Portugal vs Inglaterra “A”: os destaques do encontro

Francisco IsaacFevereiro 25, 20244min0

Portugal vs Inglaterra “A”: os destaques do encontro

Francisco IsaacFevereiro 25, 20244min0
Portugal sofreu uma das piores derrotas internacionais, num jogo em que a Inglaterra "A" ganhou por 91-05 e Francisco Isaac analisa o encontro

Pouco ou nada há a dizer do que se passou em Welford Road, com a selecção nacional de Portugal a sofrer uma pesada derrota por 91-05, uma das piores de sempre a nível internacional e que poderá ter consequências em termos de imagem, sendo estes os três destaques do encontro.

O MVP: MANUEL VAREIRO (ABERTURA)

Nota extremamente positiva para Manuel Vareiro que para além do ensaio mágico marcado na segunda-parte, o abertura tentou ainda puxar pela equipa e criar alguns momentos especiais, ficando bem patente o porquê de ser um dos jovens mais interessantes a seguir do rugby nacional, isto no que concerne ao ataque. O atleta do GD Direito de 19 anos é um entusiasta que gosta de criar caos e acelerar a equipa, necessitando só de apurar os seus timings e limar algumas arestas em termos de precipitação das suas decisões, algo que vem com tempo e mais jogos.

O virtuosismo no único ensaio de Portugal, ou nas poucas jogadas que tentou desenvolver merece aplausos, mostrando novamente o porquê de merecer sair para outros voos e tentar atingir um nível que lhe parece estar destinado, necessitando só de mais maturidade e experiência.

MELHOR PONTO: NUNCA DEIXARAM DE TENTAR

Não foi um resultado que se queira lembrar no futuro e não é algo que possa dizer que orgulhe qualquer adepto português. Contudo, o esforço imposto pelos jogadores foi notório, e mesmo com uma série de erros individuais e colectivos – esperados, uma vez que só treinaram como uma equipa desde de segunda-feira passada – este grupo que viajou até ao Reino Unido mostrou ser uma equipa que queria dignificar as cores nacionais, mesmo sabendo das suas limitações.

A primeira-parte foi complicada e difícil de engolir, notando-se algumas ténues melhorias na segunda, altura em que o resultado podia até se dilatado bem mais. Não há muito mais positivo para dizer, mas o esforço e entrega destes 23 jogadores merece um aplauso.

PONTO A MELHORAR: DISCORDÂNCIAS DE NOMENCLATURA

Sem querer criar dramatismos e tragédias romanas, a verdade é que o jogo foi vendido por quase todos como “Portugal vs Inglaterra “A”” e só muito mais tarde é que houve intenção de alterar a nomenclatura da selecção nacional para torná-la num conjunto “A” ou “XV”, que acabou por não colar por via de Portugal não ter registado na World Rugby nenhuma selecção com essa designação. A Federação Portuguesa de Rugby tentou dar isso a transparecer na comunicação social nacional, mas internacionalmente nunca foi devidamente explicado oficialmente, sendo que a própria Federação Inglesa de Rugby demonstrou à imprensa que o que tinha ficado acordado era Portugal vs Inglaterra “A”.

Importante lembrar que é impossível prometer que uma série de nomes vão jogar, até porque há lesões, os clubes da ProD2 ou Top14 têm uma força enorme a nível das instituições e o jogo não conta para ranking da World Rugby, um argumento que ainda abona mais a favor dos clubes não terem que libertar os jogadores. A calendarização do jogo é, no mínimo, questionável até porque já se sabia que o Men’s Rugby Europe Championship 2024 seria jogado nestas datas, e isto só adicionou mais stress e preocupações aos atletas e staff português, stress esse desnecessário num ano importante.

Lembrar que Portugal terá ainda um jogo frente à Irlanda AIL (AIL é a liga interna irlandesa, sendo uma selecção composta por atletas semiprofissionais e que estão a lutar para chegar às equipas das regiões, como Leinster ou Munster) entre a meia-final e a final do Men’s REC, sendo novamente questionável o agendamento de tal jogo, apesar da equipa contrária não ser tão estrelada como a da Inglaterra “A”.

Fica riscada a imagem de Portugal, até porque a larga maioria dos adeptos não percebeu o porquê da selecção nacional não ter trazido uma equipa mais experiente, quando toda a comunicação da FPR até segunda-feira passada era de “Portugal vs Inglaterra “A””. O jogo terminou e é importante olhar já para a Espanha, mas será também importante existir uma avaliação interna séria ao que se passou, o porquê deste agendamento e se realmente o resultado final favorece a alguém no final de contas.


Entre na discussão


Quem somos

É com Fair Play que pretendemos trazer uma diversificada panóplia de assuntos e temas. A análise ao detalhe que definiu o jogo; a perspectiva histórica que faz sentido enquadrar; a equipa que tacticamente tem subjugado os seus concorrentes; a individualidade que teima em não deixar de brilhar – é tudo disso que é feito o Fair Play. Que o leitor poderá e deverá não só ler e acompanhar, mas dele participar, através do comentário, fomentando, assim, ainda mais o debate e a partilha.


CONTACTE-NOS