Um jogo para definir a semi-final da WNBA… passa Sky ou Liberty?

Lucas PachecoAgosto 24, 20228min0

Um jogo para definir a semi-final da WNBA… passa Sky ou Liberty?

Lucas PachecoAgosto 24, 20228min0
Os playoff da WNBA estão a oferecer um extraordinário espectáculo, e Lucas Pacheco diz-te quais são as séries ainda em aberto

Os playoffs da WNBA seguem a todo vapor e, a essa altura, temos três equipes classificadas para a semi-final. De um lado do chaveamento, o Las Vegas Aces venceu o Phoenix Mercury enquanto o Seattle Storm avançou sobre o Washington Mystics. Aces e Storm fazem a primeira semi-final, em série melhor de 5 partidas, com início para o próximo final de semana.

Nenhuma surpresa na vitória do Aces: as líderes da fase de classificação venceram os dois confrontos contra o oitavo colocado. Embora tenha sido finalista no ano passado, o Mercury enfrentou todas as adversidades possíveis em 2022 e ter chegado aos playoffs foi um feito, mesmo saindo eliminado na primeira rodada. Sua principal jogadora, Brittney Griner, continua presa na Rússia (o governo dos EUA tenta a troca de prisioneiros com a Rússia); Diana Taurasi se contundiu na reta final e perdeu os duelos contra o Aces; Skylar Diggins-Smith foi outro desfalque inesperado, por razões pessoais. Tina Charles, contratada antes do início da temporada, pulou do barco e rumou para Seattle, em busca do desejado anel de campeã, no meio da temporada.

Sem seu Big Three’, restava poucas esperanças a um Phoenix que também se reformulou no comando, substituindo a experiente Sandy Brondello pela novata Vanessa Nygaard. O time acabou devastado pelos problemas e recorreu a um small ball, com Sophie Cunningham na posição 4, e à liderança técnica de Diamond DeShields – suficiente para chegar nos playoffs, pouco para bater de frente contra o melhor ataque da competição. O Aces não deu chance para o azar e venceu as duas partidas (79 x 63 no jogo 1 e inapeláveis 117 x 80 no jogo 2), fechando a série sem dificuldade.

Seu rival será o Seattle Storm, que tampouco deu chances para o Washington Mystics. Ambos tiveram campanha idêntica na fase regular e classificaram-se na quarta e quinta posição. Todos os prognósticos apontavam como a série mais equilibrada da primeira rodada. Na partida 1, prevaleceu o equilíbrio e a vitória veio apenas nas últimas posses de bola (86 x 83). Jewell Loyd, apagada até então, desencantou no último quarto e converteu bolas fundamentais, somando-se à boa performance de Breanna Stewart. Pelo Washington, alguns turnovers nas posses finais impediram o triunfo; o time foi muito dependente de Elena Delle Donne (EDD, 26 pts e 5 ast) e a ausência de peças à altura vindas do banco cobrou seu preço.

Se em uma partida quase perfeita, o Washington ainda saiu derrotado, o que poderia fazer diferente no jogo 2? EDD faria a segunda partida seguida, fato raro durante a fase de classificação (ela foi poupada em diversos momentos), e sua atuação precisaria ser ainda mais estelar. Ainda que repetisse o desempenho, precisaria da ajuda de suas companheiras, e o time se ressente de uma segunda estrela. Já o Seattle possui não apenas uma, mas quatro estrelas. Tarefa ingrata para qualquer equipe, tendo que vencer o poderoso Seattle em seus domínios. Com uma partida esplêndida de Breanna Stewart (beirou o triplo-duplo com 21 pts, 10 reb e 8 ast) e Sue Bird (18 pts e 10 ast), vitória por 97 x 84 e bilhete garantido para a semi-final.

Absolutamente qualquer coisa pode acontecer nesse confronto para a WNBA, com duas super equipes frente-a-frente em busca da vaga na final da WNBA. Muitos duelos particulares (A’ja Wilson x Breanna Stewart, Chelsea Gray x Sue Bird, Kelsey Plum x Jewell Loyd), muita rivalidade (o título de 2020 do Storm foi conquistado em cima do Aces), a iminente aposentadoria de Sue Bird: histórias que nublam as previsões. A vantagem do Aces reduz-se ao retrospecto na fase regular (3v e 1d) e ao mando de quadra em um eventual jogo 5. Fora isso, única certeza é quanto à alta qualidade dos confrontos.

A outra semi-final continua aberta

Do outro lado do chaveamento, as atuais campeãs da WNBA asseguraram a vaga para a semi-final. O Chicago Sky suou mais que o esperado e teve que enfrentar um Barclays Center lotado no decisivo jogo 3 (pelo formato adotado este ano, na primeira rodada o time de melhor campanha joga duas vezes em casa e um terceiro, caso necessário, na casa da equipe de pior campanha na fase regular).

Sky e Liberty fizeram o jogo inaugural da série em Chicago, com resultado inesperado e vitória do New York Liberty por 98 x 91. Um jogo excelente, com o Liberty preparado para superar a defesa pressionada, de muitas dobras, do Sky. Sabrina Ionescu e Marine Johannes foram cirúrgicas em achar suas companheiras em deslocamento em direção à cesta, ou espaçadas na linha dos três; o time executou à perfeição as movimentações e constantemente gerou vantagem a partir das dobras defensivas do Sky.

Com o jogo apertado, foi o passe magistral de Johannes, quando sua equipe perdia por 6 pontos, que alavancou a virada. A partir desse lance, o Sky não mais pontuou, e a vantagem que era de 6 escorreu, transformando-se em desvantagem de 7 pontos. Vitória do New York LIberty que já assegurava, no mínimo, a ida da série para Nova York.

Quem ficou contra a parede foi o atual campeão da WNBA: na busca pelo bi, não restou outra alternativa ao Chicago Sky que a vitória nos jogos 2 e 3. E na partida seguinte, o Sky mostrou as razões de seu favoritismo: sem grandes mudanças táticas, o técnico James Wade apenas deslocou Kahleah Copper como defensora primária de Ionescu e a equipe executou à perfeição sua defesa pressionada.

O Liberty buscou as mesmas alternativas do jogo 1, mas as coberturas defensivas do Sky beiraram a perfeição. A bola rodava até o lado fraco da quadra, e alguma jogadora do Sky sempre se recuperava a tempo de interceptar o passe. O time não deu nenhuma chance e a acachapante vitória (100 x 62, a maior diferença de pontos da história dos playoffs da WNBA) foi construída desde as posses iniciais.

Todas que entraram foram bem e mantiveram a intensidade defensiva no nível máximo – destaque para a envergadura de Rebekah Gardner, disruptiva, e para a pontuação de Azura Stevens.

Tendo que encarar o Liberty e sua torcida no jogo 3, o Chicago Sky saiu-se muito bem, obtendo a vitória por 90 x 72. A equipe comandada por James Wade determinou o ritmo da partida, com vantagem no placar o jogo inteiro.

Nem a entrada de Marine Johannes como titular quebrou a defesa de Chicago, que manteve a mesma compostura da partida 2. O Liberty ameaçou encostar quando pôs em quadra uma formação mais baixa, com Betnijah Laney na posição 4; o Sky sentiu uma dificuldade momentânea, viu a diferença abaixar para perigosos 3 pontos, porém pesou sua experiência.

Allie Quigley converteu dois chutes seguidos de três, Vandersloot ditou o ritmo e Candace conquistou mais um duplo-duplo (o terceiro na série, terminando com 14 pts, 13 reb e 8 ast). Os prognósticos se concretizaram e o Sky agora assiste de camarote ao fatídico jogo 3 que definirá sua adversária na semi-final.

Brilhará o sol em Connecticut ou Dallas vai sorrir no fim?

Por fim, a última série da WNBA está empatada em 1 x 1, entre Connecticut Sun (terceiro na fase regular) e Dallas Wings (sexto). No jogo 1, vitória tranquila do favorito Sun, em casa, por 93 x 68, que indicava o final da série no jogo seguinte. Porém, uma mudança tática da técnica Vickie Johnson deu novo ânimo ao Dallas; ao substituir a pivô no quinteto titular (Izzy Harrisson entrou no lugar de Teaira McCowan), Johnson injetou mobilidade na defesa, propiciando um ritmo mais acelerado e desencaixando a defesa do Sun, muito preocupada com McCowan.

Como efeito adicional, a vinda de McCowan para liderar a segunda unidade fez com que Brionna Jones tivesse uma rival à altura e impôs mais atenção de Brionna ao lado defensivo. McCowan, mesmo saindo do banco, completou seu tradicional duplo-duplo (17 pts e 11 reb), Kayla Thornton calibrou a mão (20 pts e 67% nos arremessos) e o time converteu muito mais de longa distância (42%, contra 25% no jogo 1). O Sun pareceu desconfortável e reagiu tarde demais, insuficiente para buscar a vitória (placar final de 89 x 79), eliminar o Dallas e impedir que a série mudasse para o Texas.

Para o jogo 3 desta série da WNBA, o técnico Curt Miller teve tempo de preparar estratégia para conter a formação mais rápida do Wings. O Dallas manterá o quinteto do jogo 2 ou retornará à formação do jogo 1? As respostas definirão a última equipe classificada para a semi-final, e que continuará viva na luta pelo título.


Entre na discussão


Quem somos

É com Fair Play que pretendemos trazer uma diversificada panóplia de assuntos e temas. A análise ao detalhe que definiu o jogo; a perspectiva histórica que faz sentido enquadrar; a equipa que tacticamente tem subjugado os seus concorrentes; a individualidade que teima em não deixar de brilhar – é tudo disso que é feito o Fair Play. Que o leitor poderá e deverá não só ler e acompanhar, mas dele participar, através do comentário, fomentando, assim, ainda mais o debate e a partilha.


CONTACTE-NOS