O “Breakdown” do CN1: “Pelicanos” estancam a armada “encarnada”

Francisco IsaacFevereiro 13, 20197min0

O “Breakdown” do CN1: “Pelicanos” estancam a armada “encarnada”

Francisco IsaacFevereiro 13, 20197min0
A luta pelo 3º lugar continua animada, mas agora porque CR Évora e SL Benfica caíram nos seus jogos frente ao CRAV e Caldas, com os pelicanos a fazere uma grande exibição. Fica a descobrir o melhor e pior da jornada!

O Fair Play fará um acompanhamento semanal ao Campeonato Nacional 1, divisão onde habitam CRAV, Guimarães RUFC, RC Santarém, Caldas RC, RC Lousã, CR São Miguel, SL Benfica Rugby, Rugby Vila da Moita, RC Montemor e CR Évora. A liga já está em funcionamento mas só agora é que conseguimos fazer um acompanhamento sustentado ao CN1.

Os melhores momentos, ensaios, equipas e factos desta divisão!

ERROS E FACILITISMO ABRE ESPAÇO PARA A VITÓRIA DO CALDAS

Uma vitória inesquecível para o Caldas Rugby Clube que com o 30-29 terminou o fim-de-semana no 5º lugar de forma condicional, dependendo do que o São Miguel conseguir fazer ou não frente ao Rugby Clube de Santarém. Os “pelicanos” efectuaram uma das melhores exibições na defesa no Campeonato Nacional 1 com uma entrega total que causou graves problemas a um Sport Lisboa e Benfica algo debilitado, mas que não teve a mesma capacidade de decisão de que na jornada a anterior.

Como é que a equipa das Caldas da Rainha conseguiu atingir este feito brilhante? Defesa aguerrida e concentrada e um ataque altamente eficiente que aproveitou os momentos X para fazer pontos. Parece fácil, mas não é tanto assim quando do outro lado está uma equipa altamente agressiva no breakdown e que gosta de ter a bola em sua posse, por vezes de forma exagerada ou “caótica”.

Os “pelicanos” foram bem comandados pela voz de Salvador Cambournac, que prestou um serviço na defesa essencial, guiando a sua equipa para fechar o ataque encarnado em várias ocasiões, tapando as saídas de Urryel Torres (o centro/ponta está claramente num momento menos bom de forma, com algumas perdas de bola no contacto), Tiago Fernandes (outra boa exibição mas com muito menos espaço para sair a jogar) ou José Carvalho.

O abertura substituiu Rui Santos neste encontro sem conseguir fazer esquecer os dinamismos e maior dimensão ofensiva que o sub-20 traz ao jogo. Igualmente, Urryel Torres foi inferior à qualidade oferecida por Francisco Bessa, outra ausência de peso dos visitantes.

A menor versatilidade para segurar a posse de bola ou de criar constantes roturas defensivas na defesa contrária, foi um dos pontos negativos da equipa treinada por Carlos Castro e Francisco Aguiar.

E em termos ofensivos como foi o Caldas? A verdade é que os 30 pontos finais tiveram quase todos eles um denominador comum: Tomás Lamboglia. O médio-de-abertura pode não ser um dos elementos mais desenvolvidos fisicamente, mas a classe ao pé, a visão de jogo rápida e a forma como consegue transformar uma situação anárquica num processo bem construído são elementos mais que suficientes parar guiar o Caldas às vitórias.

O abertura foi responsável por 8 pontos, sendo que ainda assistiu para um ensaio numa daquelas jogadas bem combinadas pelo Caldas que já resultou em mais ensaios durante esta temporada. Com uma defesa sólida e que se concentrou bem nos últimos 10 minutos, o encontro acabou por pender para a equipa de Patricio Lamboglia. Para o SL Benfica a derrota significa um “adeus” ao 2º lugar, com o foco a ser o 3º lugar onde está o CR Évora.

LUTA E COMBATE FÍSICO EM ARCOS, DÁ VITÓRIA AOS DA CASA

Jogo muito cinzento em Arcos de Valdevez, com os 4 pontos de vitória a ficarem para a equipa da casa, que batalhou bem no contacto para além de ter desenvolvido algumas jogadas de qualidade, que criaram dissabores ao CR Évora em certos momentos. Luís Salvado foi sempre um movimentador de qualidade, mas o grande responsável pela conquista de metros e da linha de vantagem foi o nº8 português Viriato Teixeira.

Foram duas quebras-de-linha, 12 defesas batidos (impressionante como é difícil placar o nº8, uma vez que apresenta um poder de choque bem trabalhado) e um ensaio, numa exibição de categoria do asa que castigou, e muito, a defesa contrária que até teve bastante bem durante a maior parte do jogo.

O CRAV não sendo “genial” foi inteligente na condução ofensiva, onde se assistiu a um avanço claro e paciente, sem dar espaço para a luta no breakdown por parte dos jogadores eborenses.

Nesse sentido, o CR Évora sentiu várias dificuldades em assentar o seu jogo e demorou a aproveitar os seus alinhamentos e formações-ordenadas no conquistar não só de metros mas também de pontos.

O embate físico nem foi muito diferente do que tinha sido contra o SL Benfica, RC Lousã ou CR São Miguel de há algumas jornadas atrás mas a perda do foco e concentração em momentos chave acabou por ser decisivo. Menos capacidade de sair com a oval controlada, menos “domínio” territorial, foram elementos determinantes para o resultado final.

O CR Évora pode queixar-se um pouco da sua sorte, já que a derrota foi confirmada por dois momentos de algum facilitismo (e má abordagem do juiz de jogo): penalidade por pretenso mergulho de Frederico Couto num ruck (curiosamente, é uma das faltas mais debatidas na World Rugby, sendo que 99% dos árbitros não entendem por aquela acção como falta até porque não havia disputa naquele local) e um avant numa saída da formação-ordenada, numa atrapalhação conjunta com o médio-de-formação.

A verdade é que o CRAV mudou muito na sua postura técnica, mostrando-se mais célere no aproveitamento dos erros do adversário, tentando não arriscar muito em passes estranhos, apresentando por outro lado uma avançada dura, mortífera e eficiente com e sem a bola. O 11-10 é “aceitável”, apesar de que a vitória podia ter caído para qualquer um dos lados.

MONTEMOR PULVERIZA OS 16 BRAVOS DO RV MOITA

Jogo com pouca história, não fossem os 4 ensaios de Luan Almeida e a exibição de gala do RC Montemor que castigaram de uma forma inexplicável o RV Moita, como mostra o 106-00 final. Um resultado mais que justificado tanto pela diferença na qualidade individual e colectiva, mas também pela intensidade de jogo que os mouflons de João Baptista vão-se apresentando em 2019.

Sem José Roque, os irmãos Bibe, José Leal da Costa ou a família Gouveia em campo, a formação da casa aproveitou para rodar e dar minutos a alguns dos atletas que têm alinhado pela equipa Challenge, sem que se sentisse uma queda exibicional do primeiro ao último minuto.

Contudo, já o mesmo não pode ser dito do Rugby Vila da Moita que ao se apresentar com 16 jogadores (aplaudir o coração destes que foram até Montemor lutar pelo emblema da Margem Sul) já sabia que não seria nada fácil aguentar com os dinamismos, “agressividade” física e trabalho técnico dos mouflons.

Apesar do jogo de pouca história, alguns detalhes a considerar: o Montemor está a produzir algumas das melhores movimentações do CN1, assistindo-se uma confiança bem maior na forma como saem a jogar, procurando executar os básicos no ataque o melhor possível; o facto dos mouflons terem uma série de segundas escolhas de valor, algo que pode ser fundamental para a fase final, altura em que todas as decisões serão tomadas; a excelente forma de alguns dos seus melhores elementos como Luan Almeida, Thankgod Okafor, António Sebo, Manuel Nunes, José Roque, José Castro entre outros.

O RC Montemor está claramente num momento imparável, mas é verdade que ainda não jogou contra nenhum dos seus adversários directos do top-4, ficando à espera de saber o que conseguem, ou não, nas quatro jornadas finais.

GUIMARÃES TENTOU MAS NÃO CONSEGUIU ESCALAR A MONTANHA LOUSANENSE

Nova derrota com o Guimarães RUFC que no regresso aos jogos em casa voltou a consentir nova derrota pesada agora desta feita contra o RC Lousã. O primeiro classificado do CN1 fez uma exibição de qualidade, garantindo o ponto de bónus depois de somarem 53 pontos a 13 no “castelo” vimaranense… destaque mais uma vez para a armada internacional do RC Lousã, que tem feito “vítimas” neste CN1 de uma forma constante.

Foto: FPR

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