3 destaques da 1ª semana da Janela Internacional de Outono 2021

Fair PlayNovembro 9, 20216min0

3 destaques da 1ª semana da Janela Internacional de Outono 2021

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A análise ao que se passou ao 1º fim-de-semana oficial da janela de internacionais de Outono, com Siya Kolisi no foco da nossa análise

Primeira semana (a valer) da janela Internacional de Outono de rugby em 2021, com recordes nos All Blacks, uma exibição de luxo de um capitão, e um feito digno de reconhecimento pelos escoceses, analisados ao pormenor neste artigo de acompanhamento.

MVP: SIYA KOLISI (ÁFRICA DO SUL)

Começam a se esgotar as palavras para a monumentalidade de jogador que é Siya Kolisi, seja pela dureza leal e agressividade inteligente em cada placagem ou entrada no ruck que protagoniza, ou pela forma como consegue intervir positivamente no ataque, ocupando o lugar de suporte excepcional para quando Lukhanyo Am ou Damian de Allende conseguiam ter uma nesga de espaço para fugir aos seus opositores galeses, isto sem esquecer uma entrada brutal no contacto durante a 2ª parte.

Sim, podíamos falar da excelência de Frans Steyn, o experiente 3/4’s que entrou logo ao início do encontro em resultado de uma lesão de Damian Willemse (falhou o teste de concussão e poderá ficar de fora no restante mês de Novembro), mas a nossa pick recaiu no capitão dos Springboks, que simplesmente foi demolidor nas suas acções com e sem bola, salvou a África do Sul de um ensaio (6 placagens, duas delas dominantes) e deu aquela dimensão monstruosa à avançada dos campeões do Mundo em título.

Duro e resiliente, personificou bem o que significa ser internacional pela África do Sul, capitaneando com inteligência e força até ao limite do exequível, e fica com o destaque de melhor jogador deste primeiro fim-de-semana de jogos internacionais de Outono.

O MELHOR JOGO: ESCÓCIA DERRUBA WALLABIES NO SUFOCO

Num fim-de-semana carregado de jogos internacionais pela Europa fora (e em que o Hemisfério Norte largamente dominou, apesar das vitórias da Nova Zelândia e África do Sul), o encontro em Murrayfield entre Escócia e Austrália foi de boa qualidade, sem ter assumido uma dimensão estratosférica a nível de beleza ofensiva, ou de momentos geniais técnicos, pelo menos no que toca a quebras-de-linha ou algo do género. Não há dúvidas que o ensaio de Ewan Ashman possui contornos “mágicos”, pois o primeira-linha simplesmente planou e foi capaz de tocar com a oval na área de ensaio antes de ser posto fora do campo, como se de um ponta de tratasse, ou aquele offload de Finn Russell (resultado de uma má decisão do abertura, no entanto) tirou uma parte dos adeptos da sua posição de sentados para aplaudir o esforço.

Mas, a magia ou fantasia deste embate já normal destas janelas internacionais de rugby esteve no duelo físico entre as duas avançadas, tentando ambas danificar o seu adversário o mais possível de modo a permitir espaço de manobra para chegarem aos postes, seja pela via de penalidades ou ensaios, com este último elemento a raramente aparecer muito devido à grande efectividade da estratégia defensiva dos dois blocos opositores.

Dave Rennie sentiu principalmente falta de Samu Kerevi, notando-se instabilidade nas combinações 10-12 entre James O’Connor (titular ao fim de quase 5 meses, lembrando que esteve a contas com uma lesão médio-grave) e Hunter Paisami, com este problema a tirar profundidade aos Wallabies, que também se viram algo desconfortáveis com a acção de contra-ruck da Escócia, onde Hamish Watson, Zander Fagerson ou Jamie Ritchie tiveram um grande impacto tanto no ataque ao turnover no breakdown (3 no total), como na desaceleração da fluidez do ataque contrário.

As duas seleções foram trocando golpes mutuamente, encaixando num frenético duelo físico, que subiu de tom quanto a Escócia forçou uma penalidade na formação-ordenada, seguindo-se uma resposta à altura por parte da Austrália, através de um maul dinâmico em modo tanque imparável, aguçando a dúvida de quem ia sair com a vitória… No fim, uma penalidade ditou o ponto final nas poucas mudanças do marcador, com o 15-12 a não modificar mais, e a Escócia a fazer um sábio controlo de bola nos três minutos derradeiros, mostrando que o excelente rugby apresentado nas Seis Nações 2021 não foi fruto do acaso. O Raeburn Shield muda assim novamente de mãos, neste Outono, mas será que vai ficar no poder dos homens de Gregor Townsend por muito mais tempo ?

O DETALHE: ALL BLACKS COM RECORDE EM 2021

O melhor ataque do Mundo é, a partir deste momento, dos All Blacks que conseguiram registar um novo recorde de pontos marcados numa só época, com o número 675 a vigorar agora como o registo de melhor ataque, e um claro indicador da máquina ofensiva neozelandesa. Foram 96 ensaios, 66 conversões, 21 penalidades divididas por 10 jogos, com a campeã do Mundo, África do Sul a ser uma das vítimas da seleção dirigida por Ian Foster, tendo levantado o The Rugby Championship pelo caminho e um registo de 8 vitórias consecutivas só nesta temporada.

São números impressionantes, inflacionados talvez pela fácil janela de internacionais de Verão (1 jogo contra uma Tonga diminuída e mais dois frente às Ilhas Fiji), mas que não pode ser colocado para segundo plano de importância, uma vez que conta alguns dos traços deste elenco actual dos All Blacks: o retorno à importância do 1º centro como movimentador de bola e criador de jogo, transitando esse papel com o médio-de-abertura; o envolvimento constante da 3ª linha junto dos pontas, reforçando as fases de ataque contra fisicalidade e disposição para aproveitar os espaços; e fiabilidade do sistema de suporte rápido, notando-se outra confiança e fiabilidade.

Ainda faltam dois jogos para encerrar a campanha de Outono dos All Blacks pela Europa, mas a verdade é que estão perto de ultrapassar os 700 pontos, pulverizando todos os recordes do passado, e dando, assim, uma vitamina importante para os dois anos decisivos que se seguem.

ESTATÍSTICAS DA JORNADA

O jogador com mais pontos: Jonathan Sexton (Irlanda) – 16 pontos
O jogador com mais ensaios: Andrew Conway (Irlanda) – 3 ensaios
A equipa com mais pontos: Inglaterra – 69 pontos
A equipa com mais ensaios: Inglaterra – 11 ensaios


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