemos trazer uma diversificada panóplia de assuntos e temas. A análise ao detalhe que definiu o jogo; a perspectiva histórica que faz sentido enquadrar; a equipa que tacticamente tem subjugado os seus concorrentes; a individualidade que teima em não deixar de brilhar – é tudo disso que é feito o Fair Play. Que o leitor poderá e deverá não só ler e acompanhar, mas dele participar, através do comentário, fomentando, assim, ainda mais o debate e a partilha.


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