3 destaques da 4ª jornada do Super Rugby Trans-Tasman 2021

Francisco IsaacJunho 6, 20216min0

3 destaques da 4ª jornada do Super Rugby Trans-Tasman 2021

Francisco IsaacJunho 6, 20216min0
Hurricanes perderam e abriram caminho para que os Blues estejam com um pé na final, faltando decidir o outro finalista. A análise à 4ª jornada do Super Rugby Trans Tasman 2021

Estamos a uma jornada de decidir os finalistas do Super Rugby Trans-Tasman e três franquias estão perto de atingir essa meta,: Blues, Highlanders e Crusaders. Mas o que aconteceu nesta jornada em que se deu nova vitória de uma franquia australiana sobre uma neozelandesa? Contamos tudo em três destaques, que podes ler já de seguida!

O DESTAQUE: A EFICÁCIA TÁCTICA DOS BLUES

Os Blues de Leon MacDonald continuam na rota da final do Super Rugby Trans-Tasman 2021, depois de somarem uma saborosa vitória (sem ponto de bónus) na visita aos Queensland Reds, apresentando uma equipa confiante, intensa e minuciosa no aproveitamento das oportunidades e na contrarreação à perda de bola dos seus adversários, com a terceira-linha a ser fulcral na conquista destes quatro decisivos pontos. Akira Ioane, Dalton Papalii e, sobretudo, Tom Robinson roçaram a perfeição no que toca à imposição física na defesa, com uma série de placagens não só agressivas como inteligentes, já que conseguiam parar a perigosa continuidade de jogo dos Reds e, em certas situações, rodaram o portador da bola para ficar à mercê de uma “pesca” no breakdown, como se verificou em cinco ocasiões diferentes.

Este trabalho defensivo, possibilitou que acontecessem dois cenários: extinguir/terminar algumas situações de ataque de grande perigo dos Reds e, por outro lado, iniciar contra-ataques voláteis dos Blues que em três situações geraram ensaios ao fim de algumas fases ou movimentos.

A execução do plano estratégico defensivo da franquia oriunda de Auckland foi exemplar, algo que faltou em alguns momentos desta temporada, mais concretamente no Super Rugby Aotearoa, surgindo neste embate decisivo na luta por um lugar na final desta competição internacional, e é necessário aplaudir o esforço colectivo nestes 4 pontos obtidos, seja pela forma como o três-de-trás foi manipulando a questão táctica através de pontapés e a limitar as acções de Suliasi Vunivalu e Filipo Daugunu no jogo aberto (Mark Telea tem mostrado ser um ponta completamente diferente da maioria dos seus pares na Nova Zelândia) ou pela categoria do banco de suplentes, com os substitutos a entrarem bem no encontro sem perturbarem a harmonia geral.

Contudo, em certos momentos os visitantes “adormeceram”, permitindo que os Reds chegassem à área de validação minutos após um ensaio dos Blues, o que ainda lançou dúvidas em relação a quem sairia a ganhar do Suncorp Stadium, dúvidas desfeitas nos 15 minutos finais. Os Blues estão muito perto da final do Trans-Tasman, e, para isso, basta só ganhar à Western Force!

O “DIAMANTE”: JONA NAREKI (HIGHLANDERS)

Caleb Clarke não estará disponível para os internacionais de Julho e o The Rugby Championship, devido à sua participação nos Jogos Olímpicos, e George Bridge continua a ser vítima de pequenas lesões que têm impedido um retorno pleno ao melhor nível, abrindo discussão para quem vai ocupar as vagas nas pontas dos All Blacks nestes próximos meses. Sevu Reece, Will Jordan, Jordie Barrett serão com toda a certeza convocados, mas há espaço para mais nomes ganharem espaço dentro dos treinos de preparação que irão começar muito brevemente e, um desses poderá ser Jona Nareki.

O ponta voltou a ser uma das melhores unidades dos Highlanders – que podem voltar a sonhar com a final do Super Rugby Trans-Tasman graças a uma derrota dos Hurricanes em casa dos Brumbies – rubricando uma exibição coroada com dois ensaios (até poderia ter sido um hattrick tivesse tido uma abordagem um pouco melhor num dos últimos lances do encontro), 70 metros, 3 quebras-de-linha, 5 placagens, 1 turnover e 2 penalidades conquistadas, apresentando-se como um 3/4’s competente quer no aspecto da defesa ou do ataque.

A resiliência física que consegue fazer frente a terceiras-linhas ou pontas com mais peso e impacto (levantou Lachlan Swinton e Rory Abel do chão em duas placagens, por exemplo) e aquele poder de explosão emocionante e elétrico dão outra vida à ponta esquerda dos Highlanders, sendo que o nº11 ainda fugiu, em certos momentos ou jogadas, para o centro do campo ou mesmo para o lado contrário, aparecendo inteligentemente em situações que se transformam em claras situações de perigo. A evolução é notória (quer no Aotearoa ou no Trans-Tasman), a capacidade para interagir em diferentes situações do jogo é igualmente visível, e é hora de ter uma oportunidade concreta ao serviço dos All Blacks… ou dos Flying Fijians.

O “DIABRETE”: HURRICANES… A GAME OF INCHES

Um avant não propositado, um erro num breakdown, um pontapé mal medido e um erro de comunicação negaram, pelo menos, três ensaios “feitos” aos Hurricanes que caíram em “casa” dos Brumbies, podendo ter hipotecado uma ida até à final, já que dependem agora de terceiros para chegar a esse objectivo. Mas terá sido só a má execução a prejudicar a equipa de Wellington? Quase totalmente. Há certos elementos da estratégia de jogo de Jason Holland que são praticamente anulados quando se deparam com uma formação mais física e competente nas fases-estáticas, que é o caso dos Brumbies de Dan McKellar, ficando bem expostas as dificuldades dos canes quando foram impedidos, legitimamente, de acelerar a bola, e este “pormenor” acabou por asfixiar o seu maior virtuosismo.

Outro pormenor que limitou a capacidade atacante dos Hurricanes, acabou por ser a falta de ligação de Ruben Love com Jordie Barrett, com este combo de 10-15 a ruir por completo, muito por culpa do defesa que não deu espaço ao abertura para tomar controle das operações, estagnando uma continuidade de jogo que poderia ser letal para os Brumbies, saindo os australianos beneficiados por esta falta de lucidez e conexão entrelinhas do lado visitante. Escassearam combinações de qualidade, não houve volatilidade explosiva quer de Julian Savea, Salesi Rayasi ou Ngani Laumape, e Jordie Barrett usou e abusou do jogo ao pé, oferecendo uma plataforma de contra-ataque mais saudável aos seus adversários de Canberra, que foram inteligentes e pacientes no construir de uma exibição e resultado sóbrio.

Um detalhe cavou a linha entre a vitória e derrota, e, infelizmente, para os homens de Jason Holland, pode ter decidido uma não ida à final do Super Rugby Trans-Tasman, que parecia quase certa na semana passada, estando agora à espera de saber se Blues vão consentir pontos na última jornada, assim como Crusaders e Highlanders.

OS STATS DA JORNADA

Melhor marcador de pontos (jogador): Mitch Hunt (Highlanders) – 14 pontos
Melhor marcador de pontos (equipa): Highlanders – 59 pontos
Melhor marcador de ensaios (jogador): Vários – 2 ensaios
Melhor placador: Gerard Cowley-Tuioti (Blues) – 20 placagens (nenhuma falhada)
Maior diferencial no ataque (jogador): Jona Nareki (Highlanders) – 70 metros, 2 ensaios, 3 quebras-de-linha, 5 defesas batidos e 4 tackle-busts


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