3 destaques do Portugal vs África do Sul do Tour a África 2024

Francisco IsaacJulho 20, 20245min0

3 destaques do Portugal vs África do Sul do Tour a África 2024

Francisco IsaacJulho 20, 20245min0
Portugal pode ter perdido frente à África do Sul, mas os Lobos estiveram em alto nível e Francisco Isaac analisa como foi o encontro

Portugal concedeu uma derrota por 64-21 ante os supercampeões dos Springboks, mas foi um jogo com tonalidades positivas e que demonstrou que os Lobos, quando bem apoiados e trabalhados, podem medir forças com a larga maioria das selecções mundiais ou pelo menos infligir dano e elevar o espectáculo para outros níveis!

O MVP: SIMÃO BENTO (DEFESA)

O que dizer da prestação monumental de Simão Bento neste encontro frente aos Springboks? Assistiu para o 1º ensaio dos Lobos, subiu aos céus para resgatar a oval em disputas aéreas ante Makazole Mapimpi e Kurt-Lee Arendese, meteu Lukhanyo Am no chão quando se preparava para atingir a área-de-ensaio de Portugal e criou uma série de jogadas de belo recorte que impulsionou os fãs para uma vertiginosa loucura! No final das costas o jogador formado no Técnico Rugby terminou com 70 metros conquistados (José Paiva dos Santos terminou com 130, tendo sido o melhor jogador nessa métrica), seis defesas batidos, três quebras-de-linha, quatro offloads, cinco placagens efectivas (duas falhadas), dois turnovers e três capturas aéreas.

Foi um dia animado para o jovem defesa que mostrou toda uma eloquência na posição de nº15, que pode ser fundamental até para dar mais soluções a Simon Mannix e João Mirra no que toca às linhas-atrasadas, especialmente agora que as opções a centro escasseiam podendo forçar a mudança de Rodrigo Marta para essa área caso seja necessário.

O MELHOR PONTO: O ADN DESTES LOBOS CONTINUA VIVO

Se com a Namíbia já tínhamos tido direito a espectáculo no que toca a jogo jogado, neste encontro frente aos Springboks Portugal teve uma série de momentos estonteantes que só não terminaram em mais ensaios devido à falta de paciência para gerir o jogo e trabalhar fase pós fase até chegar à área de ensaio. Contudo, no total, os Lobos marcaram três ensaios e forçaram sete quebras-de-linha numa das defesas de melhor calibre do universo da oval, independentemente se os tetra campeões do Mundo não estavam com vários dos seus principais jogadores, pois a filosofia de jogo de Rassie Erasmus não vive de nomes.

Com Manuel Cardoso Pinto e Simão Bento a imporem um show daqueles que nunca mais será esquecido, Portugal foi suscitando problemas ao conjunto adversário muito a partir da imprevisibilidade e velocidade de jogo, sendo que por vezes era preciso um pouco mais de cuidado no trato da bola ou de saber colocar “água fria”. O jogo ao pé foi algo errático e até ajudou aos Springboks descobrirem o caminho para os primeiros ensaios, mas aquele crosskick de Domingos Cabral (grande entrada do jovem abertura da AEIS Agronomia) funcionou, assim como outros desenhados também por Simão Bento. Houve alegria e vontade de surpreender e Portugal está num caminho extremamente positivo, especialmente quando a qualificação para o próximo Mundial se aproxima em passos largos!

A NOTA AO STAFF NACIONAL: 3 EM 5 ESTRELAS

Foi um jogo com vários pontos positivos e negativos, e comecemos pela parte boa: jogo à mão; criação de oportunidades a partir do contra-ataque; velocidade; fisicalidade de certos jogadores; alinhamentos na 1ª parte; disputas aéreas; e paciência quando conquistaram penalidades. Portugal quis mostrar o seu jogo, impondo aquelas linhas-de-corrida inesperadas e que fazem qualquer defesa suar, desenhando bons movimentos e até a deixar o conjunto rival perdido. A forma como o contra-ataque serviu para ferir os Springboks foi um ponto altamente positivo e algo que tinha sido fulcral para a realização da excelente campanha no Campeonato do Mundo 2023, com o 1º ensaio de José Paiva dos Santos a ser uma obra-de-arte no que toca ao contra-ataque: recuperação de bola no contacto, offload rápido, velocidade e exploração das falhas defensivas contrárias.

Do outro lado da medalha, a troca da 1ª linha titular antes do intervalo foi, no mínimo, inesperada e que acabou por surtir um efeito negativo, com a África do Sul a arrancar uma penalidade que depois os lançou para um ensaio, subindo de 22-07 para 29-07 antes da ida para os balneários. Alguns jogadores não estiveram ao nível exigido para este patamar do rugby internacional, e percebendo mesmo que todos tinham de ter uma oportunidade neste Tour de Verão, a verdade é que os testes deviam ter sido conduzidos e finalizados no jogo ante a Namíbia.

A defesa junto ao ruck precisa de sofrer uns apertos, já que a passividade acabou por permitir à selecção da África do Sul gerir a bola à vontade, em especifico na primeira-parte, e a reação após perda da oval tem também de ser melhorada, algo que já no passado Men’s Rugby Europe Championship tinha sido notada. De qualquer forma, uma prestação muito positiva e uma das melhores quando comparamos com outras selecções de Tier 2 que tenham defrontado os Springboks.

PLACARD

Ensaios: José Paiva dos Santos (2) e José Madeira (1)
Conversões: Joris Moura (1) e Domingos Cabral (2)
Turnovers: Simão Bento (2), Tomás Appleton (2) e Duarte Torgal (1)
Melhor placador: Duarte Torgal – 12 placagens efectivas

Fotografia da Federação Portuguesa de Rugby


Entre na discussão


Quem somos

É com Fair Play que pretendemos trazer uma diversificada panóplia de assuntos e temas. A análise ao detalhe que definiu o jogo; a perspectiva histórica que faz sentido enquadrar; a equipa que tacticamente tem subjugado os seus concorrentes; a individualidade que teima em não deixar de brilhar – é tudo disso que é feito o Fair Play. Que o leitor poderá e deverá não só ler e acompanhar, mas dele participar, através do comentário, fomentando, assim, ainda mais o debate e a partilha.


CONTACTE-NOS