3 destaques do Portugal vs África do Sul do Tour a África 2024
Portugal concedeu uma derrota por 64-21 ante os supercampeões dos Springboks, mas foi um jogo com tonalidades positivas e que demonstrou que os Lobos, quando bem apoiados e trabalhados, podem medir forças com a larga maioria das selecções mundiais ou pelo menos infligir dano e elevar o espectáculo para outros níveis!
O MVP: SIMÃO BENTO (DEFESA)
O que dizer da prestação monumental de Simão Bento neste encontro frente aos Springboks? Assistiu para o 1º ensaio dos Lobos, subiu aos céus para resgatar a oval em disputas aéreas ante Makazole Mapimpi e Kurt-Lee Arendese, meteu Lukhanyo Am no chão quando se preparava para atingir a área-de-ensaio de Portugal e criou uma série de jogadas de belo recorte que impulsionou os fãs para uma vertiginosa loucura! No final das costas o jogador formado no Técnico Rugby terminou com 70 metros conquistados (José Paiva dos Santos terminou com 130, tendo sido o melhor jogador nessa métrica), seis defesas batidos, três quebras-de-linha, quatro offloads, cinco placagens efectivas (duas falhadas), dois turnovers e três capturas aéreas.
Foi um dia animado para o jovem defesa que mostrou toda uma eloquência na posição de nº15, que pode ser fundamental até para dar mais soluções a Simon Mannix e João Mirra no que toca às linhas-atrasadas, especialmente agora que as opções a centro escasseiam podendo forçar a mudança de Rodrigo Marta para essa área caso seja necessário.
One of the best passages of play from Portugal
All started with Bento securing the ball
Then the team backtracked but were patient enough to work with ball
Added a bit of pace in the last two phases and… PUFF
TRYYYYY
Lovely pic.twitter.com/SmYAPnDj3S
— Francisco Isaac (@francisaac87) July 20, 2024
O MELHOR PONTO: O ADN DESTES LOBOS CONTINUA VIVO
Se com a Namíbia já tínhamos tido direito a espectáculo no que toca a jogo jogado, neste encontro frente aos Springboks Portugal teve uma série de momentos estonteantes que só não terminaram em mais ensaios devido à falta de paciência para gerir o jogo e trabalhar fase pós fase até chegar à área de ensaio. Contudo, no total, os Lobos marcaram três ensaios e forçaram sete quebras-de-linha numa das defesas de melhor calibre do universo da oval, independentemente se os tetra campeões do Mundo não estavam com vários dos seus principais jogadores, pois a filosofia de jogo de Rassie Erasmus não vive de nomes.
Com Manuel Cardoso Pinto e Simão Bento a imporem um show daqueles que nunca mais será esquecido, Portugal foi suscitando problemas ao conjunto adversário muito a partir da imprevisibilidade e velocidade de jogo, sendo que por vezes era preciso um pouco mais de cuidado no trato da bola ou de saber colocar “água fria”. O jogo ao pé foi algo errático e até ajudou aos Springboks descobrirem o caminho para os primeiros ensaios, mas aquele crosskick de Domingos Cabral (grande entrada do jovem abertura da AEIS Agronomia) funcionou, assim como outros desenhados também por Simão Bento. Houve alegria e vontade de surpreender e Portugal está num caminho extremamente positivo, especialmente quando a qualificação para o próximo Mundial se aproxima em passos largos!
The rip from Cardoso-Pinto, the kick and gather from Bento and the try from Dos Santos. What a start for Portugal!#RSAvPOR pic.twitter.com/mu6pGbse2E
— EK Rugby Analysis (@ek_rugby) July 20, 2024
A NOTA AO STAFF NACIONAL: 3 EM 5 ESTRELAS
Foi um jogo com vários pontos positivos e negativos, e comecemos pela parte boa: jogo à mão; criação de oportunidades a partir do contra-ataque; velocidade; fisicalidade de certos jogadores; alinhamentos na 1ª parte; disputas aéreas; e paciência quando conquistaram penalidades. Portugal quis mostrar o seu jogo, impondo aquelas linhas-de-corrida inesperadas e que fazem qualquer defesa suar, desenhando bons movimentos e até a deixar o conjunto rival perdido. A forma como o contra-ataque serviu para ferir os Springboks foi um ponto altamente positivo e algo que tinha sido fulcral para a realização da excelente campanha no Campeonato do Mundo 2023, com o 1º ensaio de José Paiva dos Santos a ser uma obra-de-arte no que toca ao contra-ataque: recuperação de bola no contacto, offload rápido, velocidade e exploração das falhas defensivas contrárias.
Do outro lado da medalha, a troca da 1ª linha titular antes do intervalo foi, no mínimo, inesperada e que acabou por surtir um efeito negativo, com a África do Sul a arrancar uma penalidade que depois os lançou para um ensaio, subindo de 22-07 para 29-07 antes da ida para os balneários. Alguns jogadores não estiveram ao nível exigido para este patamar do rugby internacional, e percebendo mesmo que todos tinham de ter uma oportunidade neste Tour de Verão, a verdade é que os testes deviam ter sido conduzidos e finalizados no jogo ante a Namíbia.
A defesa junto ao ruck precisa de sofrer uns apertos, já que a passividade acabou por permitir à selecção da África do Sul gerir a bola à vontade, em especifico na primeira-parte, e a reação após perda da oval tem também de ser melhorada, algo que já no passado Men’s Rugby Europe Championship tinha sido notada. De qualquer forma, uma prestação muito positiva e uma das melhores quando comparamos com outras selecções de Tier 2 que tenham defrontado os Springboks.
PLACARD
Ensaios: José Paiva dos Santos (2) e José Madeira (1)
Conversões: Joris Moura (1) e Domingos Cabral (2)
Turnovers: Simão Bento (2), Tomás Appleton (2) e Duarte Torgal (1)
Melhor placador: Duarte Torgal – 12 placagens efectivas
Fotografia da Federação Portuguesa de Rugby