3 destaques da 5ª jornada do Super Rugby Trans-Tasman 2021

Francisco IsaacJunho 12, 20216min0

3 destaques da 5ª jornada do Super Rugby Trans-Tasman 2021

Francisco IsaacJunho 12, 20216min0
Temos finalistas do Trans-Tasman e não são os Crusaders a irem à final... quem então? Lê esta análise à última jornada da competição e fica a saber

Temos finalistas do Super Rugby Trans-Tasman e, por mais estranho que pareça, os Crusaders não serão um deles, cabendo essa honra de estar na final aos Highlanders e Blues! Nesta última jornada, as franquias australianas foram novamente incapazes de somar qualquer vitória, mas não será este o ponto negativo destacado desta semana, apesar de estar envolvido com a derrota dos Queensland Reds em Wellington.

O DESTAQUE: UMA FINAL SEM FINALISTAS…

O que queremos dizer por este título? Que nenhuma das equipas finalistas do Super Rugby AU e Aotearoa 2021 (também 2020 para os australianos) estarão presentes no jogo que vai decidir o primeiro campeão da história do Super Rugby Trans-Tasman, pois nem Reds, Brumbies (ambas só com uma vitória cada nesta competição), Crusaders ou Chiefs, foram capazes de fazer valer os galões de campeões ou vice-campeões, dando espaço assim a Highlanders e Blues de chegarem à final.

Verdade que os Highlanders tiveram de esperar pelo fim do resultado dos bicampeões do Aotearoa para saber se podiam celebrar a ida até à final, necessitando que os Crusaders não ganhassem ou não fossem capazes de obter uma diferença de mais de 33 pontos marcados/sofrido em caso que ganhassem, algo que viria acontecer muito graças a um “acordar” sensacional dos Melbourne Rebels e a uma defesa pouco fiável da franquia de Christchurch.

Mas Blues e Highlanders mereceram chegar à final? Ambos os finalistas do Trans-Tasman 2021 somaram vitórias indiscutíveis contra Queensland Reds e Brumbies, lembrando que os homens de Clarke Dermody (Tony Brown está com o Japão neste momento, mantendo-se como o treinador da franquia de Otago até 2023) obliteraram os campeões do AU por completo, enquanto os Blues dominaram totalmente os Brumbies no Eden Park, silenciando assim quaisquer vozes que defendessem a ida dos Crusaders ao jogo de atribuição de campeão desta nova competição, tendo estas três franquias somado 5 vitórias e 3 pontos de bónus ofensivos.

Por isso, no próximo sábado teremos um campeão que não será nem Reds, Brumbies ou Crusaders, podendo finalmente dar algum “ouro” aos Blues, que estão quase há 20 anos sem um título no Super Rugby (ou em qualquer um dos modelos variantes), ou voltar a coroar os Highlanders de Aaron Smith, depois de terem somado o seu primeiro troféu em 2015.

O “DIAMANTE”: AARON SMITH (HIGHLANDERS)

É, sem dúvida alguma, o melhor formação do século XXI e aquele que faz todo o conjunto dos Highlanders atingirem outra dimensão na componente táctica e mental nos jogos, elevando esta franquia oriunda de Otago através de uma comunicação única, sólida e extremamente motivadora, o que em certos momentos permite impulsionar os seus colegas para um nível de exigência superior, como se viu na vitória em casa dos Brumbies.

Aaron Smith apresentou-se endiabrado e com os olhos postos em conseguir os pontos necessários para colocar os landers na final do Super Rugby Trans-Tasman, com o próprio nº9 a ter envolvimento directo no resultado, fruto de dois ensaios e uma assistência, para além dos apontamentos técnicos que ofereceram quatro quebras-de-linha ou espaços para Jona Nareki, Mitch Hunt ou Billy Harmon (outro grande jogo do terceira-linha, tendo legitimidade em sonhar com uma convocatória para os All Blacks) aproveitarem, somando a isto a volatilidade e velocidade a partir da base do ruck e o domínio total no controlo dos timings e dinamismos da formação neozelandesa, impondo assim uma exibição extraordinária e só ao alcance das lendas.

Se há responsável pela ida dos Highlanders à final desta competição entre franquias australianas e neozelandesas, esse é Aaron Smith, um mestre autêntico na comunicação, dono e senhor do melhor passe no Hemisfério Sul e, quando em forma, impossível de parar quando decide acelerar a bola. Nota para as prestações de Sevu Reece (hattrick e uma série de pormenores de extrema qualidade), Richie Mo’unga, Ngani Laumape (o último jogo ao serviço dos Hurricanes foi uma ode total) e Luke Jacobson, que mostraram-se essenciais para cada uma das suas equipas. E, claro, Sean Wainui com um flush (5 ensaios) inesquecível que termina, para já, no 2º posto de jogadores mais concretizadores deste SR Trans-Tasman.

O “DIABRETE”: ARBITRAGENS EM MODO CAOS

Exige-se o melhor de todos os envolvidos no desporto, seja atletas, treinadores, dirigentes, staff técnico e equipas de arbitragem, de forma a que a qualidade de uma competição, encontro, prova ou duelo seja apaixonante para os adeptos. Contudo, nestas últimas cinco semanas de Super Rugby Trans-Tasman (Aotearoa e AU também) a prestação dos juízes de jogo e do TMO foi abaixo do esperado, com o encontro entre Hurricanes e Reds a ser um exemplo perfeito de como uma má arbitragem pode afectar por completo a fluidez e qualidade de um jogo, tendo sido colocadas sérias dúvidas se James Doleman tem o nível necessário para participar em competições deste nível.

O amarelo que foi mostrado a Tyrel Lomax teria sido vermelho em 9 de 10 casos, deixando cair por completo o protocolo (sim, podem existir outros factores mitigantes, mas o pilar neozelandês nunca realmente tentou se baixar ou entrar com os braços, apresentando só o ombro), para além de uma série de penalidades mal ajuizadas, que lançou dúvidas tanto aos jogadores dos Reds como aos próprios comentadores kiwis, que se mostraram algo surpreendidos com várias das decisões do árbitro neozelandês.

Contudo, Doleman não é o único a ter cometido erros complicados deste género, já que Ben O’Keefe, árbitro que vai estar num dos três test matches entre British and Irish Lions e Springboks, tem também sido responsável por decisões problemáticas, como o não ver certos passes feitos para a frente ou não mostrar cartolina amarela ou vermelha em situações que pedem a actuação disciplinar, dando espaço a escaramuças entre jogadores – só lembrar a prestação deste juiz de jogo na final do Super Rugby Aotearoa 2021.

A Nova Zelândia e a Austrália têm produzido poucos árbitros de qualidade, como Glen Jackson ou Angus Gardner (o primeiro não foi convocado para o Mundial de Rugby em 2019, de forma impercetível e o segundo caiu na lista negra do rugby australiano, não se sabendo bem porquê), abrindo espaço para juízes de jogo pouco preparados para enfrentar situações de maior intensidade ou dúvida, que comprometem o “produto” final.

OS STATS DA JORNADA

Melhor marcador de pontos (jogador): Sean Wainui (Chiefs) – 20 pontos
Melhor marcador de pontos (equipa): Crusaders – 52 pontos
Melhor marcador de ensaios (jogador): Sean Wainui (Chiefs) – 4 ensaios
Melhor placador: Tom Robertson (Force) – 21 placagens (0 falhadas)
Maior diferencial no ataque (jogador): Sean Wainui (Chiefs) – 5 ensaios, 5 quebras-de-linha, 7 defesas batidos, 100 metros conquistados e 3 offloads


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