3 destaques do 2º Jogo do Torneio de Qualificação do Mundial 2023

Francisco IsaacNovembro 12, 20225min0

3 destaques do 2º Jogo do Torneio de Qualificação do Mundial 2023

Francisco IsaacNovembro 12, 20225min0
Portugal garantiu mais uma vitória no Torneio de Qualificação para o Mundial de Rugby 2023 e Francisco Isaac analisa ao pormenor o que se passou

Portugal derrotou o Quénia por 85-00, e está em 1º lugar apesar da igualidade pontual registada com os Estados Unidos da América, com os pontos marcados a fazerem a diferença, sendo um dado importante caso se registe um empate no último jogo deste Torneio de Qualificação para o Mundial de Rugby 2023. Três destaques da nossa análise à grande vitória dos “Lobos”.

MVP: SAMUEL MARQUES (FORMAÇÃO)

Numa vitória por 85-00 (a 2ª maior da história do rugby português, com só os 93 aplicados à Chéquia a baterem esse registo), é praticamente impossível não seleccionar mais de duas mãos cheias de MVP’s, como foi o caso neste encontro, com Mike Tadjer (dois ensaios e 12 introduções em 13 bem lançadas), Tomás Appleton (novamente uma exibição galvanizadora do capitão e centro), Vincent Pinto (excelente na ala, aproveitou bem a oportunidade para ganhar um lugar na equipa da próxima semana), José Madeira, Steevy Cerqueira, entre outros.

Porém, o principal MVP para o Fair Play foi o formação de Portugal, Samuel Marques, não só pela excelência nos pontapés, onde acertou 7 em 9 conversões de ensaio, mas pela forma como conduziu os “Lobos” em todos os sectores, impondo um ritmo avassalador quando se apercebia da lentidão da reposição defensiva do Quénia, ou a travar a excitação lusa quando era necessário injectar alguma calma.

A somar a estes “pormenores”, o formação conquistou ainda dois turnovers, encaixou três placagens, não falhou um passe dos 45 lançados, não errando em nenhum e qualquer momento, sendo aquela peça essencial em toda a manobra portuguesa, que tem estabelecido um elo de ligação de excelência quer com Jerónimo Portela, como com Tomás Appleton e Simão Bento.  Ter Samuel Marques nesta forma física e mental, é como já ter uma vantagem de alguns pontos antes do encontro sequer ter começado, e a experiência do formação será essencial contra os Estados Unidos da América.

PONTO ALTO: PRATICAMENTE TUDO CORREU BEM AOS LOBOS

Portugal dominou em todas as frentes, seja na formação-ordenada (um ensaio de penalidade e só por uma vez concedeu uma penalidade, devido a um encaixe precário), alinhamento, ataque à linha-de-vantagem, defesa (chegou a estar 14 fases seguidas a defender sem conceder qualquer falha, erro ou penalidade), combinações ofensivas, breakdown, pontapés, e aproveitamento de oportunidades dentro dos últimos 22 metros, sendo que neste aspecto os “Lobos” marcaram 12 ensaios em 17 oportunidades, naquilo que foi uma estrondosa taxa de aproveitamento. Tudo correu bem praticamente bem, o plano de jogo surtiu efeito, especialmente no não pontapear tanto a oval e optar por atacar à mão, e a avançada mostrou que tem as ferramentas necessárias para igualar a fisicalidade e técnica do pack dos EUA.

Os “Lobos” imprimiram um jogo sempre emocionante e atractivo, de constante manipulação das combinações de ataque, com o três-de-trás a aproveitar bem as entradas no contacto de Tomás Appleton e José Lima – este duo entende-se na perfeição -, e onde até vimos algumas jogadas ensaiadas a partir do alinhamento, como no caso do 1º ensaio de Vincent Pinto. Simão Bento, no pós-jogo, explicou que neste jogo,

“A equipa técnica disse-nos para atacarmos mais com a bola nas mãos, e partirmos para cima do adversário, porque sabíamos que íamos ter mais espaço para jogar e fazer uso da nossa velocidade. Foi uma boa exibição nossa, sentimos-nos bem física e animicamente, e estamos num momento de forma de grande nível!”

Os 85-00 contam uma história totalmente vitoriosa e de um jogo que foi dominado do princípio ao fim por Portugal, estando lançado o jogo com os EUA da próxima Sexta-feira que vai decidir quem vai ao Mundial!

PONTO A REVER: DISCIPLINA ESTEVE MELHOR, MAS…

Patrice Lagisquet no pós-jogo respondeu, aquando de questionando do que tinha achado da disciplina de Portugal nesta 2º jogo do Torneio de Qualificação rumo ao Mundial de Rugby 2023, que,

“A equipa apresentou melhorias e foi mais equilibrada na forma como lidaram com a defesa, mas continuamos a efectuar erros no breakdown que são evitáveis e que não podem se suceder a este nível. Os jogadores têm de perceber quando têm de parar de disputar o ruck e o breakdown, não podemos conceder mais de dez penalidades e oferecer pontos fáceis ao adversário, especialmente se forem os EUA. Precisamos de mais clarividência neste aspecto.”

Ou seja, Portugal realmente esteve melhor no aspecto da disciplina, com os jogadores a terem mais atenção na disputa no breakdown ou alinhamento, optando por uma atitude mais paciente, mas ainda há espaço para melhorar, até porque frente ao adversário deste fim-de-semana eram evitáveis a maioria das penalidades cometidas. O calor e intensidade de jogo às vezes empurram a equipa para estas indecisões ou precipitações, sendo necessário respirar e ter paz de espírito para perceber quando e como devem arriscar a ida a um ruck, placagem, breakdown, ou disputa no alinhamento/formação-ordenada.

Para o último encontro frente aos “Eagles” os “Lobos” terão de ser exemplares na disciplina, de modo a estarem ainda mais perto do Mundial.


Entre na discussão


Quem somos

É com Fair Play que pretendemos trazer uma diversificada panóplia de assuntos e temas. A análise ao detalhe que definiu o jogo; a perspectiva histórica que faz sentido enquadrar; a equipa que tacticamente tem subjugado os seus concorrentes; a individualidade que teima em não deixar de brilhar – é tudo disso que é feito o Fair Play. Que o leitor poderá e deverá não só ler e acompanhar, mas dele participar, através do comentário, fomentando, assim, ainda mais o debate e a partilha.


CONTACTE-NOS