A caminho da repescagem: os 30 convocados dos “Lobos”

Francisco IsaacOutubro 26, 20227min0

A caminho da repescagem: os 30 convocados dos “Lobos”

Francisco IsaacOutubro 26, 20227min0
Fica a conhecer os "Lobos" convocados para o Torneio de Repescagem World Rugby que vai ditar o futuro da oval portuguesa

A 24 de Outubro deste ano, Patrice Lagisquet com o seu staff técnico, lançou a convocatória para o Torneio da Repescagem, com o vencedor desse torneio a receber o último convite para estar presente no Campeonato do Mundo de Rugby masculino de 2023. 30 jogadores estarão no Dubai a representar os “Lobos”, começando o torneio frente a Hong Kong no dia 6 de Novembro (16h30), seguindo-se o Quénia no dia 12 (14h00) e, finalmente, Estados Unidos da América a 18 (17h30), sendo uma corrida ao “ouro” desenfreada que vai requerer toda a paciência e controlo emocional do conjunto português, naquilo que será quase uma cópia da fase-de-grupos de um Mundial, com três jogos no espaço de três semanas.

Em relação aos convocados, dividimos os jogadores por aqueles que estão a jogar em Portugal, com os que actuam em França:

António Santos (Pilar – Belenenses Rugby), António Prim (Pilar – GD Direito), David Costa (Pilar – GD Direito), Duarte Diniz (Talonador – GD Direito), Duarte Torgal (2ª Linha – GD Direito), José R. Andrade (2ª Linha – Agronomia Rugby), Rafael Simões (2ª/3ª Linha – CDUL), David Wallis (Asa – Belenenses Rugby), João Granate (Asa – GD Direito), João Belo (formação – CDUP), Pedro Lucas (formação – Técnico Rugby), Jerónimo Portela (abertura – GD Direito), Tomás Appleton (centro – CDUL), Manuel C. Pinto (ponta/defesa – Agronomia) e Nuno Sousa Guedes (defesa – CDUP);

Anthony Alves (Pilar – Stade Montois/ProD2), Diogo Ferreira (Pilar – Dax Rugby/Nationale), Francisco Fernandes (Pilar – Béziers-Hérault/ProD2), Mike Tadjer (Talonador – Perpignan/Top14), Lionel Campergue (Talonador – Rumilly/Nationale 2), José Madeira (2ª Linha – Grenoble Rugby/ProD2), Nicolás Martins (2ª/3ª Linha – Angoulême/ProD2), Steevy Cerqueira (2ª Linha/3ª Linha – Chambéry/Nationale), Thibault Freitas (Nº8 – Floirac/Nationale2), Samuel Marques (Formação – Carcassonne/ProD2), José Lima (Centro – Narbonne/Nationale), Rodrigo Marta (Centro/Ponta – Dax Rugby/Nationale), Simão Bento (Defesa/Ponta – Stade Montois/ProD2), Raffaele Storti (Ponta – Béziers-Hérault/ProD2) e Vincent Pinto (Ponta – Pau/Top14);

15 atletas a jogar na Top10 português e/ou Lusitanos, e 15 a representar as cores lusas nos campeonatos profissionais franceses, configurando uma combinação já normalizada – felizmente – desde que Patrice Lagisquet chegou aos “Lobos”, tendo subido o nível de qualidade da selecção nacional, para além da notoriedade a nível internacional. Mas terá sido esta uma convocatória justa e a melhor? Existem algumas dúvidas e questões que tentaremos aplacar neste artigo, sem desmerecer as preocupações ou entusiasmos dos adeptos portugueses.

PRIMEIRA-LINHA

Comecemos pela primeira-linha portuguesa, com seis pilares e três talonadores a receberem a chamada. Com Anthony Alves e Francisco Fernandes a agarrarem, em principio, a titularidade a par de Mike Tadjer (a única dúvida pode ser a introdução de Diogo Hasse Ferreira no lugar de Anthony Alves), Portugal terá uma 1ª linha de excelente qualidade e competência para começar os jogos, com António Santos, António Prim, Lionel Campergue, Duarte Diniz, Diogo Hasse Ferreira e David Costa a estarem como suplentes. Cody Thomas, Loïc Bournonville, Lucas da Silva (este não terá estado disponível para representar os “Lobos”) e Geoffrey Moïse poderiam ser adições importantes, especialmente o primeiro devido à sua experiência e forma física.

SEGUNDA E TERCEIRA-LINHA

Entre 2ªs e 3ª linhas, não há muito para dizer, uma vez que foram convocados aqueles que têm estado mais envolvidos nos trabalhos da selecção nacional nos últimos tempos. A luta na 2ª estará em quem ocupará o lugar ao lado de José Madeira, existindo uma série de possibilidades, seja por Rafael Simões poder assumir o lugar de 2ª linha, ou Steevy Cerqueira conquistar essa vaga, correndo por “fora” José de Andrade e Duarte Torgal. Na 3ª há também uma série de opções, com a dúvida se Nicolás Martins poderá ser a surpresa no XV titular.

PAR DE MÉDIOS

No par de médios, Samuel Marques e Jerónimo Portela vão vestir as camisolas nº9 e nº10, com Pedro Lucas e João Belo a concorrem como segundas opções. Aqui surge o primeiro problema, caso Jerónimo Portela se lesione ou necessite de alguma gestão de jogo: quem vai ocupar o lugar de abertura? As soluções podem passar por Samuel Marques (na temporada passada terminou uma boa parte dos jogos nessa posição pelo Carcassonne), Nuno Sousa Guedes e Tomás Appleton (jogou como abertura em dois jogos pelos Lusitanos), contudo nenhuma oferece a segurança necessária. Em Portugal só Domingos Cabral e José Rodrigues poderiam ser suplentes directos ao nº10 do GD Direito, mas o primeiro ainda não faz parte do núcleo duro de opções, e o segundo não conta para os trabalhos da selecção nacional.

CENTROS

Passando para os centros, José Lima e Tomás Appleton deverão voltar a formar uma dupla de sucesso, apesar de Rodrigo Marta poder se intrometer e, com todo o mérito, forçar a um debate sério se o agora jogador do Dax Rugby poder ocupar o lugar de 2º centro. Não existindo mais suplentes para a posição de centro, será interessante perceber se a ideia de Patrice Lagisquet poderá passar por um destes três nomes ocupar um lugar no banco de suplentes. A grande ausência é, sem dúvida alguma, Pedro Bettencourt, titular no Oyonnax da ProD2, um jogador que até pode actuar como defesa caso seja necessário, acabando por não merecer o bilhete para o Dubai.

TRÊS-DE-TRÁS

Partindo do principio, que o eixo de centros serão Appleton-Lima, o três-de-trás passará por usar Raffaele Storti (11), Rodrigo Marta (14) e Nuno Sousa Guedes (15), impondo um trio altamente letal, dotado técnica e tacticamente, podendo oferecer uma segurança importante no jogo ao pé – é uma dos recursos principais dos EUA, procurando instigar o erro contrário. Manuel Cardoso Pinto – em grande forma física e mental -, Vincent Pinto (retornou de lesão e ainda não somou qualquer jogo pelo Pau) e Simão Bento são a segunda-linha de soluções para o três-de-trás, o que garante alguma paz e conforto aos adeptos portugueses. A grande dúvida vai para a ausência de Dany Antunes, que estando em boa condição física – especialmente comparado com Vincent Pinto – e podendo ser um chutador de franca qualidade, teria sido útil à convocatória.

Posto isto, Portugal apresenta ou não a melhor equipa possível para este Torneio de Repescagem? Neste momento, sim. Tirando Vincent Pinto, todos os outros jogadores estão num momento alto de forma física, seja por estarem a jogar nos Lusitanos ou nos campeonatos profissionais, apresentando uma rodagem superior aos atletas de Hong Kong, Quénia e EUA, sendo que os norte-americanos estão há 3 semanas na África do Sul a realizar amigáveis com diferentes franquias do País do Arco Íris.

O problema vai para o pouco tempo de preparação enquanto grupo-de-trabalho, uma vez que os atletas a jogar fora de Portugal só estarão disponíveis a partir do dia 2 de Novembro (data de abertura da época de Novembro dos Test Matches World Rugby), o que acaba por ser uma desvantagem. Porém, os Lusitanos têm trabalhado em conjunto nos últimos três meses, foi realizado um estágio em conjunto no início deste Outubro, e a capacidade física e anímica dos “Lobos” parece estar num ponto extremamente alto, o que são factores positivos para o Torneio de Repescagem.

Mais em cima do acontecimento iremos olhar para a competição, perceber como Portugal poderá ganhar os jogos e chegar ao Mundial, não sabendo ainda dos direitos de transmissão.


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