3 Destaques da 1ª ronda das Seis Nações 2022

Francisco IsaacFevereiro 6, 20226min0

3 Destaques da 1ª ronda das Seis Nações 2022

Francisco IsaacFevereiro 6, 20226min0
A Escócia soma mais uma Calcutta Cup, a França faz o qb em Paris e a Irlanda deu show em Dublin nesta 1ª ronda das Seis Nações 2022

Primeira jornada das Seis Nações 2022 e já a Escócia está a embarcar os seus adeptos no sonho de ver o troféu a voltar para casa ao fim de quase 21 anos… porém, a Irlanda está com outra engranagem e quer ser ela a ditar a lei nesta edição da competição de rugby mais antiga do Planeta da Oval.

O MOMENTO: AGUENTA CORAÇÃO ESCOCÊS, AGUENTA

A mesma formação-ordenada repetida sete vezes, o que levou a milhares de corações a palpitarem de uma forma frenética até que o momento crucial aconteceu… a Escócia resgatou a oval que estava na posse da Inglaterra, e colocou-a fora de campo para conseguir manter a Cacultta Cup em “casa”, irrompendo festejos loucos do público no Estádio do BT Murrayfield, oferecendo o início daquela esperança de que esta edição das Seis Nações pode ser o ano do voltar ao título… mas bem, antes de nos perdermos em sonhos de outrém, recuemos até a esse embate de oito contra oito jogadores naquilo que chamamos de formação-ordenada.

A Inglaterra precisava de arrancar uma penalidade para, pelo menos, empatar o encontro e assim sair com mais do que um ponto das highlands do Reino Unido – o ponto de bónus defensivo estava garantido, pois já não havia mais tempo para se jogar -, ou conseguir inventar algo especial a partir desta plataforma estática de ataque que os levassem até à área de ensaio. Por outro lado, a Escócia crente das suas capacidades, especialmente as psicológicas, encaixou naquela formação-ordenada sem qualquer sinal de medo ou receio do que poderia vir aí, enfrentando o “Mundo” de frente, mostrando a mesma irreverência evocada durante aqueles intensos 80 minutos neste estádio histórico escocês.

De um lado, Stuart McInally, Pierre Schoeman, do outro, WP Nel versus Will Stuart, Jamie George e Joe Marler, impondo um poço de experiência e títulos enorme, crentes estes trios que podiam fazer a diferença num momento crucial do encontro. Como dissemos logo ao início, seguiram-se 7 encaixes em falso que Ben O’Keefe foi forçado a repetir e a pedir que ambos os lados deixassem de lado o nervosismo ou a tentativa de obterem uma vantagem antes do primeiro embate… com já o relógio para lá do tempo regulamentar, finalmente a oval conseguiu entrar e sair, a Inglaterra arrancou em velocidade por George Ford, que passou a Elliot Daly, acabando o centro por ser excelentemente bem caçado por Chris Harris, surgindo Darcy Graham a ir ao breakdown e a roubar a oval para o seu lado. Point, Set and Match, a Escócia enviou a oval para fora das quatro-linhas e a festa louca irrompeu em Murrayfield. Calcutta Cup debaixo do braço, e um início auspicioso para uma das melhores gerações do rugby escocês deste século XXI.

O JOGADOR: MACK HANSEN, MAIS UMA (BOA) DOR DE CABEÇA PARA FARRELL

A Irlanda tem realizado um trabalho soberbo de caça-talentos, tanto a nível interno como externo, encontrando activos de excelsa qualidade que têm garantido um crescimento claro para a selecção comandada por Andy Farrell. Depois de Jordan Larmour, Andrew Conway, Hugo Keenan (estrela no Mundo dos 7’s que foi capaz de se enquadrar no rugby de 15 sem problemas) foi agora a vez de Mack Hansen, o ponta do Connacht, que no jogo de estreia pela Irlanda arrancou uma prestação de gala ao ponto de ser considerado o melhor em campo frente ao País de Gales, com números de qualidade: 105 metros, duas quebras-de-linha, três defesas batidos, cinco placagens-partidas e uma assistência para ensaio em dez acções com a oval em seu poder.

Mack Hansen impôs uma genialidade imensa não só no seu papel à ponta, pois procurou destabilizar todo o jogo pelo “meio” do campo, surgindo inesperadamente junto a um dos centro ou aberturas, numa troca desconcertante e alucinante para a oposição galesa, que sentiu largas dificuldades para sanar o agitamento constante de uma Irlanda animada e focada em procurar ideias diferentes, tendo obtido altos dividendos de Josh Adams surgir como 2º centro dos ainda campeões em título das Seis Nações.

Nascido na Austrália de pais irlandeses, Mack Hansen tomou o risco de ele próprio partir em busca de novas paragens, encontrando nas paragens irlandesas uma nova casa que rapidamente o colocou na senda internacional, não por necessidade da selecção do Trevo, mas pela imensa qualidade que detém enquanto jogador.

O BRAÇO-DE-FERRO: ITÁLIA PERDE MAS DEIXA SINAIS EM PARIS

37-10, França sai vitoriosa do seu primeiro jogo nestas Seis Nações 2022 sem, contudo, de impor grande consistência durante todo o encontro, muito por culpa da excelente estratégia da Itália de Kieran Crowley, conseguindo os seus jogadores estar na frente do marcador durante alguns minutos da primeira-parte. O conjunto transalpino foi mais agressivo na posse de bola, manteve bons momentos de condução da oval, criou situações de desassossego para os Les Bleus e chegou a suscitar algum nervosismo nas bancadas do Stade de France, com Paolo Garbisi, Monty Ioane, Toe Halafihi ou Sebastian Negri a liderarem esta revolta italiana frente a uma das favoritas ao título das Seis Nações.

Porém, e apesar dos bons momentos que protagonizaram, principalmente, nos primeiros quarenta minutos, a Itália cometeu demasiados erros em certos momentos que acabaram por ser aproveitas com astúcia pelos homens de Fabien Galthié, significando isto um ponto final naquilo que poderia ter sido a maior surpresa da jornada – ou até da competição. Quem acompanhou o encontro do primeiro ao último minuto não sentiu que a França tenha dominado o suficiente para atingir um resultado de 37-10, com o marcador a ganhar só proporções maiores já nos últimos 10 minutos deste duelo da Taça Garibaldi.

A Itália revelou bons processos na saída do número 8 e combinação com o seu três-de-trás, mostrou destreza em conseguir passar de fases mais lentas para velozes, evidenciando confiança em si mesmo quando do outro lado estava um adversário que derrubou os All Blacks em Novembro de 2021. Poderemos ter, finalmente, uma Itália de outra dimensão nestas Seis Nações?


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