Tom Dumoulin: A importância do cérebro no rendimento
Os mais fieis fãs de ciclismo certamente recordarão com saudade o período entre 2015 e 2018, pelas batalhas e performances épicas de Chris Froome, Nairo Quintana ou Fabio Aru, mas também pela ascensão surpreendente de Tom Dumoulin.
O neerlandês passou de um extraordinário contra-relogista para um homem muito completo em provas de 3 semanas, andando mesmo de vermelho durante muito tempo na Vuelta de 2015. Seria a primeira aparição do ciclista dos Países Baixos, que em 2017 viria a chocar o mundo ao vencer um dos mais competitivos Giros d´Italia dos últimos anos (quem não se lembra do episodio gástrico de Dumoulin, que o fez perder imenso tempo).
Entrou para a ultima etapa em 4º lugar na geral, mas com um contrarrelógio soberbo, deixou para trás Nairo Quintana, Vincenzo Nibali e Thibaut Pinot, arrecandando a que muitos pensavam ser a primeira de várias grandes voltas. Em 2018, perde o Giro para um fenomenal Chris Froome, numa das recuperações mais lendárias da prova. Apos o segundo lugar nesse Giro, Dumoulin, nada satisfeito, vai ao Tour bater-se praticamente sozinho com uma super INEOS (Sky na altura), perdendo a maior prova de ciclismo europeia apenas para um Geraint Thomas em grande forma.
Em 2018, ganha ainda a medalha de prata nos mundiais de contra relógio, juntando ao ouro conquistado no ano antes. 2019 marcou o inicio do declínio de Big Tom. Uma queda no inicio do Giro, trouxe um problema no joelho que viria a prolongar-se até ao final da época. No Verão de 2020 estreava-se na nova equipa, e num ano atípico ainda consegue ser setimo no Tour, a trabalhar para Primoz Roglic.
Em 2021, anuncia que vai por a carreira em suspenso. Fadiga, cansaço, e esgotamento psicológico levaram o neerlandês a tomar esta decisão, ele que iria acabar por voltar no Verão desse ano. Mas não voltou o mesmo. Voltou um Dumoulin menos competitivo, mais conformado, e sem aquela capacidade de manter o mesmo ritmo montanha acima (nunca foi um ciclista de ir ao choque, mas o seu ritmo constante permitia-lhe apanhar os adversários e muitas vezes deixá-los para trás).
Conseguiu a medalha de prata em Tóquio, de forma notável, mas em provas por etapas, não voltou a parecer o mesmo. Em 2022, pensou-se que poderia fazer uma gracinha no Giro, mas desistiu à 14ª etapa. Numa das equipas mais apetrechadas do World Tour, as oportunidades para liderar não serão muitas (Primoz Roglic é o cabeça de cartaz da equipa para provas de 3 semanas, e começam a aparecer jovens com capacidade para liderar nesse tipo de provas, como Jonas Vingegaard ou Tobias Foss), pelo que uma mudança de equipa poderia ser positiva para o neerlandês.
Por onde passará o seu futuro? Trek, Movistar, Ag2r, ou Education First parecem todas boas opções, onde Dumoulin poderia ter algum destaque. Mas mais do que as pernas e uma possível nova equipa, conseguirá o cérebro de Tom Dumoulin voltar ao que já foi?
Com 31 anos, ainda há tempo, ou não tivesse Cadel Evans ganho o seu único Tour com 35.
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? "The form is simply not there. At this moment, I have no answer to the question why." – Tom Dumoulin
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— Team Jumbo-Visma cycling (@JumboVismaRoad) May 21, 2022