3 destaques/detalhes da 3ª ronda das Seis Nações 2022
A França continua perene no topo da classificação das Seis Nações, depois de mais uma exibição de gala, desta feita na Escócia, enquanto a Inglaterra ainda sonha com o título, depois de derrubar os campeões em título em Twickenham… a jornada analisada em três destaques.
O MOMENTO: HOGG E ESCÓCIA ENTRE O CÉU E O INFERNO
A França foi até Murrayfield derrotar contundentemente a Escócia com uma exibição extraordinária que teve todos os seus principais jogadores a impor o seu melhor, desde Antoine Dupont, que voltou a dar uma lição em como criar destabilização junto ao ruck e na aceleração de processos, ou Cyril Baille a forçar error atrás de error na primeiras-linha escocesa, o que engrandeceu todo o aparelho de jogo da seleção comandada por Fabien Galthié, mantendo o 1º lugar das Seis Nações sob seu controlo.
Contudo, o momento da ronda e deste jogo vai para aquele avant de Stuart Hogg quando a Escócia esteve muito perto de fazer aquele que seria o ensaio da reviravolta nos primeiros 40 minutos, perdendo aí aquilo que poderia ter sido um momento de viragem neste encontro e, porque não, das Seis Nações 2022. Porque é que damos esta impotência a um erro de transmissão de bola ou recepção da mesma? O resultado estava num 10-12 a favor da formação visitante, e depois de uma entrada monstruosa dos Les Bleus, a Escócia de Gregor Townsend foi capaz de equilibrar o tabuleiro, indo em busca dos pontos, conseguindo um precioso ensaio pelo estreante Rory Darge, o que devolveu confiança e esperança aos fãs escoceses.
Aos 38 minutos, e com o intervalo tão próximo, Duhan Van der Merwe inventa um “buraco”, acelera e deixa a maioria dos seus adversários para trás, iniciando aquilo que parecia ser uma jogada com selo de ensaio… Passe para Chris Harris, com o centro a também acelerar num primeiro momento para depois se deslocar para o lado contrário procurando alguém que estivesse sem oposição à sua frente. Aí surge Stuart Hogg, o defesa e um dos maiores nomes do Thistle escocês, que pede a oval e quando já se ouvia festejos na bancada a oval acaba por tocar nas pontas dos dedos, caindo depois para adiante, terminando assim uma fuga de alto perigo para um desalento generalizado do público. Teria a França ganho o encontro caso Hogg tivesse chegado ao ensaio? Muito possivelmente. Mas poderia ter dificultado ainda mais e levado a incerteza do resultado até ao fim? Bem, isso só os deuses do rugby o saberão.
"This could be one of the great tries…. ohhhhhh"#SCOvFRA #GuinnessSixNations pic.twitter.com/3oDz7EkYmz
— Guinness Six Nations (@SixNationsRugby) February 26, 2022
O JOGADOR: DOMBRANDT, O NOVO TERMINATOR DA INGLATERRA
Se na jornada anterior tínhamos lançado a questão de Alex Dombrandt ser ou não o futuro número 8 da Inglaterra, a extraordinária exibição frente ao País de Gales deve começar a sanar as dúvidas e questões em redor deste maciço terceira-linha que veio para iniciar uma nova era. O que é que o avançado dos Harlequins oferece ou o que trouxe para o encontro com os galeses? Fisicalidade brutal no contacto, capacidade dinâmica contínua, poder de sair dos moldes do portador de bola unidimensional e resiliência na refrega e luta junto ao ruck e breakdown.
Dombrandt foi avassalador na sua envolvência no sistema de jogo de Inglaterra, captando a oval em dezasseis ocasiões no qual foi capaz de ganhar a linha-de-vantagem em doze ocasiões, forçando 65 metros, com só 18 deles a ser em jogo aberto, o que demonstra a potência e poder físico e técnico do 8, que acabou por marcar um dos ensaios da Inglaterra. O papel preponderante na saída da formação-ordenada é outro elemento que marca a diferença de Alex Dombrandt, conseguindo suster bem a proximidade dos asas contrários, no qual até escapou do alcance de Taulupe Faletau em uma ocasião, numa demonstração clara da agilidade física que possui, sendo um pormenor diferenciador e que não surgia desde os melhores tempos de Billy Vunipola.
Não esquecer ainda que conseguiu três turnovers (dois dos quais terminaram em penalidades a favor dos ingleses), doze placagens e uma intercepção, o que são claros sinais da importância que Dombrandt começa a ter nesta Rosa de Eddie Jones, que ainda está no trilho de conquistar as Seis Nações 2022.
Dombrandt catches the loose ball and goes over the line in the corner! ??????? #ENGvWAL #GuinnessSixNations pic.twitter.com/VOmIJF8heq
— Guinness Six Nations (@SixNationsRugby) February 26, 2022
O BRAÇO-DE-FERRO: AS REGRAS PODEM OU DEVEM MUDAR?
A Itália acabou a jogar com 12 jogadores frente à Irlanda, devido a um cartão vermelho que foi dado ao seu talonador suplente, isto após de Gianmarco Lucchesi ter saído por lesão, forçando a que Itália tivesse de substituir um dos seus jogadores das linhas atrasadas para a entrada de um primeira-linha, com as formações-ordenadas a serem decididas como não disputadas, lançando uma discussão acesa em relação às regras e leis de jogo. O que se passou no Aviva Stadium foi uma excepção de uma raridade extrema, e que mesmo assim deve forçar alguma reflexão, pois o espectáculo acabou prejudicado, assim como penalizou duplamente a Itália, oferecendo aqui à World Rugby um pequeno problema para ser solucionado no futuro, de modo a proteger os atletas e alguma da justiça para os intervenientes. As leis são claras, não há dúvidas, mas é fundamental esclarecer se há possibilidade de melhoramento neste detalhe de que uma equipa tem de abdicar de um jogador extra pra poder colocar um primeira-linha, no caso de um pilar ou talonador suplente ser expulso. Um detalhe nesta 3ª jornada das Seis Nações 2022, mas que poderá ser significativo no futuro.
Respect ? #IREvITA #GuinnessSixNations pic.twitter.com/yvBusRAAOB
— Guinness Six Nations (@SixNationsRugby) February 27, 2022