Mundial de Rugby 2023: os dois jogos-chave para os “Lobos”

Francisco IsaacJulho 31, 20236min0

Mundial de Rugby 2023: os dois jogos-chave para os “Lobos”

Francisco IsaacJulho 31, 20236min0
Portugal está em modo preparação para o Mundial de Rugby 2023 e Francisco Isaac avalia os dois jogos-chave para os "Lobos"

Estamos ainda a um mês e quase duas semanas do primeiro jogo oficial de Portugal no Campeonato do Mundo de rugby, com o País de Gales a ser o adversário da jornada 1 do Grupo C, com encontro marcado para o dia 16 de Setembro no recinto do Allianz Riviera na bela e histórica cidade de Nice. Mas será este um dos dois jogos-chave para os “Lobos” neste Mundial?

Não há dúvidas que os quatro jogos da fase-de-grupos são todos eles importantes, até porque marca o retorno da selecção nacional portuguesa ao maior evento desportivo da modalidade depois de não ter conseguido se apurar para os Mundiais de 2011, 2015 e 2019. Porém, e mesmo percebendo a importância comercial e de marketing dos encontros frente ao País de Gales e Austrália – dois adversários que parecem “doentes” neste momento, mas que crescem sempre quando chega a hora necessário -, são os jogos contra a Geórgia (2ª jornada) e Fiji (4ª jornada) que serão fulcrais para o futuro dos “Lobos”.

Porquê? Bem, desde logo porque são os rivais que podem apresentar uma taxa de erro maior e de queda anímica mais acentuada, sendo, portanto, os rivais mais acessíveis para o conjunto liderado por Patrice Lagisquet. Sim, a Geórgia derrotou o País de Gales em Novembro passado, e as Fiji têm feito suar a larga maioria dos seus adversários, independentemente da sua dimensão, mas nenhuma conseguiu ainda consolidar-se no topo do rugby mundial, carecendo de tempo e um pouco de mais investimento para tal.

O resultado dos Lelos conquistado em Cardiff foi sensacional para abrir os olhos que a diferença entre os “reis” históricos da modalidade e os “novos pretendentes” não é assim tão grande, especialmente quando os que estão no topo cometem o sério erro de levar um pouco menos a sério a demanda, que foi aquilo que se passou com o País de Gales.

A Geórgia está a fazer uma preparação sensacional para o Campeonato do Mundo, que depois de uma tour à América do Sul entre Maio e Junho, voltou a “fechar-se” em Tbilissi, tendo o seu melhor grupo de trabalho disponível, algo semelhante com o que se passa com Portugal (nenhuma lesão complicada ou preocupante neste momento) ou Fiji (só Yato foi libertado por força da vontade do atleta). Curiosamente, os “Lobos” têm conseguido efectuar grandes exibições contra a Geórgia, disputando o resultado até aos 10 minutos finais, e basta olhar para os resultados das últimas épocas:

  • 2020: 24-39 (-15 pontos), num jogo em que os “Lelos” marcaram 17 pontos nos 10 minutos finais, e Portugal zero;
  • 2021: 16-29 (-13 pontos), encontro em que a Geórgia marcou 10 pontos nos últimos 10 minutos também;
  • 2022: 25-25 (0 pontos), num embate que até podia ter acabado com vitória portuguesa ou georgiana;
  • 2023: 11-38 (-27 pontos);

Curiosamente, o último jogo foi onde se notou a maior diferença em termos de pontos, com a diferença pontual a só realmente a surgir na 2ª parte, mais especificamente nos derradeiros 16 minutos finais, fruto de uma série de ausências, quedas físicas e lesões. O estilo de jogo georgiano é aquele com que Portugal se encaixa melhor, forçando um certo nervosismo neste rival altamente experiente, com os “Lelos” a sentirem umas quantas dificuldades para seguir constantemente a velocidade, mobilidade e agilidade do ataque luso, e, quando a disciplina é irrepreensível (ou perto disso), a não ter grandes soluções para contornar o bloco defensivo dos “Lobos”.

Fundamentalmente, um resultado positivo frente à Geórgia poderá permitir sonhar com aquele que é o objectivo secundário da equipa técnica e da Federação Portuguesa de Rugby para este Campeonato do Mundo: terminar no 3º lugar (qualificação directa para o próximo Mundial). Mesmo um empate poderá permitir chegar a essa posição no Grupo C e para isso “basta” ganhar frente às Fiji, aquela que é a segunda selecção mais “acessível” (tomar isto com todas as aspas possíveis) para os “Lobos”.

O facto de ser o jogo de encerramento de ambas nesta fase-de-grupos pode ser um cenário importante, já que muita coisa pode estar em aberto e, curiosamente, as Ilhas Fiji são reconhecidas por entrarem a “matar” em Mundiais, mas a fechar a participação algo cansadas e munidas de umas quantas dificuldades físicas, que se deve pela entrega e agressividade positiva imposta.

Nas oito aparições em mundiais (só não participaram na de 1995), registaram seis derrotas no último encontro, e apenas duas vitórias, isto em 2007 e 2015. Este dado é simbólico e não uma previsão de como irão concluir em 2023, contudo, o facto de poderem já estar fora da luta pelo 3º lugar ou até quartos-de-final, pode ser um factor que poderá pender a favor de Portugal, caso os “Lobos” também chegue motivados ao último encontro.

Sim, os fijianos têm Waisea Nayacalevu, Semi Radradra, Seta Tamanivalu, Levani Botia, Api Ratuniyarawa, Viliame Mata ou Frank Lomani, mas o seu maul ou alinhamento não é tão móvel ou ágil como o português, e a disciplina tende a ser um problema em encontros mais frenéticos e que não tenham tanta bola.

São uma das selecções mais perigosas neste momento, disso não há dúvidas, mas umas quantas lesões, uma série de maus resultados e as fraquezas podem ser os ingredientes suficientes para Portugal sonhar com algo mais.

A preparação vai ditar muito como as três selecções vão lutar pelos seus objectivos, e agora resta esperar para ver o que se vai passar no Campeonato do Mundo.


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