3 destaques da 3ª jornada da Janela Internacional de Verão
Está encerrado a Janela Internacional de Verão e o Hemisfério Norte conseguiu puxar de um empate com a nota de destaque máximo a caber à Irlanda, que depois de ter conquistado a sua primeira vitória em solo neozelandês na semana passada, consegui neste fim-de-semana voltar a derrotar os All Blacks e levantar o troféu destas Series. Fica a par dos três principais destaques do ponto final dos Test Matches de Julho de 2022.
O TREINADOR: ANDY FARRELL E UMA LIÇÃO DE BEM JOGAR
Quando tomou as rédeas da seleção irlandesa em Dezembro de 2019, Andy Farrell sabia do enorme desafio que tinha em mãos, e que rapidamente tinha de conquistar os adeptos irlandeses, depois de diversos anos de enorme sucesso sob batuta de Joe Schmidt. O início pode não ter sido o mais auspicioso, onde até surgiram murmúrios de insatisfação, mas velozmente a Irlanda voltou aos níveis de alta qualidade, conseguindo conquistar umas Seis Nações e, mais importante de tudo, apresentar um jogo competente, consistente e que entusiasmava até os mais pessimistas, prometendo uma era de contínuo crescimento.
Passados três anos, Farrell sai de mais um Tour de Verão com nota máxima, agora com a conquista de um feito extremamente estrondoso, que os projectou para os primeiros dois lugares do ranking Mundial, destruindo pelo caminho os All Blacks, que foram quase totalmente dominados no 3° encontro apesar de uma reação ligeira da equipa da casa. Fisicamente a Irlanda esteve sempre dois degraus acima de Nova Zelândia, rechaçando para trás a avançada dos All Blacks (só Ardie Savea e Akira Ioane conseguiram ganhar algumas linhas de vantagem) para depois asfixiar os movimentos das linhas-atrasadas adversárias, com estes a ficarem reféns de uma estratégia de pontapé pouco idílica e que só alimentou a máquina irlandesa, principalmente na primeira parte, onde se registou um 03-23, o maior défice negativo da história ao intervalo para a Nova Zelândia.
A eficácia da placagem irlandesa dentro dos seus próprios 50 metros andou na ordem dos 98%, registando cerca de 8 turnovers no breakdown (Josh Van der Flier e Tadgh Beirne foram vorazes nesse capítulo) e duas intercepções, oferecendo, desta forma, um recital estonteante na execução da estratégia de jogo, com Andy Farrell a sair da Nova Zelândia com uma aura quase mística e que lhe permite continuar a construir uma Irlanda capaz de dominar qualquer adversário e rival.
Tadhg Beirne has been incredible today#NZLvIRE pic.twitter.com/RroufEEido
— EK Rugby Analysis (@ek_rugby) July 16, 2022
O MVP: COURTNEY LAWES, UM REI DE TRABALHOS PESADOS
Muitas vezes esquecido, algumas vezes considerado como um jogador mediano e que só conseguia fazer a diferença pelo factor físico, e constantemente ignorado como um dos melhores jogadores da Inglaterra dos últimos dez anos, esse tem sido o fado de Courtney Lawes, aquele que foi considerado o MVP da 2a vitória inglesa em solo australiano, elevando a Rosa de Eddie Jones para um óptimo patamar no fim destes internacionais de Verão 2022. Não somando os números dos primeiros dois jogos, o polivalente 3a linha foi responsável por 17 placagens (100% de eficácia), 1 turnover no ruck, 2 intercepções no alinhamento, 3 tackle-busts, 4 placagens dominantes e uma série de acções do foro mental e de liderança que foram insuflando vida para uma Inglaterra que se superiorizou nas fases-estáticas, fisicalidade e choque, e na componente táctica, com Courtney Lawes a ser uma supercola nuclear para o sucesso inglês nas antípodas.
Pode não ser o asa mais fascinante de se ver jogar, ou aquele que arrebata mais atenção dos adeptos mas é definitivamente um dos mais leais trabalhadores da Rosa e que continua a deixar a sua marca no rugby mundial, seja pelo extremo ritmo entre placagem e levantar do chão, ou de se propulsionar no alto para depois estar rapidamente disponível para ir ao contacto, sendo das melhores unidades disponíveis na Inglaterra.
Courtney Lawes, 79 minutes into the last game of a season that started in 1983:
– Tackle on the drift
– Up to counter-ruck with Owen Farrell and back-heel to win the turnover
– On his feet again to carry (after some more work from Joe Heyes at scrum-half ?) pic.twitter.com/wCYeogQD6K— Charlie Morgan (@CharlieFelix) July 17, 2022
O DADO: BOKS E UM DOMÍNIO TOTAL DOS RUCKS
Esteve o País de Gales perto de conseguir novo feito frente à África do Sul? Não, e pela combinação de alguns factores: em primeiro lugar pelo facto da África do Sul ter acertado agulhas e lançado o seu 23 mais dinâmico ou “duro” o que colocou sérias dificuldades na “oxigenação” dentro de campo, com os níveis de fisicalidade a atingirem um ponto máximo durante largos períodos do encontro; o cansaço de mais de uma mão-cheia dos atletas galeses acabou por tirar capacidade de resposta e manobra quando o relógio batia os últimos vinte minutos, o que só permitiu aos Springboks reter a batuta do sentido de jogo até ao seu fim; e, por último, as 16/18 penalidades cometidas (duas delas não foram assinaladas porque terminou em ensaio) pelos visitantes, que neste 3° e final encontro destas Series de Verão, acabaram por servir à causa da África do Sul que foi subindo no terreno ou a desarmar situações mais perigosas, demonstrando a importância de uma boa disciplina quando se mede forças contra estes Springboks.
Na desconstrução de como o País de Gales infrigiu as leis de jogo fica notório que o cansaço e a tentativa de estar um passo à frente do adversário foram os catalisadores decisivos para a conclusão deste decisivo embate: cinco penalidades cometidas no ruck (placador não saiu do caminho), três por mãos indevidas no breakdown, três por derrube intencional maul e cinco por fora-de-jogo. Era esperado este desfecho? Sim, era o mais provável apesar de o equilíbrio ter existido neste jogo, algo que curiosamente o País de Gales tem sido capaz de fazer nos últimos 5 anos, aguentar os Springboks e até ganhar, como aconteceu no 2º Test Match deste Verão.
Handre Pollard opens the scoring, with the first try of the game.#Springboks | #StrongerTogether pic.twitter.com/U5BM2xMYTY
— Saffas Abroad Rugby (@SaffasRugby) July 18, 2022