Lobos e Lobas 7’s: apuramento para o Campeonato do Mundo

Francisco IsaacJulho 18, 20225min0

Lobos e Lobas 7’s: apuramento para o Campeonato do Mundo

Francisco IsaacJulho 18, 20225min0
A selecção de 7's masculina garantiu o acesso ao Campeonato do Mundo da variante, num fim-de-semana de bons jogos em Bucareste

O final perfeito para a seleção masculina de 7’s , com os comandados de Frederico Sousa a conquistarem o apuramento para o Campeonato do Mundo da variante (marcado para o início de Setembro na Cidade do Cabo), um feito brilhante que poderá ajudar a convencer o rugby português a apostar de forma mais séria neste universo dos Seven-a-side. Mas o que há para saber da prestação da selecção masculina e feminina de Portugal após este torneio de qualificação? Continua a ler para saberes mais.

LOBOS: CAMPEONATO DO MUNDO EM SETEMBRO

Depois de um Rugby Europe Championship que terminou com um 5°/6° lugar (não garante apuramento para o World Series Challenger, ou seja, o torneio que irá promover duas equipas para o circuito principal do 7’s), Portugal preparou esforços no sentido de conquistar uma vaga no Campeonato do Mundo de 7’s, sabendo de antemão que teria a impossível missão de derrotar a Irlanda (estão noutro patamar, e que possivelmente poderão lutar pelo top-5 no Mundial), com o enfoque colocado no encontro frente à Itália e Polónia, uma vez que o 2° ou 3° lugar dariam acesso a uma das outras três finais da competição.

Frente aos Azzurri, os “Lobos” dos 7’s acabaram por consentir uma derrota por 14-05 faltando um pouco de mais sorte e clarividência para ultrapassar o maior ímpeto italiano, conseguindo uma folgada vitória ante a Polónia que lhes permitiu atingir a final de apuramento para o Mundial ante a Espanha, seleção que já tinha sido surpreendida há duas semanas atrás em Cracóvia. Curiosamente, e como se passará nessa última etapa do campeonato da Europa de 7’s, o elenco de Frederico Sousa entrou em campo com a mesma mentalidade, acelerando o jogo desde o primeiro momento e a furar a boa defesa espanhola graças ao engenho técnico e capacidade de surpresa, assim como a ligação eficiente entre apoio e portador de bola, destacando-se Rodrigo Freudenthal, Manuel Vareiro (com 18 anos mostrou um à vontade especial e que foi importante na conclusão desta campanha), Diogo Sarmento e Diogo Rodrigues na vitória por 20-19.

Quando a larga maioria esperava por uma vitória “calma” dos Leones, a verdade é que a equipa técnica portuguesa soube como preparar o foco do elenco português que nunca se mostrou inferior no choque físico, tendo respondido à maior experiência espanhola com a natureza de surpreender e de uma sagacidade brutal, especialmente a manter a paciência na defesa, que valeu o apuramento para o Campeonato do Mundo 2022, um feito assinalável perante as dificuldades e obstáculos sofridos por esta seleção nos últimos dois anos. Já falámos em relação ao que falta e das necessidades destes “Lobos” dos 7’s num artigo anterior, e agora com este feito é fulcral voltar a se apostar na melhoria de condições e apoios no futuro próximo.

LOBAS: BOA PRESTAÇÃO QUE DEIXOU PROMESSA DE UM FUTURO PROMISSOR

Já a selecção feminina ficou à porta de chegar também ela ao Campeonato do Mundo, que tinha noção da dimensão titânica desta missão, uma vez que caiu no grupo da Polónia (impressionantes neste ano de 2022, e têm as condições todas para chegar às World Series) e Espanha, o que tornava o embate frente à Suécia como uma verdadeira final. Felizmente, as atletas de João Moura não ofereceram espaço para dúvidas e desmancharam o contingente nórdico com uma prestação de gala, impondo um 33-10 com Mariana Santos (foguete humano autêntico que quando aplica o seu poder de explosão, desaparece de vista), Mariana Marques e Daniela Correia a liderarem a orquestra portuguesa neste jogo que lhes garantiu um lugar na final de apuramento.

A adversária? A super Irlanda. Infelizmente, este era um jogo à partida de total favoritismo de uma das seleções sensação das World Series, e que iria colocar total pressão nas “Lobas”, em particular na questão defensiva e no controlar das acções de Lucy Mulhall e Amee-Leigh Crowe. Portugal até foi capaz de suster o ímpeto inicial, com boas reações defensivas e que foram forçando à Irlanda a afunilar o seu fluxo de jogo, que acabou por encontrar caminho até à aérea de validação, fazendo valer a sua maior fisicalidade, o que acabou por lhes assegura a vitória. Mesmo acabando sem conseguir uma hercúlea conquista, as “Lobas” realizaram uma campanha promissora e que merece atenção de maneira a fornecer as ferramentas necessárias para não permitir que se dê uma queda no crescimento internacional do rugby feminino português, que precisa de ter outras condições a nível nacional para fornecer novas gerações.

OS TRÊS DESTAQUES

Mariana Santos: velocidade, mais velocidade e ainda mais velocidade, e uma dose boa de jogo de pés para abrir caminho até ao ensaio, com a genial velocista a chegar à área-de-validação por quatro ensaios nesta competição.

Mariana Marques: placagens que equivalem como autênticos ferrões de aço, Mariana Marques foi preponderante na agressividade imposta na defesa ou na contra-resposta, sendo uma unidade de alta dinâmica e que une os processos da seleção comandada por João Moura.

Rodrigo Freudenthal: um arquitecto que consegue ir sonegando a maior parte dos aproveitamentos do adversário, assumindo-se como um perfeito comandante na posição de sweeper, e que foi a peça nuclear para o sucesso dos “Lobos”.

Manuel Vareiro: 17 anos e várias costelas de rugby, o jovem internacional português – que já tinha sido dos MVP’s no Campeonato da Europa de sub-18 – foi um problema constante para os adversários neste torneio, não só pelos quatro ensaios mas pela velocidade imposta nos passes e no seguimento das jogadas de Portugal.


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