“Lobos” e “Lobas” dos 7s 2025: final de época decepcionante

Francisco IsaacJunho 29, 20255min0

“Lobos” e “Lobas” dos 7s 2025: final de época decepcionante

Francisco IsaacJunho 29, 20255min0
Está encerrada a época dos 7s, com Portugal a ter tido sortes similares no feminino e masculino, com os Lobos a ficarem de fora da Challenger

Ponto final na temporada do Rugby Europe 7s Championship Series, com Portugal a ter terminado em 7º lugar em Hamburgo no que concerne ao Lobos, enquanto as Lobas fecharam no 8º lugar, seguindo-se uma breve análise às prestações

LOBAS: 9º LUGAR COM SINAIS PROMISSORES

As “Lobas” de João Moura encerraram este Rugby Europe 7s Championship Series com a melhor prestação de sempre desde que se juntaram a esta elite do rugby europeu de 7s, conseguindo um 9º lugar na classificação geral, após terem fechado Hamburgo no 8ºlugar. No arranque da etapa, as Lobas forçaram um empata a zero com a Bélgica, com ambas as equipas a terem tido oportunidades claras para garantir uma vitória. Seguiu-se uma derrota frente à selecção que viria a ser elevada como a campeã do circuito europeu de 7s, a Grã-Bretanha, concedendo uma derrota por 05-31, antes de fecharem a fase-de-grupos com uma vitória por 45-00 frente à Itália, o que permitiu um apuramento para os quartos-de-final. Aí o conjunto nacional feminino realizou uma bela segunda parte contra a Polónia, mas que seria insuficiente, já que a Polónia foi a melhor equipa nos 14 minutos (14-26).

Mas os resultados todos conhecemos… e o que dizer então de prestações individuais? Escolhemos duas para o registo:

Inês Marques foi de longe a melhor atleta quer do masculino e feminino, com a dinâmica atleta do SL Benfica a ter perfurado constantemente a linha de defesa contrária, construindo excelentes jogadas que favoreceram Portugal, isto para além de ter ensacado mais cinco ensaios, terminando com um total de 10 em 2025.

– Como na etapa anterior, Ana Fernandes foi uma das jogadoras que melhor se impôs no contacto, especialmente no breakdown, forçando erros a conjuntos adversários que supostamente detêm maior experiência. Fome de bola e fome de dar o corpo ao manifesto.

Nos jogos que se seguiram as “Lobas” sentiram diversas dificuldades frente à Irlanda e Bélgica, consumando duas derrotas, o que significou um 8º lugar. Mesmo que a equipa tenha sido incapaz de garantir um acesso à Challenger Series da World Rugby, o facto é que se registou um crescimento a todos os níveis, com a selecção nacional feminina a ter tido uma temporada calma e sem stress, mostrando que poderá chegar a outro patamar se realmente existir um apoio sério e honesto.

LOBOS: UM FINAL AMARGO DE TEMPORADA

Um final decepcionante mas justo perante o que aconteceu em Hamurgo, com os comandados de Frederico Sousa e Pedro Leal a terminarem num 7º lugar e que significou um 6º na geral, estando Portugal, ao que tudo indica, eliminado da etapa Challenger a realizar nos próximos meses. Mas o que se passou com os Lobos nesta etapa? No jogo de abertura concederam um empate frente ao Reino Unido, garantindo uma vitória ante à Lituânia para depois consentirem uma derrota algo pesada frente à Bélgica por 19-00. Tendo terminado como um dos melhores 3ºs, as cores nacionais foram apuradas para os quartos-de-final, com a França a ser o adversário.

Naquele que foi a melhor exibição da selecção masculina em Hamburgo, Portugal chegou a estar na frente do resultado por 10-05, acabando por perder o total controlo do jogo, o que levou a uma recuperação por parte dos Les Bleus dos 7s. Atirados para a luta do 5º-8º lugar, a formação lusa acabou por cair de rendimento e voltaria a conceder uma derrota frente à Bélgica por 05-08, registando-se vários erros de posse de bola e disciplina. Com a luta pelos seis primeiros lugares perdida, a selecção nacional teve de se contentar com um 7º, derrotando a Chéquia por 24-05.

Em termos de destaques individuais, dizer que:

– José Rodrigues marcou cinco ensaios, assistiu para outros três e foi um dos principais agitadores da equipa, apesar de a nível defensivo ter claudicado em certas situações, algo comum a toda a equipa. Trouxe experiência e pragmatismo a uma equipa que às vezes se deixou levar em excesso no jogo rápido e de risco;

– Frederico Couto esteve a um nível positivo, especialmente no que toca à placagem e defesa localizada, dando à equipa alguma confiança, especialmente em jogos de maior pressão e intensidade. Foi dos poucos a ter alguma lucidez nos jogos ante Bélgica e França;

Posto isto, Portugal teve a sua pior prestação desde 2022 em termos de classificação geral, o que efectivamente prejudica as pretensões da Federação Portuguesa de Rugby para a variante de 7. Se alguns dos melhores jogadores ficaram em Lisboa para se juntarem à selecção de 15, não é claro, mas caso tenha sido essa a situação, é necessário voltar a discutir e insistir que haja uma separação entre os dois conjuntos, uma vez que parece prejudicar directamente os 7s. Percebendo que certos membros do staff nacional tenham os seus favoritos e queiram impor os mesmos atletas nas duas variantes, neste momento é altamente contestável essa postura e decisão, podendo seriamente prejudicar o rugby nacional no futuro próximo, tendo já começado pela performance dos 7s neste Rugby Europe 7s Championship Series 2025.


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