3 pontos da prestação dos Lobas no RE Championship 7s Series

Francisco IsaacJulho 2, 20244min0

3 pontos da prestação dos Lobas no RE Championship 7s Series

Francisco IsaacJulho 2, 20244min0
Permanência garantida e até com um 9º lugar conquista em Hamburgo, são dois destaques das Lobas no RE Championship 7s Series

Manutenção garantida, vitórias frente à Itália e um crescimento auspicioso, com as Lobas a permanecerem no RE Championship 7s Series, como explicamos nesta análise!

IDENTIDADE DIFERENTE OU IGUAL?

Comecemos pelos dados estatísticos que demonstram um crescimento e progresso dentro da equipa. Em 2023, a selecção nacional feminina concretizou/concedeu 141/242 pontos, tendo em 2024 tido uma clara enorme melhoria com 160 pontos marcados e 191 sofridos. Isto significa que o ataque melhorou ligeiramente, enquanto a defesa teve uma subida de enorme qualidade, concedendo menos ensaios e, por conseguinte, a ser a base da permanência no RE Championship 7s Series.

As atletas portuguesas apresentaram uma defesa mais cuidada, agressiva e intensa na larga maioria dos encontros, com destaque para as primeiras-partes dos jogos frente à Irlanda (07-17 no final do encontro), França e Chéquia, com as Lobas a segurar bem os jogos e a se galvanizarem nos desafios decisivos. O único tropeção de toda a campanha foi frente à Turquia em Makarska, num jogo que Portugal esteve na frente por uma diferença de mais de 7 pontos, perdendo o controlo nos últimos segundos, e oferecendo o ensaio da vitória a este conjunto que acabou despromovido. Em termos de classificação, a selecção nacional terminou em 10º lugar, exactamente como em 2023, mas com um bónus: o 9º lugar em Hamburgo.

Pela primeira vez nos últimos cinco anos, o conjunto comandado por João Moura subiu um patamar dentro de uma etapa do RE Championship 7s Series, numa época em que até derrotou a Itália por duas vezes (10-05 e 17-07), um marco também para o rugby feminino nacional. Mas como se explica este crescimento e resultado? Maturidade. A identidade da equipa é similar à de 2023, mas nota-se mais maturidade e os processos entre as jogadoras parece terem evoluído de uma época para a outra, e se não fosse pelo escorregão frente à Turquia na 1ª etapa, podíamos ter tido uma subida no patamar do ranking da Rugby Europe. A execução do plano defensivo foi de ponta, a reação à perda de bola melhor ainda e só faltou ter mais paciência com o ataque, especialmente quando se dava uma combinação positiva e consecutiva de offloads.

POUCAS MUDANÇAS E CRESCIMENTO

O que mudou em termos de equipa? Meia equipa. Entre 2023 e 2024, Portugal não pôde contar para esta época com Mariana Marques, Marta Pedro, Ana Casas, Yara Fonseca e Ana Mata, tendo entrado no lugar, Ana Ferreira, Catarina Ribeiro (que belo regresso à cena internacional, apresentando excelente forma), Cátia de Almeida, Ana Fernandes, Sofia Sardinha e Raquel Santos. Contudo, no cômputo geral, e como demonstrado pelos factos apresentados no tópico anterior, não só não se sentiu como se viu uma melhoria e talvez advenha do crescimento emocional, técnico e físico de várias atletas, como Inês Spínola, Adelina Costa, Maria João Costa (continua a ser das melhores atletas a jogar em Portugal), Mariana Santos, etc.

A união entre as atletas, a partilha de conhecimentos e o facto de terem se mantido unidas nos momentos de maior pressão demonstra que subiram dois patamares em termos qualitativos. Em de destaques individuais, Mariana Santos marcou 7 ensaios, seguido de Catarina Ribeiro com cinco e uma série de outras atletas com dois e um ensaio. No total, Portugal marcou 30 ensaios, uma melhoria considerável em comparação com 2023. O maior problema individual? Conversão de pontapés. Esta é uma questão que tem de ser solucionada no futuro, porque pode representar a diferença entre ganhar e garantir uma posição melhor no RE Championship 7s Series, ou perder e viver com a corda no pescoço.

O FUTURO

Financiamento. Investimento. E destaque. Três factores que têm de entrar em jogo e realmente acontecer, até porque as atletas, staff e vice-presidentes do rugby feminino merecem. O rugby feminino nacional tem algo que o masculino padece, que é de um “circuito” de 7s interno, permitindo construir sinergias, melhorar processos e definir estratégias. Porém, ainda escasseiam os recursos e as condições não são as mesmas em comparação com outras selecções, como a participação em torneios amigáveis (Costa Blanca por exemplo) antes do circuito europeu, ou aumentar o staff técnico para permitir definir e melhorar certos skills. As Lobas têm provado ano após ano que podem atingir outro nível, só precisam de um empurrão que lhes permita dar o salto.


Entre na discussão


Quem somos

É com Fair Play que pretendemos trazer uma diversificada panóplia de assuntos e temas. A análise ao detalhe que definiu o jogo; a perspectiva histórica que faz sentido enquadrar; a equipa que tacticamente tem subjugado os seus concorrentes; a individualidade que teima em não deixar de brilhar – é tudo disso que é feito o Fair Play. Que o leitor poderá e deverá não só ler e acompanhar, mas dele participar, através do comentário, fomentando, assim, ainda mais o debate e a partilha.


CONTACTE-NOS