Será Carlos Alcaraz o próximo Nadal?
Nos últimos 15 anos Rafael Nadal tem dominado, a par de Federer e Djokovic, a cena do ténis mundial. E apesar das lesões, que têm condicionado o seu jogo, a aposentadoria ainda parece estar longe. O espanhol já anunciou o regresso aos courts e mesmo não estando no seu auge ainda parece ter muito por disputar. Um bom exemplo é o recorde de Majors. Só que aos 35 anos é natural olhar para o mairoquino como estando na fase descendente da carreira. A pergunta que se faz em Espanha, que tem uma das mais tradicionais escolas de ténis, é quem poderá suceder a El Toro Miura. A resposta parece ter chegado este ano: Carlos Alcaraz.
Com apenas 18 anos de idade, disparou para o estrelato ao atingir os quartos de final do US Open. Para trás deixou jogadores como Aliassime, Tsitsipas e Cameron Norrie. Uma participação que lhe valeu alguns recordes de precocidade. Tornou-se o mais jovem desde Michael Chang e Pete Sampras (1989) a atingir os oitavos de final do US Open. Foi também o mais jovem a vencer um top-3 desde que o ranking foi inventado, em 1973. Além disso, desde 1989, quando Chang ganhou a Lendl (1) e Edber (3) que um jogador tão jovem não vencia um top-3 em Grand Slam.
A verdade, porém, é que o espanhol, nascido em Murcia, tem vindo a fazer história desde que se estrou, em 2019. Logo nesse ano, tornou-se o primeiro tenista nascido em 2003 a ganhar uma partida Challanger. Em 2000, no ATP 500 do Rio de Janeiro, ganhou ao compatriota Alberto Ramos. Um feito que lhe permitiu alcançar os quartos de final com apenas 16 anos e 10 meses. Já após a paragem devido à pandemia tornou-se o 15º jogador mais jovem a ganhar um torneio profissional (Challanger).
Alcaraz como Nadal
Se 2020 já tinha sido bom, mesmo com uma paragem devido à pandemia, a ano de 2021 foi aproveitado bem pelo espanhol para dar passos em frente em na carreira. No Australian Open tornou-se o primeiro jogador nascido em 2003 a jogar o quadro principal. Tinha apenas 17 anos, 8 meses e 8 dias. Uma idade muito próxima de quando Nadal, o seu ídolo, estreou em Wimbledon, em 2003: 17 anos e 20 dias.
E desde então tem estado ainda mais em crescendo. Ao ganhar a Botic Van de Zandschulp tornou-se o primeiro jogador de 2003 a vencer uma partida de Grand Slam. Entretanto, o espanhol também se tornou o mais jovem a levar de vencido um top-15. A vítima foi o belga David Goffin no Great Ocean Road.
A sua ascensão meteórica não passou despercebida no país natal e recebeu um Wildcard para jogar o Masters Madrid. Ali, alcançou dois momentos relevantes. A primeira vitória em um Masters 1000 (Adrian Mannarino) e o primeiro confronto com Rafa Nadal, com quem perdeu.
Mais história em Paris e o primeiro título
Em Roland Garros, mais história. Alcaraz venceu Barnabé Zapata e converteu-se no jogador mais jovem, desde Djokovic, a ganhar em Paris. Depois, levou a melhor sobre Basilashvili, tornando-se o mais jovem a passar à terceira ronda desde….Rafa Nadal, em 2004.
E a verdade é que o bom desempenho valeu-lhe novo Wildcard, agora para jogar Wimbledon. Apesar de não ter passado da segunda ronda, logo de seguida conseguiu um ponto de chegada. Em Umag conquistou o seu primeiro título ATP. Com um duplo 6-2 levou de vencido Richard Gasquet na final.
Antigo número 1 mundial e treinador de Alcaraz, Juan Carlos Ferrero não tem dúvidas em comparar a competitividade do jovem a Nadal. Toni Nadal, tio e antigo treinador de Rafa, também augura um grande futuro ao compatriota. “Acho que há semelhanças entre os dois nessa idade, mas eu vejo o Carlos mais completo como jogador que Rafa aos 18 anos”.
Apesar de ter Nadal como ídolo, a verdade é que Alcaraz reconhece que o seu estilo de jogo é mais próximo de outra lenda, Roger Federer. “Tento jogar o meu jogo e não copiar o estilo de ninguém, mas tento ser agressivo o jogo todo como Federer”, disse.
Carlos Alcaraz reconhece estar num grande momento. E o ano de 2021 legitima esse sentimento. Com o primeiro título, vários recordes e alguns resultados relevantes, o espanhol é olhado como o próximo Rafael Nadal, embora tente criar a sua própria identidade de jogo. Em 2022 é, seguramente, um jogador a seguir com atenção e ver como poderá evoluir.