3 destaques do 3º Jogo do Torneio de Qualificação do Mundial 2023

Francisco IsaacNovembro 18, 20225min0

3 destaques do 3º Jogo do Torneio de Qualificação do Mundial 2023

Francisco IsaacNovembro 18, 20225min0
Portugal vai estar no próximo Mundial de Rugby de 2023, com um empate precioso frente aos EUA que garantiu o acesso à prova da World Rugby

Portugal está no Campeonato do Mundo de Rugby pela 2ª vez na sua história, depois de ter conseguido um empate a 16 pontos frente aos Estados Unidos da América, garantindo o sonho depois de dois anos a batalhar para chegar à maior prova da modalidade. O Mundial começa já em Outubro de 2023, mas antes vamos explicar como é que os “Lobos” conseguiram este feito!

MVP: JOSÉ MADEIRA (SEGUNDA-LINHA)

Sim, Samuel Marques converte aquele último pontapé a 40 metros dos postes que garante o acesso ao Mundial, isto quando já não havia mais tempo no relógio… porém, há dois jogadores que estiveram imperiais desde o 1º minuto e que deram uma vitamina extra aos “Lobos” neste jogo decisivo: Mike Tadjer e José Madeira. O talonador português errou em três alinhamentos, mas foi insuperável nas placagens (8 em 9), liderou o pack avançado com excelência nas formações-ordenadas, sabendo que o adversário neste jogo decisivo possuía uma ligeira vantagem que acabou por não surtir efeito quando olhamos para os 80 minutos. Para além disso, o atleta do Perpignan foi um dos líderes que manteve a equipa unidade e a acreditar na possibilidade de se dar uma reviravolta mesmo quando os EUA pareciam estar com um ligeiro ascendente.

Em relação ao segunda-linha, não há palavras para o que o José Madeira joga, faz jogar, especialmente na agressividade e intensidade colocada no jogo sem bola, impondo problemas aos “Eagles” que foram forçados a alocar mais unidades ao breakdown ou no apoio ao portador da bola, e com isto a limitar as opções no ataque adversário. Dominou no alinhamento, e as 14 placagens efectuadas deram outro poder de resposta aos “Lobos”, especialmente no ponto de vista psicológico.

PONTO ALTO: ACREDITAR ATÉ AO ÚLTIMO MOMENTO

O jogo mental é uma das principais chaves no caminho para o sucesso, e quem consegue manter uma postura positiva, e de acreditar profundamente em que vai levar a missão a bom porto, mesmo quando as adversidades parecem inultrapassáveis, é alguém destinado ao sucesso, como foi o caso dos “Lobos”. Nos cinco minutos finais deste último jogo para chegar ao Mundial de Rugby 2023, a selecção nacional teve de sobreviver a três momentos que poderiam ter posto fim ao sonho de chegar a França: um alinhamento dos Estados Unidos da América, seguindo-se uma sequência de fases em que Portugal acabou por conceder uma penalidade, mas não deu abertura para surgir o ensaio, após a insistência do adversário em piques atrás de piques; uma formação-ordenada a 5 metros da linha-de-ensaio, com introdução dos “Eagles“, esperando-se um drive avassalador e, talvez, um ensaio de penalidade, que não se deu porque a 1ª linha lusa respondeu com total poder, impondo uma penalidade para sair e tentar jogar; e, finalmente, um alinhamento final próprio que tinha de resultar em algo, com os atletas portugueses a trabalharem com inteligência e coesão, esperando que os Estados Unidos da América efectuassem uma última penalidade, que acabou por surgir para Samuel Marques converter.

A atitude e capacidade mental em saber aguentar e trabalhar para chegar ao objectivo final foi uma característica decisiva para atingir o próximo Mundial, algo que Portugal teve escassez em alguns encontros do último The Rugby Championship por exemplo. Outros pontos positivos foi a luta no breakdown, onde Portugal arrancou quatro penalidades, três delas dentro dos seus 22 metros, para além de não ter permitido qualquer quebra-de-linha americana, mantendo uma defesa completamente isenta de erros no que concerne a esse aspecto. Tomás Appleton explicou qual tem sido a mentalidade que tem levado Portugal a atingir os objectivos,

“Nós jogamos, por vezes, naquele estilo mais livre, na ‘maluqueira’, mas sentimos que íamos conseguir garantir a passagem. Quando há 3 anos atrás a equipa decidiu que era isto que queríamos, sabíamos que hoje não íamos falhar e conseguimos chegar ao nosso grande sonho e objectivo.”

PONTO A MELHORAR: DISCIPLINA PODIA TER SIDO FATAL

18 penalidades cometidas, um número excessivamente alto e que não penalizou mais Portugal porque os “Lobos”, na resposta, conseguiram sempre resolver os problemas, e evitar que os Estados Unidos da América conseguissem obter mais pontos para além dos 16 somados. Patrice Lagisquet referiu diversas vezes que a selecção nacional não podia se entregar às faltas mais básicas, pois tanto isso poderia fornecer oportunidades ao adversário, como quebrar um bom momento da equipa, algo que se viu neste último encontro do Torneio de Qualificação rumo ao Mundial de Rugby.

É importante ter noção que num Campeonato do Mundo, este número de penalidades poderia maniatar por completo a estratégia ofensiva e defensiva de Portugal, com a bola a não permanecer o tempo necessário nas mãos dos “Lobos” para se darem boas situações de ataque. Contudo, quis o destino que os EUA fossem penalizados por três vezes naqueles últimos 10 minutos, carregando os “Lobos” em direcção ao grande sonho de estar presente em França de 2023.


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