3 destaques/detalhes da 3ª ronda das Seis Nações 2022

Francisco IsaacFevereiro 27, 20225min0

3 destaques/detalhes da 3ª ronda das Seis Nações 2022

Francisco IsaacFevereiro 27, 20225min0
A França conquistou Murrayfield e mantêm o 1º lugar nestas Seis Nações 2022, mas a Escócia podia ter sonhado com algo mais?

A França continua perene no topo da classificação das Seis Nações, depois de mais uma exibição de gala, desta feita na Escócia, enquanto a Inglaterra ainda sonha com o título, depois de derrubar os campeões em título em Twickenham… a jornada analisada em três destaques.

O MOMENTO: HOGG E ESCÓCIA ENTRE O CÉU E O INFERNO

A França foi até Murrayfield derrotar contundentemente a Escócia com uma exibição extraordinária que teve todos os seus principais jogadores a impor o seu melhor, desde Antoine Dupont, que voltou a dar uma lição em como criar destabilização junto ao ruck e na aceleração de processos, ou Cyril Baille a forçar error atrás de error na primeiras-linha escocesa, o que engrandeceu todo o aparelho de jogo da seleção comandada por Fabien Galthié, mantendo o 1º lugar das Seis Nações sob seu controlo.

Contudo, o momento da ronda e deste jogo vai para aquele avant de Stuart Hogg quando a Escócia esteve muito perto de fazer aquele que seria o ensaio da reviravolta nos primeiros 40 minutos, perdendo aí aquilo que poderia ter sido um momento de viragem neste encontro e, porque não, das Seis Nações 2022. Porque é que damos esta impotência a um erro de transmissão de bola ou recepção da mesma? O resultado estava num 10-12 a favor da formação visitante, e depois de uma entrada monstruosa dos Les Bleus, a Escócia de Gregor Townsend foi capaz de equilibrar o tabuleiro, indo em busca dos pontos, conseguindo um precioso ensaio pelo estreante Rory Darge, o que devolveu confiança e esperança aos fãs escoceses.

Aos 38 minutos, e com o intervalo tão próximo, Duhan Van der Merwe inventa um “buraco”, acelera e deixa a maioria dos seus adversários para trás, iniciando aquilo que parecia ser uma jogada com selo de ensaio… Passe para Chris Harris, com o centro a também acelerar num primeiro momento para depois se deslocar para o lado contrário procurando alguém que estivesse sem oposição à sua frente. Aí surge Stuart Hogg, o defesa e um dos maiores nomes do Thistle escocês, que pede a oval e quando já se ouvia festejos na bancada a oval acaba por tocar nas pontas dos dedos, caindo depois para adiante, terminando assim uma fuga de alto perigo para um desalento generalizado do público. Teria a França ganho o encontro caso Hogg tivesse chegado ao ensaio? Muito possivelmente. Mas poderia ter dificultado ainda mais e levado a incerteza do resultado até ao fim? Bem, isso só os deuses do rugby o saberão.

O JOGADOR: DOMBRANDT, O NOVO TERMINATOR DA INGLATERRA

Se na jornada anterior tínhamos lançado a questão de Alex Dombrandt ser ou não o futuro número 8 da Inglaterra, a extraordinária exibição frente ao País de Gales deve começar a sanar as dúvidas e questões em redor deste maciço terceira-linha que veio para iniciar uma nova era. O que é que o avançado dos Harlequins oferece ou o que trouxe para o encontro com os galeses? Fisicalidade brutal no contacto, capacidade dinâmica contínua, poder de sair dos moldes do portador de bola unidimensional e resiliência na refrega e luta junto ao ruck e breakdown.

Dombrandt foi avassalador na sua envolvência no sistema de jogo de Inglaterra, captando a oval em dezasseis ocasiões no qual foi capaz de ganhar a linha-de-vantagem em doze ocasiões, forçando 65 metros, com só 18 deles a ser em jogo aberto, o que demonstra a potência e poder físico e técnico do 8, que acabou por marcar um dos ensaios da Inglaterra. O papel preponderante na saída da formação-ordenada é outro elemento que marca a diferença de Alex Dombrandt, conseguindo suster bem a proximidade dos asas contrários, no qual até escapou do alcance de Taulupe Faletau em uma ocasião, numa demonstração clara da agilidade física que possui, sendo um pormenor diferenciador e que não surgia desde os melhores tempos de Billy Vunipola.

Não esquecer ainda que conseguiu três turnovers (dois dos quais terminaram em penalidades a favor dos ingleses), doze placagens e uma intercepção, o que são claros sinais da importância que Dombrandt começa a ter nesta Rosa de Eddie Jones, que ainda está no trilho de conquistar as Seis Nações 2022.

O BRAÇO-DE-FERRO: AS REGRAS PODEM OU DEVEM MUDAR?

A Itália acabou a jogar com 12 jogadores frente à Irlanda, devido a um cartão vermelho que foi dado ao seu talonador suplente, isto após de Gianmarco Lucchesi ter saído por lesão, forçando a que Itália tivesse de substituir um dos seus jogadores das linhas atrasadas para a entrada de um primeira-linha, com as formações-ordenadas a serem decididas como não disputadas, lançando uma discussão acesa em relação às regras e leis de jogo. O que se passou no Aviva Stadium foi uma excepção de uma raridade extrema, e que mesmo assim deve forçar alguma reflexão, pois o espectáculo acabou prejudicado, assim como penalizou duplamente a Itália, oferecendo aqui à World Rugby um pequeno problema para ser solucionado no futuro, de modo a proteger os atletas e alguma da justiça para os intervenientes. As leis são claras, não há dúvidas, mas é fundamental esclarecer se há possibilidade de melhoramento neste detalhe de que uma equipa tem de abdicar de um jogador extra pra poder colocar um primeira-linha, no caso de um pilar ou talonador suplente ser expulso. Um detalhe nesta 3ª jornada das Seis Nações 2022, mas que poderá ser significativo no futuro.


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