Arquivo de João Mirra - Fair Play

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Francisco IsaacFevereiro 18, 20244min0

Portugal vai se deslocar ao Reino Unido para disputar um encontro frente à Inglaterra, com ambas as equipas a fazerem uso de atletas com poucas ou nenhumas internacionalizações, sendo um nível “A”, o que significa: não conta como internacionalização. Lobos e Rosas vão aproveitar para ver quem pode estar na linha de sucessão dos principais jogadores de ambas as selecções, e nestas notas vamos perceber quais os objectivos, jogadores e quem estará do outro lado do campo.

NOVIDADES AO CUBO E… COM POTENCIAL

Do conjunto de jogadores que tem jogou nas últimas três semanas para o Men’s Rugby Europe Championship 2024, Portugal só irá alinhar Abel da Cunha, André Arrojado, António Prim, Vasco Baptista, Manuel Picão, Boaventura Almeida, Pedro Lucas, José Rodrigues, José Lima, Tomás Appleton, Manuel Cardoso Pinto,Duarte Azevedo e Pedro Vicente, sendo que só quatro destes jogadores estiveram presentes no Mundial de Rugby 2023. Ou seja, João Mirra e o restante staff técnico vão trabalhar este encontro como uma forma de rampa de lançamento de alguns atletas, percebendo a profundidade de opções que ainda existem para além dos 40 nomes principais, algo que será importante para as próximas temporadas.

De França foram convocados algumas surpresas como Jayson Rodrigues (Massy, 20 anos e talonador), Gabriel Aviragnet (Albi, 20 anos e abertura) e Clément Ribeiro (Rouen Normandie, 21 anos e 3ª linha), sendo que este último esteve já na preparação para o jogo frente à Roménia. Do campeonato nacional notam-se uma série de estreias como Manuel Vareiro (GD Direito, 19 anos e abertura), Alfredo Almeida (GDS Cascais, 19 anos e centro/ponta), Manuel Worm (CF “Os Belenenses”, 19 anos e pilar), entre outros. Kévin Baptista, que esteve no grupo para pré-Campeonato do Mundo, volta a ser convocado também e poderá aqui ter a sua oportunidade para voltar a ser visto como uma solução na equipa principal.

Também de notar que José Maria Vareta do GD Direito e João Cabaço do GDS Cascais estão também no grupo de trabalho.

É uma selecção com poucas internacionalizações e inexperiente, mas esse é o propósito deste Portugal “A”.

E O QUE VAI A INGLATERRA APRESENTAR?

Os ingleses vão apresentar uma selecção similar à de Portugal em termos de experiência/internacionalizações, mas com vasta qualidade e que têm jogado constantemente ao mais alto nível no campeonato inglês. Destaques para Alfie Barbeary, um nº8 supra agressivo e Charlie Atkinson, um fantasista que tem espantado Gloucester. Em termos de atletas que já jogaram pela selecção principal inglesa, destaque para Harry Randall (2 int.), Ollie Hassell-Collins (2 int.), Nick Isiekwe (11 int.), Jamie Blamire (7 int.) e Tom Pearson (1 int.)

Isto demonstra que os ingleses também querem testar uma série de jogadores que podem estar no viaduto para chegar ao patamar máximo do rugby inglês, tendo já conquistado o seu espaço na Premiership. Isto não significa que não podem criar enormes dificuldades, pelo contrário, já que nomes como Ollie Hassell-Collins, Alfie Barbeary e Nick Isiekwe precisam deste jogo para se mostrar e ganhar os galões necessários para conquistar a atenção de Steve Borthwick.

O QUE ESPERA A PORTUGAL…

Casa cheia… possivelmente estarão 25 mil pessoas a assistir a este encontro no Mattioli Woods Welford Road, casa dos Leicester Tigers. Pressão ao cubo, adeptos desejosos de ver o que os Lobos podem fazer frente à Inglaterra, carregados de expectativas. É importante não exigir resultados e não esperar que Portugal saia de Inglaterra com a vitória, e caso o encontro corra mal os adeptos nacionais não podem entrar num vórtice negativo, pois isto é um jogo que conta pouco ou nada em termos efectivos.

O jogo mais importante é frente à Espanha no primeiro fim-de-semana de Março e depois a final para ser realizada em Paris, seja a final de Ouro ou Bronze, seguindo-se aquele que é o jogo mais importante do ano: frente aos Springboks na África do Sul.

Neste momento não avançamos com um XV para o encontro porque subsistem várias dúvidas. Contudo, é importante aplaudir o facto dos Lobos estarem a construir um grupo largo, faltando só definir um projecto para os próximos dez anos e garantir um staff técnico estável, em que João Mirra esteja incluído e com um papel central.

O encontro está marcado para o próximo Domingo dia 25 de Fevereiro às 13h00.

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Francisco IsaacDezembro 3, 20235min0

Os Lusitanos irão disputar o 5º lugar da RE Super Cup 2023, depois de terem garantido uma folgada vitória por 53-08, num encontro que a equipa até começou a perder por 3 pontos, recuperando rapidamente. Os três destaques deste encontro ficam aqui.

MVP: NUNO SOUSA GUEDES (DEFESA)

Num jogo que começou de forma muito cinzenta e que realmente só teve melhorias após a primeira meia-hora, dois jogadores estiveram em excelente nível: Nuno Sousa Guedes e Manuel Picão. A nossa escolha acaba por recair no defesa, muito por ter sido ele a inventar três dos oito ensaios marcados pela franquia portuguesa. O primeiro ensaio de Vasco Durão adveio de um grubber inteligente e que apanhou a defesa neerlandesa desprevenida, colocando os Lusitanos na frente do resultado pela primeira vez no encontro. Já antes tinha sido responsável por resolver uma série de situações negativas para o conjunto treinado por João Mirra, apostando bem no jogo ao pé, colocando, deste modo, a oval longe e a obrigar a oposição a recomeçar do início todo o processo ofensivo.

Liderou bem a partir de trás, foi sendo uma das “âncoras” da equipa nas situações mais críticas, envolvendo-se no ataque sempre de forma positiva com isto a dar outra dimensão mental e “agressiva” positiva a uma equipa que só registou a sua primeira vitória neste fim-de-semana. Por fim, Manuel Picão merece o aplauso pela fisicalidade imposta, conquistando várias vezes a linha-de-vantagem, indo muito contra a dormência que se fazia sentir nos Lusitanos. Aplicou uma série de placagens de alto impacto, capturou duas bolas no breakdown e foi um daqueles portadores de bola que devolveu confiança aos seus colegas de equipa em períodos importantes do encontro.

PONTO ALTO: UMA SEGUNDA PARTE À LUSITANOS

Já havia saudades de ver os Lusitanos a dominar, com a segunda metade do encontro frente ao Delta a ter sido de sonho, com a equipa portuguesa a marcar 6 ensaios e a deixar a equipa neerlandesa encostada à sua área durante quase 30 minutos. Houve agressividade, fisicalidade, volatilidade e vontade de jogar com a bola, de respeitar e seguir os básicos, de manter uma posse segura e inteligente, dando espaço às linhas-atrasadas para encontrarem formas de penetrar na defensiva contrária. A franquia portuguesa subiu de nível logo após saírem dos balneários, com uma série de sequências de ataque fulminantes e que foram forçando ao conjunto contrário a cometer faltas constantes (no fim do encontro acabaram mesmo por jogar com 13), com Pedro Lucas e Jorge Abecassis a terem melhorado bastante na segunda metade, isto no que toca ao comandar o jogo e a dar boa bola. A defesa não foi só efectiva, mas inteligente, realizando quase uma dezena de turnovers, parâmetro que Duarte Torgal, David Wallis ou João Granate se destacaram.

O virtuosismo de Nuno Sousa Guedes foi importante para conferir eficácia às oportunidades que foram surgindo, surgindo bem Vasco Durão, Manuel Picão e José Paiva dos Santos que subiram na dose de “letalidade”, essencial para garantir um resultado “gordo” no fim deste encontro a contar para a meia-final “Ranked” da Rugby Europe Super Cup 2023. Em especifico… houve maior alegria e um querer ter a bola, sem comprometer a posse de bola.

PONTO A MELHORAR: DORMÊNCIA À ENTRADA PODIA TER CUSTADO CARO

Os primeiros 20 minutos dos Lusitanos foram uma repetição do que se passou nas últimas três jornadas, com este período a ter sido cinzento e a permitir que os jogadores do Delta se aproximassem da área de ensaio. Valeram uma boa dose de excelentes placagens que forçaram erros no conjunto neerlandês, mas foi preocupante ver como, a certa altura, os Lusitanos pareciam ser um grupo de atletas perdidos, dominados pela inércia e à espera que algo caísse do céu, seja por via de uma jogada de Nuno Sousa Guedes ou um pontapé bem medido de Jorge Abecassis.

Demorou até a equipa voltar a ganhar noção da sua qualidade e a querer realmente a ter o controlo de bola e jogo nas suas mãos, recuperando alguns daqueles indíces altos de confiança que se viu tanto em 2021 como 2022, acabando por estar aí a chave pelo quase a equipa passou de um 08-15 para um 08-53 em apenas mais 40 minutos, ficando até a ideia que o resultado podia ter sido ainda mais “gordo”. Agora resta o jogo para o 5º lugar, fechando esta temporada de uma forma minimamente positiva e que abra expectativas para uma nova época de Super Cup, caso aconteça, claro está.

NÚMEROS E DADOS DO JOGO

Pontuador máximo: Jorge Abecassis – 11 pontos (4 conversões e 1 penalidade);
MVP: Nuno Sousa Guedes
Chutador: Jorge Abecassis – 11 pontos (4 conversões e 1 penalidade);
Turnovers: Vários – 1;
Ensaios: Vasco Durão (2), Vasco Leite, João Bello, Pedro Lucas, José Paiva dos Santos, Rodrigo Freudenthal e Pedro Vicente


Quem somos

É com Fair Play que pretendemos trazer uma diversificada panóplia de assuntos e temas. A análise ao detalhe que definiu o jogo; a perspectiva histórica que faz sentido enquadrar; a equipa que tacticamente tem subjugado os seus concorrentes; a individualidade que teima em não deixar de brilhar – é tudo disso que é feito o Fair Play. Que o leitor poderá e deverá não só ler e acompanhar, mas dele participar, através do comentário, fomentando, assim, ainda mais o debate e a partilha.


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