3 Destaques da 9ª ronda do Super Rugby Aotearoa 2021

Francisco IsaacAbril 26, 20216min0

3 Destaques da 9ª ronda do Super Rugby Aotearoa 2021

Francisco IsaacAbril 26, 20216min0
Os Chiefs voltaram a ganhar nos últimos segundos e estão a 1 jogo de confirmar a ida à final do Super Rugby Aotearoa 2021. Vão consegui-lo?

Os Chiefs voltaram a ter Damian McKenzie a decidir o jogo nos instantes finais e os Blues consentiram uma segunda derrota consecutiva, estando fora da final do Super Rugby Aotearoa 2021, naquilo que para alguns é o retornar da normalidade na competição de franquias neozelandesa. Mas o que há para explicar nesta 9ª jornada da competição de franquias?

O DESTAQUE: CHIEFS

Apuramento garantido para a final para os Chiefs depois de conseguirem a 5ª vitória consecutiva da temporada, que pela 4ª vez chegou nos derradeiros momentos do jogo através de um pontapé certeiro de Damian McKenzie – está à frente de Richie Mo’unga como o melhor marcador de pontos da edição 2021 do Super Rugby Aotearoa -, tendo feito o que era supostamente improvável na pré-época ou no início da temporada. Num jogo bem disputado e intenso, foram, como sempre, os pormenores a fazer a diferença para se chegar a uma conclusão, com os Chiefs a terem tido a “sorte” ou o engenho, dependendo da perspectiva, de terem sido capazes de obter uma plataforma (penalidade) para chegar ao tal pontapé que pôs um fim nas aspirações dos Hurricanes, e incendiou Hamilton no sonhar com uma ida a uma final, um cenário pouco provável quando a temporada arrancou.

Em relação ao encontro, dissemos que os pormenores/detalhes fizeram a diferença neste encontro que só teve 15 penalidades (um número relativamente baixo), tendo tido um tempo útil de jogo bastante interessante, o que possibilitou a ambos adversários a mostrarem os seus melhores atributos e qualidades, seja aquela brutalidade física imposta pelos Hurricanes, onde Ngani Laumape, James Blackwell e Asafo Aumua foram preponderantes, ou a virtude para alterar o sentido de ataque e inventar espaços nos locais mais improváveis, um arte que foi bem trabalhada quer por Etene Nanai-Seturo (das melhores exibições do ponta no Super Rugby), Damian McKenzie ou Pita-Gus Sowakula. Os Chiefs conquistaram mais metros, quebras-de-linha, offloads e defesas batidos, mas os Hurricanes foram mais competentes nas fases estáticas, em especial no alinhamento, onde nasceram dois dos três ensaios, o que permitiu termos um duelo de alto quilate.

Então como é que os Chiefs acabaram por sair vencedores? Porque efectivamente transformaram a vontade de ganhar em algo prático, subindo o ritmo de jogo e fisicalidade para um patamar de excelência nos últimos 10 minutos, com isto a criar algumas dúvidas na franquia de Wellington, que acabou por recuar em demasia do ataque e oferecer primazia de jogo aos homens de Clayton McMillan, abrindo assim boas possibilidades para uma última reviravolta que chegaria aos 83 minutos.

Os Chiefs agora podem até perder contra os Blues, mas uma vitória seria o tónico perfeito para entrarem para a final com outra confiança, esperando lá os titãs dos Crusaders.

O “DIAMANTE”: WILL JORDAN (CRUSADERS)

Jordie Barrett e Damian McKenzie arregaçaram bem as mangas na luta pela camisola nº15 dos All Blacks, e Will Jordan, para não ficar atrás, subiu a parada com uma exibição de gala frente aos Blues, em que marcou dois ensaios, galgou 70 metros, desmontou a linha-defensiva dos jogadores de Auckland por duas vezes e ainda os ludibriou por 8 ocasiões, oferecendo uma vitamina-extra (e necessária) a uns Crusaders que voltaram ao seu melhor depois de duas derrotas seguidas.

Jordan oferece irreverência ao campo de rugby, submete a defesa adversária sob uma enorme pressão a cada arrancada que esboça ou a cada nova perseguição pela posse de bola que efectua, impondo sempre uma passada acelerada e recheada de pormenores técnicos astutos e mágicos, criando oportunidades não só para serem exploradas a nível individual, como colectivo, enriquecendo assim a estratégia dos Crusaders em jogos a doer, como tem sido o caso no Super Rugby Aotearoa.

O defesa só errou por uma vez com a oval nas mãos, não falhou qualquer placagem, impedindo um ensaio dos Blues quando parecia que Caleb Clarke ia encontrar a passadeira vermelha para a área de validação dos campeões em título, e foi sublime na coordenação com Sevu Reece e George Bridge, transmitindo confiança e uma latitude de possibilidades ampla e ao nível de um pequeno “génio” que tem sido fulcral nesta renovação dos saders em 2021.

O “DIABRETE”: BLUES DE REGRESSO A VELHOS (E MAUS) HÁBITOS

Quatro derrotas nos últimos cinco jogos ditam, praticamente, um “adeus” dos Blues à suposta final anunciada (e que nós acreditávamos ser a mais possível no arranque da temporada), com Leon MacDonald a poder só se culpar a si próprio, pois a franquia de Auckland parece ter perdido um pouco do flare visto em 2020 e caiu para uma tipologia de jogo pouco segura e compacta, algo bem visto contra os Crusaders ou Highlanders.

Já tínhamos dito que a saída de Beauden Barrett e as algumas lesões sofridas no decorrer desta 2ª edição do Super Rugby Aotearoa, como Patrick Tuipulotu, estavam a ser demasiadamente problemáticas para uma equipa que até detém atletas de alta qualidade, mas nem tudo esses dois factores explicam ou justificam as exibições medíocres observadas nas duas últimas jornadas. A permeabilidade defensiva e a incoerência na construção, têm dois elementos desestabilizadores para o progresso dos Blues, com uma eficácia de apenas 83% na placagem (uma das mais baixas da competição) a dar espaço de manobra aos Crusaders para criarem soluções de ataque e abrirem os canais necessários que deferiram os golpes fatais no adversário.

Por outro lado, a dupla Jonathan Ruru e Otere Black são inegavelmente um problema para uma equipa que procura ter outra volatilidade de ataque, com o formação a ter pouca excelência no passe contínuo ou no retirar a oval rapidamente do chão, enquanto o abertura é facilmente dominado por uma defesa em blitz ou minimamente de alto impacto, e isto tira oxigénio e capricho ofensivo a uma franquia com qualidade individual técnica de qualidade.

A alguma arrogância deu lugar a incerteza nos processos, a fisicalidade no choque tem sido substituída por erros excessivos no controlo da posse de bola e o objectivo de chegar à final tornou-se num sonho praticamente impossível de alcançar… é altura de voltar a pensar na forma de jogar dos Blues?

OS STATS DA JORNADA

Melhor marcador de pontos (jogador): Damian McKenzie (Chiefs) – 16 pontos
Melhor marcador de pontos (equipa): Crusaders – 29 pontos
Melhor marcador de ensaios (jogador): Will Jordan (Crusaders) – 2 ensaios
Melhor placador: Scott Barrett (Crusaders) – 13 (1 falhada)
Maior diferencial no ataque (jogador): Jordie Barrett (Hurricanes) – 121 metros, 1 quebra-de-linha, 5 defesas batidos, 3 tackle busts e 1 assistência


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