Arquivo de Australian Open - Página 4 de 4 - Fair Play

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André Dias PereiraJaneiro 14, 20186min0

O Australian Open, primeiro Major da temporada, sempre foi um torneio que serviu para medir o pulso do que pode ser o resto do ano. E porque estamos em época de Star Wars, este ano o torneio serve como que um despertar da força.

Acima de tudo, o Australian Open, que arranca esta segunda-feira, é marcado por regressos e ainda algumas ausências importantes. Primeiro, e como habitualmente, o regresso do ténis ao mais alto nível – apesar de alguns torneios de prestígio já realizados como Brisbane, Doha ou Sydney – mas, acima de tudo, servirá para medir o pulso ao nível de tenistas que regressam de lesões mais, ou menos, prolongadas como Djokovic ou Nadal Servirá  também para perceber se Federer, tal como Rafa, poderão repetir 2017, e que evolução podem ter estrelas de gerações mais recentes como Grigor Dimitrov, Alexandr Zverev, Nick Kyrgios, Dominic Thiem, Alexandr Dolgopolov ou Jack Sock.

O ano de 2017 foi marcado pelo reavivar da velha rivalidade Fedal (Federer venceu em Australia e Wimbledon, Nadal ganhou Roland Garros e US Open) enquanto Djokovic, Murray e Wawrinka acumulavam lesões graves, que os atiraram para fora dos courts.

O despertar de Djokovic e Wawrinka

Djokovic, o regresso
Djokovic regressa após seis meses parado (Foto: Gazeta Esportiva)

Djokovic e Wawrinka pouparam-se nos primeiros torneios de 2018 para regressarem agora, em Melbourne. Afastado desde Julho de 2017, por lesão no cotovelo direito, Novak Djokovic apostou na mesma estratégia de Federer e Nadal: parar meia temporada para recuperar fisicamente. E, a avaliar pelo treino com Alexandr Zverev, foi uma aposta ganha. Nolan venceu Zverev, número 5 do mundo, por 6-1 e 6-4. Foi dominador, confiante e apresentou novas estratégias de saque. É seguramente um dos candidatos à vitória (é o maior vencedor de sempre, com 6 títulos), mas resta saber se já está nesse patamar, ou se temos de esperar por Roland Garros e Wimbledon.

Certo é que o sérvio estará na mesma chave de Roger Federer (podem encontrar-se nas meias-finais), campeão em título, e vencedor da Taça Hopman no início do ano, juntamente com Belinda Bencic. Aos 36 anos, o maior campeão de Grand Slam quer continuar a fazer história, mas admite que “repetir 2017 será muito difícil”. A sua estratégia assenta numa muito selectiva escolha de torneios, para preservar a sua condição física e garantir qualidade nos que integra.

Quem também regressa em Melbourne é Stan Wawrinka. Vencedor em 2014, o suíço esteve afastado de torneios por seis meses. Stan optou por falhar Abu Dhabi e Tie Break Tens para agora se apresentar ao melhor nível possível. Antigo número 3 do mundo e actual número 9, Stan garante que ainda lhe falta confiança e mais condição física. Por isso, deverá fazer um torneio em crescendo, começando com Ricardas Berankis na ronda inaugural.

 Nadal e o desafio de 2018

Nadal tenta segundo título
Recuperado de lesão, Nadal tenta segundo título em Melbourn, com retorno das cavas. Foto: Brecorder.com

De fora da prova estarão Andy Murray e Kei Nishikori. O britânico, que previa regressar no início de 2018, deverá, afinal, voltar apenas em Wimbledon. O antigo número 1 mundial tem feito várias cirurgias por conta de uma lesão no quadril. Segundo o seu treinador, Miles Maclaga, é mesmo provável que o escocês tenha que readaptar o seu jogo em função da sua nova condição. Também Kei Nishikori só voltará após o final do torneio.

Quem também fará a sua primeira aparição em jogos oficiais em 2018 é o número 1 mundial, Rafael Nadal. Rafa, também a recuperar de lesão, optou por falhar Brisbane e treinos com João Sousa. Vencedor em 2009, Nadal quer dar sequência ao excelente 2017, depois de ter atravessado o calvário de lesões e de terem decretado o seu óbito tenisticamente falando. Com o regresso de Djokovic e também Wawrinka, conseguirá o maiorquino manter as vitórias do ano passado? A resposta a essa pergunta começará a ser dada em Melbourne. Uma das novidades para o Australian Open será o regresso às cavas, que marcaram o seu estilo no início de carreira. Apesar dos primeiros jogos de treino não terem sido entusiasmantes, o espanhol deverá subir o seu nível à medida que avança no torneio. Será, porventura, o grande favorito à vitória.

De Dimitrov a Dolgopolov

Mas, certamente, o primeiro Major não se deverá centrar somente nos veteranos. Grigor Dimitrov, actual número 3, é um dos jogadores a seguir com atenção. Vencedor do último ATP Final, o búlgaro foi semi-finalista em Brisbane e desde que mudou de treinador, atravessa o melhor momento na carreira. O ano de 2018 poderá ser a consolidação do búlgaro, que aponta agora baterias para vitórias em Grand Slam. Em 2017, caiu nas meias-finais para Nadal.

Alexandr Zverev tem um potencial insuspeito. Todos o dizem. Ser número 4 do mundo aos 20 anos, prova isso mesmo. Mas, o certo é que as suas aparições em Grand Slam não fazem ainda jus à sua capacidade. Nunca passou da quarta ronda e melhorar esse registo será o caminho natural em 2018. Será já em Melbourne?

Outro nome a seguir é Nick Kyrgios. Porque joga em casa, porque é um dos mais populares e controversos jogadores do circuito e porque atravessa um grande momento de forma. Rod Laver, que dá nome ao court principal, diz que Kyrgios (17º) tem o melhor saque do mundo. Para já, começou o ano a vencer em Brisbane e, num dia bom, pode vencer qualquer um. A sua confiança e carisma junto do público podem levá-lo mais longe que nunca este ano em Melbourne.

Da nova geração será igualmente interessante acompanhar a evolução do ucraniano Alexandr Dolgopolov. a quem muitos olham como possível futuro número 1 mundial. Uma nota também para Alex de Minaur. Australiano de 18 anos de idade e 167 do ranking, é a maior sensação de 2018. Semi-finalista em Brisbane depois de vencer Milos Raonic e Feliciano Lopez foi também finalista vencido em Sydney. Com um ténis de grande maturidade e versatilidade, será interessante ver o que faz num Grand Slam.

Este ano há candidatos para todos os gostos, de diferentes gerações e em diferentes momentos de forma. Saber quem vai ganhar é tão difícil quanto saber quem vai dominar 2018. Como aconteceu o ano passado, entre Federer e Nadal.

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André Dias PereiraJaneiro 8, 20182min0

O australiano Nick Kyrgios conquistou este domingo, em casa, o primeiro troféu importante (ATP 250) da temporada. Em Brisbane, o enfant terrible do ténis superou o norte-americano Ryan Harrison (6-4 e 6-2).

Este é o quarto título da carreira de Kyrgios. É preciso recuar, contudo, até 2016 pare encontrar o último título ATP do australiano, de 22 anos de idade. É a primeira vez que o faz na sua Austrália natal. Mais do que o prémio monetário, a conquista coloca esta segunda-feira Kyrgios outra vez entre o top-20 mundial (17º).

O torneio de Brisbane é um prelúdio para o Australian Open que decorre ainda durante este mês de Janeiro. Criado em 1987 – com interrupção entre 1993 e 2008, o ATP Brisbane já teve vencedores ilustres como os antigos número 1, Andy Roddick, Lleyton Hewitt, Andy Murray e Roger Federer.

O jogo-chave foi a meia-final entre Kyrgios e o búlgaro Grigor Dimitrov, vencedor em 2017 e número três do mundo. O australiano, terceiro cabeça de série, ganhou de virada (3-6, 6-1 e 6-4) perante o campeão do último Master Final, que não perdia há sete partidas. Para isso, teve quer recorrer ao seu jogo de serviço e nada menos que 19 ases. Antes, vencera Matthew Abden (6-3 e 6-2) e o proeminente Alexandr Dolgopolov (6-1 e 6-2).

Já Ryan Harrison começou por vencer Leonard Mayer (6-4, 3-6 e 6-2), seguindo-se Yannick Hanfmann (6-7, 6-4 e 6-2), Dennis Istomin (7-6 e 6-2) e, nas meias-finais, Alex de Minaur (6-4 e 6-0). Minaur é, aliás, um nome a reter para o futuro. Australiano de 18 anos, filho de mãe espanhola e pai uruguaio, alcançou em Brisbane, para já, o seu melhor registo, tendo sido finalista sub-18, em Wimbledon. Em Brisbane, conseguiu afastar também o favorito Milos Raonic, para atingir os quartos de final da prova.

Nishikori só depois do Australian Open

O ano de 2017 foi mau para o francês Gael Monfils. Cair 40 posições no ranking é exemplo disso mesmo. Mas o gaulês parece disposto a inverter essa situação para 2018. Para já, começou o ano ganhar em Doha, numa final diante Andrey Rublev, 32º do ranking ATP, por 6-2 e 6-3. Foi o sétimo título de Monfils, 31 ano, que não ganhava de Washington, em 2016.

Se Kyrgios e Monfils arrancaram bem em 2018, o japonês Kei Nishikori só deverá regressar aos courts no final de Janeiro, após o Australiano Open. Afastado desde Agosto do ano passado, por problemas no pulso, o nipónico garante que ainda não está preparado para jogos a cinco sets, como acontecerá no primeiro Major do ano.

No sentido inverso, Novak Djokovic garantiu o seu regresso para Melbourne, que arranca dia 15. O ex-número 1 do mundo desistiu de participar em Abu Dhabi e Doha.

Veja aqui a vitória de Nick Kyrgios

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André Dias PereiraDezembro 23, 20173min0

As lesões marcaram o ano de 2017. Djokovic, Murray, Wawrinka, Nishikori, foram algumas das estrelas que sofreram na pele a intensidade do ténis e falharam importantes torneios. Com o início de uma nova temporada à porta todos partem para um novo começo.

Bem, quase todos. Kei Nishikori, afastado desde Agosto por problemas no punho direito, anunciou que não irá participar no torneio de Brisbane, na primeira semana do ano. O japonês adia, assim, o seu arranque de época. Nishikori, 22º do mundo, diz estar “desapontado” por falhar a prova em que este ano perdeu a final para Grigor Dimitrov.

Também Andy Murray, ex-número 1 mundial, está em dificuldades para o arranque de 2018. De acordo com a imprensa britânica, Murray voltou a sentir dores na anca a pode regressar só em Wimbledon.

Recorde-se que o britânico está afastado precisamente desde Wimbledon e o seu regresso está, supostamente, previsto para Brisbane. Apesar de os directores do torneio manterem confiança na participação do ex-número 1, tudo aponta para que Murray se submeta a nova cirurgia. Segundo o The Times, o tenista tinha previsto uma viagem a Austrália para participar em treinos, mas isso não aconteceu.

Dúvidas pairam também sobre Rafael Nadal. O espanhol tinha agendado treinos com João Sousa em Maiorca, mas segundo o português, Rafa cancelou por não estar bem. Nadal desistiu na primeira rodada do Masters Final e deverá participar em duas exibições em Abu Dhabi, antes de Brisbane.

Quem não vai a Abu Dhabi é Stan Wawrinka. O suíço, de 32 anos, está ainda à procura da melhor forma física para se apresentar a um bom nível no Australian Open. Neste momento ainda não consegue disputar pontos, estando ainda a trabalhar a sua preparação física. Há um ano a contas com leão no joelho e desgaste na cartilagem, Stan perdeu também o seu treinador, Magnus Norman, e pensou, inclusivamente, no final de carreira. Com a ajuda do preparador Pierre Paganini – que já trabalho com Federer – Stan deverá voltar no primeiro Major do ano.

Australian Open, o ponto de ignição

Se o arranque de 2018 é marcado por alguns solavancos, todos apontam baterias para o Australian Open, que será como que o verdadeiro ponto de ignição do ano. É lá que, por exemplo, Novak Djokovic e Milos Raonic deverão regressar em pleno. Raonic terminou a sua temporada em Tóquio e teve tempo para preparar a nova temporada, devendo ainda falhar Abu Dhabi, por estratégia. Mas o retorno mais esperado é o de Novak Djokovic.

O sérvio, ex-número 1 do mundo, está confirmado no Tie Break Tens, na Austrália, tal como Nick Kyrgios, como forma de preparar o primeiro Major do ano. Raonic acredita que o Nolan poderá, em 2018, atingir o mesmo patamar de Federer na época passada.

E Djokovic não fez por menos. Apostando tudo em 2018, o sérvio rodeou-se de nomes como Andre Agassi, Radek Stepanek e o analista Craig O’Shannessy. Tudo parece estar a ser pensado ao detalhe para devolver o sérvio novamente à liderança mundial. 2018 promete.

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André Dias PereiraNovembro 5, 20173min0

O ano de 2017 está a ser um ano de sombras e luz para Jo-Wilfred Tsonga. O tenista francês, número 15 do ranking ATP, tem tido participações discretas nos principais torneios do circuito, contudo, acumula já quatro títulos (Roterdão, Marselha, Lyon e Antuérpia) nesta temporada, o que corresponde ao melhor registo desde que começou a carreira profissional.

No passado dia 22, em Antuérpia, Jo-Wilfred Tsonga venceu o seu terceiro torneio ATP-250. O francês levou a melhor sobre o argentino Diego Schwartzman (6-3 e 7-5). Esta não foi uma vitória qualquer. Tsonga conseguiu pela primeira vez na carreira vencer quatro torneios em um ano. O melhor que conseguira anteriormente foi em 2009, ao ganhar em Toquio, Marselha e Joanesburgo. Ao todo, já disputou 27 finais, vencendo 16.

Antigo número 5 mundial, Tsonga ocupa, aos 32 anos de idade, o 15º lugar do ranking mundial. O ano até nem começou mal, com triunfos em Roterdão, Marselha e Lyon no primeiro semestre de 2017. Na Holanda o francês venceu o belga David Goffin (4-6, 6-4 e 6-1), colocando um ponto final no jejum de títulos que durava desde Metz, em 2015. Mas teve que atravessar o caminho das pedras, deixando para trás os favoritos Marin Cilic e Thomas Berdych. Em Marselha, sete dias depois, voltou a mostrar o bom momento, ganhando a final diante o compatriota Lucas Pouille, por duplo 6-4. Foi o seu terceiro triunfo em Marselha, o que representa um recorde na prova.

A sombra de Tsonga

O ano corria favorável a Tsonga (regresso ao top-10 mundial) mas lesões e o nascimento do seu primeiro filho mantiveram o francês fora de alguns torneios. Depois, a derrota perante Fabio Fognini, em Indian Wells, a desistência do Masters de Miami, a derrota na primeira ronda de Monte Carlo perante Adrian Mannarino, bem como as desistências nos torneios de Madrid e Roma foram fortes revés para o gaulês.

A retoma voltou em Lyon. Tsonga venceu Thomas Berdych (7-6 (7-2) e 7-5), naquela que foi a sua quinta vitória sobre o checo.

Apesar das vitórias, nos Grand Slam o francês não conseguiu o mesmo brilhantismo. Na Austrália, caiu nos quartos de final diante o favorito Stan Wawrinka. Pior, em Roland Garros foi surpreendido na segunda ronda pela argentino Renzo Olivo Em Wimbledon, Sam Querrey levou a melhor sobre o francês nos 16 avos de final. E no US Open, também foi afastado na segunda ronda pela estrela em ascensão Denis Shapovalov.

Num ano de altos e baixos para Tsonga, 2017 certamente terá um sabor agri-doce. Os quatro títulos conquistados não foram suficientes para garantir uma posição de disputar o ATP Finals. Com a eliminação, esta semana, em Paris, a corrida a Londres ficou completamente afastada.

A vitória de Jo-Wilfred Tsonga em Antuérpia:


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