Crusaders apurados para os Playoff – Ronda 15 Super Rugby 2018
JOGO CÍNICO, VITÓRIA SABOROSA E SEM O MELHOR XV DOS CRUSADERS
Christcurch nesta altura do ano é uma cidade mergulhada no mau tempo, com chuva, vento e frio. O que é que isto interessa para o assunto? Os Crusaders desde sempre aprenderam a jogar com estas condições adversas, adaptando-se quase na perfeição às exigências da província de Canterbury. Do outro lado do campo estavam os invictos à 13 jogos dos Hurricanes, que sabiam das dificuldades que a chuva ia colocar ao seu jogo mais rápido e dinâmico.
Ao fim dos primeiros 15 minutos, foi perceptível que a equipa dos Barrett e Savea não conseguiram de todo perceber como sobreviver à chuva ou à intensidade física da avançada dos Crusaders. Os 8 avançados dos campeões em título do Super Rugby dominaram por completo no breakdown, atirando-se com velocidade e inteligência ao ruck… esta atitude valeu pontos e retirou espaço de manobra dos ‘canes.
O jogo em si foi muito disputado, com ambas as formações a perder 2 alinhamentos, a completar 87% das suas placagens, conquistando 300 metros no terreno e com as mesmas quebras-de-linha.
Contudo, os Hurricanes abriram espaço para a vitória dos da casa com 14 penalidades, fruto da tal incapacidade para lutar no ruck e de constantes erros de leitura na defesa.
O 24-13 a favor dos Crusaders garantiu-lhes (praticamente) o acesso ao playoff como a melhor franquia neozelandesa e do Super Rugby… sem Whitelock, Moody, Franks, Dagg e mais uns quantos, os campeões em título provaram que o mais importante é ter uma ideia de jogo definida, uma atitude que seja assumida pela equipa e de um elenco capaz e confiante.
JAGUARES A 3 VITÓRIAS DO SONHO…
A 4 rondas do final da fase regular do Super Rugby 2018, os Jaguares estão solidificados no 2º lugar na conferência sul-africana a 6 pontos dos Sharks,a formação que foi “abatida” este fim-de-semana pelos argentinos.
Um 29-13, em que Moroni assinou um hat-trick, valeu mais uma vitória a uma equipa que está a começar a assustar os seus pares desta competição. Mas porquê? Já explicámos que para além do rugby entusiasta, rápido, versátil e altamente explosivo, os Jaguares estão mais “sérios”, erram muito menos (em comparação a anos anteriores) e filtraram a sua agressividade para outra direcção… a esta altura em 2017 já iam em 12 amarelos e 3 vermelhos, nesta temporada só viram a cor do cartão amarelo por duas vezes.
É um elenco duro de placar, complicado de analisar e perceber o que vai fazer a seguir a uma formação ordenada e inteligente nas saídas após o alinhamento, figurando-se como uma das melhores formações deste Super Rugby.
Contra os Sharks nunca perderam o controlo do jogo, sufocando a acção de Robert du Preez (o abertura foi constantemente impossibilitado de jogar para dentro, forçando-o a tomar acções mais arriscadas que correram mal na maioria das ocasiões) o que tirou opções de ataque à equipa de Durban.
Creevy voltou ao seu melhor na defesa (3 turnovers para o talonador, um deles deu início a uma sequência de ataque que resultou em ensaio), liderando a equipa com excelência, para além de ter ganho 100% das suas introduções quer no alinhamento ou formação ordenada.
Com Creevy no seu melhor, os Jaguares ainda viram Sanchez a criar jogadas fantásticas, Moyano a partir a linha e a marcar ensaios sempre com uma velocidade que nem Mapimpi, Bosch ou Nkosi conseguiram acompanhar e Guido Petti foi um elemento demolidor no contacto curto.
Os Jaguares podem surpreender esta época e estão muito perto de algo que ninguém acreditava ser possível: chegar à fase final.
DAMIAN DE ALLENDE, UM ‘BOK INULTRAPASSÁVEL
Os Stormers estão a fazer uma temporada muito abaixo das expectativas, com 25 pontos conquistados, o que lhes vale o 4º lugar na conferência sul-africana. O cenário piorou com a derrota frente aos Lions, num encontro em que os vice-campeões ganharam por uma diferença de 3 pontos (26-23). Com um pé fora do playoff (só lhes faltam 2 jogos, Jaguares e Sharks), o que resta a estes DHL Stormers? Garantir que os melhores fiquem na cidade do Cabo.
Willemse (bom abertura, está a ganhar experiência e tem um pé-canhão dotado), Du Toit (época boa do 2ª linha que facilmente joga na 3ª), Kitshoff (primeira-linha de elevada categoria) são alguns dos nomes mais importantes, mas há um que ocupa o lugar de líder e melhor jogador dos Stormers: Damian de Allende.
O centro tem realizado uma época de elevado nível, com vários ensaios e assistências, ficando na retina o facto de ser um “muro” com braços na defesa e um extraordinário portador de bola.
O encontro frente aos Lions serve de prova para a boa época do centro: 30 metros conquistados, 1 quebra-de-linha, 5 defesas batidos, 12 placagens concluídas (só falhou o alvo por uma vez), 1 turnover e uma série de outros pormenores que foram evidentes para quem viu o jogo.
Enquanto o centro esteve activo, os Stormers tiveram uma oportunidade de ganhar o jogo… mas a expulsão aos 50 minutos de Rhule tirou a profundidade necessária para a reviravolta frente aos rivais dos Lions.
Convocado, novamente, para os Springboks é o momento para De Allende subir na hierarquia de líderes da selecção sul-africana e ascender ao nível que já conquistou no Super Rugby.
CHIEFS VERSUS WARATAHS… OU O JOGO MAIS CARDÍACO DOS ÚLTIMOS TEMPOS
Os Waratahs chegaram a Hamilton focados em fazer o mesmo que na semana anterior: derrotar uma franquia neozelandesa. A equipa de Michael Hooper, Bernard Foley e Kurtley Beale (todos convocados para os Wallabies) tinha conseguido abater os Highlanders, pondo fim a 40 jogos sem vitórias de franquias aussies contra kiwis.
Contudo, contra os Chiefs seria completamente diferente, muito pela velocidade do jogo à mão da equipa de Colin Cooper, que nesta semana já teve os seus All Blacks em campo…e que diferença que fizeram! Damian McKenzie foi, novamente, o motor do jogo, acelerando as movimentações da sua equipa ao ponto que conseguiram sair de um resultado de 00-14, para um 19-14 em menos de 30 minutos.
Os Waratahs montaram um jogo vibrante, com uma pressão alta de Beale e Curtis Rona (atenção a este 2º centro, fortemente capaz de parar qualquer centro neozelandês e com um poder de choque de elevado nível), em que a fluidez de jogo foi o ponto alto. Era e é notório que os Waratahs são a equipa que mais facilmente se adapta ao jogo neozelandês, transfigurando-se para algo similar com alguns aspectos diferentes.
Na 2a parte foi mais um show de velocidade, agilidade e genialidade… se Foley e Folau abriram espaço para um ensaio de Beale (espectacular passe do defesa), já Damian McKenzie fez os ‘tahs arriscarem numa subida de linha para tentar “parar” as movimentações do eléctrico 10, sem sucesso. Foi o próprio abertura a fazer o ensaio final, com uma fuga pelo meio, deixando para trás uma série de placadores.
Um jogo que fez jus ao Super Rugby, pela qualidade de jogo, atmosfera no estádio e entrega dos super-atletas.
DESTAQUES
MVP da Ronda: Damian McKenzie (Chiefs)
Jogo da Ronda: Jaguares-Sharks
Placador da Ronda: Sikhumbuzo Notshe (Stormers)
Agitador da Ronda: Ramiro Moyano (Jaguares)
Vilão da Ronda: Rhaymond Rhule (Stormers)