Finalista vencido mas com honras – o “Cross Kick” do Europeu de sub-18

Francisco IsaacOutubro 9, 20225min0

Finalista vencido mas com honras – o “Cross Kick” do Europeu de sub-18

Francisco IsaacOutubro 9, 20225min0
Portugal terminou no 2º lugar no Europeu de sub-18, realizando uma boa exibição frente à Geórgia na final da competição, analisada por Francisco Isaac

Portugal não conseguiu roubar o título de campeão europeu de sub-18 da Rugby Europe, mas foi capaz de ombrear com a Geórgia até a meio da 2ª parte, conseguindo mesmo estar na frente por 7-3 no início do encontro, forçando o conjunto georgiano a conceder os primeiros pontos em três edições da competição. Os três destaques de sempre, e o nosso último artigo de acompanhamento de 2022 aos sub-18.

MVP: MATEUS FERREIRA (Nº8)

Pode não ter sido uma exibição extremamente soberba, contudo, a forma como Mateus Ferreira se disponibilizou para apagar certos “fogos” em diferentes zonas ou situações, demonstra todo o seu nível enquanto jogador, líder e capitão, injetando um tónico importante à equipa portuguesa quando a Geórgia parecia estar a querer começar dominar, por completo, as incidências de jogo. Mais de duas mão cheias de placagens efectivas, três das quais dominantes forçando o adversário a recuar no terreno, com três turnovers/penalidades arrancadas à Geórgia, operando bem na recepção dos pontapés atrás – sempre seguro -, e com três boas entradas no contacto que até arrancaram aplausos da bancada.

A formação-ordenada portuguesa não cedeu grandes faltas ou concedeu erros gritantes, pelo contrário, sendo compacta na maioria das ocasiões, com o nº8 a ser importante neste aspecto, pois guiou, com calma e exactidão, a manobra dos 8. Não terminou em conquista, verdade, mas é inegável que a entrega, agressividade e ambição desta selecção portuguesa de sub-18 é de um nível francamente alto, e Mateus Ferreira é o exemplo perfeito de quem é esta nova geração de jogadores.

PONTO ALTO: BREAKDOWN E FASES-ESTÁTICAS DE METAL

Se nos séniores Portugal já atingiu um ponto de equilíbrio nas fases-estáticas frente à Geórgia e Roménia, pelo menos na maior parte do jogo, os sub-18 também foram capazes de copiar a receita e conseguiram ir anulando a formação-ordenada e maul dinâmico georgiano (conseguiram apenas um ensaio em cinco tentativas por esta plataforma de ataque), o que implicou novos problemas aos campeões em título deste Europeu juvenil. Portugal até foi capaz de usar as suas fases-estáticas para desferir dano na formação contrária, iniciando bons movimentos ofensivos que meteram a Geórgia em sobressalto, e que até gerou um par de situações perigosas de ataque, como a quebra-de-linha de Francisco Perloiro à passagem do minuto 45.

Outro ponto positivo da exibição portuguesa foi a placagem e rapidez em atacar o breakdown, aproveitando a alguma lentidão dos Lelos para arrancar preciosas penalidades ou contra-ataques, colocando, novamente, o bloco opositor em alerta, o que garantiu outra paz na gestão e saída de bola, apesar da Geórgia ter fechado bem os espaços à ponta ou entre os centros. A fisicalidade ágil e a destreza expedita do elenco português foi essencial para manter um nervosinho constante do princípio ao fim desta final do Europeu de sub-18, que mesmo com Portugal a perder por uma diferença de 24 pontos, sentia-se a sensação que era possível se gerar algo de especial e surgir novo(s) ensaio(s) para os comandados de João Uva e Miguel Leal.

PONTO A REVER: SIMPLES DISTRAÇÕES CUSTAM PONTOS

Dois sectores estiveram mais sobre pressão, e os (raros) erros que se consentiram aí, acabaram por oferecer a margem suficiente para que a Geórgia saísse com uma vitória (folgada) no final dos 70 minutos desta final do Europeu de sub-18. Quais foram? Recepção sob pressão no jogo ao pé e atenção junto ao ruck em determinados momentos. Como Portugal, a Geórgia tem evoluído no seu jogo e estratégias, ultrapassando aquele molde dos avançados ditarem o jogo, e os 3/4’s a só surgirem para fechar o espaço ao adversário, sem grande participação ofensiva, para uma equipa mais ameaçadora com a bola nas mãos, com capacidade para “inventar” momentos de ataque brilhantes, estando sempre à procura do erro do adversário em qualquer ponto ou sector.

Neste caso, dois dos ensaios dos Lelos surgiram junto a rucks, onde o nº9 saiu rapidamente a jogar (como aconteceu no ensaio do nº21) ou colocou a oval nas mãos de alguém que surgiu lançado, com os jogadores portugueses a serem algo surpreendidos, isto depois de realizarem uma sequência defensiva de boa qualidade. Já no jogo ao pé, Portugal tanto lançou problemas, como sentiu dificuldades, isto porque a Geórgia foi capaz de colocar a oval bem alta, aproveitando a chuva e a agressividade da disputa para gerar erros e falhas na recepção da oval. Porém, e apesar de termos apontado estes dois erros, a verdade é que Portugal efectuou uma exibição de bom nível, nunca se sentido um domínio georgiano total, e o marcador final até deveria ter terminado em 17-34, invés dos 10-34 finais.


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