Vice-campeão entra a ganhar – o “Cross Kick” do Europeu de sub-18

Francisco IsaacOutubro 2, 20224min0

Vice-campeão entra a ganhar – o “Cross Kick” do Europeu de sub-18

Francisco IsaacOutubro 2, 20224min0
Portugal garantiu acesso à meia-final do Europeu de sub-18, derrotando a Alemanha por esclarecedores 52-03 e fica saber o que se passou no encontro

Começa com uma vitória “gorda” a campanha dos sub-18 no Europeu, encerrando o primeiro encontro com um 52-03 frente à Alemanha (promovido da temporada transacta), o que vale um lugar na meia-final que será frente à Espanha, e passamos, agora, a limpo o que se passou neste encontro de abertura.

MVP: PEDRO CORREIA (ABERTURA)

Não foi fácil escolher o MVP, pois mais de uma mão-cheia de jogadores realizaram exibições de excelente nível, a começar pelo combo na 3a linha, onde Diogo Raposo, André Cunha e Mateus Ferreira foram totalmente dominantes no seu trabalho individual e colectivo (desde as placagens mais dominantes à presença activa no transporte de bola), operando em sintonia e a garantir que a Alemanha se sentisse sempre inferiorizada. A par destes, poderemos juntar ainda juntar Guilherme Vasconcelos, com este último a apresentar uma passada que criou sistemáticos erros na defesa alemã, escapando o centro à primeira placagem quando tomou a decisão de ir ao contacto.

No meio da indecisão, acabámos por escolher o médio-de-abertura Pedro Correia, que mostrou uma boa gama de pormenores técnicos que foram decisivos para criar um resultado largo logo no primeiro quarto-de-hora, com o próprio n°10 a assistir ao pé para o segundo ensaio (desenhado com régua e esquadro) e último, sendo que nestes 5 pontos finais ficou visto o génio técnico à mão. Simplicidade nos processos, transmissão de passe bem socado e uma comunicação clara, foram outros dos elementos que permitiram Portugal estar constantemente a criar perigo no jogo contínuo, que só não ficou mais patente no resultado por quinze minutos de sucessivos de erros. Na conversão dos pontapés, o abertura completou seis conversões em oito possíveis, duas delas de elevado grau de dificuldade, podendo vir a ser importante esta capacidade em colocar a bola entre os postes frente à Espanha na meia-final do Europeu.

PONTO ALTO: PACK DÁ BONS SINAIS

A avançada portuguesa escolhida por João Uva e Miguel Leal entrou em campo a dominar, e saiu dele com esse factor ainda em mão, dobrando por completo os seus adversários alemães, que se viram asfixiados e constantemente sem opções para dar sequência ao seu plano de jogo. Já referimos o extraordinário trabalho realizado pela terceira-linha, que entre turnovers (3), placagens dominantes (6), conquistas da linhas-de-vantagem e quebras-de-linha (3) e ensaios (2) desestabilizou por completo a Alemanha, isto sem falar da mobilidade que a primeira-linha foi ofertando quando era chamada ao trabalho, ou a agilidade do par de saltadores em roubar as introduções alemãs (4) e a surgir em jogo aberto com António Andrade e Francisco Almeida a mostrar bons argumentos para lutar pela titularidade nas meias-finais.

O único senão talvez estará na formação-ordenada, que em duas situações acabou ligeiramente empurrado para trás – não perderam o controlo da oval em nenhum, importante referir este ponto -, frente a uma avançada que apesar de parecer forte, acabou por ser continuamente “engolida” pelo pack luso tanto nos (raros) mauls, piques, placagem. Mesmo com as substituições, Portugal nunca perdeu o domínio avassalador através da sua avançada, mantendo um controlo absoluto sem nunca perder de vista o objectivo de realizar os básicos, impor agressividade e ir atrás dos pontos, o que transmite confiança para o duelo ibérico neste Europeu de sub-18.

PONTO A REVER: ERROS DE PASSE EM DEMASIA E A EVITAR

Em qualquer jogo em que uma equipa constrói um resultado amplamente largo e confortável na primeira-parte, é provável que se assista uma ligeira queda de qualidade de jogo na segunda metade, e Portugal acabou por não ser excepção, com os jovens lobos sub-18 a cometerem 7 erros próprios no espaço de 15 minutos, evitando assim atingir um resultado ainda mais pesado. Passes feitos em cima do contacto e sem preparação, precipitações na transmissão de bola, pequenos esquecimentos do receptor da oval, e demasiada velocidade em momentos onde se pedia calma, acabaram por limitar o caudal ofensivo dos comandados de João Uva e Miguel Leal, com várias situações positivas de ataque a sofrerem um final menos bom, mas que não deverá, para já, preocupar os adeptos portugueses.

Como dissemos logo na abertura deste último ponto, é uma situação “normal” quando surgem erros excessivos na transmissão, controlo e recepção da bola depois de ter já a vitória praticamente assegurada, e basta olharmos para os primeiros 35 minutos deste encontro, período de tempo em que os portugueses somaram só 3 erros neste espectro, um dado minimamente promissor quando estamos a caminho das meias-finais deste Europeu.


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