Arquivo de Australian Open - Página 3 de 4 - Fair Play

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André Dias PereiraJaneiro 28, 20194min0

Novak Djokovic tornou-se, este domingo, o maior campeão da história do Autralian Open. Ao vencer pela sétima vez em Melbourne, o sérvio destacnou-se de Roger Federer e Roy Emerson, ambos com seis conquistas.

Nolan  não fez por menos. Diante Rafa Nadal o sérvio conquistou uma das mais consistentes vitórias da sua carreira. Com os parciais de 6-3, 6-2 e 6-4, Djokovic mostrou o porquê de ser o grande favorito e que está vários passos à frente da concorrência. Mesmo que essa concorrência seja Nadal ou Federer. Ao contrário do que aconteceu na final entre os dois em 2012, que durou quase seis horas, desta vez Djokovic precisou apenas de duas horas e quatro minutos.

Djokovic foi superior em quase todos os capítulos. Mais ases, maior percentagem de colocação de primeiro serviço ou maior percentagem de vitórias no primeiro e segundo serviços. Mas, acima de tudo, impressiona a supremacia de jogo na rede. Djokovic conquistou 89% dos pontos contra 50% de Nadal. Também em erros não forçados, o espanhol cometeu 28, contra 9 do sérvio. É certo que o maiorquino estaria reduzido físicamente, mas reconheça-se que Djokovic esteve a um nível raramente visto na história do ténis e que deixa uma pergunta no ar. Pode o sérvio tornar-se o maior de sempre?

Aos 31 anos, Djokovic soma agora 15 Grand Slam, contra 17 de Nadal e 19 de Federer. O número um mundial parece, todavia, bem à frente dos rivais, físicamente e mentalmente. Sendo mais novo dos três, é de acreditar que, talvez ainda esta temporada, se possa aproximar ainda mais do espanhol. Nadal é, contudo, o grande favorito para Roland Garros. Mas Djokovic pode também ter uma palavra a dizer. Além disso, há ainda Dominic Thiem e Alexander Zverev, cuja a terra batida, é o seu piso preferencial.

E agora, 2019?

Mas se há lição que Melbourne nos trouxe é que apesar do crescimento da NextGen, a velha escola ainda dita regras. É preciso recuar até 2005 para encontrar uma final que não inclua Federer, Nadal ou Djokovic.

Quem parece mais distante dos grandes títulos é Federer. O suíço, vencedor das últimas duas edições, caiu aos pés de Tsitsipas, na quarta ronda: 6-7, 7-6, 7-5 e 7-6. Não que o suíço tenha feito uma má partida, mas o grego mostrou ter outro andamento, sobretudo em jogos de cinco sets. Veremos o que o helvético poderá fazer, sobretudo em Wimbledon. Vencer o 20º Major parece mais improvável do que ultrapassar Jimmy Connors como o maior campeão de títulos ATP.

Da nova geração, Stefanos Tsitispas e Lucas Pouille foram os melhores, ao atingirem as meias finais. O grego parece confirmar o grande 2018, não se amedrontando com nenhum adversário. Também Frances Tiafoe atingiu pela primeira vez os quartos de final. Outros nomes, como Zverev ou Borna Coric cairam precocemente nos quartos de final. De todos, o alemão representou a maior desilusão. Porque é número 4 do mundo, mas sobretudo porque tem sentido dificuldades em progredir em Grand Slams. Os quartos de final de Roland Garros, em 2018, continua a ser o seu melhor registo.

É certo que o ano acabou de começar. Tudo está, por isso, em aberto. E há vários factores que podem influenciar como o ano vai progredir. Há um ano, por exemplo, Federer dominava o circuito e Djokovic colocava em causa a sua continuidade na competição. E, claro, há sempre o factor de lesões. Mas, em condições normais, Djokovic terá neste momento como motivação aproximar-se de Connors, Lendl, Sampras e Federer com maior número de semanas como número 1 mundial. Mas, acima de tudo, ambiciona ultrapassar Nadal e Federer como maior campeão de Grand Slams. Para já, é o tenistas que mais vezes vencer torneios Masters 1000. E, olhando o momento que atravessa, tudo dependerá das lesões e gestão que fizer de seus torneios. Aos 31 anos, Djokovic assume que esse objetivo “é muito difícil, mas não impossível”.

Veremos o que a temporada nos reserva.

André Dias PereiraJaneiro 22, 20193min0

O Australian Open, que arrancou no dia 13, avança já para os quartos de final. E do que se viu na primeira semana, surge a pergunta. Após 15 anos de hegemonia, terá finalmente chegado a oportunidade da nova geração tomar conta dos courts mundiais?

Ainda é muito cedo para tirar conclusões. É certo que Djokovic continua a ser o grande favorito para vencer Melbourne e se tornar o maior campeão do torneio. Também é certo que falta uma e decisiva semana para o fim do torneio. E há ainda uma temporada inteira pela frente.

Mas os indicadores estão aí. Stefanos Tsitsipas, 20 anos de idade, já afastou Roger Federer de Melbourne, e vai agora defrontar Baustista Agut. O grego mostra que a temporada passada não foi obra do acaso. Um dos segredos é a sua confiança. Jogou olhos nos olhos com o campeão em título, serviu com mestria e salvou os 12 break points que teve de enfrentar. Apesar da idade, parece ser um veterano em court. E isso valeu-lhe uma vitória por 6-7, 7-6, 7-5 e 7-6. Diga-se também que Tsitsipas conquistou, este ano, as primeira vitórias no Australian Open. A primeira foi com Nikolz Basilashvili: 6-3, 3-6, 7-6 e 6-4.

Para Federer, a derrota diante o grego foi um golpe duro. O ano 2019 terminou de forma inconsistente, depois de um bom arranque com a vitória no Autralian Open. O suíço espreita Wimbledon, mas, antes disso, deverá voltar a jogar a temporada de terra batida após dois anos de interregno.

Também Francis Tiafoe, 21 anos, surge nos quartos contra Rafa Nadal. Tiafoe será, porventura, a maior promessa e esperança norte americana para voltar ao topo do ténis mundial. Os quartos de final são, para já, o seu melhor resultado em Major. Para trás deixou Andrea Seppi (6-7, 6-3, 4-6, 6-4 e 6-3) e Grigor Dimitrov (7-5, 7-6, 6-7 e 7-5).

Zverev volta a desiludir

Zverev volta a desiludir em Melbourne. Foto: Fox Sports

Mas nem tudo foram rosas para a nova geração. Os oitavos de final contaram com Deniil Medvedev, Alexander Zverev e Borna Coric, mas nenhum conseguiu passar para a fase seguinte. A maior desilusão terá sido mesmo o alemão. Outra vez, o número quatro mundial volta a cair precocemente em um Major, desta vez perante Milos Raonic: 6-1, 6-1 e 7-2. Apesar do estatuto de número 4 mundial e ser apontado como o futuro líder da hierarquia, a verdade dos Grand Slam é outra. A sua melhor prestação continua a ser os quartos de final de Roland Garros. Pouco para quem já conquistou 10 títulos ATP, entre eles um Masters Final.

Se Medvedev não era favorito diante Djokovic (4-6, 7-6, 2-6, 3-6), Borna Coric tinha boas chances diante Lucas Pouille (7-6, 6-4, 5-7, 6-7). O francês igualou o seu melhor registo em um Major, como acontecera em Wimbledon e US Open, em 2016.

Djokovic continua a ser o grande favorito para se tornar o maior campeão da história de Melbourne. Mas para isso, terá que ultrapassar Nishikori. O japonês, que eliminou João Sousa na ronda inagural (7-6, 6-1, 6-2) vem de uma autêntica maratona com Carreño Busta (6-7, 4-6, 7-6, 6-4 e 7-6). Por outro lado, Nishikori atravessa um bom momento, com a vitória em Brisbane.

Nadal, de regresso à competição desde o US Open, também é sempre um nome a ter em conta, mas o seu sucesso dependerá da sua condição física.

Até domingo tudo está em aberto. E apesar da ‘velha guarda’ ser favorita, parece cada vez maior o equilíbrio de forças da nova geração. Veremos como evolui o ano, ainda que, por agora, pareça difícil que um novo rosto vença o primeiro Major do ano.

André Dias PereiraJaneiro 14, 20194min0

Roger Federer, Rafael Nadal, Novak Djokovic e Andy Murray. O chamado Big Four do ténis mundial está outra vez reunido em um Grand Slam. O Australian Open arrancou este domingo e o quarteto que tem dominado o ténis nos últimos 14 anos, poderá estar junto pela última vez. É que Andy Murray anunciou que este poderá ser o seu último torneio. As lesões que o têm atrapalhado no último ano e meio continuam a fazer-se sentir. De acordo com o britânico ainda é possível jogar, mas não ao nível que quer. E em função das dores que sentir poderá já nem disputar Wimbledon.

A estreia do britânico será contra Bautista Agut. O espanhol é um adversário duro que se encontra em bom momento de forma. Prova disso foi a recente vitória no Qatar. Longe da melhor forma, ainda com dores, e após longa paragem, terá Murray capacidade para progredir em Melbourne?

De qualquer forma, o torneio australiano é o primeiro grande momento do calendário do ténis em 2019. Outra vez, Novak Djokovic, Roger Federer e Rafael Nadal partem como os principais favoritos. O sérvio e o suíço têm um estímulo extra. Os dois brigam pela oportunidade de se destacar como o maior campeão do torneio, com sete títulos. Federer, recorde-se, venceu as últimas duas edições, mas Djokovic é número 1 mundial e está numa fase mais favorável da carreira, conforme mostram os últimos confrontos entre ambos.

Tudo está, contudo, em aberto. Depois dos quatro títulos em 2018, o sérvio não está ainda no pico de forma. Nem seria o desejável nesta fase. Em Doha o sérvio foi eliminado surpreendentemente nas meias-finais mas é, porventura, o grande favorito para Melbourne. Nolan arranca diante o norte-americano Mitchell Kruger, podendo jogar depois com Tsonga ou Klizan. Os talentosos Shapovalov, Goffin ou Medvedev poderão ser outros adversários incómodos a defrontar.

Já Roger Federer terá na sua chave o arqui-rival Rafa Nadal. Os dois poderão se encontrar nas meias-finais se lá chegarem. O espanhol acaba por correr por fora no favoritismo ao título. A recuperar de uma lesão, o maiorquino não joga uma partida oficial desde que foi afastado por lesão no último US Open. Nadal é, aliás, o único tenista capaz de roubar a liderança mundial a Djokovic em Melbourne. Mas isso parece bem improvável. Nadal terá que tirar uma diferença de 1.655 pontos para poder reassumir o topo da tabela, já que ele possui 7.480 pontos, e Djokovic tem 9.135. Para que tal aconteça o Toro Miura terá que vencer o torneio e esperar que o sérvio caia antes dos oitavos de final.

Quem pode surpreender?

Nadal arranca o seu percurso com o australiano James Duckworth. A jogar em casa este será um momento simbólico para Duckworth. Nos últimos seis meses foi operado cinco vezes tendo caído para fora do top-1000. Agora, em 237º, o australiano conseguiu um Wild Card para participar pela sétima vez em Melbourne.

Entretanto, Roger Federer jogará com Denis Istomin. O suíço defende os últimos dois títulos e poderá ter de jogar, para além de Nadal, com nomes como Marin Cilic ou Stefanos Tsitsipas. O percurso até à final é espinhoso, mas Federer, mesmo aos 37 anos, já mostrou que pode voltar a fazê-lo. O ano, aliás, começou com a vitória na Hopman Cup, ao lado de Belinda Bencic.

Há, contudo, outros nomes que também devem ser acompanhados com atenção. O principal, Alexander Zverev. O alemão, que perdeu recentemente a final da Hopman Cup, coleciona resultados importantes, mas sempre parece falhar nos Grand Slam. A sua melhor prestação foi os quartos de final, em Roland Garros. O ano passado não passou da terceira ronda no Australian Open. Aos 21 anos de idade é número 4 do mundo e tem aqui mais uma oportunidade para tentar chegar, pelo menos, às meias-finais.

Também Kei Nishikori é um nome que não pode ser negligenciado. Com a recente vitória em Brisbane, o japonês mostrou que está outra vez no seu melhor. Foi a sua primeira vitória de um torneio nos últimos três anos. De qualquer forma, no final de 2018 já mostrara sinais de que o seu melhor ténis estava de regresso, após longa paragem por lesão e alguns resultados menos conseguidos. De resto, Medvedev, Rublev, De Minaur e Tsitsipas são nomes que ganharam grande consistência em 2018 e que poderão surpreender em Melbourne. Shapovalov e Kyrgios também não podem ser ignorados. O australiano, de resto, jogará com Milos Raonic na ronda inaugural, que representa um dos principais jogos do primeiro dia. Diga-se também que De Minaur jogará com o português Pedro Sousa. Já João Sousa defrontará o argentino Guido Pella.

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André Dias PereiraDezembro 13, 20187min0

Um ano que começou por ser de sonho terminou com mais interrogações do que certezas. Foi assim o 2018 de Roger Federer. Aos 37 anos, o multicampeão suíço não tem nada a provar. É o jogador com mais Grand Slam (20), o mais velho a vencer um Major e também a ser número um mundial. Mas até onde pode chegar o suíço? Tem condições para continuar a aumentar o seu legado em 2019?

Depois de um 2017 arrebatador, com sete títulos ATP, a expectativa era alta para saber se o helvético poderia recuperar a condição de número 1 mundial. Ou, pelo menos, voltar a ganhar um Grand Slam. E a resposta não poderia ter sido mais assertiva. Em Janeiro conquistou o Australian Open pela sexta vez, revalidando o título do ano anterior.  No mês seguinte regressou à condição de número 1 mundial. Tornou-se o mais velho de sempre a conseguir esse feito, após nova vitória (a terceira) em Roterdão. Federer estava em estado de graça. E as paragonas dos jornais eram retumbantes perante o crescimento da sua lenda.

Com Nadal em crescendo, mas longe do seu melhor, e Djokovic ainda há procura da melhor forma, Federer tinha em Del Potro e Cilic, nesta fase do ano, os seus grande rivais. E foi precisamente diante o argentino que perdeu o seu primeiro jogo do ano, na final de Indian Wells. Ainda assim, as 17 vitórias consecutivas em início de temporada representaram um record para o suíço. Foi, contudo, sol de pouca dura. E os primeiros sinais de que Federer já não tem o fulgor de outros tempos, deu-se em Miami. Caiu surpreendentemente na primeira ronda para Thanasi Kokkinakis.

Em boa verdade, voltar a alcançar a liderança mundial nunca foi uma obsessão para Federer. O próprio assumiu que, aos 36 anos, seria difícil consegui-lo, ou pelo menos, manter essa condição. E, talvez seja bom reconhecer que se tratou de algo circunstancial. Não que Roger Federer não o pudesse conseguir. O ano de 2018 mostrou que Federer, Nadal e Djokovic continuam dominantes no circuito. E com o espanhol ainda em fase de calibração e Djokovic a reccuperar confiança, Federer soube, com profissionalismo, gerir os torneios para reconquistar o topo da hierarquia.

A gestão na terra batida

Em 2017, a ausência na terra batida foi uma fórmula de sucesso para um retumbante segundo semestre. Só que essa fórmula não resultou em 2018, mesmo falhando Roland Garros. É certo que esse piso nunca foi o seu ponto forte, ou uma prioridade. Sobretudo depois de completar o carreer Grand Slam e se ter destacado como o maior campeão de Major. Só que essa gestão também lhe trouxe críticas. Ion Tiriac, diretor do Open de Madrid, foi um deles, comparando o suíço a Lewis Hamilton. “Ele não opta por não competir depois de disputar apenas cinco corridas de F1”.

E em boa verdade, Federer nem precisou da terra batida para voltar a ser líder mundial. O suíço não tinha qualquer ponto a defender e no regresso aos courts venceu em Roterdão e Estugarda, voltando a ser número 1. Outra vez, mais elogios. Agora de John McEnroe. “Não entendo como pode, nesta idade, jogar ainda a este nível”, disse.

Estávamos, por esta altura, a meio da temporada. Wimbledon aproximava-se e Federer era o grande favorito. Mesmo aos 36 anos. Mesmo já tendo atravessado diferentes gerações, de Sampras e Dimitrov. Mesmo, uma semana antes, ter perdido para Borna Coric a final de Halle, que lhe retirou a liderança mundial. Poucos levaram a sério esse aviso. Não que Federer tenha estado mal. Mas teve mais dificuldades em converter pontos no primeiro serviço (74) e converteu apenas um break point.

Roger Federer poderá voltar à terra batida em 2019. Foto: Independent.co.uk.

Federer cai com estrondo em Wimbledon

Uma semana depois, o choque. Roger Federer é eliminado nos quartos de final de Wimbledon perante Kevin Anderson. “Senti-me bem, mas não foi o meu dia”, justificou o octacampeão do All England Club. Como em Halle, o suíço pareceu displicente e distraído. Foi assim ao cancelar um serviço por um avião passar, ou ao falhar completamente uma direita depois de um fã ter gritado. Por algum motivo, Federer nunca esteve no total comando da partida, não dando sequência a pontos importantes.

Essa falta de consistência prolongou-se por outros torneios, já na temporada de piso rápido. Em Cincinnati perdeu a final para Djokovic. Mas a grande desilusão deu-se no US Open, onde perdeu para John Millman na quarta ronda, num jogo onde cometeu 77 erros não forçados, 10 duplas faltas e finalizando apenas 49% de primeiros serviços. Foi um dos piores registos da sua carreira, mas ainda assim, garantiu os pontos suficientes para jogar o Masters Final, onde cairia nas meias-finais diante Alexandre Zverev. Nos Masters de Shangai e Paris caiu para Borna Coric e Novak Djokovic, os carrascos de 2018. Pior que as derrotas, a forma como foram alcançadas fizeram soar os alarmes sobre o que esperar ainda de Federer.

E agora, 2019?

Federer tenta, em 2019, tornar-se o maior campeão de torneios ATP. Foto: BBC.com

Aos 37 anos parece claro que Roger Federer tem ainda capacidade para gerir o seu prestígio nos courts, vencer alguns torneios e ir longe em Grand Slam. O suíço refere que nesta idade é impossível prever o que vai acontecer dentro de dois anos, mas sente-se bem no circuito e, nesta fase da carreira, tudo depende da sua família.

Numa temporada muito pode acontecer e 2018 é uma boa prova disso mesmo. Mas a ideia que fica do ano que agora acaba é que, por exemplo, Novak Djokovic está à frente do suíço. É número 1 mundial e com o regresso do sérvio ao mais alto nível é praticamente utópico pensar que Federer poderá recuperar a liderança na hierarquia.

Tal como em 2016 e 2017 o sucesso da temporada do suíço dependerá da gestão dos torneios que fizer. E ao contrário do que aconteceu nos últimos anos, tudo aponta para que o helvético volte a jogar a terra batida em 2019. “É uma hipótese em cima da mesa. Tenho avaliado e há várias ofertas, mas vamos ver”, explicou. Uma dessas hipóteses é jogar o ATP Barcelona. A prova tem sido dominada por Nadal (11 títulos) e nunca contou com a participação do suíço nos últomos 10 anos. A organização tem feito agora um esforço para recuperar a participação de Federer.

Com Djokovic ainda a um nível excepcional, Nadal intermitente devido a lesões, e com a consolidação de Zverev e Thiem, para além de outros jogadores da nova geração, é pouco provável que Federer volte a erguer Majors. Wimbledon será por certo o foco da sua temporada e a razão de toda a sua preparação. E, em boa verdade, é no All England Club que tem mais chances de ser feliz. Mas mais depressa, talvez, consiga quebrar o último recorde que lhe resta. Ultrapassar Jimmy Connors como o maior campeão de torneios ATP. Connors somou 109 e Federer está com 102.

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André Dias PereiraSetembro 12, 20186min0

Diz o adágio que a festa não se faz quando a temporada começa mas sim quando acaba. Que o diga Novak Djokovic, que este domingo conquistou pela terceira vez o US Open. Depois de uma longa paragem por lesão, que arrancou em Wimbledon, 2017, o sérvio regressou oficialmente à competição no Australian Open. Foi em Janeiro deste ano. Caiu na terceira ronda perante Chung Hyeon. Seguiu-se nova operação e Djokovic regressou mais cedo do que se pensava, para jogar Indian Wells e o Miami Open. Outra vez, caiu nas primeiras rondas. Seguiram-se muitas interrogações, até para o sérvio. Por esta altura, Roger Federer, vencedor do Australian Open, passeava a sua classe e aumentava a sua lenda. Ao mesmo tempo, Rafael Nadal continuava afinar a sua máquina, regressando ao seu melhor. Até vencer Roland Garros.

É por isso que a vitória de Novak Djokovic no US Open é, acima de tudo, a vitória da persistência. É, por assim dizer, o apogeu num ano com muitos baixos, no arranque da época, e grandes picos, no final. É também a consolidação do título em Wimbledon e da vitória recente em Cincinnati.

E o triunfo (6-3, 7-6 e 6-3) em Nova Iorque chegou curiosamente sobre outro jogador que entre 2014 e 2016 atravessou também o calvário de uma lesão no pulso: Juan Martin Del Potro. O argentino, que cedeu o terceiro lugar do ranking a Djokovic, chegou a questionar o seu futuro no ténis. O ano de 2018 está, no entanto, a mostrar que valeu a pena chegar até aqui. O campeão do US Open de 2009 não voltou a repetir o feito, contudo, tem-se mantido entre o top-5, conquistando os títulos de Acapulco e Indian Wells. Este domingo, não resistiu a um Djokovic que fez jus ao seu melhor período de número 1 mundial. Nolan encostou Del Potro às cordas, soube explorar a esquerda do argentino, conseguindo ainda anular o seu serviço. E com tranquilidade foi construindo a sua vantagem.

Este foi o 14º Grand Slam para o sévio, que iguala Pete Sampras. Melhor, só Rafa Nadal (17) e Roger Federer (20).

Quando passei pela cirurgia, senti o que Juan Martin (Del Potro) passou quando esteve fora. Quando ficas fora, tentas fazer as coisas darem certo, mas elas não acontecem. Foram tempos difíceis, mas aprendemos com as dificuldades, com os tempos de dúvida.

Novak Djokovic, após a vitória sobre  Del Potro, que confimou o título do US Open

Para chegar à final, Del Potro deixou para trás, nas meias-finais, nada menos que Rafael Nadal. O espanhol acabou por sair lesionado, mas garantiu a continuidade na liderança mundial. Uma dor no joelho direito precipitou a desistência do maiorquino quando perdia por 2-0 em set: 7-6 e 6-2.

Tal como no Australian Open, Nadal saiu lesionado. Uma situação à qual não será alheia o grande esforço feito nos quartos de final contra Dominic Thiem, naquele que foi um dos grandes jogos do ano. O autríaco confirmou diante o espanhol que subiu o seu ténis a outro patamar e que, em breve, repetirá o feito de Paris, onde atingiu a sua primeira final de Grand Slam. Foram mais de 5 horas de jogo, com a vitória a sorrir ao número 1 mundial pelos parciais: 0-6, 6-4, 7-5, 6-7 e 7-6. Tal como ocorrera em Roland Garros.

João Sousa histórico. Federer, que futuro?

João Sousa perdeu pela quarta vez para Djokovic, mas fez história para Portugal. Foto: Record

Não será atrevimento dizer que o US Open de 2018 confirmou a reabilitação de jogadores tidos como proscritos. Tal como Djokovic e Del Potro, também Kei Nishikori tem tido um ano difícil. Depois de uma paragem de 5 meses, o japonês regressou à competição, em Fevereiro, em Nova Iorque. Foi, gradualmente, aumentando a sua competitividade até alcançar os quartos de final em Wimbledon. Agora, no US Open, só caiu nas meias-finais contra Novak Djokovic: 6-3, 6-4 e 6-2. O nipónico, finalista vencido em 2014, só pode sentir-se feliz com a sua prestação este ano.

Menos feliz estará Roger Federer. O suíço, que começou o ano a ganhar em Austrália e a recuperar a liderança mundial, foi surpreendido por John Millman: 3-6, 7-5, 7-6 e 7-6. O australiano, 55 do mundo, soube tirar proveito daquele que terá sido um jogos menos conseguidos da carreira do helvético. Federer teve nada menos do que 76 erros não forçados, errando ainda 70% no primeiro serviço. A final de Wimbledon e Cincinnati já tinham demonstrado um Federer abaixo da sua real capacidade. Aos 36 anos, e com uma participação reduzia em torneios – recorde-se que falhou toda a temporada de terra batida, incluindo Roland Garros – há quem questione o futuro de Federer.

Roger Federer deve jogar mais torneios ou considerar retirar-se

Pat Cash, ex-tenista australiano, vencedor de Wimbledon em 1987

Mas se há jogador que já desafiou a história e as probabilidades, é Federer. Matts Willander, ex-tenista e comentador, refere que o suíço deverá jogar até não conseguir ganhar mais jogos. E isso, apesar de tudo, parece estar longe de acontecer. Agora, ameaçado no ranking por Djokovic, Federer é ainda número dois mundial.

E por falar em história, João Sousa escreveu mais uma página dourada para o ténis luso. Ao atingir os oitavos de final, o Conquistador tornou-se o primeiro português a alcançar esse patamar em um Grand Slam. “Resultados como este ajudam a que a modalidade se torne maior no nosso país”, admitiu Sousa, que arrecadou 230 mil euros de prize money. Os 180 pontos averbados no US Open permitiram-lhe subir 19 lugares na hierarquia, regressando ao top-50. É agora 49º.

Por tudo isto (mas não só) a edição deste ano do US Open deixará saudade. Consagra campeões como Djokovic ou Del Potro, relança Nishikori, eleva Thiem a outro nível e vê Portugal entrar nas história dos Major. Mas também lança dúvidas sobre o futuro de Federer e Nadal. Apesar de campeoníssimos, até quando terão fulgor físico para se manter na disputa de Major? Pode Djokovic, agora numa nova fase, ultrapassar Sampras, ou Nadal e aproximar-se de Federer? E a nova geração? Thiem e Isner, nos quartos de final, foram os melhores, mas continuam longe das lendas que ainda predominam no circuito. A John Millman coube a surpresa, que também caiu nos quartos de final. O momento Andy Warholiano que, com 29 anos, dificilmente se repetirá. O que não nos importamos que se repita são torneios jogados a este nível.

Foi assim que Novak Djokovic venceu pela terceira vez o US Open

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André Dias PereiraMaio 12, 20183min0

Antes de Federer e Nadal, Sampras e Agassi, McEnroe e Borg, antes da Era Open havia o então. E no nascimento da Era Moderna ninguém foi maior que Rod Laver. O tenista australiano, nascido a 9 de Agosto de 1938, em Rockhampton, é uma lenda viva do ténis. A revista Ténis, em 2014, considerou-o um dos 10 tenistas que mais transformaram a forma como o ténis é jogado.

Com 11 Grand Slam conquistados, Laver foi durante anos o maior campeão da modalidade, sendo ainda hoje o único a conquistar os quatro Grand Slam na mesma temporada em duas ocasiões. Primeiro, em 1962, como amador, e depois como profissional, em 1969.

Conhecido como all court player, Rod Laver tinha uma esquerda notável e era conhecido por não ter falhas técnicas. O jornalista Rex Bellamy escreveu que a sua força no pulso e velocidade o liderou a vitórias sobre os maiores rivais.

Ao todo, a sua carreira durou 24 anos. Depois de deixar a escola, foi campeão, em 1957, dos torneios junior do Australian Open e US Open. Dois anos depois, deu-se a conhecer ao mundo ao chegar às três finais de Wimbledon. Venceu em pares mistos, com Darlene Hard.

O seu primeiro Grand Slam foi em Australia, em 1960, vencendo Neale Fraser, em cinco sets, recuperando de dois sets e salvando um set-point. No ano seguinte, levou para casa o primeiro torneio de Wimbledon em singulares. Em 1962, tornou-se no primeiro tenista, desde Don Budge, a vencer os quatro Grand Slam no mesmo ano. Entre os 18 títulos conquistados nesse ano, conseguiu a triplice coroa na terra batida: Roma, Madrid e Hamburgo. Antes, só Lew Hoad, em 1956, havia conseguido esse feito.

O profissionalismo e a Era Open

Com 11 títulos de Grand Slam, Rod Laver dá o nome ao court central do complexo do Australian Open. Foto: Vavel.

Em 1962 Rod Laver torna-se profissional, depois de vencer a Taça Davis. O arranque não foi fácil, com um período de adaptação, mas rapidamente se encontrou no patamar de grandes estrelas da época como Ken Rosewall ou Lew Hoad. Esse foi um período polémico na história do ténis. Os tenistas profissionais foram impedidos de jogar Grand Slam, reservados a amadores. Há quem diga, ainda hoje, que Federer só detém o record de 20 Major porque Laver esteve impedido de jogar os mesmos entre 1963 e 1967. 

Tudo mudou em 1968, quando se deu início à Era Open. Rod Laver tornou-se no primeiro vencedor de Wimbledon na nova Era, vencendo o campeão amador, Arthur Ashe. Em 1969 voltou a repetir o rally Grand Slam, mas agora na Era Open. Nesse ano arrecadou nada menos que 18 títulos em 32 torneios. Foram 106 vitórias e 16 derrotas. O triunfo no All England Club (quarto consecutivo) estabeleceria ainda o record de 32 vitórias seguidas, entre 1961 e 1970. A marca seria superada em 1980, por Bjorn Borg.

Ao todo, Rod Laver conquistou 11 Grand Slam: Australian Open (1960, 1962 e 1969), Roland Garros (1962 e 1969), Wimbledon (1961, 1962, 1968 e 1969) e US Open (1962 e 1969). Conquistou ainda 74 torneios em singulares e mais 37 em duplas.

Ficaram ainda famosas as suas rivalidades com Roy Emerson, Ken Rosewall, Andrés Gimeno ou Pancho Gonzales.

Ao longo dos anos, Rod Laver tem recebido várias condecorações. É membro da Ordem do Império Britânico, recebeu a medalha de Desporto Australiano e integra a Ordem Australiana. O court central do Australian Open tem o seu nome.

Rod Laver vs Ken Rosewall

André Dias PereiraFevereiro 19, 20182min0

Roger Federer está de volta à liderança do ranking mundial. O suíço conquistou, este domingo, pela terceira vez o torneio de Roterdão consagrando-se como o mais velho número 1 da história. Quando o helvético anunciou que ia participar no torneio holandês o mundo agitou-se. Federer tinha a chance real voltar ao lugar que, até há pouco, julgava já não ser possível. Talvez por isso tenha dito que voltou a sentir o mesmo quando, em 2004, o conquistou pela primeira vez.

O triunfo sobre Grigor Dimitrov na final de Roterdão (6-2 e 6-2) correspondeu ao 97º troféu na carreira. Em Grand Slam é recordista com 20 títulos, tendo chegado a 30 finais. É também o jogador com mais semanas no topo, 303, das quais 237 foram consecutivas. O intervalo entre a primeira vez que chegou a número 1, Fevereiro de 2004, e que regresso ao topo, Fevereiro de 2018, é também o maior da história.

Os números impressionam, mas mais incrível ainda é perceber que aos 36 anos Federer se mantém no topo. John McEnroe, ex-número 1 mundial, afirma não entender como Federer joga a este nível nesta idade. E não é para menos. O suíço tem o mérito de atravessar três gerações – de Pete Sampras a Grigor Dimitrov – mantendo-se sempre entre os favoritos.

O suíço está numa fase em que quer sobretudo desfrutar do ténis. E, por assim dizer, reinventou-se numa altura em que se falava na aposentadoria. Desde o arranque de 2017 conquistou dois Australian Open e Wimbledon.

Federer é 1º e Kevin Anderson sobe ao nono lugar

Federer continua a desafiar a idade e os conceitos de ténis a alto nível. Mas vai lembrando que só é possível porque a sua mulher lhe permite ter essa vida. Os dois próximos Grand Slam, Roland Garros e Wimbledon, vão esgrimir a liderança mundial. Nadal, o rival que Federer voltou a derrotar, é o grande favorito para Paris. Mas Federer é o detentor do torneio britânico.

Na revisão de ranking esta segunda-feira, registo para o segundo lugar de Rafael Nadal. O croata Marin Cilic é terceiro. A grande novidade no top-10 é o sul-africano Kevin Anderson, vencedor do torneio de Nova Iorque, este domingo. Pela primeira vez está no nono lugar. Já Dominic Thiem, vencedor do torneio de Buenos Aires, mantém a sexta posição.

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André Dias PereiraFevereiro 4, 20182min0

“Agora não podem dizer mais que eu sou uma número um sem nunca ter vencido um Grand Slam”. Foi assim que Caroline Wozniacki sintetizou o que lhe ia na alma após vencer o Australian Open, o seu primeiro Major. Durante anos, a dinamarquesa conviveu com o fantasma de ter sido número 1 do mundo, sem vitórias em Grand Slam. Um fantasma que assombra tenistas como Dinara Safina, Jelena Jankovic, Karolina Pliskova, Amelié Mauresmo ou…Simona Halep.

A vitória sobre a Halep – 7-6 (7-2), 3-6 e 6-4 – aumentou ainda mais o desespero da romena, derrotada em Roland Garros (2014 e 2017) e no ATP Finals (2014). Com esta vitória, Wozniacki regressa à liderança mundial, que ocupou entre 2010 e 2012.

“É um sonho que se tornou realidade. A minha voz está a tremer, acrescentou a dinamarquesa,  finalista do US Open (2009 e 2014). A dinamarquesa tornou-se a jogadora que mais tempo esperou para regressar ao topo da classificação mundial e a quarta entre as que disputaram mais torneios do Grand Slam antes de conquistarem um título.

Aos 27 anos soma agora 28 títulos. E bem se pode dizer que o desporto corre na veias de Wozniacki. Filha de um ex-jogador de futebol,  Piotr Wozniacki é também um dos seus treinadores. A sua mãe jogou na selecção polaca de voleibol. O seu irmão, Patrik, joga futebol no BK Frem, da Dinamarca.

Enquanto junior, venceu o torneio de Wimbledon em 2006 e o Orange Bowl, em 2005. Mais tarde, em 2010, e depois de vencer Petra Kvitova para chegar aos quartos de final do ATP da China, tornou-se na primeira dinamarquesa a chegar a número 1 do mundo. Agora, retoma esse título numa altura muito peculiar da história do circuito.

Pode Wozniacki deixar um legado?

Com a paragem de Serena Williams para ser mãe – deve regressar em Fevereiro – a liderança mundial ficou orfã de um nome consensual. No último ano nomes como Garbine Muguruza, Angelique Kerber, Karolina Pliskova e Simona Halep, para além agora de Wozniacki têm alternado a lugar mais alto do ranking.

Mas pode a dinamarquesa tornar esse estatuto duradouro? A resposta não é fácil, até porque importa saber em que condições regressará Serena Williams. Wozniacki tem um estilo de jogo elegante e eficaz, sendo que esta vitória poderá elevar a sua confiança e carreira para outro patamar. Mas é importante não esquecer Simona Halep. A romena é, talvez, mais completa mas continua com o síndroma da ausência de Major, que deverá, inevitavelmente, chegar mais torneio menos torneio. Será em 2018? O tempo o dirá.

 

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André Dias PereiraJaneiro 14, 20186min0

O Australian Open, primeiro Major da temporada, sempre foi um torneio que serviu para medir o pulso do que pode ser o resto do ano. E porque estamos em época de Star Wars, este ano o torneio serve como que um despertar da força.

Acima de tudo, o Australian Open, que arranca esta segunda-feira, é marcado por regressos e ainda algumas ausências importantes. Primeiro, e como habitualmente, o regresso do ténis ao mais alto nível – apesar de alguns torneios de prestígio já realizados como Brisbane, Doha ou Sydney – mas, acima de tudo, servirá para medir o pulso ao nível de tenistas que regressam de lesões mais, ou menos, prolongadas como Djokovic ou Nadal Servirá  também para perceber se Federer, tal como Rafa, poderão repetir 2017, e que evolução podem ter estrelas de gerações mais recentes como Grigor Dimitrov, Alexandr Zverev, Nick Kyrgios, Dominic Thiem, Alexandr Dolgopolov ou Jack Sock.

O ano de 2017 foi marcado pelo reavivar da velha rivalidade Fedal (Federer venceu em Australia e Wimbledon, Nadal ganhou Roland Garros e US Open) enquanto Djokovic, Murray e Wawrinka acumulavam lesões graves, que os atiraram para fora dos courts.

O despertar de Djokovic e Wawrinka

Djokovic, o regresso
Djokovic regressa após seis meses parado (Foto: Gazeta Esportiva)

Djokovic e Wawrinka pouparam-se nos primeiros torneios de 2018 para regressarem agora, em Melbourne. Afastado desde Julho de 2017, por lesão no cotovelo direito, Novak Djokovic apostou na mesma estratégia de Federer e Nadal: parar meia temporada para recuperar fisicamente. E, a avaliar pelo treino com Alexandr Zverev, foi uma aposta ganha. Nolan venceu Zverev, número 5 do mundo, por 6-1 e 6-4. Foi dominador, confiante e apresentou novas estratégias de saque. É seguramente um dos candidatos à vitória (é o maior vencedor de sempre, com 6 títulos), mas resta saber se já está nesse patamar, ou se temos de esperar por Roland Garros e Wimbledon.

Certo é que o sérvio estará na mesma chave de Roger Federer (podem encontrar-se nas meias-finais), campeão em título, e vencedor da Taça Hopman no início do ano, juntamente com Belinda Bencic. Aos 36 anos, o maior campeão de Grand Slam quer continuar a fazer história, mas admite que “repetir 2017 será muito difícil”. A sua estratégia assenta numa muito selectiva escolha de torneios, para preservar a sua condição física e garantir qualidade nos que integra.

Quem também regressa em Melbourne é Stan Wawrinka. Vencedor em 2014, o suíço esteve afastado de torneios por seis meses. Stan optou por falhar Abu Dhabi e Tie Break Tens para agora se apresentar ao melhor nível possível. Antigo número 3 do mundo e actual número 9, Stan garante que ainda lhe falta confiança e mais condição física. Por isso, deverá fazer um torneio em crescendo, começando com Ricardas Berankis na ronda inaugural.

 Nadal e o desafio de 2018

Nadal tenta segundo título
Recuperado de lesão, Nadal tenta segundo título em Melbourn, com retorno das cavas. Foto: Brecorder.com

De fora da prova estarão Andy Murray e Kei Nishikori. O britânico, que previa regressar no início de 2018, deverá, afinal, voltar apenas em Wimbledon. O antigo número 1 mundial tem feito várias cirurgias por conta de uma lesão no quadril. Segundo o seu treinador, Miles Maclaga, é mesmo provável que o escocês tenha que readaptar o seu jogo em função da sua nova condição. Também Kei Nishikori só voltará após o final do torneio.

Quem também fará a sua primeira aparição em jogos oficiais em 2018 é o número 1 mundial, Rafael Nadal. Rafa, também a recuperar de lesão, optou por falhar Brisbane e treinos com João Sousa. Vencedor em 2009, Nadal quer dar sequência ao excelente 2017, depois de ter atravessado o calvário de lesões e de terem decretado o seu óbito tenisticamente falando. Com o regresso de Djokovic e também Wawrinka, conseguirá o maiorquino manter as vitórias do ano passado? A resposta a essa pergunta começará a ser dada em Melbourne. Uma das novidades para o Australian Open será o regresso às cavas, que marcaram o seu estilo no início de carreira. Apesar dos primeiros jogos de treino não terem sido entusiasmantes, o espanhol deverá subir o seu nível à medida que avança no torneio. Será, porventura, o grande favorito à vitória.

De Dimitrov a Dolgopolov

Mas, certamente, o primeiro Major não se deverá centrar somente nos veteranos. Grigor Dimitrov, actual número 3, é um dos jogadores a seguir com atenção. Vencedor do último ATP Final, o búlgaro foi semi-finalista em Brisbane e desde que mudou de treinador, atravessa o melhor momento na carreira. O ano de 2018 poderá ser a consolidação do búlgaro, que aponta agora baterias para vitórias em Grand Slam. Em 2017, caiu nas meias-finais para Nadal.

Alexandr Zverev tem um potencial insuspeito. Todos o dizem. Ser número 4 do mundo aos 20 anos, prova isso mesmo. Mas, o certo é que as suas aparições em Grand Slam não fazem ainda jus à sua capacidade. Nunca passou da quarta ronda e melhorar esse registo será o caminho natural em 2018. Será já em Melbourne?

Outro nome a seguir é Nick Kyrgios. Porque joga em casa, porque é um dos mais populares e controversos jogadores do circuito e porque atravessa um grande momento de forma. Rod Laver, que dá nome ao court principal, diz que Kyrgios (17º) tem o melhor saque do mundo. Para já, começou o ano a vencer em Brisbane e, num dia bom, pode vencer qualquer um. A sua confiança e carisma junto do público podem levá-lo mais longe que nunca este ano em Melbourne.

Da nova geração será igualmente interessante acompanhar a evolução do ucraniano Alexandr Dolgopolov. a quem muitos olham como possível futuro número 1 mundial. Uma nota também para Alex de Minaur. Australiano de 18 anos de idade e 167 do ranking, é a maior sensação de 2018. Semi-finalista em Brisbane depois de vencer Milos Raonic e Feliciano Lopez foi também finalista vencido em Sydney. Com um ténis de grande maturidade e versatilidade, será interessante ver o que faz num Grand Slam.

Este ano há candidatos para todos os gostos, de diferentes gerações e em diferentes momentos de forma. Saber quem vai ganhar é tão difícil quanto saber quem vai dominar 2018. Como aconteceu o ano passado, entre Federer e Nadal.


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