Rugby Europe Trophy 2023: a prestação dos “Lobas” pt.2

Francisco IsaacAbril 19, 20239min0

Rugby Europe Trophy 2023: a prestação dos “Lobas” pt.2

Francisco IsaacAbril 19, 20239min0
Francisco Isaac analisa a campanha 100% vitoriosa das "Lobas" no Rugby Europe Trophy 2023, num artigo dividido em duas partes

Depois de na parte 1 termos visitado alguns dos números e melhores estatísticas associadas à campanha de Portugal no Rugby Europe Trophy 2023, é altura de escolher as melhores atletas e de explicar o porquê do staff liderado por João Moura merecer nota 5 por aquilo que foi atingido em 2023.

MVP NOS AVANÇADOS: SARA MOREIRA (Nº8)

Decididamente, a melhor unidade dos avançados de Portugal durante Rugby Europe Trophy 2023, não só pelos ensaios e assistências (4/2), mas sobretudo pela coesão que ofereceu à equipa tanto nas fases-estáticas, como envolvimento no jogo mais fluído, oferecendo sempre uma linha-de-apoio de excelência que deu uma variedade de opções de melhor qualidade.

A nº8 é de uma extrema dureza no que toca ao contacto, conseguindo ganhar a linha-de-vantagem e garantir um ponto de ataque positivo para a selecção nacional, somando-se ainda a agressividade imposta na placagem e eficácia no obter metros ou oportunidades a partir das fases-estáticas. Soube liderar a avançada em certos e determinados momentos, e fecha a época como a melhor marcadora de ensaios individual de Portugal no Rugby Europe Trophy 2023.

MVP NOS 3/4’S: DANIELA CORREIA (DEFESA)

39 pontos, 2 ensaios, 4 assistências, 6 quebras-de-linha, 13 defesas batidos e uma classe vertiginosa que realmente fez a diferença para as “Lobas”, possuindo um sidestep letal e uma visão de jogo que realmente fornece à equipa as “armas” suficientes para chegar a zonas do campo mais adiantas de uma forma rápida e célere.

A mentalidade vencedora e de nunca desistir contagia a equipa, assumindo-se como uma das líderes a partir da linha de 3/4’s, isto sem falar do impacto que tem na agilização do ataque de Portugal, e no desenhar jogadas que levam as suas colegas de equipa a zonas do campo mais adiantadas. Talvez o jogo ao pé não tenha sido o melhor, mas olhando para o cômputo geral, Daniela Correia é de longe a melhor chutadora das Quinas, e os 29 pontos convertidos são prova viva disso, podendo melhorar nas épocas que se seguem. Génio imenso com a oval nas mãos, unidade eficiente com os pés, e uma solução para os vários problemas que possam surgir pela frente.

AFIRMAÇÃO DE 2023: MATILDE GOES (PONTA)

A ascensão auspiciosa da jovem ponta de 20 anos do SL Benfica continuou em 2023, e a exibição contra a Chéquia ainda faz as delícias de quem clica no replay. Matilde Goes é uma ponta que não só tem um grande poder de aceleração e uma agilidade letal, como sabe trabalhar no contacto com eficiência, dando corda às pernas, com o 2º ensaio a ser um exemplo perfeito da força, raça, crença e capacidade técnica individual.

A somar a isso, a ponta foi responsável por quatro quebras-de-linha, cinco defesas batidos, seis tackle-busts, valendo-lhe ainda três ensaios e uma assistência, naquele que foi o seu 1º Rugby Europe Trophy da carreira! Espera-se agora que continue nesta linha de crescimento, sendo uma das jogadoras que vai ser uma das caras da selecção nacional portuguesa nos próximos anos.

DESEMPENHO DE JOÃO MOURA (E STAFF): NOTA 5

4 vitórias, apenas dois ensaios consentidos, subida de divisão garantida, 20 pontos conquistados em 20 possíveis, e uma qualidade exibicional bem alta… não se pode pedir muito mais a João Moura e ao staff português que levou Portugal a garantir a promoção ao Championship, pela primeira vez na sua história, e apenas um depois de terem voltado à actividade.

Decididamente, não é fácil conseguir o que estas “Lobas” conquistaram no espaço de 12 meses, dominando por completo nesta divisão com um rugby requintado, notando-se que há espaço para as atletas arriscarem e assumirem as responsabilidades de desenhar a sua forma de jogar, desde que cumpram parte do plano de equipa. Um ponto que merece todos os elogios possível, é o facto da avançada ter sido altamente dominante durante toda a competição, forçando erros e penalidades sucessivas nos blocos contrários, com a formação-ordenada a se mostrar não só competente, como agressiva, querendo atacar a oposição e a controlar o ritmo e intensidade em cada encaixe.

Portugal está claramente no caminho de se desenvolver como uma séria equipa que vai lutar pelos 2º ou 3º posto no Rugby Europe Championship – dificilmente alguma das outras selecções vai conseguir fazer frente à Espanha, formação que necessita urgentemente de ascender às Seis Nações -, mostrando assim a imensa qualidade que existe no rugby nacional.

Uma nota final para todo o trabalho realizado por Francisco Goes e a estrutura afecta ao rugby feminino português, que souberam liderar e tratar seriamente de um departamento que merecia atenção há vários anos atrás.


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