3 Destaques da Final do Super Rugby Aotearoa 2021

Francisco IsaacMaio 8, 20216min0

3 Destaques da Final do Super Rugby Aotearoa 2021

Francisco IsaacMaio 8, 20216min0
Os vossos campeões do Super Rugby Aotearoa 2021 são os Crusaders e nós contamos como derrotaram os Chiefs por 24-13 neste artigo de análise

Os Crusaders são os novos-velhos campeões do Super Rugby Aotearoa, atingindo o 5º título em 5 anos, isto depois de uma final emocionante mas que acabou com o resultado do costume. A nossa análise ao que se passou nesta final da competição de franquias neozelandesa explicada em três destaques!

O DESTAQUE: CRUSADERS

Dinastia, império, hegemonia ou pura classe, qualquer destes epítetos podem e devem ser aplicados aos Crusaders de Scott Robertson, depois de terem conquisto mais um título no Super Rugby, atingido assim o 5º no mesmo número de finais jogadas. Foi um jogo que requereu extrema paciência e algum sofrimento em certos períodos de tempo, em especial quando estiveram reduzidos a 13 jogadores (amarelos justificados a Codie Taylor e Sevu Reece), impondo-se aí o momento de maior pressão sobre os agora bicampeões do Super Rugby Aotearoa, sem que os Chiefs conseguissem materializar em pontos, pois só foram capazes de somar mais três pontos, quando tinham a obrigação ou, melhor, a necessidade de ambicionar chegar à área de validação, algo que nunca aconteceu até ao fim do encontro.

Como é que os Crusaders ganharam? Eficácia nos primeiros 20 minutos, gestão territorial e coordenação completa defensiva ao intervalo, evitando oferecer qualquer espaço a mais aos seus adversários dentro dos 22 metros, o que forçou aos Chiefs apontarem aos postes nas várias penalidades disponibilizadas (McKenzie falhou 3 quando não podia tê-lo feito) e uma concentração inabalável quando o encontro caiu para um período mais anárquico, em que tudo poderia acontecer, ou pelo menos que aparentava esse cenário.

Apesar da indisciplina durante a maior parte do encontro, tendo até estado com uma diferença de 10 penalidades aos 65 minutos, os Crusaders souberam limitar espaços, forçar uma derivação de jogo aos Chiefs (que piorou quando Damian McKenzie passou para abertura, perdendo assim o factor X no jogo contínuo) e pouco a pouco conseguiu impor aquela fisicalidade desmoralizante, vinda de jogadores como Cullen Grace, Codie Taylor, Samuel Whitelock ou Tom Sanders, para além da inteligência defensiva vinda de David Havili, sem esquecer a constante manha e dinamiso de Richie Mo’unga ou Will Jordan.

Coesão, força mental e cinismo foram, são e serão as maiores “armas” da artilharia dos Crusaders, que assim chegam ao 2º título do Aotaeroa e ao 5º troféu nos últimos 5 anos.

O “DIAMANTE”: DAVID HAVILI (CRUSADERS)

Richie Mo’unga foi decisivo quando mais importou, apesar de ter estado mais limitado na primeira-parte, e Damian McKenzie teve números similares ao seu rival dos Crusaders mas falhou em demasia no jogo ao pé, tendo até sido ele a abrir a brecha que levou ao drop dos Crusaders que ajudou a definir o jogo. Porém, o MVP da final vai para David Havili, o polivalente e multifacetado jogador dos 3/4’s dos bicampeões do Aotearoa, e a explicação passa por duas situações.

O primeiro factor foi a plataforma defensiva que Havili conferiu ao mesmo tempo eficácia e largura, evitando que Damian McKenzie e o seu par de centros explorasse com mais profundidade – só derrubaram essa estratégia por duas ocasiões, a primeira no ensaio do defesa/abertura e, a segunda, no fim do encontro quando Chase Tiatia teve uma oportunidade clamorosa para chegar ao ensaio ou pelo menos assistir o seu parceiro à ponta -, evitando surgir um dano problemático para os Crusaders. Havili revezou os seus colegas de equipa em diversas situações, conseguiu parar Alex Nankivell e Anton Lienert-Brown em três ocasiões em que os centros preparavam-se para iniciar uma daquelas manobras ofensivas rápidas e de extremo perigo, aplicou 11 placagens e foi aquela sinergia absoluta defensiva que deu outra dimensão aos Crusaders.

O segundo aspecto vai para o quão exímio é com a bola em seu poder, com um poder especial para oferecer boas linhas de passe para a sua equipa, funcionando excelentemente com Richie Mo’unga e Will Jordan, sendo um perigo constante no jogo ao pé, plataforma pelo qual assistiu Will Jordan para o 2º ensaio do encontro desta final do Super Rugby Aotearoa 2021.

Infelizmente, o valor de David Havili será sempre algo ofuscado pela maior exuberância de outros grandes nomes dos Crusaders ou do rugby neozelandês, sendo que o centro/defesa/ponta/abertura tem sido um dos mais extraordinários atletas da história da franquia de Christchurch.

O “DIABRETE”: CHIEFS ENSINAM COMO PERDER OPORTUNIDADES PARA GANHAR

Os Crusaders foram justos campeões deste Aotearoa, mas os Chiefs podiam ter perfeitamente levantado o título caso tivessem sido mais cínicos em diversos momentos do encontro, seja nos pontapés não convertidos de Damian McKenzie (um total de 9 pontos), nos três alinhamentos juntos à área de ensaio dos seus rivais (dois mauls dinâmicos completamente destruídos) e duas jogadas que tinham de ter um último passe, que nunca foi esboçado. Nervosismo a mais, desconcentração quase total naquele período em que estavam a jogar contra 13 e erros gritantes que só convidaram os homens de Scott Robertson a voltar a dominar o encontro e a chegar à vitória plena, podendo tudo isto ter sido evitado caso os Chiefs tivessem respirado e assentado a sua metodologia de enervar quem está do outro lado.

Veja-se que isso aconteceu entre os últimos 20 minutos da primeira parte e os 15 iniciais da segunda metade desta final, irritando os Crusaders ao ponto destes cometeram 8 faltas quase consecutivas e a cederem demasiado espaço em frente dos seus postes, o que deveria ter dado uma injeção de confiança à franquia liderada por Clayton McMillan, tendo o efeito sido o contrário. Quando Sevu Reece recebeu ordem de expulsão temporária e os Crusaders estavam então reduzidos a 13 jogadores, Damian McKenzie, Anton Lienert-Brown, Lachlan Boshier, entre outros, deixaram a “pressa de marcar pontos” entrar na cabeça, perdendo o rumo e o foco de realmente atingir esse objectivo, despejando contínuos pontapés para as mãos da, talvez, equipa mais segura neste aspecto, com isto a retirar toda a mobilidade e agilidade da estrutura ofensiva dos Chiefs, algo que numa final não pode acontecer, especialmente quando quem está do outro lado são uma das maiores dinastias de todos os tempos.

Tanto o 1º ensaio dos Crusaders como o 2º advêm de dois erros pouco percetíveis de Damian McKenzie (leitura errada e precipitação) e do três-de-trás, como a jogada em que originou o drop, abrindo caminho assim para uma derrota quase-justa na final do Super Rugby Aotearoa.

OS STATS DA JORNADA

Melhor marcador de pontos (jogador): Richie Mo’unga (Crusaders) – 14 pontos
Melhor marcador de pontos (equipa): Crusaders – 24 pontos 
Melhor marcador de ensaios (jogador): Vários – 1
Melhor placador: David Havili (Crusaders) – 11 (apenas 1 falhada)
Maior diferencial no ataque (jogador): Richie Mo’unga (Crusaders) – 90 metros conquistados, 2 quebras-de-linha, 4 defesas batidos e 1 assistência


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