Torneio de Qualificação rumo ao Mundial: 3 pontos a ter em conta

Francisco IsaacNovembro 3, 20226min0

Torneio de Qualificação rumo ao Mundial: 3 pontos a ter em conta

Francisco IsaacNovembro 3, 20226min0
Todos os caminhos vão dar ao Mundial 2023, e o Torneio de Qualificação no Dubai é o momento para Portugal carimbar a passagem. Análise ao pormenor de Francisco Isaac

Arranca neste Domingo o Torneio de Qualificação para o Mundial de Rugby 2023, e nada melhor que lançarmos três debates em relação às variações de jogo de Portugal, onde é que os Lobos podem se superiorizar e como cada um dos adversários joga.

VARIAÇÕES NA LINHA DE 3/4’S: QUAIS?

Comecemos por delinear aquela que será a equipa titular visionada pela equipa técnica portuguesa liderada por Patrice Lagisquet (1 a 15): Francisco Fernandes, Mike Tadjer, Diogo H. Ferreira, José Madeira, Steevy Cerqueira, João Granate, Rafael Simões e Thibault Freitas; Samuel Marques, Jerónimo Portela, Raffaele Storti, Tomás Appleton, José Lima, Rodrigo Marta e Nuno Sousa Guedes. Sem perdermos tempo a olhar para o pack de avançados, que também terão diferentes variações – David Wallis pode perfeitamente surgir como camisola 6, ou Thibault Freitas ficar no banco de suplentes, caindo Rafael Simões para a posição de nº8 com Steevy Cerqueira a descer para asa e José R. de Andrade a fazer parelha com José Madeira na 2ª linha -, os 3/4’s portugueses podem ter uma série de combinações que podem trazer outra adaptação às equipas adversárias neste Torneio de Qualificação/Repescagem. Quais?

A principal variação pode passar por Rodrigo Marta vestir a nº13 e combinar com Tomás Appleton no par de centros, permitindo a Manuel Cardoso Pinto (ou Vincent Pinto) a aparecer no três-de-trás, com esta alteração a poder dar outra capacidade de penetração nos centros, explorando a velocidade e poder de aceleração do actual atleta do Dax Rugby.

O eixo dos 3/4’s portugueses passará por Samuel Marques-Jerónimo Portela-Tomás Appleton-Nuno Sousa Guedes, sendo que estes cinco terão a obrigação de colocar a máquina das linhas atrasadas a carburar nos momentos de contra-ataque, rotura defensiva adversária, compensação defensiva, ou seja, o normal esperado. Porém, nesta repescagem, são estes cinco que devem trazer um equilíbrio de pensamento coerente, que possa influenciar a equipa positivamente, em especial naqueles 15 minutos finais de cada jogo.

Não há dúvidas que os avançados portugueses são extremamente influentes muito para além das fases-estáticas ou do simples carregar a oval nos piques, pois a habilidade e técnica individual no jogo ao largo oferece um fluxo de jogo largamente superior, e que pode ser decisivo em certos momentos. Contudo, se os 3/4’s forem “asfixiados” ou não conseguirem criar espaço, então teremos jogos decididos na disciplina e fases-estáticas, dois sectores onde os EUA sentem-se mais à vontade.

EM QUE SECTORES OS LOBOS PODEM TER SUPERIORIDADE?

Já mencionámos no ponto anterior, mas é sempre importante reforçar os sectores onde os “Lobos” são superiores ou, pelo menos, melhores em comparação com cada um dos seus adversários neste Torneio de Qualificação: velocidade de processos entre unidades de ataque; defesa móvel e com larga capacidade para capturar a oval no breakdown; skills individuais, seja na primeira-linha ou qualquer unidade dos 3/4’s; virtuosismo técnico e imprevisibilidade de decisões e opções; sistema de suporte não só de apoio normal, como de conseguir dar sequência rápida e inteligente a uma fase-de-jogo sem ter de ir ao chão; contra-ataque veloz e competente.

E onde Portugal tem de melhorar antes ou durante desta competição? Dois sectores em especifico que podem ser decisivos: a resposta aos últimos 20/15 minutos de cada jogo, uma vez que os “Lobos” já perderam 5 dos últimos 12 nesse período (Roménia por duas vezes, Geórgia, Argentina XV e Itália), deixando escapar alguns pontos de bónus quer ofensivos ou defensivos que tinham sido fulcrais no caminho para a qualificação directa para o Mundial de 2023. Seja por perda de foco, queda anímica ou por não encontrarem solução perante os erros de disciplina, a selecção portuguesa tem deixado escapar algumas vitórias nessa recta final dos encontros, um período onde os All Blacks, por exemplo, iam buscar as vitórias entre os anos 2007-2019.

O outro ponto mais problemático é a disciplina, sector onde, por exemplo, contra os Estados Unidos da América poderá significar pontos sofridos. Nos internacionais de Julho, ou frente à Roménia em passado Março, Portugal concedeu uma média de 16 penalidades, com a larga maioria a surgir nos 25 minutos finais de cada encontro, possibilitando uma reviravolta do adversário. Caso os “Lobos” consigam diminuir a margem de erro em ambos os departamentos de jogo, dificilmente o bilhete do Mundial fugirá para outra selecção.

O QUE ESPERAR DE CADA ADVERSÁRIO?

Já falámos qual o tipo de jogo ou estratégia mais usual de cada um dos adversários dos “Lobos” para o Torneio de Qualificação, mas voltamos a referir um ponto-chave em cada um dos adversários que pode trazer problemas de diversa escala:

    • Quénia: intensidade física e fisicalidade alta. Não são dotados nos alinhamentos, oferecem uma boa réplica na formação-ordenada, gostam de instigar o contacto e procuram o envolvimento constante dos centros como veículos de penetração na defesa contrária;
    • Hong Kong: jogo ao pé de bom nível e agressividade táctica competente. Não sendo um conjunto que consiga impor um jogo ofensivo “bonito” ou uma defesa de constante dobragem, Hong Kong procura muito o erro do adversário, aproveitando bem as penalidades para iniciar mauls dinâmicos, ou fazer mossa em saídas curtas do abertura com centros e asas;

  • Estados Unidos da América: fases-estáticas bem limadas e frieza no aproveitamento de erros. É a selecção de longe mais completa dos três adversários de Portugal, e quem teve mais tempo para se preparar enquanto grupo, o que pode acarretar problemas para os “Lobos”. Dureza no contacto, boa elasticidade nas combinações nas linhas-atrasadas, formação-ordenada galopante e exigência física tremenda.

O Torneio de Qualificação para o Campeonato do Mundo 2023 começa já este Domingo, e podem acompanhar todo o torneio via Sporttv. Ainda não é certo que a World Rugby vá fornecer um streaming gratuito a partir das suas redes sociais. Se quiserem ficar a saber mais sobre os adversários de Portugal, o Rugby Gloval em associação com o Fair Play está a produzir textos nesse sentido.


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